31. O Dia mais Claro
- Você conseguiu!
Clark pousou na minha frente e me envolveu com seus braços. Eu fechei os olhos e me permiti relaxar contra o corpo grande dele. Eu conseguia ouvir os suspiros de alívio, as comemorações, as pessoas relaxando aos poucos.
- Nós conseguimos... todos nós.
Murmurei, abraçando-o mais forte. Uma imagem se formou em minha cabeça: A fazenda, a comida da Sra.Kent, o gramado e o pomar, esse era meu lugar feliz, e ele está a salvo agora. Posso voltar para lá, tenho certeza de que ela não se importaria com isso.- Acho que eu só quero ir pra casa agora.
Digo. Clark acariciou meu cabelo e riu baixo, depois ele beijou minha cabeça.
- Nós vamos.
Afastei minha cabeça dele e olhei em volta, eu localizei Bruce e pensei em falar com ele, mas então vi com quem ele conversava e desisti. Ele estava falando com o garoto... Robin, eu reconheci o traje. Acho que esse é um momento em que ele não precisa ser interrompido.
- Hel! - Hal chamou vindo ao meu encontro e me esmagando em um abraço. Eu ri e bati levemente em suas costas.- Você foi incrível lá encima!
- Não teria conseguido se não fosse por todos vocês.
- Você é oficialmente uma de nós, uma Lanterna - Ele sorriu.- A Tropa Branca está meio vazia, mas isso se resolve rápido. Quando vir conosco...
- Ei, espera...- Eu o interrompi.- Como assim ir com vocês?
- Para o espaço. Você é uma protetora do universo agora, Hel, os Lanternas viajam por toda parte, não ficamos apenas na Terra, vamos aonde precisam de nós.
Senti minha boca secar de repente. Eu não esperava por isso.
- Eu... não posso ir com vocês Hal - Digo.- Meu lugar é na Terra.
Ele franziu as sobrancelhas.
- Mas você aceitou a responsabilidade do anel.
- Nekron tinha que ser impedido, não tinha outra escolha, mas agora eu tenho - Falei. Tirei o anel, minhas roupas voltaram imediatamente para a cor natural. Apanhei a mão de Hal e coloquei o anel em sua palma, eu a fechei delicadamente.- Eu vaguei pelo universo por muito tempo, sem um lar. A Terra era o lugar onde meus pais queriam que eu encontrasse meu destino e foi o que aconteceu. Eu posso estar cometendo um erro, mas é aqui que irei ficar.
- É uma decisão corajosa - Ele respondeu e então sorriu e estendeu o anel novamente para mim.- Fique com ele. Você foi a escolhida. Podemos precisar de você em algum momento e então você poderá nos ajudar.
Eu aceitei o anel e concordei com a cabeça quase que solenemente. Hal se despediu de Clark e então partiu.
- Você vai me contar o que exatamente aconteceu lá encima? Nem eu conseguia escutar - Clark indagou.
- Mais tarde - Respondi.- Temos algumas despedidas agora.
Caminhei até onde Kara e Barry, o outro Barry, estavam com seus amigos.
- Eu diria que foi ótimo trabalhar com vocês, mas sabem... fim do mundo, eu não curti muito - Barry falou. Eu ri e o abracei.
- Mas sabemos que temos um grande esquadrão de apoio - Falei.- Então se algo desandar na Terra 1, conte conosco.
- Você não sabe em que se meteu, nós vivemos tendo problemas - Cisco que estava ao lado dele falou.
- Não me importo com isso - Eu dei de ombros.- Eu estarei aqui por vocês.
- Você é mesmo uma Super - Barry falou e então indicou Kara.- Vocês duas são iguais.
Eu me virei para Kara, ela parou na minha frente.
- Supergirl - Falei, ela sorriu de volta e repetiu:
- Supergirl.
Nós nos abraçamos.
- Nossos pais teriam orgulho - Digo me afastando.- Os Zod e os El, finalmente trabalhando juntos... é tudo o que eles queriam.
- Eles não conseguiram salvar o planeta deles, mas nós sim - Ela sorriu orgulhosa.
Clark se aproximou para falar com Kara e eu dei espaço para os dois. Tirei o comunicador do meu ouvido, ele estava zumbindo um pouco. Encostei minha cabeça contra a parece fria de um prédio atrás de mim e suspirei exausta, porém satisfeita. Tudo o que eu consigo pensar agora é que nós conseguimos. Nekron que parecia tão apavorante foi derrotado, seu exército esquelético virou pó, o Sol está brilhando novamente.
Ouvi alguém se aproximar, pelos passos e pela respiração percebi que era Bruce. Continuei como estava.
- Nunca vi você executar o Sexto elemento tão bem quanto hoje.
Ele comentou, parando ao meu lado.
- Eu estava inspirada.
- É, estava mesmo - Concordou. Eu o olhei, ele estava com uma expressão esquisita.
- Aconteceu alguma coisa?
Perguntei.
- Encontrei alguém...- Ele indicou o garoto.
- Robin - Falei.
- Sim - Confirmou.- Eu disse para ele tomar cuidado, mas é tão... parecido, que eu duvido que vá acontecer.
- Você contou a ele o que aconteceu?
- Contei. Ele acha que é mais esperto, melhor - Suspirou.
Eu olhei o garoto.
- A história pode ser diferente com ele, Bruce - Digo.- Tenha esperança.
Ele concordou com a cabeça, mas não disse nada. Ficamos nós dois um ao lado do outro em total silêncio, observando as comemorações e despedidas.
Clark estacionou em frente a casa na fazenda Kent e nos descemos do carro.
- Eu ainda não me acostumei a viajar assim.
Comentei, dando a volta e caminhando em direção as escadas da varanda.
- Eu sei o quanto você gosta de voar, eu também gosto, mas é melhor evitar os radares aéreos - Ele sorriu e beijou minha cabeça.
Eu parei e olhei para o celeiro, me lembrei do que estava guardado lá e senti uma enorme vontade de visita-lo.
- Diga a sra.Kent que já venho.
Pedi e me afastei em direção ao celeiro.
O lugar está iluminado com uma luz laranja de por do sol. A cápsula estavam em um canto, coberta, provavelmente a senhora Kent a cobriu para esconde-la de algum curioso ou para protege-la da poeira. Puxei o lençol e deslizei meus dedos pela superfície do metal Kryptoniano, quase tão resistente quanto minha pele.
Eu entrei na cápsula e toquei o painel com a palma da mão. Eu não estava com a chave, eu que sempre costumava carrega-la como um amuleto acabei deixando na Fortaleza da Solidão, em meio a neve. Mesmo assim, o sistema me reconheceu e o painel brilhou.
- Bem-vinda de volta.
A voz de minha mãe soou vindo do painel.
- Senti falta desse lugar.
Murmurei, a voz não respondeu. Deitei minha cabeça no encosto do banco.- Eu achei que não conseguiria.
Não era minha mãe alí, eu sempre soube que não era, ela sempre esteve programada para reproduzir gravações e responder perguntas com respostas padronizadas, mas eu nunca me importei com isso. Foi sempre tão reconfortante ouvir sua voz e de certa forma conversar com ela. Acho que é tudo o que preciso agora.
- Mãe, pode me responder uma coisa?
Chamei.
- Eu irei responder se souber, querida.
- Vocês me mandaram para a Terra, para que eu sobrevivesse a explosão e encontrasse com Kal. Mas... qual o objetivo final disso tudo?
- Não existe registros em meu sistema que me possibilite responder a está pergunta.
Eu suspirei. É, eu já imaginava isso.
Fiquei em silêncio por um tempo.
- Eu achei que morreria hoje - Falei em voz alta pela primeira vez.- Mas não foi isso que mais me assustou, o que mais me assustou foi a idéia de perder as pessoas que eu amo.
Eu olhei para a luz piscando no painel e por um momento pareceram olhos, olhos que me olhavam de volta.
- Foi quando eu finalmente entendi o motivo de terem me colocado aqui. Se eu pudesse, colocaria as pessoas que são importantes para mim em cápsulas e as mandava para longe de Nekron, onde ele nunca poderia alcança-las. Só hoje eu entendi o real significado do sacrifício de vocês, pois eu estaria disposta a fazer o mesmo por Clark... e Bruce.
Eu me calei. Até então eu estava ouvindo o murmurinho de conversas na cozinha da casa entre Clark e sua mãe, mas ele parou de falar de repente. Ele me ouviu.
É... acho que agora que salvamos o universo, preciso resolver minha vida.
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