⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀⩩⦙ 006 - Thunderstruck - AC/DC
PASSAVA DO MEIO-DIA QUANDO O GRUPO de caçadores alcançou a casa de Pamela Barnes, a vidente que Bobby havia mencionado mais cedo. Robin foi a última a descer do automóvel, ela espreguiçou o corpo devido o tempo que permaneceu adormecida e sentada durante a longa viagem, aquilo seria algo que demoraria para se acostumar, e uniu-se a irmã mais velha, ficando atrás dos irmãos Winchester e Bobby.
O clima entre ela e Agnes não era dos melhores e permanecia pesado devido a discussão que tiveram mais cedo, a mais velha recusava olhar para a mais nova e não demonstrava sinais de que cederia tão cedo o pedido de desculpas que Robin aguardava. A loira não compreendia o motivo de tamanha irritação por um simples comentário sobre a vida a outra, se estavam todos entre amigos, não haveria problemas em compartilhar segredos.
Aproveitando o momento de distração dos rapazes, os quais estavam a alguns metros na frente e conversavam discretamente entre si, uma conversa da qual Agnes tinha quase certeza de que ela era o assunto principal, a morena quebrou o silêncio desagradável entre ela e Robin.
— Você não tinha o direito de ter contado aos meninos sobre o que houve com a minha mãe. Porra, Robin! — Agnes segurou o antebraço da outra, forçando a mesma a diminuir o passo e lançando um olhar furioso em sua direção — É um assunto pessoal, algo que envolve somente a mim. Você gostaria que eu espalhasse seus segredos por aí?
— Não precisava ter brigado comigo daquela maneira. — Reclamou Robin revirando os olhos — Principalmente na frente dos seus amigos, com os quais achei que não tivesse segredos.
— Achou errado! — Retrucou Agnes repreendendo a jovem — E você, além de linguaruda é uma burra.
— Hey! — Reclamou Robin abrindo a boca horrorizada com o adjetivo pejorativo.
— Cala a boca que ainda não terminei de falar. — Crispou Agnes entre os dentes — Você não os conhece de verdade, mas eu sim. E somente eu sei o que eles são capazes de fazer quando descobrirem sobre nossos "superpoderes". Porra! Você é muito otária se acha que ele serão bonzinhos com você por ser toda bonitinha. E, caso não tenha notado, eles estão falando sobre nós nesse exato momento.
— Não estão não — Robin entortou o lábio desacreditando nas palavras da irmã.
— O Dean não sabe disfarçar, ele já olhou duas vezes para nós. Três. — Agnes sorriu sem mostrar os dentes para Dean, o qual retribuiu o sorriso com o canto dos lábios e rapidamente voltou o olhar para frente. — Te disse.
— Acho que fizeram as pazes — Sussurrou Dean após voltar a atenção para o caminho em sua frente — Mas ainda não entendo porque a Agnes nunca nos contou sobre a mãe dela.
— Sabia que elas são meio irmãs? — Perguntou Sam para Bobby.
— Claro que sei, não sou idiota. Elas são minhas afilhadas, conheço desde que nasceram, principalmente a esquilo. — Bobby repreendeu Sam pela pergunta estúpida. Ele tinha conhecimento sobre parte da história das meninas e suas personalidades, pelo menos em relação a Agnes com a qual teve mais contato durante os anos, cuidando da mesma mais que o pai biológico — Mas isso explica o porque do Lorcan nunca falar sobre a primeira esposa e ser um péssimo pai para Agnes, ele sofreu bastante quando ela foi possuída, precisavam ver. Mas a Robin não deve ter dito as coisas direito, impossível que a ex-mulher do Lorcan estivesse grávida durante a possessão. Só que uma coisa é certa, não houve "felizes para sempre" em nenhum casamento do Eagles e ele sempre culpou a Esquilo, não admiro que tenha ficado irritada.
— Mais uma coisa me preocupa sobre a Esquilo — Sussurrou Dean com sinceridade — Ela voltou a ter aqueles sonhos esquisitos, sabe? Hoje começou a falar sozinha no carro, não compreendi nada. Mas quando acordou perguntou se conheço um caçador chamado Miguel.
— Não estou recordando de nenhum com esse nome, posso pesquisar para ela mais tarde — Disse Bobby franzindo o cenho — Mas quando a sonhos, deve ser estresse. É uma forma de encontrar respostas para os seus problemas, ela é assim desde criança.
— Por isso estou preocupado — Falou Dean entortando o lábio. — Conheço a Agnes e sei quando ela está a ponto de explodir, ela precisa de uma caçada Bobby e ficar longe da Robin por um tempo.
— É irmã dela, duvido que se afaste da Robin — Disse Sam franzindo o cenho.
— Eu sei, mas não confio nela — Disse Dean balançando a cabeça negativamente.
— Chegamos! — Anunciou Bobby quando alcançaram a casa no final da rua.
Tomando a dianteira e fazendo o papel de líder da equipe, Bobby esperou todos estarem na sacada do sobrado branco para fazer as honras, ele ergueu a mão e bateu três sobre a porta de madeira. Com um olhar assustadiço por não saber o que esperava do outro lado, Robin olhou para a mais velha, a qual estava de braços cruzados e esperava tranquilamente pela vidente. Não demorou para que uma mulher de cabelos castanhos escuros utilizando uma regata preta aparecesse na porta. A mulher não parecia em nada com a figura caricata que Robin imaginou, sendo muito mais nova e descolada.
— Ah! Bobby. — A mulher aproximou do Singer e o abraçou com força, o qual retribuiu o gesto carinhoso com a mesma intensidade. Os Winchester estranharam a cena, enquanto Robin e Agnes riram discretamente da súbita demonstração de afeto do padrinho.
— Você é um colírio para os olhos — Disse Bobby assim que a soltou.
— Espera... Não pode ser! — Pamela olhou para Agnes, avaliando a mesma dos pés a cabeça enquanto sorria embasbacada — Essa é a Esquilo?
— Em carne e osso — Disse Agnes orgulhosa enquanto girava no lugar, em seguida ela abraçou a vidente com força.
— Puta que pariu, garota! — Falou Pam sem soltar o abraço, balançando Agnes de um lado para o outro — Você está enorme e ficou MUITO gostosa. Arrasou!
— Olha quem fala — Agnes segurou as mãos da mulher ao desfazer o abraço e ergueu, avaliando a mesma enquanto sorria radiante com o reencontro — Você continua a mesma de sempre. Está tomando banho em sangue de virgens?
— Sangue de virgem é algo complicado de achar nos últimos dias. Meu segredo é genética. — Brincou a mulher puxando Agnes pelos ombros e abraçando novamente — Mas e aí, quem são esses rapazes e a moçinha?
— Se ela é vidente, não deveria saber? — Perguntou Robin mordendo o canto do lábio e com expressões enfezadas, fazendo com que os presentes gargalhassem com sua pergunta.
— Essa é a Robin, minha irmã mais nova — Disse Agnes apontando para a mais nova e permanecendo ao lado da vidente. — Ela ainda está aprendendo sobre as caçadas, o mas difícil é fazer ela segurar a língua.
— A líder de torcida. É, você não cheguei a conhecer — Disse Pam sorrindo com o canto dos lábios.
— E vocês já se conheciam? — Perguntou Robin retórica enquanto cruzava os braços sobre o peito.
— Claro que já — Respondeu Pam revirando os olhos — Essa garota aqui é a minha pupila, ganhávamos horrores no pôquer.
— Porque você é vidente? — Robin arqueou uma das sobrancelhas.
— Dãh! Óbvio que não, nós éramos imbatíveis — Respondeu Agnes orgulhosa — Aprendi tanta coisa com a Pam. Algumas até quero esquecer...
— Não sabíamos que você ia chegar mais cedo da caçada... — Pam começou a dizer zombeteira, mas foi interrompida por Robin.
— O que aconteceu? — Perguntou a loira estando desgostosa da intimidade entre Pam e Agnes.
— Peguei ela e o papai transando na cozinha — Agnes fez careta enquanto segurava o riso — Até hoje quero arrancar meus olhos.
— Pelo menos você descobriu como os bebês são feitos. Não que tenhamos feito algum — Zombou Pam risonha, enquanto Agnes fazia caretas e fingia vomitar. Os rapazes trocaram olhares nervosos e Bobby pigarreou.
— E esses são Dean e Sam — Disse Bobby mudando o assunto — Essa é Pamela Barnes, pessoal. A melhor vidente do estado.
— Oi. — Disseram os meninos ao mesmo tempo. Eles pareciam encantados com a simpatia e com o bom humor da mulher.
Os olhos de Pam fitaram Dean como se estivesse prestes a devora-lo. Ela soltou Agnes e aproximou do Winchester mais velho.
— Hum, hum, hum. — Pigarreou Pam trocando olhares rápidos com Bobby. Ela ri brevemente e volta a encarar Dean. — Dean Winchester, fora do fogo e direto para a frigideira. Você é mesmo um sujeito raro.
— Se você está dizendo. — Dean lambeu o lábio, flertando descaradamente com Pam.
— Eu lhe disse que ele era um cachorro. — Falou Agnes para Robin enquanto sorria maliciosa.
— Eu não sou um cachorro. — Retrucou Dean semicerrando os olhos ao encarar Agnes. Ela arqueou uma das sobrancelhas e deu um meio sorriso.
— É sim. O único certinho é o Sam. — Agnes aproximou do mais novo, ela o abraçou pelos ombros e ficou na ponta dos pés tentando beijar suas bochechas. — Né, lindinho?
— Sou um anjinho. — Sam grudou Agnes pela cintura e a ergueu. Fazendo com que ela o abraçasse com mais força enquanto ria.
— Também não é para tanto. — Disse Agnes ao ser colocada no chão.
— Vamos entrar. — Convidou Pamela dando passagem aos convidados para o interior de sua casa.
Aos poucos eles passaram pela porta, o primeiro foi Bobby, sendo seguido por Dean, Sam e Agnes. Antes de Robin passar pela porta, a mulher a segurou pelos ombros e desmanchou o sorriso simpático da face, lhe lançando um olhar severo que fez os pelos do corpo da mais nova arrepiarem.
— Vingadora, precisamos conversar rapidamente. — Disse Pam puxando Robin para o canto do corredor de entrada e a impedindo de seguir caminho. — Você precisa aprender muita coisa, querida. Não é uma garota normal, não mesmo. O que eu nunca imaginei é que um raio caísse duas vezes na casa dos Eagles, mas você é diferente da Esquilo, bem diferente.
— Não sei do que está falando. — Desconversou Robin enquanto tentava escapar.
— Ah! Você sabe, e sabe muito bem do que estou falando. Não sou idiota e sei que também não é. Então preste atenção no que vou falar, conte a Agnes tudo o que sabe. Conte sobre o que aquele demônio te contou antes da Agnes o enxotar. — Pamela sussurrava com irritação em seu tom de voz. — Vocês estão em lados diferentes da balança e ela é a que mais corre perigo. Saiba que se algo acontecer com a Esquilo, nenhum caçador vai te perdoar. Nenhum. Nem mesmo o Bobby. Ninguém.
Ao terminar de falar Pam soltou o braço da Robin e lhe deu passagem. A menina havia compreendido toda a mensagem da vidente, o que a deixou ainda mais irritada ao entrar na casa.
— Posso saber o que tanto conversavam? — Perguntou Agnes sem retirar os olhos do seu reflexo no espelho assim que as duas aproximaram.
— Estava apenas dando dicas para essa boneca. — Pamela sorriu e passou um dos braços ao redor do pescoço da Robin, como se a sua irritação com a loira tivesse passado de uma hora para a outra.
— É, apenas dando dicas. — Falou Robin forçando um sorriso e desvencilhando da mulher. Agnes moveu os ombros com desdém com a resposta obtida.
— Soube de alguma coisa? — Perguntou Bobby assim que Pam aproximou dele.
— Olha, eu contatei uma dúzia de espíritos. Mas nenhum sabe o que trouxe você de volta ou o porquê. — Pamela cruzou os braços e olhou para Dean ao falar.
— E o que fazemos agora? — Perguntou Bobby apreensivo.
— Que tal uma sessão? — Um sorriso radiante brotou nos lábios de Agnes ao dar a sugestão.
— Ia sugerir a mesma coisa. — Pamela retribuiu o sorriso. — Vamos ver se descobrimos quem foi.
— Vocês querem chamar aquela coisa aqui? — Perguntou Bobby assustado.
Ao ouvir o que estavam pensando em fazer, Robin olhou amedrontada de Pam para Agnes, as quais estavam animadas com a ideia. Em seguida a mais nova admirou cada um dos homens presentes, os quais estavam calmos e serenos. Por nunca ter participado de uma sessão antes e temendo o tipo de criatura que poderia ter tirado Dean do inferno, sua irritação deu espaço ao medo, ficando ainda mais assustada e apreensiva.
— Não, só queremos dar uma olhada. — Agnes deu com os ombros.
— Como uma bola de cristal, mas sem o cristal. — Disse Pamela empurrando Agnes com os ombros. Ela caminhou em direção a mesa e ao passar por Bobby apertou levemente sua barriga.
— 'Tô dentro. — Dean a seguiu animado.
— Acho melhor você esperar lá fora. — Sugeriu Bobby a Robin assim que percebeu a expressão de assombro no rosto da afilhada, a qual não sabia para onde andar ou o que fazer naquele momento.
— Não! Ela participa. — Pamela apontou para Robin com algo que segurava em suas mãos. — Como quer torna-la caçadora se não permite que tenha a prática?
— Tudo bem. Eu posso encarar. — Robin caminhou lentamente em direção da mesa, parando ao lado dos irmãos Winchester e da Agnes. Sua respiração estava rápida e as mãos tremiam, por mais que tentasse disfarçar ela não conseguia esconder o nervosismo.
Desgostoso, Bobby bufou balançando a cabeça em negação e começou a fechar todas as janelas do andar inferior da casa, impedindo qualquer tipo de luz exterior adentrar no recinto. O local ficou mal iluminado e quase que completamente escurecido. Pamela colocou algumas coisas sobre a mesa, as quais rapidamente foram organizadas e distribuídas por Agnes.
— Deixe-me ver. — Pamela agachou para pegar o que faltava no armarinho, deixando sua tatuagem no cóccix visível o suficiente para atrair os olhares dos ociosos Winchester.
— Quem é Jesse? — Perguntou Agnes zombeteira ao ler os dizeres da tatuagem com o símbolo do infinito.
— Não foi para sempre. — Pam riu e olhou para os rapazes, os quais pareciam encantados com ela. Robin apenas revirou os olhos sem compreender como os homens conseguiam ser idiotas e fáceis de serem manipulados quando o sexual e o erótico estava envolvido.
— Mal para ele. — Dean sorriu com malicia.
— E bom para você. — Pamela aproximou do rapaz com velas na mão.
A loira cruzou os braços enquanto revirava os olhos, bufando irritada com os flertes descarados que ocorriam entre Dean e Pam. Estava tão nervosa e preocupada com tudo o que estava acontecendo e com o que estavam prestes a fazer, que não conseguia entender como que eles eram capazes de flertar em um momento tenso como aquele. Revoltada, ela olhou para Agnes acreditando que a irmã estaria indignada e, talvez, enciumada por Dean flertar com outra mulher em sua presença. Mas ao contrário do que havia teorizado, Agnes apenas ria divertida, achando graça da situação.
— 'Tô afinzão. — Falou Dean discretamente de maneira que apenas Robin, Sam e Agnes escutassem.
— Pelo visto ela vai comer você vivo. — Falou Sam segurando o riso. Agnes não aguentou e disfarçou a risada com uma tosse.
— 'Tô num atraso de quatro meses, pode comer. — Disse Dean animado.
— Acha que vai aguentar a Pam? Garoto! Ela não brinca em serviço, vai acabar te achando um merda e depois vamos rir do seu péssimo desempenho — Brincou Agnes rindo maliciosa.
— Você não presta, Agnes. — Falou Dean lhe dando um empurrão leve.
— Eu sei, não é a primeira vez que dizem isso. — Agnes deu com os ombros e retribuiu o empurrão do Dean.
— Podem vir, zangadinhos. — Pamela chamou os convidando para sentar-se à mesa.
— Vocês dois não foram convidados. Mas a Agnes pode vir. — Dean apontou com o dedo para Robin e Sam. A mais nova fez careta de desgosto, enquanto o outro ria discretamente.
— Me sinto lisonjeada, até me senti especial. Mas recuso o convite, dispenso orgia. Você sabe que sou bem egoísta. — Agnes mordeu com força e de maneira sexy o braço do Dean antes de juntar-se a mesa.
— Não faz isso de novo, Agnes. Porra. — Resmungou Dean acariciando o local mordido enquanto seguia a melhor amiga.
— Venha, vamos convocar espíritos. — Sam estendeu a mão e tocou na cintura da Robin, ela sorriu simpática e permitiu ser conduzida até a mesa pelo rapaz.
Não tardou para que todos se acomodassem ao redor da mesa circular. Organizados no sentido horário do relógio estavam intercalados um homem e uma mulher, ficando assim: Pam, Dean, Agnes, Bobby, Robin e Sam.
— Pronto, vamos dar as mãos. — Disse Pamela fechando os olhos. Rapidamente todos a obedeceram. — Agora preciso tocar em alguma coisa que o monstro tocou.
A mão da Pamela tocou sobre o membro do Dean, o fazendo dar um pequeno sobressalto com o toque. Robin revirou os olhos, considerando o momento totalmente inapropriado para aquele tipo de investida. Agnes soltou um riso fraco e negou com a cabeça, enquanto Bobby e Sam apenas trocaram olhares de desaprovação.
— Aí ele não tocou. — Dean estralou o pescoço e sorriu nervoso.
— Foi mal. — Pamela sorriu maliciosa.
— Vamos logo com isso. — Disse Robin irritada com a demora.
— Tudo bem, vingadora. — Falou Pam rindo baixo.
Dean retirou a jaqueta e ergueu a manga da camisa mostrando a marca de queimadura em formato de mãos. Após pigarrear, Pamela colocou sua mão sobre a marca. Todos fecharam os olhos dando início a sessão.
— Vamos lá. — Pam sorriu.
Assim como Agnes, Pam estava animada e ansiosa para descobrir sobre a criatura. A perna da Robin tremia devido ao nervosismo e medo, ao perceber o receio da loira Sam e Bobby apertaram com mais força as mãos dela, tentando ao máximo lhe passar segurança.
— Eu invoco, conjuro, e comando você a aparecer para mim diante desse círculo. Eu invoco, conjuro, e comando você. Eu invoco, conjuro, e comando você aparecer para mim diante desse círculo. — Pam entoava as palavras a plenos pulmões.
A mesa começou a tremer com a invocação. Robin soltou um gemido leve retribuindo os apertos fortes nas mãos do padrinho e do melhor amigo, quase fincando as unhas sobre elas. A mais nova respirava ofegante quando percebeu que tudo ao seu redor começou a clarear, sendo seguido por um barulho agudo e estridente. Com medo ela começou a chorar. Assim como Robin, Agnes também percebeu a mudança na iluminação da sala, porém ela estava calma e nem um pouco temerosa.
— Sou Castiel, e peço para que não faça isso, não deve me invocar — Disse a criatura. Para Agnes e Pam, sua voz soava como música em seus ouvidos.
— Castiel! Desculpe, mas eu não me assusto fácil, nem minhas amigas aqui. — Falou Pamela serena. — Bem, mais ou menos.
— Castiel? — Perguntou Dean surpreso.
— É o nome da coisa. — Respondeu Agnes.
— Agnes, peça para ela parar. Não devem tentar me invocar. Você e Robin são as únicas que estão preparadas para vislumbrar minha verdadeira face, porém sua irmã não consegue escutar minha voz, estou tentando soar o mais baixo possível para não lhe causar danos. — Falou Castiel. — Vocês devem desistir.
— Você quer que eu desista? — Pamela parou de falar e se intrometeu no assunto da Agnes com a criatura. Robin fechava os olhos com mais força enquanto sua cabeça latejava. — Eu conjuro e comando, mostre a sua face. Eu conjuro e comando, mostre a sua face. Eu conjuro e comando, mostre a sua face. Eu conjuro e comando mostre a sua face.
— NÃO, NÃO FAÇA ISSO. — Gritou Robin sentindo que sua cabeça iria explodir. — Não quero ver, não quero ver. NÃO, AGNES, NÃO PERMITA. BOBBY, FAZ ELA PARAR.
— Acho melhor pararmos. — Bobby segurava com força a mão da Robin, impedindo que ela desfizesse o círculo. Ele olhou nervoso para a afilhada, sem compreender porque a menina gritava daquele jeito.
A vidente aumentou o tom de voz, gritando desesperada para que Castiel ignorasse as suplicas da Robin e demonstrasse sua verdadeira face. Agnes não sabia o que fazer, se atendia aos clamores da irmã aos prantos e interrompia tudo, ou se seguia com o plano, decidiu permanecer no círculo e conhecer Castiel. A chama da mesa se alterou, crescendo de maneira assustadora quando uma criatura bélica e iluminada apareceu sobre a mesa.
— Eu sinto muito. — Falou a criatura desaparecendo assim que Robin e Pamela gritaram.
Ao abrir os olhos, Agnes percebeu que era a única que permanecia sentada na cadeira. Tanto Robin quanto Pam haviam literalmente caído para trás com a presença de Castiel. Demorou alguns segundos para que se acostumasse com a luz ambiente e percebesse o que acontecia a sua volta.
— O que houve? — Perguntou Agnes confusa, ela mordeu o lábio inferior e olhou para Pam. A qual se encontrava com as órbitas dos olhos vazias como se tivesse sido queimada. — Puta merda, Pamela!
— Chame uma ambulância. — Gritou Bobby para Agnes, ele estava ajoelhado ao lado da Pam tentando auxilia-la da melhor forma. Sem hesitar, a morena seguiu as ordens do padrinho.
— Robin, acorda, Robin. — Sam colocou Robin deitada sobre sua perna e deu pequenos tapinhas em sua face, tentando acorda-la do desmaio. — Por favor, Robin.
— O que aconteceu? — Perguntou Robin abrindo os olhos de uma vez e empurrando Sam. Seu assombro era visível.
— Ainda bem que você está bem. — Sam sorriu aliviado.
— Acho que sim. — Robin ficou em pé e levou as mãos até os ouvidos, limpando um pouco de sangue que escorria de dentro deles. Após fazer isso, ela caminhou até Pam e ao vislumbrar a mulher cega soltou um grito estridente.
— Eu estou cega. — Pamela chorou assustada. — Estou cega. A Robin e a Agnes, elas também estão cegas?
— Não, não estamos. — Respondeu Agnes ajoelhando ao lado da mulher e segurando em sua mão. — A ambulância está a caminho.
O choro da Pam aumentou. Dean e Bobby trocaram olhares assustados e olharam da Robin para Agnes, sabiam que Sam estava com razão, que as meninas estavam escondendo alguma coisa mais séria. Agnes ignorou os olhares desconfiados que recebeu, usando toda sua concentração para consolar Pamela.
Assustada demais para responder qualquer tipo de pergunta, Robin se afastou lentamente dando passos de costas, após cinco passos, ela virou em direção a porta e saiu correndo sem rumo para fora da casa.
— Vão atrás dela. — Ordenou Agnes aos rapazes. — A ambulância já está vindo, eu fico com o Bobby.
— Claro. — Dean é o primeiro a deixar o recinto, saindo correndo atrás da mais nova.
— Vá atrás deles. — Ordenou Bobby ao Sam.
— Vocês têm certeza? — Perguntou Sam sem saber o que fazer.
— Puta que pariu, você é burro? Vai logo, Samuel! Anda! — Ordenou Agnes irritada enquanto segurava Pam nos braços.
Sem falar mais nada, o mais alto dos Winchester saiu correndo atrás do irmão e da Robin pela rua, tentando alcança-los antes que os perdesse de vista. Agnes e Bobby permaneceram com Pamela enquanto esperavam ansiosos pela chegada da ambulância. O homem abriu a boca para perguntar algo para a afilhada, mas logo foi cortado.
— Agora não, grande B. — Agnes disse rispidamente e lhe lançou um olhar severo. Aquele não era um bom momento para qualquer tipo de pergunta.
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