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⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀⩩⦙ 018 - Like a Prayer - Madonna


AO INGRESSAR NO CARRO Agnes colocou os objetos que carregava sobre o banco do passageiro, segurou o volante com ambas às mãos e deitou a cabeça sobre o mesmo, notando a estupidez que havia feito ao ficar vulnerável com a criatura celestial. Caso alguém poderoso não a quisesse viva, aquele poderia ter sido seu fim e os outros jamais saberiam o que a atingiu.

Mas como havia dito para Anael minutos atrás, Agnes leu as letras miúdas do contrato que diziam ser capaz de acabar com sua existência de modo literal, sem fantasmas ou qualquer prova que um dia houvera alma em seu corpo, e aceitava os riscos.

Agora, tudo o que precisava para prosseguir com a invocação era esperar Bobby adormecer. O que a fazia recordar de outro estabelecimento comercial que deveria passar: A farmácia. Ela conhecia o padrinho bem o suficiente para saber que o mesmo não permitiria que convocasse um anjo de patente maior que Castiel para sua casa. Na verdade, a própria caçadora não permitiria a introdução de Bobby em seu plano quase suicida, principalmente por tê-lo envolvido em muitos problemas desde a infância, quando fugia de casa sem autorização do pai e buscava ajuda com a única pessoa com quem se sentia segura de verdade. Caso as coisas dessem errado para seu lado alguém deveria seguir cuidando da Robin e Bobby era o único que confiava para o trabalho. Para ter certeza que o caçador não iria levantar durante a noite, ela precisava de algo mais forte do que uísque para derrubá-lo.

Aquele trabalho era algo que precisava resolver sozinha, sem a intromissão de Bobby, dos Winchester ou da irmã mais nova. Quanto menos pessoas ela envolvesse em seus problemas familiares e pessoais, mais tempo Robin ficaria segura dos demônios ou qualquer outro tipo de criatura que resolvesse tentar mata-la.

― Aí que merda! Eu vou morrer! ― Disse Agnes gargalhando enquanto erguia a cabeça, como se tivesse contado a melhor das piadas. Pela primeira vez ela concordava em alguma coisa com Lorcan, seus próprios planos idiotas seriam sua ruina e desgraça. Ao menos ela estaria colocando apenas a si própria em risco, não toda a humanidade.

Ela pegou o diário que estava jogado junto com os outros objetos o banco do passageiro, abriu e riscou um item da lista de afazeres, faltando somente mais quatro tópicos para resolver até a meia-noite: 1) Comprar um sonífero com a receita falsa; 2) Preparar o jantar; 3) "Envenenar" Bobby Singer sem que ele desconfie de nada no dia seguinte.

Com o plano muito bem arquitetado, contanto com o resto das letras do alfabeto caso as coisas saíssem do controle, Agnes regressou para casa do padrinho com a sacola de compras e deu início ao esquema mais difícil, despistar Bobby. Começou com a preparação do jantar, o qual foi extremamente divertido na concepção da caçadora, apesar das reclamações do Bobby quanto ao seu estilo de cozinhar e criticar todo tempero posto na comida, eles se divertiram como nos velhos tempos. Durante o jantar conversaram sobre quase tudo, recordando sobre as melhores caçadas e várias coisas que fizeram juntos, não tocaram no assunto de anjos e nem no nome da Robin. Por último veio a parte difícil, misturar o sonífero na bebida do padrinho sem que ele percebesse com seus olhos hábeis de anos de caçada.

― Lembra que eu disse que não tinha um caso? Pois é, agora eu tenho e vai ser legal ter uma ajuda. Vamos caçar juntos, como nos velhos tempos. ― Com o melhor dos seus sorrisos, Agnes apontou com o queixo para o diário aberto estrategicamente sobre a mesa do escritório enquanto preparava dois drinks Cowboys, um para ela e outro especial para Bobby. ― Esse vai ser bem difícil.

― Você tem ideia sobre o que pode ser? ― Perguntou Bobby pegando o diário da afilhada e lendo as anotações falsas do suposto caso ― Vítima com mordidas parecidas de um animal selvagem por todo o corpo, coração intacto, o pouco que sobrou do corpo estava seco e os olhos arrancados... Tem as fotos?

― Estão no meu celular, mas ele está sem bateria e a Robin levou meu carregador. Amanhã você pode voltar comigo no necrotério, fiquei de regressar ― Agnes entortou o lábio e estendeu o copo com sonífero para Bobby ― No começo estava cogitando um lobisomem, mas quando notei a falta dos olhos e o corpo seco.

― O meu carregador deve servir ― Disse Bobby virando o conteúdo de uma única vez enquanto caçava o carregador do próprio telefone celular para emprestar à afilhada. ― Como você soube desse caso? Algo assim teria sido anunciado nos jornais de hoje.

― A voz do anjo sussurrou no meu ouvido. Castiel apareceu para mim quando fazia compras, disse que tinha trabalho a fazer. Essa é a segunda vez que ele aparece para mim, a primeira foi em sonho. ― Respondeu Agnes tentando disfarçar o sorriso malandro que brotou quando viu o mais velho virando o copo batizado. ― Era para ser algo sigiloso, mas está muito complicado para o meu gosto.

― Isso explica toda sua pesquisa por anjos ― Bobby revirou os olhos e curvou os lábios ― Porque não me contou antes sobre as aparições de Castiel? Ou para os meninos.

― Por que ele está aparecendo para mim e não para os meninos. ― Ela moveu os ombros com desdém e prosseguiu com a mentira ― E sei lá. Acho que, diferente do Dean, gosto de me sentir observada por forças divinas.

O caçador estava prestes a abrir a boca para responder rudemente Agnes por ter escondido esse segredo, entretanto o sonífero forte de ação rápida começou a fazer efeito. Ele cambaleou alguns passos para frente, apoiando a mão sobre a mesa do escritório.

― Bobby, você está bem? ― Perguntou Agnes retirando as mãos da cintura e fingindo preocupação.

― Eu...

Para a infelicidade do caçador, mas alívio de Agnes, ele não chegou a completar qualquer frase que poderia estar prestes a formar, despencando no chão sem aguentar o peso do próprio corpo. Mantendo a atuação digna de um Oscar, a morena correu até o padrinho gritando desesperadamente por seu nome até o mesmo adormecer profundamente.

― Ótimo! ― Falou Agnes depois de certificar os batimentos cardíacos do padrinho e ter certeza de que ele não acordaria pelas próximas quinze horas ― Agora só preciso te levar para o sofá...

Com certa dificuldade, ela arrastou o corpo desmaiado de Bobby até a sala de estar e o colocou deitado de qualquer jeito sobre o sofá. Para que não levantasse suspeitas sobre o ocorrido, ela cobriu a face dele com o boné e em uma das mãos o forçou a segurar uma das várias garrafas de bebidas que estavam espalhadas. Caso ele começasse com as perguntas sobre o que houve depois do jantar, ela bancaria a sonsa e diria que Bobby estava bêbado, virando o jogo para seu lado.

Dando a última olhada na cena forjada, ela beijou o topo da cabeça do padrinho e se afastou. Apesar de se sentir culpada por ter desmaiado sua única figura paterna, ela não poderia parar agora, não quando havia ido tão longe. Rindo de nervoso, ela recolheu os ingredientes que faltavam para a invocação e desceu até o quarto do pânico no porão, onde se trancou dentro dele.

Apesar de correr o risco de ter o esquadrão angelical em peso atrás dela, além de poder ter sua existência dizimada, ela estava disposta a correr o risco. Aquela era a única maneira de atrair seu anjo da guarda, dessa vez ele seria obrigado a responder suas orações.

Utilizando do óleo sagrado, Agnes desenhou um círculo no chão que tomava grande parte do ambiente. Assim que o anjo ingressasse dentro do desenho, ela o prenderia dentro da armadilha até obter respostas para todas as perguntas principais que possuía. Se ele respondesse e fosse cooperativo, ela o soltaria rapidamente, caso contrário teria de arrumar algum jeito de torturá-lo e depois destrui-lo.

Em seguida ela iniciou com a preparação do feitiço invocatório. Sua esperança era que o tempero pronto vendido no mercado funcionasse, já que muitas das ervas pedidas estavam em falta na casa do padrinho. Ela massarou e misturou os ingredientes em um prato posto dentro do sigilo de quatro quadrantes. Cada um desses quadrantes possuía um símbolo diferente. Fora desse círculo ela preparou outros quatro símbolos enoquianos, acendendo uma vela no topo de cada um dos quadrantes, depois quatro objetos representando os quatro elementos foram colocados nos pontos mais distantes fora do círculo. Por último ela retirou o colar que utilizava e o colocou ao lado do prato, servindo como trinket.

― É o seguinte, seu grilo-falante filho da puta ― Agnes começou a falar alto enquanto segurava a caixa de fósforos nas mãos ― Eu sei o que você é! Sei que escutou todas as minhas orações, não sou idiota. Preciso de respostas e vai aparecer aqui para me dar, seja por bem o por mal. Vou atacar fogo nessa merda atraindo a atenção de todos os soldadinhos de chumbos e Elders existentes. Você disse várias vezes que não me queria no centro das atenções, seria uma pena se eu acendesse os holofotes.

Quando parou de falar, Agnes olhou ao redor em busca de alguma presença mágica no ambiente, infelizmente ela permanecia sozinha dentro do quarto do pânico. Bufando irritada com o descaso, ela acendeu o fósforo e prosseguiu com o plano suicida.

― Pelo visto é da forma difícil ― Ajeitando os ombros e tomando o ar pelo nariz, ela começou a recitar o feitiço ― Nirdo Noco Abramg Nazpsad.

Ela estava prestes a jogar o fósforo dentro do prato quando o objeto voou pelo quarto, estilhaçando contra a parede próxima.

― Ops! Olhe como sou desastrado! ― Debochou o anjo colocando as mãos para trás enquanto sorria. ― Uma pena, seu feitiço estava quase correto. Mas estou admirado em vê-la determinada desse jeito.

― Seu filho da puta ― Urrou Agnes levantando do chão rapidamente e olhando furiosa para o homem ― Posso saber o motivo de não ter atendido as minhas orações?

― Sou fruto da sua imaginação, benzinho! ― Ele fez beiço ― Tanto que você errou a dose do remédio que deu para o Bobby e agora está dormindo, o grande B está bem preocupado....

― Vai se foder, seu mentiroso desgraçado ― Ela semicerrou os olhos e acendeu outro fósforo, dessa vez jogando o objeto flamejante sobre o óleo sagrado, fazendo com que as chamas cercassem o ser celestial. ― Eu sei que você é um anjo, MEU ANJO.

― Adoro quando fala que sou seu, mas está errada sobre ser um anjo ― Ele riu baixo, mantendo-se no personagem ― Sou apenas o fruto da sua imaginação pervertida, palavras suas... Como me chamava mesmo? Ah, é! Grilo Falante.

― Okay, fruto da minha imaginação pervertida, saia do círculo! ― Agnes caminhou até a mesa e sentou sobre ela com as pernas cruzadas ― Um foguinho qualquer não vai fazer mal. Vou até te ajudar ― Ela levou os dedos até a têmpora e fechou os olhos, imitando o movimento do professor Xavier ― Estou imaginando que você saí do círculo. Pula! Pula! Pula!

― Agnes... ― O homem desfez o sorriso, mudando as expressões de deboche para um misto de pesar e preocupação.

― ANDA! PULA PARA FORA DESSA MERDA! ― Gritou Agnes levantando da mesa e gesticulando irritada. ― Oh! O que? ― Ela levou as mãos até a boca fingindo surpresa ― Não consegue? ― Mantendo o sarcasmo e o deboche, ela aproximou do fogo novamente e olhou séria para o homem ― Desembucha!

― Como...

― Eu descobri? Fácil! ― Agnes puxou o ar pelo nariz antes de prosseguir com a explicação ― Castiel abriu meus olhos, ele disse: "Sou como seu protetor, deveria saber". Demorei um tempo para processar as informações, mas cheguei até você. Então, vai dizer seu nome verdadeiro ou... Terei de atacar um coquetel molotov de óleo sagrado dentro do círculo? E sem piadas, não estou com paciência, anjinho.

― Pensou no coquetel molotov agora, não foi?

― Responda, caralho! ― Ordenou ela furiosa.

― Gabriel! Meu nome verdadeiro é Gabriel ― Respondeu o anjo.

Lentamente as expressões raivosas de Agnes foram desaparecendo de sua face, se transformando primeiro em um riso debochado e no segundo seguinte em uma gostosa gargalhada com direito a lágrimas.

― Você está bem? ― Perguntou Gabriel com preocupação genuína. Conhecia Agnes desde muito tempo para compreender quando tratava de um riso normal ou nervoso. Aquela, infelizmente, era uma risada nova.

― Não, definitivamente não! ― Respondeu Agnes enxugando os olhos ― Puta merda! Transar com um Arcanjo nunca fez parte da minha lista de coisas para fazer antes de morrer. Notou a ironia disso? Ai, ai! Que merda! ― Ela aproximou das chamas com os braços cruzados ― Você está quieto, está com medo?

― Medo? ― Gabriel riu fraco com pergunta ― Não! Estou preocupado.

― Do que posso fazer com você?

Com você. ― Disse o anjo frisando a palavra "com". ― Estou preocupado com você, Agnes. Sei que não vai fazer nada ruim comigo e que acabaram seus planos.

― É? Tem certeza? Acha que serei boazinha?

― Acho. BDMS nunca fez seu estilo. ― Provocou Gabriel sarcástico.

― Vai se foder ― Ordenou Agnes após rir do comentário.

― Gostaria muito, mas você me prendeu aqui dentro ― Ironizou o anjo apontando para o círculo flamejante. ― Podemos pular essa enrolação e partir para os finalmentes? Agora você sabe meu nome e o que sou.

― Te convoquei aqui para obter respostas e é isso que terei ― Crispou Agnes rudemente. ― Então me responda... Por que você fez isso?

― Tudo o que fiz foi para te proteger, Agnes. ― Responde Gabriel com honestidade.

― Por que eu? Não sou a irmã certa, Gabe. ― Agnes entortou o lábio e mexeu nos cabelos ― A Robin deveria ser a sua protegida.

― Sua irmã possui proteção de todo esquadrão angelical. Pelo menos daqueles que não conseguem aceitar a verdade, de que ela não é a Eagles correta.

― Explique melhor essa última parte ― Ela gesticulou com a mão direita, tentando compreender o sentido da frase.

― O apocalipse aproxima, os anjos estão tentando fazê-lo parar, mas é inevitável. ― Explicou Gabriel aproximando das chamas para que a caçadora pudesse olhar dentro de seus olhos e notar seus sentimentos ― Quando Lúcifer sair da jaula ele precisará de uma casca, assim como Miguel no dia do confronto final.

― Nem fodendo que eu e Robin somos cascas...

― Não! Longe disso. ― Gabriel gesticulou para que esquecesse aquela ideia ― Porém todo bom cavalheiro precisa do seu escudeiro. Don Quixote e Sancho Pança, Sherlock Holmes e John Watson, Lúcifer e...

― EU NUNCA VOU ME UNIR A ELE! ― Gritou Agnes revoltada.

― Robin Eagles ― Finalizou o anjo sorrindo sem mostrar os dentes.

― O que? Não! Não faz sentido. ― Agnes baixou o tom de voz, regressando ao seu estado de negação ― Impossível. Ela não... Não faz sentido. Eu que...

― Eu sei, Agnes! Eu sei! ― Gabriel interrompeu o discurso da mulher ao perceber que ela estava sendo incapaz de completar as frases de forma coerente por se negar em dizer os fatos em voz alta. ― Mas a Robin é a queridinha dele.

― Gabriel, a Robin é uma Nephilim. Não faz sentido ela se unir a Lúcifer. Sei que ela tem seu lado mimado, mas isso é culpa minha e do papai. No fundo ela é uma boa pessoa ― Agnes tentou explicar.

― É exatamente por isso que ele a quer... ― Gabriel assoviou baixo ― Pense um pouco, Aguiazinha. Lúcifer quer alguém como ele, um anjo caído, o filho mais novo que se rebela contra os planos do pai. Um lobo em pele de cordeiro. Alguém que ninguém desconfiaria.

― A Robin não é assim, ela é boa...

― Sua irmã matou pessoas. ― Gabriel entortou o lábio.

― Tecnicamente...

― Sua. Irmã. Matou. Pessoas. ― Antes que Agnes pudesse tentar defender Robin sobre as testemunhas, Gabriel repetiu a frase pausando cada uma das palavras. ― Sei que já passou na sua cabeça a razão por não ter fantasmas vingativos atrás de você.

― As pessoas esperam isso de mim devido a minha natureza maldosa e selvagem ― Respondeu Agnes cruzando os braços sobre o peito, o que arrancou algumas risadas do arcanjo. ― Estou falando sério, Gabe. Se eu matei, eram almas que já esperavam isso de mim.

― Não, Aguiazinha! ― Ele meneou com a cabeça. ― Você sempre deu o máximo para salvar as pessoas. Apesar de não ter lembranças, já te ressuscitei várias vezes. Você entregou sua vida, literalmente, para salvar civis que não conhecia. Sempre tento compensar ao máximo sua "natureza cruel" com bondade e gentileza. Seguia as regras do seu pai sem questionar, mesmo que não fizessem sentido. Por isso eu sempre fiquei de olho em você.

― 'Tá! E aquela sua amiga de hoje? Anael... ― Perguntou Agnes entortando o lábio.

― Anael não é minha amiga. Até onde sei, ela e Castiel estão seguindo ordens superiores de... Como posso dizer? Te deixarem fazer merda. ― Respondeu o anjo ― Livre arbítrio, baby.

― E você que está dando essas ordens?

― Não, chuchu! Estou no programa de proteção à testemunha. ― Ele apontou para o próprio rosto ― Ninguém me reconhece com esse lindo rostinho.

― Programa de proteção à testemunha? Espera, você fugiu do céu? Por quê?

― As coisas estavam entediantes lá em cima, então eu fugi, fiz um transplante de rosto e inventei meu próprio pedaço do mundo ― Ele girou sobre o calcanhar ― Acabei te encontrando no caminho. Foi quando notei os sinais e percebi que não poderia deixá-la sozinha, que corria perigo, me comovi com sua história.

― Que sinais?

― Que você era a escolhida do Miguel, apesar de grande parte do esquadrão angelical pensar o contrário. Eles são incapazes de ver o que eu vejo em você, não digo isso da forma romântica.

― Eles acham que sou o anticristo, não acham? ― Perguntou Agnes, mesmo que soubesse da resposta precisava ouvir da boca de outra pessoa.

― Sim, que pode vir a se tornar. ― Ele suspirou com pesar ― Eles são incapazes de perceber o que eu e Muriel enxergamos em você. Bem, ela tentou explicar nosso ponto de vista, mas morreu em batalha antes que fosse capaz de convencer alguém além do Castiel.

― E porque você não pensou o mesmo que eles? ― Insistiu Agnes.

― Vivo na Terra a mais tempo do que imagina, conheço coisas além dos meus irmãos. Acompanhei parte do seu crescimento, apareci em seus sonhos para conhece-la melhor. Seu coração é puro e generoso, por mais que tente negar seu sentimentalismo. Você sempre fez as escolhas certas, sua fé era algo inabalável, sempre acreditou no Pai e agradecia por sua vida todos os dias e noite. Sempre esteve disposta a se sacrificar por aqueles que ama, principalmente quando esses são a sua família. Você abriu mão de muita coisa por terceiros.

― Vou fazer uma última pergunta, Gabe! Depois disso irei te soltar... ― Disse Agnes apertando o braço enquanto abraçava o próprio corpo, aquilo era muita informação para uma noite ― Porque você nunca me disse seu nome? Porque nunca disse a verdade? Eu confiei em você.

― Tentei dizer a verdade várias e várias vezes, mas você nunca esteve disposta a me ouvir ― Explicou o anjo gesticulando ― No seu aniversário de dezenove anos estava prestes a dizer a verdade, te colocar a par dos perigos que corria. Mas você me beijou pela primeira vez e disse que me amava. Não queria que as coisas mudassem bruscamente entre nós. Um tempo depois viramos o que somos hoje. Ou éramos.

Ao ouvir todo o discurso do Arcanjo, ela assentiu com a cabeça e afastou do círculo de fogo. Por alguns segundos Gabriel pensou que Agnes o deixaria preso sozinho no quarto do pânico, mas ao invés de sair pela porta, ela pegou o balde com água que havia separado previamente e jogou o conteúdo sobre o fogo sagrado.

Quando todo o fogo havia se extinguido, ela deixou o balde vazio cair fazendo som estridente enquanto olhava para o chão. Aquelas informações a surpreenderam, apesar de o fato de Gabriel ter escondido aquele segredo de seu conhecimento por anos a incomodar, o que mais a preocupava era a história sobre Robin. Que a irmã seria a escolhida de Lúcifer caso o apocalipse acontecesse, não conseguia acreditar que alguém doce e simpática como a irmã pudesse ter um lado sombrio, principalmente devido sua natureza.

― Agnes... ― Chamou Gabe preocupado.

O Arcanjo não conseguia pensar em palavras que pudessem confortar o coração da caçadora, principalmente após ter quebrado sua confiança. Porém, ao invés de receber palavras grosseiras em resposta, ela correu até ele o abraçando com força.

― Nunca mais faça isso! ― Ordenou Agnes com os olhos marejados ― Está ouvindo? Nunca mais, Gabe! Se eu descobrir que você escondeu coisas de mim outra vez, juro que vou estragar o seu disfarce terreno.

― Tudo bem ― Assentiu o anjo retribuindo o abraço com a mesma intensidade. Eles ficaram naquela posição por alguns minutos, aproveitando a presença um do outro. ― Ainda me ama?

― Infelizmente ― Respondeu Agnes rindo fraco e enxugando as lágrimas antes de se afastar. ― Mas não vamos transar hoje.

― Posso conviver com isso ― Gabriel riu fraco e beijou a testa da caçadora ― Mas eu preciso te pedir uma coisa, não conte sobre o que disse para ninguém, nem mesmo para Dean Winchester.

― Não contarei. Mas preciso de um favor ― Ela entortou o nariz com o pedido, apesar de não ter planos de contar sobre o trágico destino programado para a irmã, seria difícil manter segredo daquele porte de Dean Winchester, principalmente quando o caçador era outro tendo de lidar com seu próprio anjo. ― Preciso que você faça Bobby acreditar que saímos para caçada essa noite, se você aparecia nos meus sonhos, preciso que apareça no dele. Ou melhor, monte uma história que saímos para caçar. Me deve essa.

― Alguma história em específico ou sou livre para escrever o roteiro? ― Perguntou o arcanjo sorrindo mais animado com o pedido.

― Você tem asas, divida elas com a imaginação ― Zombou a caçadora. ― Mas nada erótico, só uma caçada normal.

― Como você pode pensar algo assim de mim? Sou um anjo! ― Gabriel fingiu estar ofendido com o comentário da caçadora, levando uma das mãos no peito e abrindo a boca estupefato.

― Mas antes de ser um anjo você era o fruto da minha imaginação depravada, então é melhor avisar... Meu Deus! ― Ela levou a mão na testa enquanto meneava com a cabeça e ria.

― O que foi? ― Perguntou Gabriel voltando a se preocupar.

― Eu sou a Meg Ryan em Cidade dos Anjos e você é o Nicolas Cage! ― Ela intencionou a gargalhada aumentando o timbre de voz. ― Pelo menos você é mais bonito que o Nicolas Cage.

― Minha sorte é não precisar desistir da eternidade para te tocar ― Disse o anjo a acompanhando na risada.

Com o olhar apaixonado, Gabriel segurou carinhosamente o rosto da caçadora com uma das mãos enquanto a outra mantinha no quadril da mesma. Ela sorriu quando seus olhos se encontraram, mas os fechou quando o arcanjo afagava sua bochecha com ternura usando o polegar. Lentamente ele inclinou o corpo para frente e fechou os olhos enquanto a trazia para mais próximo de si.

Diferente da maioria dos beijos já trocados entre o casal, esse era sutil e tenro, sem o desejo sexual incluso, apenas um beijo cheio de amor e afeição. Ela voltou a envolvê-lo em seus braços enquanto o beijava o abraçado com doçura. Gabriel sorriu no meio do beijo e a puxou para mais próximo, ela conseguia despertar dentro dele o seu lado mais humano, um lado que poucas pessoas conheciam.

Quando o beijo foi findado e Agnes abriu os olhos, ela encontrava-se deitada na cama entre as cobertas quentinhas. Confusa, esfregou os olhos com as costas das mãos tentando compreender como regressou tão rápido para o quarto. As coisas que utilizou para a convocação estavam guardadas dentro da bolsa de qualquer jeito, como se tivessem sido postas ás pressas no assessório.

― Está tarde, deve descansar ― Disse Gabe abraçando Agnes por trás de maneira protetora antes que ela pudesse levantar da cama, sendo a concha maior. ― Ainda temos dez horas antes do Bobby despertar, ou melhor, temos todo tempo do mundo se assim desejar.

― Te odeio, grilo falante. ― Murmurou Agnes se aninhando nos braços daquele que sempre esteve a acompanhando enquanto sorria sem mostrar os dentes.

― Eu sei que é mentira. ― Falou Gabriel convicto a apertando ainda mais no abraço.

― Não tem perigo dos outros anjos saberem? ― Perguntou Agnes preocupada. ― Eu te detesto no momento, mas não quero que se foda.

― Apenas durma, está bem? ― Gabriel riu fraco. ― Deixe que eu me preocupe com nossa segurança. Afinal, você me chamou de "Meu anjo da guarda".

― E você é, o pior deles. Mas cada um tem o anjo que merece. ― Agnes virou de frente para o anjo e o beijou sutilmente nos lábios. ― Boa noite, Grilo-falante.

― Boa noite, Aguiazinha! ― Retribuiu Gabriel lhe dando um segundo beijo.

Apesar de todas as emoções do dia e informações adquiridas sobre o destino que havia sido planejado para ela e a irmã muito antes de seus nascimentos, Agnes conseguiu dormir facilmente. Sendo aquela a primeira vez que dormia com a cabeça leve e longe de pensamentos negativos, pois sabia que apesar de todos os problemas que a cercavam, ela tinha em quem confiar e que a protegeria de todo o mal. Enquanto Gabriel estivesse ao seu lado, ela teria mais segurança para descobrir uma forma de burlar o sistema e fugir do que foi predestinado.

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