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Capítulo 06: Caixa De Brinquedos

ENQUANTO A MÚSICA "Genius" de Sia ecoava em seus fones de ouvido, Wendy estava deitada na cama, olhando para o teto, mergulhada em pensamentos profundos sobre a trajetória de sua vida. Sua melhor amiga, Misa, ainda não havia retornado da viagem com sua família e namorado, e a solidão estava começando a pesar.

Embora houvesse várias pessoas ao redor de Wendy e inúmeras festas para comparecer, ela se sentia estranhamente isolada.

Misa era a única com quem podia compartilhar abertamente seus pensamentos sobre relacionamentos e intimidade, e essa ausência a deixava com um vazio emocional que a incomodava profundamente. Apesar das aparências de uma vida agitada, Wendy ansiava por uma conexão mais significativa e autêntica em meio à multidão aparentemente interminável de pessoas que a cercavam.

O dia que Wendy passou na casa de Near se revelou um verdadeiro constrangimento. Near, com sua expressão perpetuamente séria, a tratava como se fosse uma mera presença insignificante. O tempo dedicado aos estudos não se estendeu tanto, mas, para Wendy, pareceu uma eternidade, uma vivência que a fez questionar sua existência.

À medida que se despediu e deixou a casa de Near, ele simplesmente a dispensou e se entregou à brincadeira com seus bonecos. A impressão de que Near nunca crescia começava a se instalar.

Com dezessete anos completos, era difícil ignorar a pergunta: ele permaneceria eternamente imaturo? Wendy não pôde evitar o pensamento irônico de que, aos dezessete anos, apostava que Near mantinha-se na ingenuidade de sua virgindade.

Ela não entendia o que tinha feito a ele. A conversa inicial na casa dele quando estavam estudando foi a conversa mais longa da vida que eles tiveram em tantos anos de convivência. Era insuportável.

Com um gesto de cansaço, ela revirou os olhos e removeu os fones de ouvido, erguendo-se de sua cama com tédio. Caminhou até a cômoda de seu quarto, onde abriu uma gaveta contendo um pote repleto de pirulitos. Escolheu um deles, retirando o invólucro com cuidado. Seu olhar vagou pela cômoda, pousando sobre o quebra-cabeças que há muito tempo havia montado com Near. Mas que agora, estava desmontado.

Era o mesmo quebra-cabeças que seu irmão insistia para que ela se desfizesse, mas ela nunca teve coragem de fazê-lo.

Mello possuía uma espaçosa caixa repleta de lembranças de sua infância, que incluíam diversos brinquedos antigos. Ela ponderou a ideia de incluir o tabuleiro nessa coleção, não com a intenção de descartá-lo, mas sim de guardá-lo junto aos outros tesouros que ali repousavam.

Wendy soltou um suspiro de resignação enquanto o pirulito encontrava abrigo em sua boca e, em seguida, dirigiu-se à porta do quarto. Ao sair, atravessou o corredor da casa com passos leves, seguindo o trajeto que a levaria ao quarto de seu irmão.

━ Mello, você... ━ disse, abrindo a porta impulsivamente, mas parando no mesmo instante ao se deparar com uma presença inesperada. Matt estava sentado à cama, imerso em um videogame portátil Nintendo, enquanto Mello estava concentrado em seu computador do outro lado do quarto. Wendy arregalou os olhos ao avistar Matt, que a encarou com surpresa, ao contrário de Mello, que permaneceu absorto em suas atividades. ━ Oh, oi Matt. Eu não sabia que você estava aqui.

Com um suspiro, Mello comentou desinteressadamente:

━ Pois é, o drogado do Matt fez mais uma de suas aparições. Isso já não nos surpreende mais. Enfim, Wendy, o que quer? ━ Mello interveio, girando sua cadeira giratória na direção da porta, onde estava a Keehl mais nova.

Wendy, por sua vez, engoliu em seco, sentindo a tensão no ar.

Com um aceno amistoso, Matt dirigiu um cumprimento a Wendy, marcando uma rara demonstração de cordialidade. Ela respondeu com um sorriso tímido, enquanto Mello observava a cena com um olhar desconfiado.

━ Ah, é, na verdade, só passei para ver se você ainda guarda aquela caixa com os brinquedos antigos. ━ falava ela, deslizando a mão pela própria roupa, evitando o olhar intenso de Matt que parecia estar preso a ela.

Mello, sempre o cético, revirou os olhos como de costume, pegou a barra de chocolate que repousava sobre a mesa do computador e apanhou, começando a saboreá-lo.

Ele se levantou e caminhou até o seu closet, aparentemente desinteressado, com Wendy seguindo-o.

━ Procura, deve tá por aí. ━ instruiu ele e Wendy dedicou alguns minutos à busca, vasculhando minuciosamente, mas sem sucesso.

Quando finalmente se deu por vencida, aproximou-se de seu irmão, encontrando-o ainda absorto no mundo virtual, onde se entregava a jogos de tiro enquanto devorava sua aparentemente interminável barra de chocolate. Matt lançou um olhar de relance na direção de Wendy, que optou por ignorá-lo.

━ Mello. — ela chamou, mas ele respondeu com um jogar de ombros indiferente. ━ Mihael Keehl.

Wendy pronunciou seu nome completo, já perdendo a paciência. Diante disso, Mello girou a cadeira na direção dela e a encarou com uma expressão de desdém, mantendo seu ar de desinteresse.

━ Qual a necessidade de me chamar pelo meu nome completo? ━ ele indagou. Wendy, por sua vez, revirou os olhos.

━ É uma tentativa de conseguir sua atenção, cabeçudo. ━ ela respondeu e ele revirou os olhos. ━ Não consegui encontrar a caixa com os brinquedos, então quando tiver um tempo, faça o favor de procurar e me entregar. Além disso, talvez seja bom lembrar que hoje mais cedo a mamãe pediu sua ajuda na colheita, e você tá aí, jogando.

Ela fez questão de destacar, primeiro encarando fixamente Mello e, em seguida, direcionando seu olhar para Matt.

━ Você é muito chata quando quer. ━ reclamou o Keehl mais velho, levantando-se com um gesto brusco e abandonando o quarto com um ar de tédio, jogando a embalagem vazia da barra de chocolate no chão com um som surdo e desinteressado.

Wendy, ainda atônita com a acusação, pegou a embalagem do chocolate, seus olhos mostrando uma mistura de incredulidade e raiva, enquanto sua mão tremia ligeiramente.

Ela se preparava para sair do quarto, mas antes que pudesse fazê-lo, Matt a interpelou com um olhar incisivo e uma voz que a fez congelar no lugar, como se estivesse enraizada no chão, sua retirada abruptamente interrompida pelo chamado inesperado.

━ Vai rolar uma festa nas proximidades, depois de amanhã. Se você quiser ir, estou disposto a te buscar. Sei que gosta de andar na minha moto. ━ ele sussurrou, suas palavras carregadas de um tom caído e um sorriso cabisbaixo brincando nos lábios.

Wendy sentiu como se suas pernas perdessem a força e lentamente se voltou na direção dele, encontrando-o ainda sentado na cama, mas agora com os olhos fixos nela, uma intensidade irresistível emanando de seu olhar.

━ Matt, a gente já conversou sobre isso...

━ Eu sei que você não quer nada comigo, e tá de boa, eu entendo que esse não é seu lance por agora. Mas sei lá, você pode ir só como uma colega minha. ━ ele disse, e as palavras caíram como um peso no coração dela, que sentiu um aperto profundo.

━ Eu vou ver e mando Mello te avisar.

↝ Aí, gente, eu AMO essa fanfic! Escrevê-la é tão gostosinho que acredito que se tornará uma das minhas favoritas. Haha!

↝ Queria pedir a todos que não sejam apenas leitores fantasmas, mas que comentem e votem. Isso me motiva a continuar escrevendo e compartilhando meu trabalho com vocês.😄

© Victória Melo, 2023

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