
7
Kin Daikichi
Acordei com dor de cabeça. Seja lá o que me atingiu, foi bem forte. Rodei minha cabeça ainda um pouco zonza, minha vista ainda estava escurecida. Percebi que não era a minha vista em sí, o ar estava abafado. Algo estava me impedindo de enxergar.
– Arisu! – Foi a primeira coisa que eu pensei em gritar. – Arisu!
– Estou aqui, Kin. – ainda tinha minha vista empretecida, mas a voz de Arisu acalmou tudo. Ele está bem.
– Usagi?
– Também estou aqui.
Tentei me mexer, mas algo me impedia de mover. Ótimo! De repente o que estava tampando a minha visão foi puxado com brutalidade do meu rosto expondo o hotel e as pessoas ao meu redor.
– Desculpe pela maneira que os trouxemos aqui. – O homem de blusa azul falou com um sorriso no rosto. – Mas soubemos que estavam nos vigiando.
– Cuidado nunca é pouco. – uma mulher de cabelo longo e preto disse com um sorriso enorme no rosto.
Um sorriso tão grande que chega a ser assustador. Desviei o olhar para a mulher de óculos escuros que estava encostada na parede.
– Por que estão aqui? – ela perguntou.
– Soubemos que aqui nos teríamos respostas. – Arisu respondeu. – Sobre o jogo.
– Exatamente. – um homem que vestia um roupão extravagantemente vermelho entrou na sala em que estávamos. – Nós temos respostas. – o homem falou tão perto de mim que eu pude sentir sua respiração contra minha nuca. – Sejam bem-vindos à minha utopia, a praia. – dessa vez o homem falou próximo ao Arisu e Usagi. A mesma proximidade desconfortável. – Aqui está a resposta que vocês queriam.
O homem gargalhou e as outras pessoas que estavam na sala abriram uma porta corrediça. Assim que a porta foi completamente aberta pude observar a parede do outro lado da sala: a parede tinha todas as cartas do baralho, algumas marcadas com "X" e outras não.
– Pode nos desamarrar? – perguntei me esforçando para não transformar o meu sorriso amigável em um sorriso cínico.
O homem do roupão vermelho estalou os dedos e três pessoas vieram nos desamarrar, uma pessoa para cada um de nós.
– Certo, eu não vou mentir. – o homem voltou a falar. – Só tem um jeito de sair desse lugar infeliz: zerar os jogos para conseguir todas as cartas do baralho.
– Todas as... cartas? – Arisu perguntou.
– Então se juntarmos todas as cartas o mundo volta ao normal? – Usagi perguntou como se fosse simples zerar os jogos.
O homem estampou um pequeno sorriso nos lábios e colocou um óculos escuros.
– Só uma pessoa vai poder sair desse jogo, mas... – o homem começou a andar pela sala de um lado para o outro bem devagar. – é impossível apenas uma pessoa conseguir as cartas. Não tem como sair desse país sozinho, então eu criei a praia. Todos nós devemos nos unir para que uma pessoa saia desse lugar. – dessa vez o homem abriu um sorriso diabólico. – Soube que vocês tem cartas boas. – ele se sentou em cima da mesa que ficava no canto da sala. – Vou deixá-los se juntarem a praia e nos ajudarem a conseguir as cartas restantes.
– E se não aceitarmos o seu convite? – Arisu perguntou ao homem. Talvez ele queira sair daqui tão rápido quanto eu.
– Vocês não podem recusar.
Ele não fez um convite, ele nos deu uma obrigação.
– Vejam isto. – o homem falou pegando um papel na mesa. – O visto de vocês vence hoje. – o nosso papel. – Vocês precisam jogar.
– Podemos juntar as cartas e mandar alguém embora?
– Não posso confirmar nada, mas uma fonte de confiança me disse que sim. Antes de vocês chegaram aqui nós já investigamos tudo por aqui.
– País. – Arisu interrompeu o homem. – Você se refere a esse lugar como um país.
– Você precisa de um visto para permanecer aqui, não precisa? Significa que é um país. Ninguém some de Tokyo de repente. Aliás, qual de vocês duas é a Kin?
– Sou eu.
– Acho que isso te pertence. – o homem me entregou um papel. A carta do Karube.
Eu vou matar esse homem por ter mexido nas minhas coisas.
– Você não tinha o direito. – vociferei. – Quer as malditas cartas? Ótimo! Mas nunca, nunca mais encoste nesse papel.
– Me desculpe, estava tentando os conhecer melhor.
– Nós criamos uma organização aqui. – a mulher do sorriso questionável se pronunciou.
– Temos água que tiramos da chuva e eletricidade que vem dos combustíveis.
– Temos até armas. – o homem de blusa azul voltou a falar. Tinha me esquecido que ele também estava na sala – Mas só a milícia tem autorização para usar.
– E nós temos apenas três regras. – o homem de roupão se levantou da mesa e caminhou até ficar em frente das cadeiras que eu, Usagi e Arisu ocupavamos. – A primeira regra: sempre devem usar roupa de praia na utopia. – mordi meu lábio inferior para não dar uma gargalhada. É sério que essa é a primeira regra? – Com essas roupas fica mais difícil de esconder uma arma. Segunda regra: todas as cartas pertencem a praia. E a terceira e última regra: Morte aos traidores.
Pode ser uma regra para ele, mas para mim soou como uma ameaça.
– Quanto mais contribuírem com as cartas, mais sobem de nível aqui na praia. – o homem voltou a caminhar em direção da parede desenhada. – Um sete de copas! Estamos um passo mais perto da vitória! Vamos promover os três para um escalão mais alto. – ele se virou novamente para nos três. – Sou o Chapeleiro. Aproveitem a sua estadia na praia!
O Chapeleiro se retirou da sala assim que terminou de falar. Alguns minutos depois dois homens voltaram e levaram Arisu para uma sala separada. Usagi e eu recebemos uma pulseira igual as que os jogadores da praia recebiam. Agora nós teremos que colaborar.
Depois que colocaram a pulseira em nossos pulsos fomos liberadas para explorar a praia. Todos os jogadores pareciam felizes. Eu e Usagi seguimos o som da música e paramos na área da piscina. Vários jogadores estavam na piscina se divertindo, outros estavam dançando e até pegando sol. Que merda de lugar é esse?
Usagi tirou o casaco que ela estava usando e o amarrou ao redor de sua cintura. Eu estava usando uma camiseta branca com um top vermelho por baixo e um short ciclista cinza escuro. Bufei irritada ao retirar a camiseta e jogá-la na lixeira. Abri um sorriso ao ver Arisu do outro lado da piscina. Logo ele veio ao nosso encontro e parecia estar tão atordoado quanto nós duas.
– É inacreditável que eles estão se divertindo assim. – Arisu falou com desgosto.
– Vamos ver o resto do hotel. – Usagi começou a caminhar na nossa frente.
Fomos até a boate do hotel. Eu não sabia como reagir vendo todas aquelas pessoas dançando e se divertindo como se as coisas fossem normais. Algumas pessoas realmente estão se divertindo demais.
– Como vão jogar se não estão sóbrios? – perguntei mais para mim mesma do que para os dois.
– É praticamente suicídio! – Usagi resmungou ao meio do barulho.
– Eu vou procurar alguém que saiba onde ficam os nossos quartos. – falei antes de sair da boate.
O lugar estava extremamente barulhento, vulgar e repleto de gente estúpida. Dificuldades em andar, visão borrada, fala arrastada, tempo de resposta retardado e danos à memória. O álcool vai afetar o desempenho do jogo deles. Se fosse apenas uma dose até que ajudaria na resposta criativa deles, mas estão completamente bêbados! Consegui encontrar o homem que estava usando a blusa azul e ele me mostrou onde o meu quarto ficava. Aparentemente nós três havíamos conseguido duas cartas importantes para o chapeleiro então cada um de nós fomos promovidos e agora temos um quarto próprio.
Me joguei na minha nova cama e encostei a porta do meu quarto. Não tem como trancar a porta porque o Chapeleiro fez questão de colocar cola dentro das fechaduras das portas. Li a carta que o meu irmão escreveu para mim antes de fechar as cortinas e dormir um pouco.
[...]
Acordei com um falatório fora do normal vindo do corredor. As pessoas riam e comemoravam algo. Quando eu me dei conta, já tinha anoitecido. Preciso renovar o meu visto.
Me levantei da cama e fui até o saguão principal onde aparentemente a maioria dos jogadores estava acumulada. "Uma nova arena foi localizada em Tokyo" alguém gritou. "Outra arena foi localizada!". E então os gritos cessaram apenas para recomeçar, mas dessa vez eles gritavam por alguém. Um couro enorme clamava pelo Chapeleiro.
– Boa noite! – O Chapeleiro gritou do alto da escadaria junto com o seu conselho fazendo os jogadores ficarem ainda mais eufóricos. O homem do roupão vermelho ergueu a mão e todos se calaram. – Chegou a hora mais uma vez. Hoje vocês estão se arriscando! Vocês tem coragem e capacidade de vencer os obstáculos, vocês tem coragem e capacidade para zerar o jogo! Vocês são um só! Vamos recolher todas as cartas e dar o fora daqui! – a plateia urrou. É isso que os jogadores são: a plateia pessoal do Chapeleiro. – Está na hora de zerar o jogo!
Os jogadores sorriam e comemoravam, para eles os jogos são uma espécie de agradar seu ídolo, o Chapeleiro. Um dos jogadores me entregou um papel com o meu grupo e arena de jogo. Consegui achar Arisu e Usagi no meio da confusão.
– Onde vocês estão? – pergunto olhando o meu papel.
– Arena em Harajuku e grupo A. – Arisu falou já guardando o papel no bolso.
– Arena fica Shinjuku. – Usagi falava lendo o papel. – Meu grupo é o B.
– Bem, parece que eles nos separaram então. Akihabara e grupo C.
– Arisu, seu carro sai em dois minutos.
– a mulher de óculos escuros que estava na sala conosco mais cedo apareceu do nada.
O salão já estava ficando vazio a medida em que as pessoas saiam do saguão.
– Usagi! – o homem da blusa azul chamou por ela.
– Qual o seu grupo? – a mulher do cabelo preto e sorriso assustador falou atrás de mim fazendo um arrepio percorrer pelo meu corpo.
– C.
– Venha comigo! Está na hora do jogo.
1K???????? Obrigada 🥺🥺🥺❤️❤️❤️
Dia 13 completa 1 mês desde que eu postei o prólogo e eu vou tentar lançar dois ou três capítulos nesse dia🥺🤚
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