━━━━〔 𝘤𝘩𝘢𝘱𝘵𝘦𝘳 𝘵𝘸𝘦𝘯𝘵𝘺-𝘵𝘩𝘳𝘦𝘦 〕
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I'VE BEEN TIRED
POINT OF VIEW
Savannah Boswell
No instante em que puxou o freio de mão o carro ainda não havia saído totalmente da curva, ele estancou fortemente fazendo o corpo de Savannah inclinar-se um pouco mais para frente e ser puxado novamente por conta do cinto de segurança.
Do lado de fora Earl balançou com a cabeça, Reiko bateu as mãos em forma de incentivo e Tosh assobiou baixo.
— Tudo bem. Eu vou de novo. — declarou Savannah para os três com uma falsa disposição na voz e continuou o treinamento no circuito.
Antes o que parecia ser um escape assim como um prazer, tornara-se algo cansativo e maçante. Ela sentia-se exausta, com dores de cabeça que não passavam facilmente e sem tempo algum para descansar. Havia uma enxurrada de atividades e trabalhos que precisavam ser realizados sobre sua pequena escrivaninha, um carro destruído na garagem de casa que necessitava ser consertado e duas corrida que precisavam ser vencidas. Seu tempo estava tão esgotado e preenchido de outras tarefas que não havia tido tempo para ir à Floricultura da senhora Hiroki para buscar seu último pagamento.
Entretanto era complicado de conciliar tudo, ao menos conseguia comparecer a todos os encontros no circuito, um dia chegou tarde o suficiente para observar apenas Tosh esperando-a com sua paciência costumeira ao que lia algum mangá sob um céu escuro e preenchido de estrelas. Não tinha como treinar aquele horário, ela se desculpou e ele compreendeu de forma amistosa. Certa vez, Han apareceu no local e observou por alguns instantes a garota dirigindo, depois foi embora sem se despedir. Ele estava distante, ela sentia, assim como Twinkie, porém era diferente. Savannah sempre o via no colégio, rodeado de sua clientela costumeira ou trocando algumas palavras com Reiko que tentava se desdobrar em duas indo de mesa em mesa na tentativa de dividir a atenção para Twinkie e Savy. Contudo ele não falava com ela, olhava discretamente ou por cima do ombro com um pouco de arrependimento como se quisesse dizer algo
— Ele é um idiota orgulhoso, mas uma hora ou outra ele vem pedir desculpas. — confortou Reiko uma vez quando elas saíram para uma pista de patinação em Shinjuku. Elas se encheram de milkshakes, batatinhas fritas e Savannah lembrou-se do quanto detestava patinar.
Não culpava Twinkie, o garoto era bem parecido nesse quesito com ela. O orgulho acabava falando um pouco mais alto do que a razão. Porém não queria que aquilo fosse muito além, ela possuía culpa também naquele acontecimento, talvez Twinkie estivesse assim como ela esperando dar o primeiro passo para declarar um pedido de desculpas. Savannah sabia que tal situação não poderia se estender por mais tempo, sentia falta do seu amigo. Ainda que tivesse Neela, Reiko e Earl como companhia, um tipo de solidão parecia ter assolado-a, deixando-a incompleta e infeliz. Han estava mais indiferente que o normal, longe e seco. O pensamento de que aquele novo comportamento surgiu desde a viagem à Cingapura, era fresco na mente de Savannah, porém ela não insistiria mais em perguntá-lo sobre o assunto, tinha que conceder-lo um espaço. Han não era do tipo que queria ser escutado, que gostava de desabafar ou pedir ajuda. Ele parecia ocupado demais enfrentando os próprios demônios sozinho. Savannah tinha observado isso nos últimos dias, quando ele aparecia sem avisar no estacionamento do colégio pronto para oferecer uma carona para casa, durante o trajeto trocar uma palavra ou duas, depois sumir por alguns dias e agir como se nada tivesse acontecido.
Embora quando se conheceram tivesse estabelecido esse tipo de regra, que o passado era passado, não havia nada lá para eles. Ela gostaria de saber por que ele agia daquela maneira, qual o motivo de se arriscar tanto na máfia? Por qual razão as festas, as mulheres e os riscos se tornaram vitais para ele, assim como o oxigênio é essencial para a respiração. Ela queria respostas para aquelas perguntas, pois assim conseguiria ajudá-lo. Apenas daquela forma conseguiria fazer com que ele sorrisse mais novamente e que o brilho em seus olhos retornasse. Mas ele parecia já estar acostumado com a dor e a solidão.
A noite da corrida contra Koiji havia chegado. Quinta-feira, o dia favorito dos jovens por ali, de um modo esquisito eles já a consideravam parte do final de semana.
Savannah ajeitou-se sem muita animação. Deixou as tranças caírem em suas costas, vestiu um moletom preto com uma bermuda e passou um gloss labial, apenas para não passar a impressão de que acordou e foi disputar um pega. Detestava correr apenas por correr, porém sua mente estava sobrecarregada demais, não tinha como o cansaço mental não afetar seu corpo e organismo.
Buscou uma bolsa e fechou a luz do seu pequeno quarto, atravessando a sala antes de ser parada pela a voz de seu pai:
— São sete horas da noite de uma quinta-feira, qual a programação de hoje? — quis saber sem emoção na voz ao que dava um gole em sua cerveja. A televisão estava ligada, no qual mostrava o noticiário daquele horário.
Savannah girou os calcanhares e o observou:
— Vou descobrir. — disse colocando um sorriso de canto.
— Contanto que volte às dez — retorquiu ignorando o comentário sarcástico da filha
Savannah ponderou um pouco sobre a corrida, bom, as corridas. Não podia deixar de esquecer do desafio contra Morimoto, aquele pensamento deixou-a com um frio na barriga. Porém já tinha encontrado uma solução para aquele problema, sua solução.
— Talvez até mais cedo. — respondeu dessa vez com um sorriso forçado.
O homem desviou o olhar da televisão e voltou-se para a garota com curiosidade:
— O que houve? Tóquio já te deixou entediada?
Ela estalou a língua e inclinou a cabeça para o lado. Tóquio e tédio não deveriam ser usados na mesma frase, porém compreendia seu pai, sempre cauteloso e escondendo seus reais interesses acerca da vida da filha. Se reformulada corretamente a pergunta séria: "Alguém em Tóquio já te deixou entediada"?
— Não é a cidade. Eu só... — suspirou levemente e se agarrou na desculpa mais boba e esfarrapada para dar ao seu pai: — Preciso pensar um pouco.
Ele acenou com a cabeça em compreensão.
— Só não vá muito longe. — pediu por fim e seu olhar a acompanhou até o momento em que ela saiu porta a fora.
"Só não vá muito longe" era uma frase ambígua que seu pai costumava lhe dirigir quando era mais nova e saia para qualquer lugar. Podia significar "Não se distancie demais do bairro" ou "Não vá muito longe no calor da emoção e faça algo que se arrependa".
Naquela noite e a partir daquele dia, ela decidiu se agarrar na última frase dali em diante, para que não machucasse a si e as pessoas em sua volta novamente. Já tinha provado da solidão e culpa tempo demais.
❏ ❐ ❑ ❒❏ ❐ ❑ ❒
Bateu novamente no grande portão da oficina, porém não escutou resposta alguma. Estranhou aquilo já que havia marcado com Reiko e Earl que se encontrariam ali, e iriam com Han para a corrida.
Savannah alcançou a bicicleta e pedalou até o outro lado da rua, onde ficava uma entrada que dava acesso ao espaço de festas de Han e posteriormente a oficina e garagem dele. Ela dirigiu-se até o portão e no instante que puxou o ferrolho deste, rolou os olhos com o descuidado. Sempre deixavam aquela entrada aberta. Ou talvez estivesse esperando alguém, pensou sugestivamente.
Atravessou o salão vip, passou alguns corredores e saiu na porta dos fundos da oficina. Seu olhar varreu o lugar em busca de um sinal de alguém por ali, mas não encontrou.
Será que alguma coisa tinha dado errado? Savannah buscou o celular no bolso de trás da bermuda e desbloqueou-o, verificando se havia alguma mensagem de Earl ou Reiko. Porém não havia nada, nenhum aviso ou explicação.
— Han! — chamou-o em direção ao andar de cima, onde passando por uma porta e um corredor se tinha acesso a um confortável apartamento.
Não obteve uma resposta, se ele não tinha escutado-a bater no portão e invadir seu espaço quem dirá gritar? Talvez não estivesse lá.
Savannah virou-se e visualizou o Mustang Shelby azul refletir ao seu olhar, ele estava lá, pronto para mais uma corrida. Um Mustang para uma americana, recordou-se nostalgicamente de quando Han lhe deu aquele carro para lhe representar. Ele era sua marca.
A garota caminhou até a parte de revisão para veículos e procurou na mesa de ferramentas a chave do carro. Obviamente se ninguém estivesse ali, ela não ficaria esperando, tinha que ir para o estacionamento.
Suas mãos puxaram algumas gavetas, e vasculharam compartimentos com outras chaves de carros e motos. Quando estalou com a língua nos dentes e encostou-se na mesa esmorecida por não achá-la, seu olhar foi de encontro com a jaqueta de couro de Han jogada de qualquer jeito na cadeira, ela caminhou até a mesma e verificou o primeiro bolso um pouco retraída, não gostava de mexer nas coisas de ninguém sem permissão, porém queria sair logo dali e de preferência com o carro para acabar com aquilo. Tirou uma embalagem vazia de Twix e jogou-a no lixo, depois voltou-se para o outro bolso, o que parecia um pouco mais ressaltado. Sua mão deslizou para dentro do mesmo e seu dedos dedilharam por algo em seguida Savannah reconheceu sendo um papelão pouco mais fino, ela retirou-o com cuidado de dentro do bolso e mal teve tempo para preparar-se para descobrir do que se tratava.
Sua boca ficou seca ao que seus olhos percorriam por aquele cartão postal analisando-o e segurando-o como se estivesse preenchido de espinhos:
Havia uma foto. Daquelas que você encontra quando procura "Casal feliz" no Google imagens. Havia sorrisos largos e expressamente felizes. Talvez eles tivessem pedido para alguém na rua tira-la e esse alguém como um bom anfitrião querendo passar uma imagem positiva na frente dos turistas, tirou a fotografia. A foto pegava todo o panorama daquele local animado e contemporâneo assim como um Han com o cabelo um pouco mais curto e de lado deixando-o com um ar mais charmoso ainda, seu braço passava na cintura de uma mulher alta e bonita de sorriso estonteante e ar confiante.
No verso do cartão postal estava escrito em uma letra fina e bonita, como se quem tivesse traçado-a aquelas palavras se esforçara consideravelmente para que ele saísse bem feito.
"Hong Kong.
Nossa quarta parada antes de chegar à Tóquio. Han está animado para ver como eles correm desse lado do mundo, e eu não vejo a hora de descansar o bastante antes voltarmos a viajar.
Ps: Tóquio é apenas um intervalo, não ficaremos por muito tempo.
Um abraço, Dom."
Quando terminou de ler a última linha, Savannah notou que o cartão postal por mais que possuísse pequenos rasgos em suas pontas e discretas manchas, ele parecia ser recente, talvez lhe desse um ano ou um pouco mais... Deduziu que ele nunca foi entregue a quem fosse esse Dom. Sentiu-se mal por segurar aquilo, ler aquilo...
Quando resmungos soaram da parte de cima da oficina seguido de passos, a garota tratou de enfiar ligeiramente o cartão postal no bolso da jaqueta, fingiu procurar a chave e quando a pessoa parou ao seu lado ela ergueu o olhar:
Han usava uma calça folgada e moletom preto, seu cabelo estava atrás da orelha e diferentemente da foto estava maior. Mas o que chamou sua atenção foi o cigarro em seus lábios, ele já estava quase no fim, o homem deu uma última tragada e apagou-o no chão.
— Não sabia que você fumava — observou com uma leve surpresa na voz.
—Um ex viciado tem direito a uma recaída. — retorquiu sem emoção na voz, ele passou o olhar rapidamente pela a mesa em que ela procurou a chave e depois na cadeira em que sua jaqueta estava, o coração de Savannah acelerou.
— Eu chamei você por horas — disse rapidamente tentando desviar a atenção dele do que ela estava fazendo ali instantes antes de chegar.
— Eu estava lá em cima, por que não subiu?
— Não quero acabar com sua privacidade, e se você estivesse com uma de suas amigas? — provocou-o sutilmente.
Ele riu levemente.
— Você invadiu minha propriedade, automaticamente está acabando com minha privacidade — comentou divertido.
Aquela pequena troca de palavras já havia sido um grande passo no grande intervalo de distância e silêncio que os dois viviam.
— Tem razão... — divagou Savannah sorrindo timidamente — Na verdade eu estava atrás da chave do Mustang, não sei se você lembra mas hoje é a corrida...
— Você não parece muito animada — disse ele indo em direção a uma das gavetas da mesa, puxando-a e tirando de lá a chave do veículo.
Ela bufou baixinho e agradeceu com o olhar quando ele lhe entregou a chave.
— Eu só estou um pouco cansada, mas nada que me afete no asfalto — corrigiu-se rapidamente, não queria passar a impressão de que não era capaz de ganhar a corrida.
Han umedeceu os lábios e deu lhe as costas buscando a controle para abrir o portão da oficina.
— Han... — chamou-o firmemente antes de entrar no carro para sair dali, não esperaria-o para irem juntos a corrida. Ele se virou para olhá-la, e ela o contemplou por um instante. Sem dúvidas aquele homem havia deixado de ser o da fotografia há anos, até mesmo o seu olhar não era mais o mesmo — Depois da noite de hoje, eu não corro mais.
Ele ajeitou a postura e Savannah saiu com o carro deixando o homem estático para trás.
Porém a noite ainda não havia terminado, tinha outras coisas que deveria dizer e fazer.
˚·*'' to be continued ༻
Nota da autora
olá!!! como vocês estão?
felizes por finalmente ter atualização?
primeiramente queria agradecer a compreensão de vocês em relação a essa pausa de um mês, ela foi meio que necessária. antigamente eu sempre enrolava bastante nas postagens de capítulos de outras fanfic's devido a minha enormeee falta de organização, e eu quis fazer diferente em Dusk Till Dawn, quis mudar a partir dessa fic e parece que deu certo. Enfim tenho uma notícia, e fica por conta de vcs leitores se ela é boa ou ruim sllsksks, acontece que estamos na reta final da história.
:(((, no máximo em janeiro a fic vai se encerrar, e ainda que não seja nossa "despedida" eu sempre gosto de todos os capítulos deixar claro o quanto eu agradeço a todos e todas por todo o apoio e carinho que vocês sentem por esse plot, real, de coração! Sei que compartilhamos o mesmo carinho e admiração pelo os filmes e personagens, e juntar tudo isso e ainda minha paixão pela a escrita foi muito especial! saibam que vcs estão incentivando uma jovem cheia de sonhos e com uma imaginação bem fértil hihi.
em relação ao capítulo o que vocês acharam? finalmente a Savy descobriu sobre a Gisele, porém ainda tem mtoo coisa pra acontecer envolvendo nosso cristalzinho injustiçado.
então foi dada a largada a segunda parte da fic, mais uma vez muitíssimo obrigada por todos os votos, comentários e views! vcs são show. ❤️
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