━━━━━━━━━━━━━━━━❪beacon hills❫

A vida é uma coisa engraçada, não é?

Uma hora estamos felizes, aproveitando o momento com pessoas que amamos, outras no fundo do poço, chorando desesperados pela morte de seus entes queridos. Como uma verdadeira montanha-russa, louca e desgovernada, ou uma roda gigante, com seus altos e baixos, pense como preferir, imagine como quiser. É tudo uma verdadeira merda mesmo.

A morte dos meus pais me abalou mais do que eu possa dizer, eles eram meu porto seguro, e de repente... puf! Foram tirados de mim, executados na minha frente como se não fossem nada. Às vezes, flashback's daquela noite aparecem de repente, não importa o que eu esteja fazendo, seja banal ou não, eles me atormentam em pesadelos e isso sempre me leva a acordar aos gritos, suando e com as mãos trêmulas, o coração acelerado e a respiração ofegante, quase como um círculo vicioso, está acontecendo mais vezes do que eu possa contar. Está quase virando parte de mim, sem que eu consiga faze-la parar, me consome cada dia que passa, me puxando cada vez mais para o vazio, onde não há nada que em que eu possa me segurar. Porém, o motivo por eu ainda não estar no ponto mais crítico está sentada ao meu lado, com seus lindos cabelos ruivos voando ao vento enquanto batuca os polegares no voltante conforme o toque da música soa pelo rádio.

Megan Parker, minha melhor amiga, ou como eu gosto de chamar, água de salsicha. Nós conhecemos desde pequena, meus pais a tratavam como uma filha. Aquela com quem eu posso contar incontáveis vezes, sem precisar duvidar da sua lealdade, confio nela de olhos fechados, ela está sendo minha âncora no meio disso tudo, como eu fui a dela. Nós só temos uma, a outra, e eu não gosto nem de pensar em como seria minha vida sem ela, eu a protegeria de tudo e de todos, só não quero vê-la machucada, ou pior, morta. Não aguentaria passar por isso de novo.

Por mais que eu tenha me afundado na minha dor, na minha perda. Ela não. Ela conseguiu se reerguer, conseguiu seguir depois de tudo que passou com a sua família. Queria eu ter essa força.

Respiro fundo pela décima vez em dez minutos.

Eu estou entediada.

Definitivamente entediada.

Porque mesmo eu estou dentro de um carro há horas indo para uma cidadezinha com nome de café da manhã? Ah! É mesmo! Pela infeliz da minha melhor amiga, a sorte dela que eu a amo demais para não deixa-la ir sozinha nessa furada. Ela quer rever um velho amigo e quando ele pediu ajuda, não hesitou em dizer estar indo. Faltava pouco tempo para chegarmos em Beacon Hills, e só de pensar nisso já me dá calafrios e eu não quero nem saber o porquê.

Eu só queria paz. 

É pedir muito? Na verdade, é ao ter uma louca hiperativa como melhor amiga.

— Scar? — acordo dos meus pensamentos com Meg me chamando. Decido irrita-la um pouco, essa é a minha especialidade.

— Late. — ela me olha irritada. Se tinha uma coisa que ela odiava, era esse "late".

— Eu já disse para parar com essa palhaçada de late, eu sou alguma cachorra por acaso? — sua expressão raivosa só deixou tudo mais engraçado, seu rosto estava tão vermelho quanto seu cabelo.

— Quer que eu responda? — questiono só para receber mais um olhar irritado da mesma, não aguento e solto a gargalhada que estava presa desde que começamos esse diálogo. — Desculpa amiga, você sabe que eu te amo, não é?

— Insuportável... — resmunga ainda irritada e eu apenas dou de ombros não me importando, logo passa.

— Já estamos chegando? Minha bunda já está quadrada... — faço careta me remexendo no banco. E isso não era mentira, estávamos a horas na estrada sem nenhuma parada, minhas pernas estão dormentes.

— Para de reclamar, não é você quem está dirigindo. — retruca arqueando as sobrancelhas me olhando de relance, mas rapidamente sua atenção vai para a estrada.

— Você sabe que eu odeio dirigir. — digo desviando meu olhar para a janela, as árvores eram como borrões pela velocidade a qual estamos.

— A questão não é você odiar, é você não saber. — ela zomba rindo e eu olho para ela de boca aberta, chocada pela sua ousadia. — Além disso, você veio de teimosia, porquê por mim você estaria em-

— Você acabou de me ofender, eu sou ótima dirigindo, ok? — corto sua fala antes que entremos em um assunto do qual eu não queria. — E eu não ia te deixar ir sozinha para uma cidade cercada de sobrenatural.

— Então pronto! Chega de discussão. — sorri vitoriosa por conseguir acabar com a conversa sendo a última a dar a palavra. Tínhamos essa coisa, como uma competição boba de quem terminaria nossas discussões, não sei quando surgiu, mas é sagrado. — Chegamos!

— Que ótimo... — falo enquanto vejo a placa escrito "Bem Vindos a Beacon Hills" passar por nós rapidamente. — Chegamos a cidade do sobrenatural.

Paramos em frente a uma casa simples, porém ótima para nós duas. Descemos do carro, pegamos as malas e entramos, é bastante confortável e já está mobiliada, íamos ficar só alguns meses, então não teria problema.

Após arrumarmos tudo, estávamos comendo pizza, pois não tinha comida na dispensa e mesmo se tivesse, nenhuma estava disposta a cozinhar.

— Não vá dormir tarde, amanhã temos escola. — ela solta a bomba e simplesmente sai me deixando paralisada pelo choque com a mão travada no meio do caminho, já que eu estava prestes a morder um pedaço de pizza.

— O QUÊ? — grito quando saio do meu torpor e logo escuto sua risada no andar de cima. — VOCÊ ME PAGA, GAROTA!

       .𑁍ࠬ¸𓍢 NOTAS FINAIS

   .𑁍ࠬ¸𓍢 prólogo flopou bonito, mas vida que segue, talvez amanhã eu poste mais. O que estão achando das mudanças?