36. Legados de Krypton
Notas de uma autora (muito) emocionada:
Primeiro de tudo eu quero dizer obrigada por quem chegou até aqui comigo.
Sem me estender muito, eu desejo uma ótima leitura e espero que se emocionem tanto quanto eu com esse final.
Uma boa leitura.
Amo todos vocês!
***
Ele se sentou, parecia levemente atordoado, eu e os outros achamos melhor dar algum espaço para que Clark pudesse respirar um pouco. Ele olhou em volta e então seus olhos se focaram em mim. No segundo seguinte ele estava me abraçando e me puxando contra seu corpo.
- Tudo bem, você está bem agora - Murmurei para ele, Clark ainda parece meio alheio.- Estamos aqui, eu estou aqui.
Ele me apertou mais, talvez ainda quisesse ter certeza de que eu não iria desaparecer como um sonho.
- Eu deveria ter desconfiado... estava tudo perfeito demais - Falou baixo.- Mas então eu vi você e um bebê... e eu simplesmente não quis... admitir que era falso, porquê eu sabia que quando acordasse você não estaria mais lá.
Eu suspirei, eu sabia que faria falta, mas não achei que seria assim.
- Sinto muito - Falei, então me afastei para olhar seu rosto.- Eu sinto muito que tenha se sentido tão sozinho, ninguém deveria se sentir assim, mas me ouça... eu consegui. Eu encontrei o planeta perfeito.
Ele assentiu com a cabeça e aproximou seu rosto do meu.
- Eu nunca duvidei de você, Hel.
Afirmou antes de me beijar.
Eu retribui seu beijo, ele parecia estar se recuperando do choque que foram os últimos acontecimentos. Quando se afastou e se voltou para os outros que ainda estavam alí, já parecia o mesmo Clark de sempre.
Eu respirei aliviada e me encostei contra a parede. Outra questão solucionada, e felizmente no tempo certo. Eu jamais me perdoaria se não tivesse conseguido.
Agora eu só quero voltar para casa, deitar em uma cama por pelo menos algumas horas. Meu corpo está pedindo por algo assim. Depois, conversarei com Clark, direi como vamos fazer para concluir de vez essa missão autoproclamada.
De onde estou continuo observando-o, ele está conversando com Bruce agora, fico satisfeita ao perceber que de fato ambos se tornaram amigos.
Os dois precisavam disso.
Eu sabia que estava sonhando. No momento em que me vi caminhando nos corredores brancos com enormes janelas que refletiam a luz do grande sol avermelhado de Krypton. Eu sabia que era um sonho, eu nunca presenciei essa cena pessoalmente, nunca estive na presença do grande Rao, mas a sensação que estou sentindo é tão intensa que me deixa atordoada, com um formigamento no estômago.
Esperei, talvez eu recebesse a visita de alguém, muito provavelmente minha mãe, sua presença tem sido tão forte que a sinto comigo o tempo todo.
Porém, quando ouço passos e uma leve respiração atrás de mim, ao me virar não é minha mãe que estou vendo. É meu pai.
- Surpresa?
Perguntou. Eu concordei levemente. Claro que estava.
- Você... está mesmo aqui?
- Na verdade, quando você queimou a Clemência Negra, acabou respirando sua toxina alucinógena - Ele sorriu levemente.- Ainda assim... estou feliz em vê-la minha filha.
Eu olhei em volta, estávamos parados em baixo de um enorme arco de um varanda.
- É tão bonito aqui - Murmurei.
- É, é sim - Concordou se aproximando mais e pousando uma mão em meu ombro.- Eu me lembro exatamente do céu no dia em que você nasceu. Ele estava desse jeito.
Eu fiquei calada, estava com vontade de chorar naquele momento.
Meu pai continuou fitando o céu, e quando voltou a falar estava pensativo.
- Você e Kal-El foram as primeiras crianças a nascerem de forma natural em Krypton em eras... isso era um grande marco, mesmo que para alguns não tenha sido algo muito bom. E então aconteceu... O núcleo do planeta explodiu, já sabíamos que isso aconteceria em algum momento, mas alguns, dentre eles os grandes políticos e anciões, não quiseram encarar a verdade que estava explícita. Acabou que no fim todos pagamos.
Eu entendia o peso daquelas palavras, mas tudo aquilo eu já sabia, era por isso que tinha tanta ânsia dentro de mim para reconstruir meu planeta natal, eu queria uma nova história para Krypton, uma Krypton melhor com líderes conscientes que soubesse tomar boas decisões quando fosse preciso.
- Vocês fizeram tudo o que podiam - Falei. Eu estava encarando o horizonte assim como ele enquanto falava.- Você e minha mãe... vocês me salvaram e agora posso recomeçar.
- Confiamos em você e em Kal-El para serem os futuros legados, os criadores de uma era moderna para Krypton. Sabíamos que nunca iriam nos decepcionar.
Eu balancei a cabeça.
- Não é você dizendo isso - Falei sombria.- Você está morto. É minha cabeça criando isso.
- E se for? Qual seria o problema? - Perguntou. Eu finalmente o olhei e ele sorria de uma forma que ruguinhas apareciam no canto de seus olhos... eram da cor dos meus.- Como você mesma disse eu estou morto, Hel. O que eu poderia pensar não importa mais. Então apenas escute aproveite.
Eu franzi as sobrancelhas. Aquilo fazia algum sentido. Se não posso ouvir aquilo que meus pais diriam realmente, pelo menos posso ouvir aquilo que queria que eles dissessem para mim.
Olhei para frente e voltei a encarar o céu, aos poucos ele ficava mais e mais vermelho.
- Obrigada, pai.
Murmurei, mas não teve resposta, só aí percebi que não estava mais sentindo a pressão de sua mão em meu ombro. Quando olhei, ele não estava mais lá e aos poucos tudo a minha volta estava se dissolvendo.
Abri meus olhos lentamente e me deparei com o branco de teto, estava deitada em minha cama. A sensação do sonho/alucinação aínda podia ser sentida por mim em cada pedaço do meu corpo. O pôr do sol em Krypton, meu pai e tudo o que ele me disse estavam frescos em minha memória e tudo o que desejo é que assim continuem até o dia da minha morte.
Ouvi barulhos leves de batidas que foram ficando mais altos. Me sentei na cama e percebi que vinham da cômoda ao lado, abri a gaveta e apanhei o anel branco.
Ele reconheceu minha presença.
Pode até considerar estupidez não tê-lo levado comigo na viagem, mas eu sentia que aquele não era o momento, eu sabia que a hora de usá-lo chegaria e então eu voltaria para buscá-lo. Ele sabia, de alguma maneira, o objeto sabia disso também.
Olhei para o anel.
- Pronto para o grande final?
Sussurrei para o anel que brilhava, como se para me responder seu brilho se intensificou. - Só precisamos buscar alguém antes.
Guardei o anel de volta, me levantei e deixei o quarto.
National City, Terra-38...
Atravessei a cidade voando extremamente veloz, sabia que estava no radar e logo ela apareceria. Eu estava certa, em questão de segundos ela estava parada na minha frente. Eu sorri.
- Hel!
Kara exclamou. Ela se jogou contra mim e me abraçou, eu retribui o abraço. Descemos do céu até o alto de um prédio.
- Espero não ter aparecido em uma hora ruim.
Falei, ela negou com a cabeça.
- Nenhuma ameaça interdimensional por enquanto. Mas... aconteceu algo?
Eu concordei séria, sua expressão ficou preocupada.
- Kara... eu simplesmente não poderia deixar você fora disso, afinal era o seu lar - Comecei.- Eu descobri uma maneira de reconstruir Krypton, pelo menos a base do planeta e então... recomeçar. Quero que você lá para ver a aurora de uma nova era para a nossa espécie.
- Por Rao...- Ela murmurou em choque.- Hel isso é... fantástico. Eu nunca imaginei que isso poderia ser possível em algum momento!
- Mas é - Confirmei.- E quero que você esteja lá conosco.
Ela concordou fervorosamente com a cabeça.
- É claro que vou estar. Farei isso por minha mãe Alura... e até mesmo por minha tia Astra.
Completou em voz baixa.
Eu me aproximei de Kara e a abracei.
- Não tenha vergonha, Kara. Eu posso estar sendo estúpida... mas sinto que estou fazendo isso por Zod também, mesmo depois de todo o estrago e dor que ele provocou... de alguma maneira eu estou terminando o que ele tentou começar.
Ela concordou com um pequeno suspiro.
- Quero levar alguém comigo. O nome dele é Mon-El, tenho certeza de que vão se dar muito bem. Ele também é novo na Terra.
Eu sorri levemente.
- Vou adorar conhecê-lo.
Afirmei.
Kara não demorou para voltar trazendo seu novo amigo, Mon-El. Ele não é Kryptoniano, e sim Daxam, um planeta que dividia o mesmo Sol com Krypton, como irmãos, mas ambos os planetas viviam em guerra. Mon-El é, aparentemente, um bom homem. Como foi dito por Kara, ele chegou na Terra há pouco tempo, e eu senti que eramos meio parecidos por conta disso.
Quando voltamos para a minha Terra, fomos do prédio Wayne direto para o apartamento, eu esperava encontrar Clark por lá, a está hora ele já teria retornado do Planeta Diário, para onde havia ido pouco depois de voltarmos para Metrópolis.
Foi exatamente onde o encontrei.
- Trouxe visitas - Avisei assim que chegamos. Ele sorriu quando viu Kara, mas então franziu as sobrancelhas.
- Ela faz parte do suspense?
Perguntou. Eu sorri levemente e expliquei:
- Kara faz parte disso tanto quanto nós e eu achei que seria importante que ela estivesse conosco.
- Certo, com certeza você tem razão - Ele concordou. Enquanto Clark ia em direção a Kara e Mon-El para os cumprimentos, eu voltei para o quarto para buscar o anel e, claro, o dispositivo com todos os códigos genéticos de Kripton.
Eu retornei para os outros.
- Prontos?
Pergunto.
- Absolutamente! - Kara confirmou.
- Vai ser uma boa experiência, mesmo que eu nunca vá conseguir fazer o mesmo por Daxam.
Mon-El disse. Eu assenti para ambos e me voltei para Clark.
- E você, Superman, está pronto?
Ele tirou os óculos e os guardou no bolso.
- Mais do que nunca.
- Ótimo - Afirmei. Coloquei o anel branco no dedo e por alguns instantes o apartamento se encheu com a luz que ele emanava. - É hora de irmos.
Minha última viagem demorou alguns meses a mais do que eu havia planejado inicialmente, mas agora não demoraria tanto. Da vez passada eu só tinha uma vaga idéia de onde procurar, mas agora eu tenho a localização e coordenadas exatas do planeta. Criei uma nave para levar os outros comigo usando o anel branco, eu sabia que poderia fazer coisas assim com ele, pois me lembro muito bem da batalha em Coast City. A nave ia extremamente veloz, mais rápido do que qualquer nave humana.
Diferente de mim, Kara e até mesmo Mon-El, Clark não se lembrava do espaço. Ele cresceu na Terra, nunca saiu de lá. Eu o observei enquanto ele fitava a imensidão do universo, ele parecia tão anestesiado que nem se dava conta de eu o estava olhando. Me aproximei devagar:
- Gosta?
Pergunto suavemente.
- Hel... é lindo.
Eu sorri.
- É sim - Confirmei.- Isso tudo faz parte do nosso lar.
- As vezes penso que ter crescido na Terra não me preparou como deveria...- Ele fez uma pausa.- Veja, eu estou encarando isso como uma criança, enquanto vocês já vivenciaram tudo.
Eu segurei a mão dele.
- Não tem nada de errado em ter crescido na Terra, Clark. As experiências que você teve foram diferentes das nossas, e de uma forma ou de outra você também foi preparado para algo.
Ele assentiu, eu o senti apertando minha mão de volta.
- Você me disse uma vez que todas as suas primeiras vezes tinham sido comigo... bem, você esta me proporcionando uma incrível primeira vez para mim agora.
Eu sorri ainda mais, isso me faz feliz porquê estamos no meu elemento. O espaço é de onde eu vim, é onde apesar de não ter nada fixo, eu ainda consigo me sentir sólida.
Fiquei na ponta dos pés e beijei sua bochecha, depois apoiei minha cabeça em seu ombro. Estava tudo silencioso, as estrelas e as nuvens de poeira cósmica que em algum momento já haviam sido estrelas e até planetas engolem a nave. Estávamos cada vez mais perto do destino.
Desembarcamos da nave e eu sorri quando meus companheiros encaravam em volta completamente estupefatos.
- Apesar de não ser como o sol da Terra, ou como o grande Rao de krypton, os dois sóis medianos servem perfeitamente para o que precisamos - Expliquei.- Eles conseguem manter a temperatura boa o suficiente para ter água, solo fértil e até microorganismos no planeta.
- Hel, é ótimo. Como você encontrou esse lugar?
Kara perguntou. Estávamos em um local que se assemelha a uma floresta, com a diferença de que as folhas e as árvores são dezenas de vezes maiores do que as da Terra.
- Na verdade eu não... sei exatamente - Falei.- Eu estava sozinha há tempo demais, já não sabia se teria ou não êxito na missão, então eu simplesmente senti a necessidade de seguir determinada direção... foi quando encontrei este planeta tão inábitados e aparentemente perfeito. No começo eu nem mesmo acreditei.
- Tudo tem um porquê, e acho que está tudo bem não sabermos as vezes qual é - Ela ela aperto meu braço levemente.- Você fez um grande trabalho.
- Agora vai finalmente acabar com o suspense?
Clark perguntou, eu ri baixo.
- Não chegou a ser realmente um suspense, a resposta estava aqui o tempo todo - Eu ergui a minha mão cujo o anel estava.- A entidade da Vida.
Cravei no chão o dispositivo que Clark encontrou escondido em minha cápsula, o pequeno motivo que me fez viajar tão longe por uma grande causa.
- Nós somos os Legados de um povo quase extinto, nós sobrevivemos, mesmo que tenha sido difícil - Falei, um formigamento toma conta da boca do meu estômago.- E agora vamos ver nosso planeta e nossa espécie renascer sem nenhum dano, sem que nenhum outro Planeta precise ser sacrificado.
Até esse momento eu tinha absoluta certeza de que tudo daria certo, de que meu plano funcionária, agora inevitavelmente estou com receio de que acabe por não funcionar, não seria capaz de olhar para os outros se isso acontecesse. Por esse motivo eu fecho meus olhos, será mais fácil fazer tudo assim onde tudo o que vejo é o escuro das minhas pálpebras.
Estendi minha mão e fiz exatamente como me lembrava ter feito na batalha de Coast City, quando canalizei toda a energia vital que conseguia sentir dentro de mim e então expeli. Eu sei que dessa vez pode ser mais difícil, eu não tenho a própria Entidade da Vida aqui comigo como foi da outra vez, mas eu preciso conseguir.
Senti que o chão havia sumido, eu estava subindo devagar em direção ao céu, continuei de olhos fechados enquanto reunião toda a força e poder necessários, deveria ser muito, haviam muitos kryptonianos que deveriam ser gerados. O planeta inteiro seria transformado em uma grande encubadora, mas contrário de quanto meu tio quis usar a Terra como alimento para esses seres kryptonianos que seriam formados, o anel será a fonte de energia.
Comecei a me lembrar novamente do sonho que tive. Aquela vista, eu nunca a veria de fato, aquela Kripton morreu, mas essa será uma nova Krypton, uma melhor, uma que não sucumbirá.
Eu abri meus olhos, mirei no dispositivo na terra e disparei. Imediatamente todo o chão tremeu e ondulou, eu via as linhas de energia percorrerem todo o solo enquanto brilhavam em uma luz branca forte.
Se repente foi como se o planeta fosse um coração pulsando, eu podia vê-lo se retraindo e depois expandindo. As linhas no chão brilharam mais fortes. Estava feito.
Lentamente eu pousei e caminhei em direção aos outros.
- E agora?
Mon-El quis saber.
- Esperamos - Respondi.- Eles serão gerados no núcleo do planeta, quando estiverem na idade adulta irão despertar.
- Sem crianças por enquanto.
Kara falou.
- No futuro, quando o planeta estiver povoado, as crianças serão feitas pelos métodos naturais, não será como em Krypton quando elas eram simplesmente sintetizadas - Clark afirma.
- Vocês pretendem ficar aqui?
Kara pergunta.- Digo... não retornar mais a Terra?
- Claro que vamos retornar, a Terra ainda é o melhor lar que temos - Afirmei.- Além de que pode levar um tempo até que tudo aqui esteja pronto.
Eu consigo sentir o chão ainda sendo retraído e se expandindo, um grande organismo vivo, dando vida a muitos outros organismos.
- Hel, você conseguiu - Clark disse ao meu lado.- Você fez o que Zod tentou de forma tão torpe e cruel, e não conseguiu.
- Talvez esse tenha sido a razão por ter consigo, Kal, minhas motivações não eram sombrias como as dele. Nunca foram. Eu queria mostrar isso.
- Você nunca precisou provar para mim que era diferente dele - Clark segurou meu rosto e puxou gentilmente para que eu o fitasse de volta.- Eu soube desde o primeiro momento que você era melhor.
Ao dizer isso, seus lábios tocaram os meus. Eu retribui seu beijo de forma tranquila, pela primeira vez realmente me sentindo em paz, com todas as coisas no lugar, desde minha vida na Terra até as responsabilidades deixadas para mim.
Me afastei um pouco dele ao fim do beijo e sorri enquanto olhava por cima de seu ombro.
- O que foi?
Ele perguntou virando sua cabeça para tentar ver o que tinha chamado minha atenção.
- Não acho que você vá se lembrar, mas quando você estava inconsciente sob o domínio da Clemência Negra, eu conversava com você...
- Eu me lembro - Confirmou, seu olhar pareceu se iluminar enquanto falava.- Vagamente... mas eu me lembro da sua voz.
- Se lembra do que eu disse?
Ele franziu as sobrancelhas um pouco e então pareceu recordar. Clark se virou na mesma direção que eu olhava a seus olhos encontraram o horizonte.
- O pôr do sol...
Murmurou, maravilhado. Eu envolvi sua cintura o abracei de lado.
- Eu disse que era lindo.
Afirmei.
- Apesar dos dois sóis.
Ele acrescentou e eu ri concordando. A luz alaranjada nos banhava, aquecendo nossos rostos. Clark envolveu meu corpo com seu braço, me apertando mais próximo de si.
Nesse momento eu senti que estava tudo em seu devido lugar.
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