26. Vulnerável
N/a; Passa da meia-noite então é oficialmente terça-feira, portanto é oficialmente dia de postagem.
Esse é, aparentemente, um daqueles capítulos intermediários onde nada muito importante acontece e é só uma ponte entre um momento decisivo e outro. MAS não é só isso.
Eu quero fogo no parquinho entre quem shippa Hel com Clark ou Hel com Bruce, então coloquei dois momentos "propícios" dela com ambos os heróis. Vemos o que acontece.
Boa leitura ❤
***
Estavam todos meio dispersos, conversando, se preparando, algo grande estava por vir. Clark havia desaparecido com Kara, mas eu ainda podia ouvi-los claramente na parte de cima da casa. Estavam conversando sobre Krypton. Não tive o menor interessei nessa conversa.
Eu me sentei em um canto no fundo da Batcaverna, encostei minha cabeça na parede de pedra fria e fechei meus olhos. Não me lembro da última vez em que dormi direito, não me lembro da última vez em que fiz qualquer coisa normal.
Normal.... essa palavra definitivamente não se aplica nem a mim e nem a minha vida. Eu não precisei abrir os olhos para saber que Bruce se aproximou e se sentou ao meu lado, continuei na mesma posição.
— Espero que tenha se preparado bem.
Falei.
— Eu sempre faço.
Houve uma pausa e então abri meus olhos e me virei para ele. Bruce também olhava para mim.
— Está sentindo alguma coisa? – Perguntei.– Uma sensação, como...
— Como se essa fosse ser a mais difícil.
Ele completou, eu assenti.
— Enfrentei muita coisa, Helena, mas isso... isso não – Ele continuou.– E eu acho que quando prometemos não recuar, foi muito mais que apenas isso, foi um pacto.
— Eu sei, sinto a mesma coisa... e eu trouxe aquelas pessoas para cá, Bruce, e se o pior acontecer, eu as terei conduzido até a morte – Falei me referindo os integrantes das outras Terras.
— Você se culpa muito, acho que aprendeu bem demais comigo – Eu sorri e ele também, sabíamos que era um comentário de humor sombrio, mas aquele é o único que Bruce conhece e com o qual eu já me acostumei. Bruce Wayne me mostrou seu lado mais escuro e eu não fugi, eu o abracei. Como agora.
Fechei meus olhos e deitei minha cabeça em seu peito, ele passou seus braços a minha volta e me abraçou firme. Bruce continuou:
— Mas não deveria abraçar tanta culpa. Você fez mais por esse planeta em tão pouco tempo do que muitos que nasceram aqui.
— Eu sei que deveria ser mais... positiva, ter esperança, sabe? – Perguntei.– Só que eu nunca tive muito disso na minha vida.
— E quando chegou aqui? Quando pousou na Terra?
— Quando eu despenquei na Terra, você quis dizer – Resmunguei abafado. O corpo de Bruce tremeu quando ele riu baixo.
— Você não respondeu minha pergunta.
Eu me afastei do corpo dele e suspirei.
— Sim, quando cai aqui... quando Clark me levou até a fazendo e os dias que passei lá com a Sra.Kent, foram incrivelmente bons. Eu sentia que descobria e conhecia algo novo todos os dias, algo diferente do cinza... do medo que eu sentia estando tanto tempo do espaço, diferente da sensação de sufocamento que eu sentia quando vivia em Fort Rozz.
— Só nesses momentos?
— Quando cheguei em Metropólis. Acho que o sol refletindo nos prédios espelhados... todo aquele calor – Eu fechei os olhos e sorri com aquela memória confortável. Então outra memória me ocorreu.– E quando entrei aqui.
Abri os olhos e encarei Bruce que parecia surpreso.
— O que?
— Você me acolheu, Bruce – falei.– Uma alienígena, alguém que você não conhecia e que tinha todas as razões para desconfiar, temer e até odiar. Quando você disse que me ajudaria, que iria me treinar, eu senti algo bom por você e também algo muito bom com relação ao futuro. Isso não é esperança?
— Bem... acho que sim.
Eu apertei um pouco sua mão.
— Você acha que não é um símbolo de esperança – Falei.– Sei que pensa que seu morcego só transmite medo e desconfiança, mas tudo o que você fez foi pelo bem das pessoas dessa cidade. O seu morcego significa esperança tanto quanto o símbolo que Clark carrega no peito.
Ele acariciou minha bochecha e pareceu que iria dizer algo, então desistiu.
— Obrigado – Agradeceu simplesmente e então ficou de pé.– Acho melhor descansar um pouco, não será uma luta fácil. Sabe onde ficar o seu quarto.
Concordei com a cabeça e também me levantei, passei pelos outros, eles ainda conversavam em tom baixo, pareciam extremamente tensos assim como eu estava.
Cheguei ao quarto que aparentemente ainda é meu, não sei se Bruce ainda cultiva esperanças de que eu volte para cá. Tirei meu traje e o deixei encima da grande e confortável poltrona, substituindo por um moletom.
Eu sei que não vou conseguir dormir, e definitivamente não quero. Eu sei que preciso estar alertar porquê a qualquer momento as Tropas irão chegar e todos precisamos estar preparados. Porém, a sensação de estar deitada confortavelmente já me é quase revigorante.
Meus olhos estavam fechados, mas meus sentidos continuam alerta. Um som leve de vento chamou minha atenção juntamente com batidas cardíacas que chegavam mais perto. A cama afundou um pouco. Não tenho dúvidas de que é Clark, ele com certeza entrou voando no quarto pela janela, por isso não houve som de passos. Ele acariciou meus cabelos.
— Você deveria estar dormindo, mas seus batimentos são de alguém que correu uma maratona.
Sussurrou próximo ao meu ouvido. Eu ri baixo e abri os olhos.
— É assim que me sinto.
Respondi.
— Você fez muito nos últimos dias, não pode manter esse ritmo, Hel.
Eu me sentei na cama.
— O que conversou com Kara?
Perguntei, mudando completamente o rumo da conversa. Clark pareceu estranhar a mudança brusca, mas não disse nada sobre.
— Você deve imaginar... Krypton – Disse.– Diferente de nós, ela se lembra de lá.
— A Krypton dela não é a mesma que a nossa, você sabe.
— Mas é a única que temos a chance de saber alguma coisa, e se nossa dimensão é pelo menos um pouco parecida com o dela, então o nosso planeta também era.
Balancei a cabeça.
— Tem razão – Concordo.– E foi só sobre isso que conversaram?
— Você parece bem interessada – Ele sorriu, parece estar achando algo engraçado.
— Eu não sei...– Murmurei.
— Você parece com ciúmes.
— Já ouvi essa palavra uma vez e ainda não sei o que significa.
Falo, lembrando-me de quando Bruce a disse.
— Significa que não gostou de me ver próximo a outra mulher – Disse.
Eu franzi as sobrancelhas.
— Isso não parece fazer sentido. Já o vi perto de várias outras mulheres e nunca me senti dessa forma...
— Mal? – Perguntou.– Desconfortável?
Eu assenti devagar.
— Ela... ela parece uma versão melhorada minha, entende? – Pergunto. Uma versão que seria melhor para ele. – Ela conheceu Krypton, é uma El, ela cresceu na Terra como você, ela conhece a Terra e os costumes... ela não surtou e tentou matar você...
— Hel – Clark me interrompeu.– Você não tem que buscar razões para se comparar com Kara. Você não precisa.
— E por que não? – Pergunto.
— Porquê é você quem eu amo – Ele foi objetivo.– E o ciúmes, não é um sentimento bom para se ter. Foi um misto de raiva, ciúmes e mágoa, além claro do que Luthor fez com minha mãe, que me levou a querer lutar contra Bruce. Você viu o que quase aconteceu.
— Eu me sinto uma criança outra vez, com esses sentimentos novos, sem saber como explicá-los ou até mesmo nomear – Digo, cobrindo o rosto com as mãos.– Quando penso que já sei o bastante...
— Não se culpe por isso, tudo bem? Você sabe que vou estar aqui para ensinar tudo o que precisar saber sobre viver na Terra, sobre emoções. Eu gostei disso desde a primeira vez que saímos juntos. Você se lembra?
Eu tirei as mãos do rosto.
— A feira no Kansas – Sorri.– Perto da fazenda.
— Alí sim você parecia uma criança – Ele riu comigo.
— Eu havia praticamente acabado de descer de uma nave, o que você esperava?
Clark estava sentado ao meu lado na cama, segurando minha mão, nós estávamos rindo daquele dia.
— Certo, e quando eu a levei para trabalhar no jornal?
— Eu aprendi muita coisa alí!
— Tipo o quê?
— Tipo... andar extremamente devagar, esquentar café com minha visão de calor em uma temperatura exata para não derreter gargantas humanas...
— Eu lembro de quando você aprendeu isso.
Ele me cortou e eu não segurei a risada.
— Eu não imaginava que o Sr.White conseguia gritar tão alto – Falei.
— Eu estou na Terra desde criança e não imaginava que qualquer humano pudesse gritar tão alto.
Eu deitei minha cabeça em seu ombro e continuei rindo.
— Acho que foi uma ótima decisão sua ter deixado o emprego no jornal.
Ele falou alguns segundos depois.
— Pensei que tivesse ficado magoado, mesmo que não tivesse me dito.
Olhei para meus dedos que se mexiam inquietos.
— Não, não magoado, mas com medo.
— Medo?
Eu ainda não o olhava.
— Medo de perder você.
Eu ergui a cabeça e o olhei confusa.
— Hel, eu... eu fui extremamente egoísta. Eu gostava de ter você por perto, eu gostava de conversar com você e te apresentar coisas e ver como as novidades faziam seus olhos brilharem. Eu não queria perder aquilo. Ao mesmo tempo eu estava com Lois, mas não queria mágoa-la, não queria ser um idiota com ela. Quando você disse que iria sair do jornal e procurar outro emprego eu tive medo que não precisasse mais de mim e simplesmente...
— Fosse embora – Conclui. Ele concordou.– E foi o que aconteceu.
— Foram dias horríveis, eu não entendia o porquê de me sentir daquela forma... era porquê você não estava lá. Foi como se toda a luz e o calor de Metropólis tivesse desaparecido – Ele suspirou. Clark passou uma mão pelo cabelo, afastando os fios do rosto e os colocando para trás. Ele estava sentando ao meu lado, vestido como o Superman, sem seus óculos e com os cabelos penteados para trás, ele estava exatamente como o conheci. Só que diferente do dia em que eu o conheci, quando achei que fosse uma fortaleza firme e impenetrável, hoje eu o vejo vulnerável, e eu o vejo vulnerável... porquê eu o deixo assim.
Um pensamento me ocorreu.
Essa expressão no rosto de Clark... é a mesma que vi em Bruce mais cedo.
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