8. A história de Helena de Tróia
Lex não pareceu se importar com quem eu era quando me trouxe para dentro de seu prédio. Depois de uma conversa com Bruce Wayne, conversa que não tive participação, observei enquanto Bruce deixava a sala de Lex.
- Quero que me procure - Ele disse ao me entregar um pequeno quadrado de papel. Havia seu nome e vários números escritos.- Ou eu irei procurá-la.
Ele não esperou uma resposta minha e foi embora me deixando sem saber o que fazer. A voz de Lex logo me chamou, então respirei fundo e entrei em sua sala. Era grande, haviam móveis de madeira escura, quadros por toda parte, computadores e etc. Parecia elegante até para mim que não conheço nada sobre o assunto
- Helena - Ele repetiu meu nome, o tom que ele usa quando faz isso soa tão... esquisito.- Nunca ouviu sobre Helena de Tróia?
- Não - Afirmei.- Eu não conheço muito sobre este planeta...
Me calei.
- O que?
Perguntou imediatamente assim que eu parei de falar.
- Eu cresci em um lugar isolado - Falo, tentando não dar mais nenhum deslize e contando a história inventada por Clark.- Em uma fazendo. Não tive contato com quase nada e o máximo que sei aprendi em casa.
Ele ergueu a sobrancelha.
- Bem... Se é assim acho que posso contar a história de Helena de Tróia a você - Ele se debruçou na mesa e me olhou fixamente em silêncio por tanto tempo que pareceu estar lendo meus pensamentos. Então, do nada, começou a falar:
"Helena era a mulher mais linda da Grécia. Pelo casamento, ela era rainha de Laconia, uma província dentro Grécia homérica, a esposa do rei Menelau. Certo dia, Helena fugiu com o príncipe de Tróia, traindo seu marido e desencadeando uma grande guerra entre Tróia e Esparta, que durou 7 longos anos."
- É uma história e tanto – Comento ao final, não me sentindo muito confortável. Clark não mencionou essa história, talvez esse nome não tenha sido uma boa escolha.
— Concordo. Uma única mulher sendo responsável por uma guerra entre os dois maiores povos da civilização antiga... É de se supor o poder que uma mulher pode ter sob a mente dos homens.
Eu pigarreei, pela primeira vez imaginando se foi uma boa escolha procurar por um homem como Lex Luthor. Tem algo em seus olhos... algo que me arrepia a espinha. Não me controlei ao questionar:
— Costuma trazer pessoas desconhecidas para dentro da sua empresa?
— Boa pergunta – Disse, unindo as pontas dos dedos.– A resposta é não, mas... vi algo em você. Fora que foi você quem veio até mim então tem algo a dizer.
Eu respiro fundo:
— Eu soube que trabalha com engenharia aeroespacial – Falo, usando um tom firme.– É minha área.
— Alguém que cresceu isolada e educada em casa entende de engenharia aeroespacial?
Ele ergue uma sobrancelha. – É meio difícil de acreditar.
— Minha... Tutora era muito inteligente – Justifico.
— E você também parece ser.
Ele faz uma pausa.– Qual o tipo de tecnologia você conhece?
— Alienígena – Respondi prontamente. Imagino que Clark ficaria furioso por estar contando tantas coisas e inventando tantas mentiras de uma vez só, mas trabalhar com Lex pode me dar a independência que tanto anseio.
Os olhos dele brilharam.
— Alienígena? Você... disse mesmo isso?
— Exatamente – Confirmo.
— Pode provar o que está me dizendo?
— Me de qualquer objeto, nave ou cápsula... que eu mostro a você.
Seus cabelos cumpridos cobriram levemente o rosto, ele pareceu absorto em pensamentos próprios por alguns minutos que me pareceram uma eternidade.
— Venha comigo.
Sussurrou por fim.
Ele me levou de carro até um conjunto de prédios do outro lado da cidade. Li o nome "Laboratórios S.T.A.R.S", escrito com enorme letras de ferro presas no prédio da frente.
— O que estamos fazendo aqui?
Pergunto. Estavamos acompanhados por homens vestidos de preto que caminhavam silenciosamente às nossas costas e também por homens de avental branco que sussurravam ansiosos entre si. Obviamente sou capaz de ouvir absolutamente tudo que estão dizendo. Aparentemente não acham uma boa ideia que Luthor esteja me trazendo neste local. Bem.... admito que eu mesma não entendia a razão.
— Meses atrás recebemos visitas de fora – Começou com um tom sombrio, o cabelo cobria seu rosto.– Vindo das estrelas... um grupo de Aliens destruiu nossa amada cidade em uma luta mortal.
— Eu soube...– Engoli em seco.
— A nave que os trouxe até aqui foi apreendida e tem tantas... complexidades – Murmurou, e dessa vez parecia que falava consigo mesmo. Um homem vestido de preto passou na nossa frente e abriu uma porta. Passamos por uma série de portas depois dessa, Lex parecia mais afundado em suas reflexões, parecia que havia se esquecido totalmente de minha presença. Ele estalou os dedos e ergueu a cabeça, olhou para mim como se finalmente se lembrasse que eu também estava presente alí.
— A nave não funciona, apesar de todos os meus esforços e de meus grandes engenheiros... não fomos capazes de fazê-la ligar – Ele soou profundamente frustrado.– Mas se você, alguém com uma história tão peculiar e um nome mais peculiar aínda, diz que conhece tecnologia Alienígena... então tenho certeza de que consegue fazer essa coisa funcionar.
Ao dizer isso, Lex colocou seu polegar em um leitor, digitou outra senha e então destravou a última porta. Entramos em um enorme armazém e lá estava ela, uma nave militar de Krypton. Era igual a que minha mãe mostrou nos registros do dispositivo, a marca de Zod estava gravada na lataria. Eu me sentia hipnotizada, senti algo pulsar dentro de meu peito enquanto caminhava enfeitiçada em direção a nave. Ela parecia tão familiar para mim, quase como um lar... a pura sensação de estar em casa, algo que experimentei tão poucas vezes desde que cheguei na Terra.
Passei por todos os homens, os de preto, os de jaleco e até por Lex, e fui até a nave. Assim que toquei as portas da mesma elas se abriram. Subi na plataforma e caminhei para o seu interior, apenas Lex me seguia, no interior da nave. Os corredores me parecem tão familiar, e eu não entendia a razão, até me dar conta de que eram quase iguais aos de Fort Rozz. Tudo, absolutamente tudo nesta nave me lembra Fort Rozz e esse é o motivo de me sentir em casa.
Por mais estranho que pareça, aquela prisão de segurança máxima foi onde cresci. Me escondendo esgueirando nos corredores, brincando nas celas vazias. Infelizmente é a minha versão de casa.
Cheguei no centro da nave e vi os painéis todos desligados, passei minhas mãos por eles, por algum motivo sinto poder alí. Lex vinha silenciosamente atrás de mim, tão quieto, tão...
Avistei algo que me lembrava o painel de minha cápsula, a entrada para o dispositivo deixado para mim por minha mãe. Toquei o objeto que trazia preso ao pescoço, com certeza isso faria a nave ligar. Ela não estava quebrada, apenas desativada. Acontece que eu não poderia dar algo assim para qualquer um. Apenas alguém que eu confio muito, alguém que não vai usar para os fins errados. Não alguém como meu tio... e agora olhando para Lex, através de seu reflexo nos painéis escuros e vendo uma expressão quase psicótica... com certeza não para alguém como ele também.
— Não posso ajudar.
Murmurei.
— O que? Como assim?
— Não sei como consertar.
Eu minto.
— Não – Ele ri, nervoso.– Eu vi nos seus olhos, você sabe.
— Não posso ajudar – Repeti, recuando. – Desculpe.
Passea apressadamente por ele, praticamente correndo, depois passei pelo restante do grupo e corri para fora, assim que estava longe da vista de todos dei um salto extremamente alto e lancei vôo em direção ao céu. Voei sem direção, o para o mais longe que podia e o mais rápido que conseguia.
Quase cometi o meu maior erro desde que botei os pés na Terra. Dar a chave da nave para Lex e entregar a tecnologia Kryptoniana em suas mãos teria sido catastrófico. Eu teria de ir para longe, para fora da cidade. Lex não parece o tipo de pessoa que se conforma e sem nenhuma duvida virá atrás de mim.
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