Coast City.

Quando chegamos em Coast City já deveria ter amanhecido, porém, não foi o que vimos. O sol parecia estar bloqueado por alguma coisa, o céu estava cinza chumbo, as nuvens de tempestade estavam unidas no céu quase como em um furacão, porém não havia vento.

— A Bateria esta na Terra – Hal anunciou, parando ao meu lado. – O portador conseguiu transporta-la até aqui.
— Aqui?
Questionei. Ele indicou o vórtice de nuvens no céu escuro.
— Ela está ali encima.
Eu percebi que no meio das nuvens estava um prédio, a Bateria Central Negra estava com alguém no alto daquele prédio.
— Certo, vamos pega-la – Arthur falou colocando seu tridente em posição de ataque e caminhando em direção a saída do jato onde estávamos.
— Calma – Pedi, pousando uma mão em seu ombro e o fazendo parar.– Não vai ser assim tão fácil.
Eu indiquei as várias sombras que rodeavam o lugar. Estava infestado de Lanternas Negros.
— Merda.
Xingou baixo.
— E ai... qual o plano? – Barry perguntou.– Temos um... certo?
— É, temos – Bruce falou. Ele havia sido um dos que não foi escolhido por um anel, juntamente com Clark e Arthur.– A primeira parte é não morrer. A segunda é ouvir o que eu tenho a dizer e me obedecer.
Ouvi Oliver assobiar, quase que como um deboche, Bruce ignorou ou não escutou.
Ele começou a explicar o plano, não seria difícil, mas parece que ira funcionar. Ouvimos todos com atenção, alguns murmuravam alguma coisa e outros apenas assentiam em silêncio.
— Será um ataque coletivo.
Ele encerrou.
— Assim eu e as outras tropas vamos ter o caminho livre até a bateria central negra e então podemos acabar de uma vez com isso – Hal acrescentou.
— Acham que eles estão planejando um ataque sincronizado com as outras Terras? – Kara perguntou, com certeza preocupada com o seu lar.
— Não, estão todos aqui ou a caminho – Hal respondeu.– O que quer que os tenha trazido de volta a vida e está controlando-os para ajudar na ressurreição de Nekron, quer que todos estejam aqui.
— Então por enquanto somos apenas nós contra todos eles – Oliver afirmou.

— Estou sem comunicação com o Barry da nossa Terra – Falei, desconfortável. Isso está me deixando preocupada.– Não sabemos como andam as coisas com reforço.
— Também não tenho como me comunicar com o Cisco – Barry falou, cruzando os braços.
— Estamos sem tempo a perder – Bruce definiu.– Não podemos esperar que eles entrem em contato.
—

Vamos seguir o seu plano – Clark afirmou para Bruce se posicionando ao meu lado e pousando uma mão em meu ombro.– E abrir caminho para os lanternas. Nós sabemos que somos capazes disso. Todos nós em algum momento já passamos por alguma provação, seja nessa Terra ou em outra, e tenho certeza de que todos se provaram capazes. Vamos fazer isso e salvar o universo... o nosso universo.
Ficamos em silêncio por um momento, foi um belo discurso motivacional que eu acredito ter tocado em todos ali pelo menos um pouco. Novamente meu coração pesou. Clark agiu como sempre age, da forma que está acostumado a agir, ele é um líder nato, sempre trás um respiro e uma carga de esperança em cada uma de suas palavras.
Eu não sou assim. Não tenho idéia do que dizer.
O anel em meu dedo parece extremamente pesado agora.
Todos nós nos viramos em direção a saído do jato. A nave continua no ar, Bruce que esta sentado nos controles aciona uma rampa que se abre.

Nesse momento, quando a rampa desceu e meu rosto foi lavado pelo vento gelado e o cheiro de tempestade, eu decidi deixar para trás qualquer insegurança. Eu não posso ficar presa a isso. Mesmo que no fundo da minha mente e do meu coração eu ainda tenha certeza de que esse anel não pertence a mim, não é agora que permitirei que esses pensamentos ganhem força. Estou em uma batalha, uma batalha onde o meu lar está sendo ameaçado. Eu não vou me perder.

Saltei do jato antes de todos os outros, meu coração disparado. Uma força descomunal tomou conta de mim e eu literalmente acendi. Uma luz azul brilhante tão forte quanto um farol, mais forte ainda do que quando o anel voou até mim, emanou de todo o meu corpo. Percebi então que era eu mesma quem estava causando isso. O sentimento de esperança crescendo no meu peito estava me dando total controle sob os poderes do anel.
Eu subi, subi, subi e atravessei a camada cinza de nuvens. Haviam um grupo de pelo menos 12 lanternas negros rondando envolta do pico do edifício. Eles viram minha luz e isso os atraiu. Não conhecia nenhum deles.
Disparei na direção do grupo e colidi contra o primeiro, acertei um soco em seu maxilar e girei meu corpo para agarrar a capa esfarrapada que ele usava. Com um impulso eu o rodopiei no ar e o atirei contra outros dois. Usando o anel eu criei uma enorme mão brilhante que agarrou quatro de uma vez e os apertou até transformar suas formas esqueléticas em pó.
De repente foi como se eu não enchergasse nada além daquilo, dos Lanternas Negros vindos em minha direção, das nuvens cinzas se fechando em torno de mim. Foi como se eu tivesse me tornado o ponto de referência. Os 12 se multiplicaram, e esses outros se multiplicaram também. Era uma massa escura em volta de mim. Centenas de heróis mortos.
Em minha mente vêem na memória o momento em que lutei contra o monstro de Luthor. Depois quando surrei Clark quase até a morte. Quando derrotei novamente Clark, Diana e Barry ao mesmo tempo. A única coisa que quase me destruiu foi a kriptonita. Dou um sorriso malicioso ao olhar para a multidão.
Nenhum deles tem kryptonita.

— Que comece a festa.
Rosnei. A enorme mão azul se transformou em um imenso taco de baseball, igual ao que vi no quarto de Clark na fazendo Kent certa vez. Enquanto voava entre os inimigos, acertava o taco em grupos grandes, desmantelando ossos e arremessando cabeças de caveira.
Girei meu corpo e transformei o taco em uma marreta. Fui capaz de escutar cada osso se partir quando os atingi com a base achatada da arma. Meus olhos ficaram acessos e meu raio de calor não era mais vermelho, agora era azul, mas era tão mortal quanto antes. Eles se esforçavam, mas eu sou rápida demais para me pegarem, consigo desviar com agilidade dos golpes de seus anéis, passando por baixo de uns e depois por cima de outros.
Havia um ruido na minha cabeça, mas eu não dava atenção nenhuma a ele. Subi mais alto e suguei uma enorme quantidade e ar frio, em seguida soltei em formato de sopro congelante. Toda a primeira e segunda fileira foi atingida, eles caíram como pedras.
Parei por um momento, tudo isso pareceu ter durado uma eternidade, mas foram minutos. Percebi que o ruido em minha cabeça vinha do comunicador. Era a voz Bruce, Clark e Hal, todos os três praticamente gritando na minha cabeça, a voz de um interferindo na do outro.

— Ei, ei! Não gritem – Pedi.– O que diabos aconteceu?
— Nós quem perguntamos! O que deu em você? Você está bem?
Era a voz de Hal.
Tive um certo momento de confusão mental e então me dei conta de que não segui o plano de Bruce. Eu simplesmente pulei da nave e agora estou aqui.
Merda.
Voei de volta, desviando dos que ainda estavam naquela área.
— Hel! – Clark exclamou assim que me viu e voou em minha direção.– O que foi aquilo?
— Não sei – Falei.– Eu só...
— Aquilo foi irado – Victor falou.– Eu nunca vi ninguém bater daquele jeito.
Eu sorri, estava me sentindo eufórica.
— Onde foram os outros?
Perguntei.
— Seguindo o plano de Bruce – Clark respondeu.– Você estava cercada, pensamos que perderíamos você e...
— Estou bem – Afirmei, olhando-o.– Nunca me senti tão viva antes, Clark.

Um trovão soou tão alto que foi como se a terra inteira tremesse.
— O que foi isso?
Perguntei no comunicador.
— A bateria...– Era a voz de Kara. – Ela está carregada.
Não.
Não pode ser.
— Hal?
Chamei, e comecei a procura-lo, consegui vê-lo no alto do prédio. De frente para ele tinha uma coisa enorme. Era como os outros lanterna Negros, mas muito maior. Segurava uma foice em suas mãos.
Nekron.
— Acabou...
Era a voz de Sarah.
Não. Isso não acabou, não aínda. E definitivamente não enquanto eu ainda estiver aqui e pronta para lutar.

— Formação! – Falei a todos através do comunicador. – Quero todos aqui comigo!
Isso não acabou.