𝐍𝐈𝐆𝐇𝐓 𝐇𝐔𝐍𝐓𝐄𝐑𝐒
CAPÍTULO 1:
O HOMEM ESTÁ MORTO.
Manhattan.
Maio de 1985.
- Santana, você já deveria estar dormindo - Ouço a voz de minha mãe. Ao olhar para trás, encontro a mulher de longos cabelos negros e olhos igualmente escuros me encarar meio aborrecida.- Sabe que não gosto que fique acordada até tarde. Você tem escola pela manhã.
- Eu sei - Respondi, mas mesmo assim voltei meu olhar para o televisor diante de mim, onde o apresentador do jornal noturno parecia prever o fim dos tempos.- Só mais cinco minutos, por favor.
Suas sobrancelhas se franziram, ela viu o que eu estava assistindo.
- Já disse que não quero você assistindo essas coisas - Falou irritada. Ela foi até o televisor e desligou o aparelho independente de todos os meus protestos. - Não é coisa para crianças assistirem.
- Não sou criança... - Exclamei ao ficar de pé.- Mãe, é o fim do mundo!
- Claro que não. Entendeu o motivo de eu não querer que você veja essas coisas? Eles querem nos assustar.
Encarei a tela escura, recordando sobre o tal relógio que diziam representar o fim dos tempos. Quando o relógio batesse meia-noite, tudo terminaria.
- Mas... As bombas! Disseram na Tv que o Doutor Manhattan...
- Santana, você tem apenas onze anos - Minha mãe falou em tom suave. Ela abaixou-se diante de mim e tocou meu rosto.- Não encha sua cabeça com coisas assim. Bombas, fim do mundo, comunistas...- Ela deu uma breve risada, me deixando sem entender.- Tudo vai acabar bem.
- Promete?- Pergunto. Ela sorri, seus lábios tocam minha testa e ela responde:
- Prometo. Agora vá para a cama.
Concordo com a cabeça e me afasto dela, indo em direção as escadas.
- Boa noite, mamãe.
- Boa noite, querida.
Meus olhos se abrem de súbito. Algo havia me acordado, eu apenas não tenho ideia do que poderia ser. Deitada e em silêncio no escuro do quarto, pude ouvir alguns murmúrios, prestando um pouco mais de atenção fui capaz de reconhecer os soluços de minha mãe.
Levanto da cama e caminho devagar para fora do quarto. O corredor estava igualmente escuro e a única luz vinha da sala, o mesmo local que originava o choro. Enquanto me aproximava, o som ficava mais alto.
- ... eu não consigo acreditar, Dan - Ela murmurava.- Como isso aconteceu?
Ouve uma pausa onde uma voz baixa e rouca murmurou algo que não fui capaz de decifrar, em seguida ouvi novamente os soluços.
- Oh, meu deus! - Mais soluços.
Ela se despediu de quem quer que estivesse falando com ela e cobriu o rosto com as mãos. Eu sai de trás da parede e andei em sua direção.
- Mãe?
Imediatamente ela secou as lágrimas, se esforçando para se recompor.
- Santana, pensei que estivesse dormindo - Disse.
- Por que você está chorando?- Eu pergunto, preocupada.
- Filha... não é uma boa hora, está bem?
- Claro.
Eu sabia que ela não me diria o motivo de estar chorando e muito menos quem estava ao telefone com ela. Então, apenas me aproximei e sentei-me ao seu lado no sofá, e segurei sua mão em silêncio.
Era cedo, o céu estava completamente nublado e a chuva fina que caía sobre nossas cabeças engrossava cada vez mais.
Assim que acordei, minha mãe já não chorava mais, apesar dos olhos vermelhos. Ela pediu que vestisse o vestido preto preparado por ela para mim, e disse que iriamos a um lugar.
Agora, me encontro em um cemitério.
Estou rodeada por pessoas que não conheço, todas fitando sem qualquer expressão um caixão de madeira escura coberto pela bandeira nacional.
Haviam trombetas soando, e um padre rezava para que a alma do que partiu encontrasse o caminho para o reino divino.
- Eu ainda não posso acreditar - Um homem não muito distante de nós murmurou para um outro.
Quando o grupo que estava na nossa frente se retirou, eu espichei o pescoço e fiquei na ponta dos pés... só assim pude ler o nome escrito na pedra:
Edward Morgan Blake.
Me esticando um pouco mais, li o resto:
Eddie Blake. Herói de guerra e Patriota.
Nós nos aproximamos do túmulo, e minha mãe deixou uma rosa branca cair na cova.
- Eddie...- Ouvi minha mãe murmurar. Ela segurava minha mão com firmeza, e seus olhos lacrimejavam.- Oh, Eddie...
Um homem de aproximou de minha mãe e ela soltou minha mão para abraça-lo. Assim que o homem a abraçou algo caiu da mão dele e eu me abaixei imediatamente para recuperar o pequeno objeto.
Ao examinar, me perdi em pensamentos acerca do que significava aquilo. Um button, como aqueles que são colocados em meus coletes de escoteira, este era amarelo e tinha um rosto sorridente. Ele estava manchado com algo vermelho... seria sangue?
- Querida? - Eu mal havia notado que minha mãe estava me chamando. Imediatamente guardei o button no bolso. Ela se abaixou diante de mim e segurou minhas mãos.
- Sei que não está entendendo muita coisa e não adiantará nada explicar, você é tão jovem... filha. Eddie é um grande amigo da mamãe, ele é... quer dizer, ele era, alguém muito importante para mim.
Eu assenti com a cabeça. Realmente não entendia muita coisa. Nunca fui apresentada ao tal Eddie, mas definitivamente era alguém importante.
- Você não pode entender nada agora, mas no futuro quando tiver idade o suficiente... você vai saber de tudo.
Novamente concordei, sem abrir a boca. Desviei o olhar do rosto angustiado de minha mãe e encarei outra vez o túmulo molhado pela chuva.
Eu queria saber o que estava acontecendo. Queria saber quem era aquele homem. Queria saber quem foi Eddie Blake na vida de minha mãe. E esperaria até o momento certo para que ela me contasse.
A chuva engrossou um pouco mais, então minha mãe abriu um grande guarda-chuva preto acima de nossas cabeças e então me conduziu para fora do cemitério.
つ Esse é o primeiro capítulo da fic que se passa nesse multiverso integrado da DC que eu criei para minhas personagens. Não é a primeira vez que estou postando essa história ela já foi retirada algumas vezes para revisão e melhorias, mas agora ela está postara para valer e eu decidi arrumar esse capítulo para deixar como divulgação para a fic.
つ Aguardo vocês lá!
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