⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀⩩⦙ 015 - At The End Of The Day - Les Misérables
PARA DISFARÇAR O PLANO MUITO BEM ARQUITETADO, Robin fechou a porta antes da irmã terminar de subir as escadas do porão para o andar térreo, Agnes tinha de acreditar que ela não planejava algum tipo de estupidez que poderia causar sua morte. Entretanto, para a adolescente, ela morreria de qualquer forma, se não fosse pelos fantasmas daquela noite, seria pelo apocalipse previsto desde os primórdios da humanidade por todas as cresças religiosas existentes no mundo.
Sorrindo com o canto dos lábios, ela abriu a mão na frente do corpo para contar quantas balas havia conseguido surrupiar do bolso de Sam Winchester. Se havia um péssimo hábito que Robin orgulhava em ter aprendido com algumas colegas do colégio era o roubo, ela gostava de andar com as garotas ricas e surrupiar maquiagens caras das lojas de cosméticos ou acessórios que todas claramente podiam pagar. Apesar de saber que a irmã ficaria irritada quando notasse sua "mão leve", ela não se importava, já que tanto Agnes quanto qualquer outro caçador utilizava de outros meios ilegais para conseguir sobreviver nessa vida.
Cantarolando a canção "Our Tonigh" do musical RENT – Os Boêmios, o qual iria atuar na adaptação teatral do colégio como a personagem Mimi caso não tivesse abandonado a escola para cruzar o estado e viver uma vida que jamais desejou, ela analisou cada arma disponível no quarto do pânico, tentando adivinhar em qual delas aquele tipo de cartucho encaixaria.
― Deve ser essa ― Sussurrou a menina pegando a espingarda e carregando como havia aprendido com Agnes durante os meses de treinamento. ― Realmente, minha Cinderela.
Apesar de não ser uma atiradora tão boa quanto à irmã mais velha ou os outros da casa, Robin acreditava ter as qualidades necessárias para conseguir alcançar os caçadores na sala e ajuda-los a terminar o feitiço de despacho dos fantasmas. Ela respirou fundo e abriu a porta do aposento, deixando o quarto do pânico e colocando sua vida em risco.
O som de tiros vinha de todos os cantos da casa, demonstrando que a luta no andar superior era intensa e perigosa. Com a espingarda de caça em punho e apontando para todas as direções possíveis, ela caminhou o mais rápido que conseguiu até a biblioteca onde os outros deveriam se encontrar para realizar o feitiço. Chegando no local ela viu Bobby, o caçador estava lutando contra os seus fantasmas, duas garotinhas gêmeas com idade próxima aos oito anos. Pronta para treinar sua mira e utilizar a arma, Robin atirou nas garotas, fazendo com que elas dissipassem no ar feito fumaças e quase caindo para trás com o soco da arma.
― Cuidado! Atrás de você! ― Gritou Bobby atirando no fantasma do adolescente Pierre que havia aparecido para atacar à loira. Rapidamente a menina saltou para dentro da linha de sal, correndo até o padrinho ― O que está fazendo aqui? Mandamos você ficar segura!
― Eu sou a única que consegue ler o feitiço com perfeição. Vocês precisam de mim. ― Urrou Robin enquanto observava o perímetro ao redor.
― Onde conseguiu as balas? ― Perguntou o caçador ao vê-la recarregando a espingarda.
― Afanei do bolso do Sam. ― Ela moveu os ombros com desdém, enquanto o homem a olhava admirado ― Qual é? Achou mesmo que eu ficaria com algum Winchester quando os dois flertam com a minha irmã o tempo inteiro? Não, obrigada!
― Sua pilantrinha idiota! ― Bobby balançou a cabeça negativamente e sorriu por breves segundos ― Dean está demorando na cozinha.
― Eu vou busca-lo! ― Gritou Agnes descendo as escadas do andar superior, ela carregava consigo alguns dos ingredientes necessários para a poção. ― Porra, Robin! Só sabe fazer merda, né caralho? ― Repreendeu a mais velha enquanto colocava de qualquer jeito as coisas em cima da mesa ― Depois brigo com você! Tenho um amigo para salvar.
Robin fez careta com o comentário da irmã, porém não ousou responde-la no momento, preferindo vê-la se afastar em direção a cozinha. Ela tinha consciência de que as coisas ficariam estranhas entre elas durante alguns dias, que Agnes agiria como se fosse perfeita e não tivesse segredos escondidos por trás da fachada de boa moça. Na concepção da mais nova, apesar de Bobby e os Winchester defenderem Agnes, o fato da mesma não possuir testemunhas atrás dela só comprovavam que o pai tinha razão, ela era um monstro que todos já esperavam o pior. Ela não tinha fantasmas por ser boazinha e nunca ter causado a morte de inocentes, mas por que as pessoas conheceram a verdade monstruosa por trás de suas mentiras, alcançando a verdade sobre Agnes no pós-morte.
Focando nos perigos da caçada e ignorando o fato de Robin ter desobedecido a suas ordens diretas, tendo se colocado em risco por pura estupidez, Agnes correu até a cozinha para salvar o melhor amigo. Chegou a tempo de ver Dean sendo erguido pelo fantasma de Henriksen. Sem dizer uma única palavra ou fazer comentários engraçadinhos que só os atrasariam, ela atirou acertando o fantasma no rosto. Como todos os outros espíritos das testemunhas, ele dissipou no ar, fazendo Dean cair arfante no chão.
― Caiu igual um pedaço de bosta. ― Zombou Agnes correndo até o amigo para ajuda-lo a levar ― Você está bem?
― Não! ― Ele respondeu com dificuldade.
― Então se recupere. Temos que sair daqui. ― Ela passou o braço dele em torno do próprio pescoço e o ajudou a pegar o restante dos ingredientes que faltavam. ― Acredita que minha irmã desobedeceu? Não sei o que faço com ela.
― Como ela...
― Conseguiu munição? ― Agnes terminou a frase antes que Dean fizesse a pergunta ― Roubou do bolso do Sam. Aparentemente além de ela ser uma babaca, aprendeu a roubar.
― Deve ter aprendido com você ― Provocou Dean respirando com dificuldade. ― Pelo menos a parte do roubo e sair com caras mais velhos.
― Vai à merda! ― Ralhou Agnes fazendo caretas. ― Sou mal exemplo? Sou! Mas não a ensinei a ser mão leve, deve ser coisa do Lorcan.
Os dois regressaram em "segurança" para a biblioteca, unindo-se a Bobby, Sam e Robin. Eles entregaram os ingredientes ao anfitrião, o qual foi auxiliado pela Eagles mais nova no preparo do feitiço para despachar as testemunhas ao sono eterno. Agnes e Dean recarregaram suas armas, enquanto Sam analisava o perímetro. Apesar da mais velha não ter fantasmas a caçando, havia se transformado em um alvo por aqueles que estavam atrás dos amigos e da irmã.
― Agora eu vou devorar você. ― Provocou o fantasma de Ronald Reznick que estava atrás do Dean. Por mais que tentasse não rir da ironia do fantasma gordinho, Agnes cedeu à vontade enquanto atirava na aparição antes que Dean pudesse dizer algo.
― Ele era meu ― Repreendeu o Winchester surpreso.
― Então atira antes de pensar em um monólogo ― Rebateu Agnes movendo os ombros com desdém ― Além disso, também quero atirar em fantasmas. Ou acha que não vou virar um alvo depois que vocês forem mortos? ― Ela arqueou uma das sobrancelhas e atirou pela segunda vez, fazendo outro fantasma dissipar. De certo modo, atirar nas criaturas estava sendo uma maneira de acamá-la e não desejar matar a irmã mais nova ― E vou jogar isso o resto da vida na cara de vocês.
Surpreendendo a todos, as janelas da biblioteca se escancararam, fazendo com que uma forte ventania soprasse pelo ambiente e começasse a desmanchar o círculo de sal desenhado no chão, colocando ainda mais em perigo os caçadores quando a proteção estava sendo desfeita.
― Mas que monte de merda! ― Gritou Dean colocando a última bala no tambor.
― Estamos ficando sem tempo aqui! ― Gritou Agnes dividindo as poucas balas restantes com Dean. ― E sem munições também.
― Sam! ― Dean gritou para o irmão mais novo, o qual só teve tempo de abaixar a cabeça para desviar do tiro do outro, o qual acertou o fantasma que estava ao lado do maior.
Desesperados com a situação perigosa que viviam, Dean, Sam e Agnes atiravam para todos os lados, acertando em cheio os fantasmas que surgiram. Deixando o trabalho pesado para o trio, Robin e Bobby seguiam com o feitiço, faltando poucos detalhes e ingredientes para colocarem na cumbuca de cobre. Terminar aquilo era a prioridade, mesmo que isso custasse a vida dos irmãos e de Agnes.
De repente Robin é arremessada para o outro lado da sala por uma força descomunal, batendo suas costas na parede e caindo desmaiada de bruços sobre o chão duro de madeira. Nem os seus piores tombos como líder de torcida haviam lhe preparado para a quantidade de machucados e fraturas que estava recebendo naquela noite.
― Filhos da puta! ― Urrou Agnes olhando irritada na direção de Lucy e Pierre, apesar de não julgar seus comportamentos sobre o que sentiam em relação a Robin, pois se estivesse na situação deles provavelmente faria o mesmo. Não conseguia ficar neutra sobre a situação, afinal querendo ou não, Robin era sua irmã e se preocupava com sua saúde.
― Um deleite ver sua irmã dessa forma ― Zombou Lucy ignorando Agnes e transportando para próximo do corpo caído de Robin ― Literalmente aos nossos pés.
― Sai de perto dela! ― Gritou Agnes utilizando sua última bala do tambor no fantasma de Lucy. ― Eu sei que ela foi uma otária, mas ela ainda é a minha irmã, é a minha família.
No momento de distração e aproveitando que Agnes havia utilizado todas as suas balas, o fantasma de Pierre se teletransportou para trás da mais velha. Atravessando a mão em suas costas, ele a ergueu do chão como Henriksen havia feito com Dean na cozinha. A morena gritou de dor, sentindo como se algo estivesse prestes a estripa-la, arrancando todos os seus órgãos para fora enquanto viva. Os outros também estavam tendo problemas parecidos com seus fantasmas pessoais.
Vendo que não dava mais para fingir-se de morta e com dores descomunais no corpo, Robin levantou do chão com dificuldade e correu mancando até a lareira para poder findar o feitiço abraçando ao redor do corpo, tentando diminuir a dor das costelas quebradas. Com a mão livre, ela pegou a cumbuca de cima da mesa enquanto recitava as últimas palavras do feitiço, torcendo para que Lucy não aparecesse e atrapalhasse tudo. Assim que terminou, ela atirou os ingredientes no fogo fazendo com que todo o ambiente fosse iluminado por uma forte luz azul e os fantasmas desaparecessem, voltando para o descanso eterno, deixando para trás a bagunça descomunal e os caçadores feridos. Sorrindo aliviada pelo fim do caos, Robin ajoelhou no chão e caiu para o lado, fechando os olhos por alguns segundos para aproveitar a paz.
― Você está bem? ― Perguntou Agnes deitada de barriga para cima próxima a irmã e respirando rápido.
― Vou ficar ― Respondeu Robin quase num sussurro.
― Ótimo, sua desgraçada! ― Crispou Agnes entre os dentes.
― Estamos vivos! Estamos vivos! ― Comemorou Dean gritando animado.
― Jura? Não tinha notado! ― Ironizou Agnes sentando no chão e limpando o sangue que escorria do seu nariz ― Argh! Sinto o gosto do sangue! Esses fantasmas tocaram o meu coração, literalmente.
― Vem cá! ― Dean levantou com dificuldade e caminhou até Agnes, ajudando a mulher a se levantar. ― Você está um caco!
― Olha quem fala ― Agnes o avaliou dos pés a cabeça ― Isso foi intenso.
― Acho que terei de ir no hospital ― Comentou Robin dramática.
― Não, você não tem que ir no hospital! ― Agnes balançou a cabeça negativamente e caminhou até a irmã, erguendo sua camiseta para verificar os hematomas no corpo, sem nenhum cuidado ela apertou os mesmos para verificar o osso ― Como eu suspeitava, não é necessário o hospital.
― Tem certeza? ― Perguntou Bobby olhando preocupado para a menina estirada no chão.
― Sim! Ela era líder de torcida, ela aguenta as quedas ― Falou Agnes afastando da irmã.
A verdade era que Robin se recuperava rapidamente dos seus ferimentos, sendo quase como um dom e poucas coisas eram capazes de atingi-la. Apesar do drama feito pela loira para ter uma noite longe dos três e ser tratada como coitada, a mais velha não caiu em sua atuação.
― Acho que todos nós deveríamos dormir aqui na sala essa noite, sabe, por precaução! ― Disse Bobby acariciando a nuca e estando tão acabado quanto os outros.
Após alguns minutos descansando sentados no chão, um a um se levantou, iniciando a limpeza do ambiente com as ordens de Bobby, o qual explicava como gostaria que as coisas fossem guardadas. Permanecendo irritada com a irmã mais nova e todas suas mentiras e encenações, Agnes preferiu fazer a limpeza em outro cômodo, tinha muito que pensar e deglutir sobre o evento, principalmente sobre as palavras rudes ditas pela irmã, as quais a atingiram feito tiros no peito. Aliás, considerava que um tiro doeria menos. Depois de algumas horas, a casa estava arrumada, alguns colchões espalhados na sala e todos estavam prontos para dormir.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro