━━━━〔 𝘤𝘩𝘢𝘱𝘵𝘦𝘳 𝘵𝘩𝘳𝘦𝘦 〕
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CENSORED LOOKS
POINT OF VIEW
Savannah Boswell
— Merda — xingou pela a décima vez naquela manhã, enquanto puxava a saia que fazia parte do uniforme.
Até aquele momento tudo havia sido um desastre, começando pela a confusão ao pegar o trem — sabia um pouco de japonês, pois seu pai em outro momento pagara um curso para aprender o idioma, mas após um mês desistiu, e aprendeu apenas cumprimentos.
E quando parecia que nada mais fosse dar errado; a maldita saia do uniforme começou a subir, seu pai pedira o tamanho errado e naquele instante Savannah lutava para abaixa-la; parecia que tinha saído de um desenho animado com os sapatos bonitinhos, meia calça e saia de pregas, além de ter prendido suas tranças em um coque alto — ainda que em uma tentativa frustada de deixá-las mais discretas, os olhares desaprovadores das pessoas ali, eram dirigidos-lhe do mesmo jeito.
Assim que saltou na plataforma da estação, deu passos largos e adiantados para o edifício que emergia a sua frente.
Havia um largo portão aberto, mostrando ali estacionamento. Desde bicicletas a carros. Mais a frente contemplou três prédios ao atravessar pelo estacionamento, entrou no principal que ficava entre os outros dois, e caminhou apressada por entre os extensos e vazios corredores. Ótimo! Primeiro dia e já chego atrasada, pensou esbravejada. Entretanto saberia em quem colocar a culpa caso alguém ali lhe perguntasse o motivo do atraso.
— Ei — chamou uma voz melódica, e Savy girou os calcanhares para ver quem era — Você é a garota nova?
Ela possuía olhos castanhos que sorriam gentilmente, madeixas da mesma cor e maçãs rosadas.
— Sou Neela. — elevou a mão e apertou a de Savannah — Eles me mandaram para dar as boas-vindas e te ajudar no que for preciso.
Algo chamou-lhe mais atenção além do fisionomia e da fala de Neela.
— Você não é daqui. — concluiu andando ao seu lado em direção a uma das salas.
Neela balançou a cabeça.
— Cheguei quando tinha cinco anos — o tom de sua voz parecia censurado, como se pudesse dizer até ali — E você... É americana, filha de pai militar e parece ser bem descolada, o que te trouxe aqui?
— Sabe de bastante coisa sobre mim, Neela.
— Eles possuem umas fichas bem descritivas sobre os alunos... Seu pai não poupou detalhes. Desculpa mas fiquei feliz por ver alguém como eu. As pessoas daqui podem ser um pouco... Intolerantes com quem vem de fora — agregou em um sussurro.
Savy assentiu timidamente, enfrentou alguns olhares de julgamento por todo seu caminho até a escola e já ficara incomodada o bastante, imaginava uma garota como Neela, que morava tempo suficiente para ser considerada cidadã, e não era bem-vinda.
— Chegamos — anunciou apresentando a sala de aula, ao lado da mesma havia um móvel de madeira com pequenos compartimentos para se guardar sapato, o que achou estranho de prontidão.
— Temos que entrar descalças? — quis saber Savannah.
— Ah, não! Na verdade é um pouco pior. — respondeu divertida — O pessoal daqui acha sujo e anti-higiênico entrar em salas de aulas com sapato que você veio da rua, então... — Neela puxou um par de calçados brancos com uma listra vermelha, no meio de um dos compartimentos entregando-a — Você usa os Uwabaki.
— Isso é brincadeira, não é? — quase implorou para que fosse mas a expressão no rosto da garota respondeu-a.
— Queria que fosse.
As duas entraram na sala antes pedindo licença, Neela ajudou a traduzir alguma das palavras da professora, que Savannah não conseguira compreender, após as boas-vindas calosas por parte de uns, rapidamente sentaram em seus respectivos assentos, para que a aula iniciasse.
Assim que passou os dois primeiros tempos, impressionou-se pois a aula pareceu bastante interessante, considerando que gostava de física. Ainda que o japonês rápido da professora fosse um empecilho, entendeu um pouco a partir dos desenhos e fórmulas na lousa.
Quando o toque soou e todos guardaram o material para dirigirem-se ao refeitório, Neela a parou no corredor.
— Se quiser posso te ajudar no japonês, você consegue entender algumas palavras no meio de uma frase já é um bom começo.
O corredor estava agitado e recheado de alunos, alguns chegavam a baterem em seus ombros correndo em direção ao refeitório, enquanto outros apenas faziam algazarra.
— Claro, vai ser ótimo! Depois me passa o seu e-mail para combinarmos onde pode ser.
O rosto de Neela envergonhou-se.
— É... Na verdade acho que é melhor aqui no colégio mesmo, depois das aulas?
Aquela reação não lhe passara despercebida.
— Ok, pode ser — deu de ombros e observou a garota afastar-se com um sorriso sem jeito.
Savannah dirigiu-se com dificuldade por entre o corredor lotado para poder chegar ao refeitório, pegando-se uma vez e outra xingando alguém que passou correndo e esbarrou contra seu corpo. Fazia alguns dias desde o acidente, e ainda podia sentir algumas partes latejarem como sua perna esquerda e o quadril, ainda que o médico dissesse que tinha sofrido fraturas leves e arranhões, apenas.
Assim que Savannah atravessou o pátio e avistou o refeitório, sentiu a cabeça doer e um comichão ponderar-se de si, a multidão no corredor nem se comparava a de ali; Eram alunos por toda parte, muitos. E sentiu saudades do seu colégio em Los Angeles, naquela época estaria bem vago devido às desistências.
Caminhou até a cantina. Havia duas merendeiras e elas jogavam conversa a fora um pouco mais afastadas do balcão.
Buscou um bandeja e observou o que tinha ali, algumas peças tinha conhecimento pois gostava da comida japonesa de um restaurante em Los Angeles, mas parecia muito diferente ali, e então optou por pegar as que pareceram mais saborosas: uns enrolados, um pouco de arroz e uma tigela com o que parecia ser chá.
Sentou-se em uma mesa com um grupo de cinco pessoas que saíram três minutos depois aos resmungos.
— É isso ai, sobra mais espaço — exclamou uma voz divertida sentando ao seu lado.
Savannah o observou por um instante.
— Você é nova não é? — perguntou por mais que já soubesse a resposta — Eu sou o Twinkie. Uma espécie de gênio da lâmpada por aqui, o que você precisar, é só me pedir que arranjarei por um preço bem em conta.
Savannah deixou de lado sua bandeja e parou para observar o tal garoto: a pele preta, um sorriso convincente no canto dos lábios; enquanto usava roupas descoladas em comparação aos jovens dali.
— E você é a...?
— Savannah. — completou.
— Bonito nome — elogiou mexendo na bolsa e tirando um aparelho deste — E o que vai ser, o que você vai querer.
— Olha só, você parece um cara legal, mas não se anima muito porque eu estou só de passagem — o garoto deu de ombros e mexeu novamente na bolsa — Quem sabe arranjo uma clientela para você em Los Angeles.
Twinkie olhou-a mais interessado e sorriu abertamente.
— Ah então é de lá que você é. Deixa eu ver filha mimada de militar que está aqui porque se meteu em encrencas — a dedução lhe deixou mais com raiva devido ao acerto sobre o cargo de seu pai. Neela dissera algo ou todos ali sabiam de sua vida?
— Eu não sou mimada e como eu disse é só uma temporada. Não vai dar tempo nem de aprender seu nome.
Twinkie riu.
— Bem eu aprendi o seu.
Foi quando ele mexeu pela a última vez na enorme bolsa que pôde visualizar a direção acoplada no suporte desta.
— Tá vendendo aquela direção Sparco? — perguntou curiosa, talvez Twinkie ganhasse algo dependendo de sua resposta.
— A minha direção? Nah! — o sorriso de Savy murchou — Eu paguei preço de varejo.
— Então o que você dirige? — retorquiu cruzando os braços e rencostando-se no banco.
— O meu carro? Ele é uma raridade — respondeu convencido.
— Me mostra então — sugeriu Savannah. Sabia que não podia pensar em ao menos dirigir um carro, nem que fosse na velocidade mínima e de uma esquina à outra, mas não conseguia conter-se.
Foi a vez de Twinkie a olhar zombatorio e curioso.
— Pensei que não fosse ficar por muito tempo.
Savy deu ombros.
— Legal. Vem comigo. — pediu abrindo caminho entre os alunos com Savy em seu encalço, animada para ver com que carros este lado do mundo corria.
˚·*'' to be continued ༻
Nota da autora
Olá! Como estão? Espero que muito bem, em casa e saudáveis.
Gostaria de agradecer a todes que comentaram no capítulo anterior, gosto muito de interagir e criar um vínculo legal com meus leitores, saibam que vcs são muito especiais para mim.
Enfim, o que acharam do capítulo? Já viram que tem duas amizades surgindo, não é?
Um grande abraço meus anjos e até a próxima! ♥️
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