𝒊𝒊𝒊. YOU.
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❝ THAT I LOOSE AND I FORGET BUT THEN I REMEMBER AND I REGRET ❞ ─ you, us baby bear bones.
Nobara Kugisaki possuía uma alma destemida que havia sobrevivido em todas suas vidas. Em sua primeira vida, fora uma princesa de um reinado destroçado pela ambição dos homens, a fúria de observar todo o ouro que lhe pertencia ser levado por mãos esqueléticas e famintas jamais abandonou seu espírito, levando-a diretamente um caminho sem fim em que busca por tudo que havia perdido: riqueza e fama. Ela divertiu-se por muito tempo, apenas quebrando corações daqueles interessados em sua beleza e espalhando lindas mentiras para benefício próprio, contentou-se brevemente com um homem que construiu uma mansão para morarem.
No entanto, o abandonou durante um inverno rigoroso e encontrou refúgio nos braços de uma mulher, cujo coração de ferro a encantou no mesmo momento. As circunstâncias as separaram, mas um amor como esse é algo que nunca é esquecido, está eternamente gravado em uma alma.
E se fosse levar em contas as antigas histórias da vovó Li, tal condição trazia inúmeras possibilidades. Uma delas seria que as linhas vermelhas do destino sempre trabalhará a favor de Kugisaki encontrar esse amor perdido, impedindo-a de acessar o outro lado em todas as suas vidas até que cumprisse o objetivo.
Mas, analisando-a com os olhos azuis, Nobara não lhe parecia ter esse tipo de pendência em si. Ou ela não deu atenção o suficiente para as lições da vovó quando era pequena.
─ Isso...─ Nobara Kugisaki analisou o papel, os olhos castanhos pelas palavras, absorvendo as informações postas ali numa letra arredondada.─ É tudo? Tudo mesmo?
Kira balançou os ombros, cutucando o vidro da mesa central com a caneta, uma falha tentativa de fugir daquela velha e costumeira enxaqueca após utilizar seus poderes.
─ Sim, é tudo. Se quiser saber mais, ─ Forçou um sorrisos nos lábios e tentou suavizar os olhos azuis-cristalino.─ pode perguntar.
Nobara espreitou os olhos por um momento, analisando as feições da Tsukumo e lentamente erguendo uma sobrancelha. De repente, Kira ficou preocupada com a possibilidade de talvez receber um soco.
Não seria a primeira vez, mas, Nobara tem o tipo de rosto que entrega quão bom é seu gancho e, no mínimo, renderia um nariz quebrado. O que por si só é insuportável, como se Kira precisava de mais ajuda para parecer lamentável.
─ Tudo bem!─ Ela sorriu, batendo palmas, assustando a de olhos azuis por um instante.─ Você disse aqui que tive um grande amor, mas diz se é homem ou...
─ Mulher?─ Nobara parece vibrar com a possibilidade, sua expectativa expandindo-se para todo o cômodo como tentáculos, alcançando Kira com facilidade.─ Sim, mas, almas são complicadas.
Utilizar uma palavra como aquela é o eufemismo do ano, mas, bom, Kira não descobriu uma forma que explicar que a inconsistência ao redor de vidas passadas soa igual a um emaranhado da lã mais grossa, enroscando em si mesmo, pressionando cada parte para encontrar apenas um pedaço do que você deveria ser mas não é, pelo menos não nesta ou naquela linha. Dizer que ela própria serve como uma agulha, cuja ponta prendesse a um pedaço da lã e a puxa em uma direção, é errôneo de tantas maneiras que já sente uma enxaqueca dominando-a. Kira é mais como a garotinha curiosa num museu, rodeada por peças exalando sentimentos e tantas emoções que é impossível não esticar uma mão, desejando tocar nas telas impecáveis, absorver um pouco de tamanha beleza.
Até curiosidade se transformar em terror e horror infiltrando-se em seus ossos, esmagando seu coração com seu punho de ferro.
Kira respira fundo, piscando os olhos para seus dedos trêmulos por debaixo da mesa. De repente, sente que seu corpo lhe deixaria, abandonaria às traças para ser devorada pelos vestígios das vidas que pairam sobre seus ombros pontudos, estalando o bico de corvo, sedento por carne.
─ Complicadas?─ Nobara pressiona, mais uma vez sua sobrancelha está erguida.
É notável que não está considerando socá-la, só tentando entender as palavras de alguém que com certeza não deveria usar seus dons para ganhar dinheiro.
Kira suspira, as unhas curtas coçam sua testa e as sobrancelhas escuras se franzem, os pensamentos disparando para encontrar uma resposta simples e descomplicada.
─ Hum, bem... Pensa como...─ Tsukumo agarra uma folha, mantendo-a reta sob os olhares atentos de Nobara.─ Isto é você. Mas se eu fizer isso...─ Ela é rápida em amassar numa bola.─ Continua sendo você, só que com marcas que não tinha antes, sabe? Almas não são imutáveis como dizem por aí, são esponjas que acumulam conhecimento e estão acostumadas a mudar se for preciso.
─ E tudo isso é pra...?
Ah, sim...
Kira libera uma risada sem graça e encolhe os ombros, as arestas afiadas da folha cutucam sua pele, quase murmurando quão tola é.
─ Seu grande amor foi mulher. Não há certeza se continua assim. Ela pode ser um homem nessa vida, continuar sendo uma mulher.
Nobara está desapontada, tão distante daquela garota que adentrou ali, chamando-a de guru e pronta para desmascará-la no primeiro sinal de golpe que sentisse.
É engraçado, decide. Kira aperta os lábios, prendendo uma risada, porque Nobara parece estar recebendo uma condenação só pela possibilidade de sua alma gêmea ou perto disso ser um homem.
─ Bom, não tem nada o que mudar.─ Murmura Nobara, lançando um olhar insistente para Kira.
Na opinião da Tsukumo, lhe dá a impressão que está implorando por alguma esperança e, bom, procurando na pessoa mais errada que há. A garota de cabelos alaranjados não demora a chegar na mesma conclusão, soltando um bufo levemente irritadiço e mergulha uma mão na bolsa, procurando por sua carteira.
─ Quer saber de uma coisa?─ Kira oferece um sorriso, um que espera não ser torto e a deixe com uma aparência mais doente.─ Você pode ficar sem pagar.
─ O quê?
Nobara ergue a sobrancelha, lábios separados e pronta para discutir. Com certeza, seus argumentos derrubariam Kira no mesmo segundo sem muito esforço se não fosse pela porta sendo aberta com tanta força que se perguntar como não escapou das dobradiças é muito válido.
A próxima registrada é que Kira e Nobara estão fitando o garoto que invadiu a sessão delas com os queixos caídos, incertas. Ou pelo menos, a de cabelos escuros está, já que Nobara agarra sua bolsa e, com um balanço digno de baseball, a lança na direção do desconhecido que é atingido no rosto.
─ Que palhaçada é essa, Itadori?─ A garota exclama, muito assassina para não ser capaz de manter Kira quieta.
O que ela menos precisava é outra tentativa de homicídio no único lugar que conseguia arranjar dinheiro sem responder perguntas sobre luvas e se poderia tirá-la por estar incomodando y ou x.
─ Que tal a gente...
─ Do que é você tá falando, sua bruxa?─ O garoto retrucou, jogando a bolsa no chão.
Houve o som de algo quebrando, mas Nobara não parecia se importar, estava balançando a mão como se fosse estapear o rosto do seu amigo (?) a qualquer momento.
Eles estavam discutindo, então, empurrando um ao outro igual a criancinhas birrentas. Há uma promessa muito preocupante no rosto da garota, uma que faz Tsukumo agarrar as bordas da mesa de centro e tentar silenciosamente afastá-la da dupla para que não ocorresse alguma tragédia, já bastava que o fato daquele lugar pertencer a uma jovem adulta praticamente - completamente - falida tivesse muitos tons gregos para oferecer alguma esperança de um futuro bom.
Kira não estava entendendo nada. A dupla disparava palavras com rapidez e tão raivosamente implicante que enrolavam na língua, não conseguindo ser nada além do que berros sem sentido, o tipo que piorava toda vez que o garoto chamava Nobara de "bruxa".
A lembrava quando Sachiko e Yuki resolviam discutir durante um jantar. Caótico e confuso, barulhento ao ponto de superar seus pensamentos. Não é uma coisa boa. Em todas as vezes, acabou com Akira visitando-as no hospital por terem um braço ou uma perna quebrada, ás vezes dedos e, nos melhores dias, apenas dentes que são consertados com uma visita rápida ao dentista.
Entretida e muitíssimo preocupada, afinal chamar a polícia nunca foi uma de suas melhores habilidades, não percebera que a porta abriu-se novamente até que registrar um par de tênis velhos pelo canto de olhos. Ela franze as sobrancelhas com confusão, erguendo o rosto rapidamente.
O que encontra é orbes azul-escuros. Tão semelhantes, tão desconhecidas.
─ Você...
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