Eu odeio seus olhos. O brilho tranquilo que eles carregam me desarma, me faz esquecer do mundo ao redor. É uma ironia cruel, porque eu deveria ser forte, deveria ser indiferente. Mas, ao te olhar, sou só um amontoado de sentimentos contraditórios, uma confusão que eu nunca consigo ordenar.

Eu odeio seu sorriso. Não há nada de especial nele, não há. É só um sorriso. Mas por que, então, ele tem o poder de virar meu mundo de cabeça para baixo? Por que ele ecoa na minha mente quando tento dormir? Eu odeio o jeito como ele me quebra em pedaços, como ele me lembra que você existe e que eu nunca vou conseguir te ignorar.

Eu odeio o jeito que você me faz rir. Como é possível odiar algo tão simples, tão puro? Mas eu odeio. Porque cada risada que você provoca é uma ferida aberta no meu orgulho, é a prova de que você tem controle sobre mim. Você me faz esquecer que eu deveria te evitar. Você me faz querer estar perto, mesmo quando tudo em mim grita para fugir.

Eu odeio o jeito que você faz as coisas. Tudo parece tão fácil para você, tão natural. É como se o mundo se moldasse ao seu toque, como se cada passo seu fosse planejado para me atormentar. E eu fico aqui, incapaz de me desligar disso, incapaz de simplesmente te apagar da minha vida.

Eu odeio tudo em você. Cada detalhe, cada pequeno gesto que você faz sem nem perceber. Eu odeio o som da sua voz, a forma como você mexe no cabelo, o jeito que seus olhos se estreitam quando você está concentrado. Eu odeio o fato de que você é exatamente quem você é, e que eu sou incapaz de te mudar.

Mas, acima de tudo, eu me odeio.

Eu me odeio por amar você.

Amo o que odeio, e isso me destrói. Não há explicação, não há lógica. Eu te amo com a mesma intensidade com que tento te rejeitar. E essa dualidade me consome, me esgota, me transforma em alguém que eu não reconheço.

Eu me odeio por não conseguir te deixar para trás. Por cada tentativa frustrada de fingir que você não significa nada. Por cada vez que eu digo que acabou, mas meu coração insiste em dizer o contrário.

Eu me odeio porque, no fundo, sei que você nunca sentirá o mesmo. E, mesmo assim, continuo aqui, te amando em silêncio, te odiando em segredo.

Porque, no fim, talvez o amor e o ódio não sejam tão diferentes assim. São apenas dois lados da mesma moeda, duas faces de um sentimento que me prende a você, mesmo que eu queira desesperadamente escapar.

E é por isso que, enquanto eu odeio você, eu continuo te amando. E enquanto eu te amo, continuo me odiando.

Para sempre preso nesse ciclo, nesse sentimento que me destrói, mas que, de alguma forma, me mantém vivo.