❪17❫ chapter seventeen
━━━━━━━━━━━━━━━━━❪friendship❫
— Te explico tudo assim que chegarmos. — finalizo a chamada com Megan. Após nós dois constatarmos que nossa carta na manga é minha melhor amiga, decidi ligar para ela para dizer que algumas coisas foram esclarecidas, mas que era impossível contar por telefone. Como todos ainda estavam no loft do Derek, com a permissão dele, poderíamos ir até lá. Assim que guardo o celular no bolso, olho para Damon. — Vamos.
Saio da cabana com ele em meu encalço. Teríamos que caminhar alguns quilômetros até chegar em meu carro. Gostaria que a caminhada fosse em silêncio, mas Damon sempre gostou de me contrariar.
— Não vai responder minha pergunta? — questionou com uma pontada de ressentimento encoberto por sarcasmo. Ainda conheço Damon o bastante para saber que não iria parar enquanto não obtivesse sua resposta.
— O que você quer que eu diga? Hum?! Que eu senti saudades de você? Que eu sofri por meses por sentir que talvez o maior erro da minha vida tenha sido ir embora? Por pensar que poderíamos ter construído algo? Sim, Damon! Eu senti a sua falta! — exaspero irritada, parando bruscamente de andar e despejando todas essas palavras em sua cara com raiva. Raiva dele. Raiva de mim. Sua expressão não tinha uma aparência ótima. — Satisfeito?
— É claro! Foi ótimo ouvir isso, muito obrigado! — ironizou abrindo os braços levemente. — Por que você foi embora? Anda, me diz! Olha nos meus olhos e confessa que me abandonou!
— Foi pela Megan, Damon! — solto com o tom de voz mais alto o fazendo se calar. Era essa a resposta que ele queria, mas não teria somente isso, não, iria explicar parte por parte. — E sabe o porquê? Por que o seu irmão deixou a minha melhor amiga pela Elena! A fez sofrer tanto quanto eu por partirmos, mas foi o melhor para ela, ir embora. Ver toda aquela cena dos dois juntos não era bom, então eu decidi ir. Foi pela Megan, Damon. Tudo por ela.
Ele ficou calado, processando a informação.
— Eu posso ter sim, te abandonado, mas pela Megan eu faria de tudo. — digo a plena verdade olhando no fundo dos seus malditos olhos azuis intensos, porém solto uma risada sarcástica pensando no que ele me disse a meia hora atrás. — Mas pelo jeito você se recuperou rápido ficando com a namorada do seu irmão. Obrigada por vingar a Megan, aliás.
Zombei no final. Quem troca uma vez, é trocado uma vez.
Sim, eu ainda sinto um pequeno ressentimento por Stefan.
— Vamos logo. — mandou sem paciência, passando por mim, voltando a caminhar com passadas pesadas.
— O quê foi? Não era você quem queria respostas? — debocho o seguindo pela trilha da floresta.
O resto do caminho, obviamente, foi feito em silêncio. Ninguém tinha mais nada a dizer, pelo menos da minha parte não. Foi cerca de quinze minutos em total agonia, querendo chegar rápido quanto antes para sair daquela situação. A tensão no carro era praticamente palpável.
Assim que chegamos no loft, foi preciso um minuto para que estivéssemos na grande porta de metal. Antes que eu pudesse fazer algo, ela foi aberta bruscamente causando um barulho alto. Olho para o lado e vejo ser Derek o dono da ação.
— Sentiu saudades, lobo mau? — pergunto apenas para o provocar e ele revira os olhos, me ignorando. Adentro o local sem me importar com Damon atrás de mim e olho para Megan, que está sentada no sofá olhando para o nada, sem conseguir encarar o vampiro que eu trouxe comigo.
Caminho até em sua direção.
— Precisa me convidar para entrar, lobo mau. — escuto Damon dizer dando ênfase no apelido de Derek com deboche, me fazendo revirar os olhos. Olho para trás encontrando o olhar de Derek, assinto confirmando que não havia problema, logo escuto ele o convidar, porém não dou atenção já que olho para Megan novamente.
— Você está bem? — com essa pergunta, ela me encara e consigo visualizar seus olhos cheios de lágrimas que ainda não foram derramadas. Ela já sabe. Havia ligado os pontos, assim como eu.
— Foi ele, não é? — perguntou com a voz fraca, falhando. Percebo que suas mãos tremem um pouco. — Não traria Damon aqui se ele fosse o responsável.
Não sei o que dizer para confortar minha amiga no momento, não com todas essas pessoas escutando. Então falo a coisa mais idiota para se dizer.
— Eu sinto muito.
Ela respira fundo, apertando os olhos para se recuperar. Todos estavam esperando para explicarmos a situação, mas como Megan está sem condições para fazer tal, decido deixá-la em seu cantinho enquanto faço essa tarefa.
Levanto do sofá e caminho para longe dela, tirando suas atenções sobre nós duas e pondo-as sobre mim, longe de Megan.
— Bom... Esse é Damon Salvatore, um velho amigo. Todas as pistas encontradas me levaram a ele. Pena preta, olhos azuis e blá blá blá. — começo a explicar com os olhos de todos em mim. A surpresa foi nenhum deles ter perguntado nada desde que chegamos, principalmente Stiles. Acredito que seja pela Megan e ao constatar ser isso, os admirei e agradeci pelo respeito mentalmente. — Acontece que tudo isso foi feito justamente para isso, encontrá-lo.
— Porquê? Ele sabe quem está por trás disso? — Scott perguntou aflito, olhando para mim e desviando logo em seguida para ele. O desespero para acabar com essas mortes está bastante visível em todos.
— Sabe. Sabe muito bem. — respondo encarando Damon com desgosto, este que revira os olhos. Percebo um olhar de esperança em todos.
— Quem? — Liam questionou o que todos queriam saber, ansioso.
— Stefan Salvatore. — respondeu por mim, caminhando levemente pelo local. Olho para Megan, que fechou os olhos com força ao ouvir o nome. — Meu irmão.
— E o que nos garante que você não está com ele? — Derek retrucou, o encarando firmemente. Ele está escorado na mesa, com os braços cruzados evidenciando seus músculos e com sua carranca usual do dia a dia. E meu ponto fraco ataca novamente...
— Minha humanidade. — rebateu sorrindo falsamente, dando a entender que Stefan não tinha sua humanidade consigo, o que já era óbvio.
— Isso nunca foi um problema para você. — a voz de Megan pôde ser ouvida, mas forte que antes, porém ainda abalada, cheia de mágoa. Ela olhou para Damon pela primeira vez desde que nós chegamos.
— Uh... Doeu, ruivinha. — Damon colocou uma mão no peito, se fazendo de ofendido, mas o sorriso rotineiro em seu rosto denuncia seu sarcasmo. Megan revira os olhos e me seguro para não fazer o mesmo.
— Tudo bem, já está ficando muito tarde e amanhã temos aula. — decido colocar um fim nisso. — Amanhã iremos explicar tudo e começaremos a bolar um plano para parar ele.
— Morte? — Lydia perguntou, se lembrando do nosso primeiro encontro na clínica veterinária, quando eu disse que o único modo seria matar o responsável.
— Morte não é mais uma opção.
Não consigo olhar para ninguém, nem mesmo para Megan, que sofre mais que eu. Tenho certeza que todos se aliviaram com isso, mas ainda sim, não consegui não me sentir mal pela minha hipocrisia. A alguns dias disse para Scott que a morte era a única opção para casos como esse, mas o fato de saber que um amigo é o causador, mudou tudo. Isso faz com que eu questione todos os meus princípios, e se fosse um desconhecido? Morte era a solução? Ele seria um desconhecido para mim, mas para outras pessoas, não.
Como eu disse, pura hipocrisia.
Chegamos a casa e Megan correu para o quarto sem falar nada. Decidi deixá-la em paz, pelo menos por algum tempo para ela poder processar todas as informações. Segui para o meu quarto e tomei um banho relaxante, vestindo roupas confortáveis em seguida. Deitei de barriga para cima e observei o teto branco, sem sono. O único som ouvido é minha respiração e o silêncio me leva para lugares que eu não gostaria de voltar.
Observei o quarto que a alguns meses passei a chamar de meu sem eu perceber. O quarto de Damon.
Antes ele estava enfestado com coisas minhas, joias, produtos para cabelo e pele, roupas. Quem entrasse aqui diria com extrema certeza que era um quarto de uma mulher vaidosa, mas não mais. O local está exatamente como a primeira vez que entrei aqui, vazio.
Respirei fundo tentando engolir o bolo que se formou em minha garganta e caminhei até a grande cama, tentando ignorar todas as lembranças que esse lugar me traz. Os lençóis estão arrumados e a única coisa que deixa o ambiente fora do normal, é uma carta no travesseiro, da qual eu acabei de depositar ali.
Uma carta de despedida, junto a um colar. Um dos seus preferidos.
Estou me sentindo uma verdadeira vadia por o abandoná-lo dessa forma, ainda mais por não conseguir olhar em seus olhos e dizer que estaria indo embora, para longe de toda essa bagunça.
Nossa história sempre foi complicada, não tínhamos uma relação com rótulos nem nada disso, mas era incrível. Nos entendiamos de uma forma maravilhosa, nossa conexão foi imediata no momento em que nossos olhares se encontraram no bar no meu primeiro dia na cidade. Ninguém acreditava que pudesse haver algo de bom em Damon, mas eu acreditei. O apoiei, fiquei ao seu lado mesmo quando sua impulsividade falava mais alto e agia com agressividade. Da mesma forma que ele fez comigo, me entendeu de um jeito que ninguém, além de Megan, conseguiu fazer. Nossos passados quebrados se encontraram em uma linda história que se encerraria no exato momento em que eu saísse deste quarto, sem ele poder expor sua opinião diante minha decisão.
O simples colar de ouro com um pingente de coração está abaixo da carta. Ele amava quando eu o usava, dizia combinar comigo pelo fato de ser o completo oposto de mim, simples e delicado, algo que eu não sou.
Olhando uma última vez para minha caligrafia bonita que reside na carta com letras formando as palavras Damon Salvatore, me virei e comecei a caminhar em direção a saída, entretanto, antes que pudesse atravessar o batente da porta, travei. Engoli em seco, e por fim, passei por ela.
Abandonando tudo que havia construído.
Libertei-me dessa lembrança dolorosa em um baque, meus olhos estão lacrimejados e me forcei a não deixar uma lágrima derramar. Levantei-me em um pulo, decidida a ir ver Megan, ignorando meus sentimentos.
Vou até seu quarto e bato duas vezes, demora um pouco, mas logo escuto entre e é o que faço. Encontro-a sentada no chão, escorada em sua cama e com uma foto em mãos, então percebo uma caixa ao seu lado. A caixa que conheço muito bem.
Caminho em sua direção e me sento ao seu lado, agora podendo observar a fotografia melhor. É ela e Stefan, sentados em uma grande manta posta na grama para fazer um piquenique. Eles adoravam fazer isso. Stefan está a abraçando por trás, ambos com grandes sorrisos no rosto. Lembro-me que fui eu quem tirei essa foto.
— Foi uma linda tarde de verão. — comentei, sorrindo de leve. Olhei para seu rosto que está concentrado na foto.
— Foi sim. — concordou, apertando os lábios em uma linha reta. Colocou a foto novamente na caixa e a fechou, jogando-a para baixo da cama com agressividade. Se escorou na cama novamente e se encolheu, apertando seus braços em suas pernas e abaixando sua cabeça por entre elas.
Comecei a escutar os seus soluços e me aproximei, puxando-a para um abraço apertado, fazendo com que ela ficasse meio que deitada em meu colo, como uma criança que acabou de ralar o joelho e precisava de amparo.
— Porque ele está fazendo isso? — questionou em soluços, a voz quase falhando. Pude sentir as lágrimas quentes em minhas roupas, mas não me importei. — P-porque depois de tudo que fez comigo, está aqui?
— Eu não sei, meu amor... Eu não sei. — suspirei, me sentindo profundamente mal por não conseguir tirar essa dor dela. Se pudesse, transferiria toda esse sentimento ruim dela, para mim, mas infelizmente não posso. A única coisa que posso fazer é ficar ao seu lado, e é isso que eu faria.
De repente, como um choque, ela se separou de mim e me encarou, os olhos brilhando pelas lágrimas, mas com algo diferente. Agora eles estão raivosos, com um ódio que eu nunca havia visto em minha melhor amiga.
— De uma coisa eu sei... — ela disse, a voz antes chorosa, agora beirando a uma irritação sem igual. Sem controle. — Ele vai se arrepender disso, e sabe o porquê, Scarlett? Porque eu vou fazer com que ele sinta tanta dor que nem sua falta de humanidade vai ser capaz de apagar isso.
.𑁍ࠬ¸𓍢 NOTAS FINAIS
.𑁍ࠬ¸𓍢 Não é sobre Scarlett e seus rolos românticos, e sim sobre a amizade das duas 🤏
.𑁍ࠬ¸𓍢 Voltei mais rápido do que o esperado, é sempre assim, quando escrevo um capítulo dessa história não consigo parar lkkkkkkkk
.𑁍ࠬ¸𓍢 O que estão achando? Preciso que sejam sinceros sobre tudo, tem algo confuso que indique que não vai ser explicado futuramente? Tem algum furo na história? Por favor gente, falem comigooooo
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