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━━━━ 〔𝘤𝘩𝘢𝘱𝘵𝘦𝘳 𝘵𝘩𝘪𝘳𝘵𝘺-𝘴𝘪𝘹〕


aviso: Este texto inclui descrições de crises de ansiedade e episódios de pânico. Recomenda-se cautela para leitores sensíveis a esses tópicos.



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DARK RED


POINT OF VIEW

Savannah Boswell

Assim que aterrissaram no aeroporto internacional de Miami, Savannah sentiu um alívio ponderar-se de si, voos curtos também lhe deixavam em uma ociosidade única. Embora tivesse passado a viagem toda repetindo um de seus vídeos favoritos desde que o assistira pela primeira vez: a apresentação do Michael Jackson no Super Bowl de 1993, não coincidentemente o evento meio que foi o preludio da história de seus pais, — Savannah conhecia muito bem a história (até melhor do que os dois se duvidassem). Seu pai como um bom americano viciado em esportes foi assistir ao jogo com seus primos, já a sua mãe fora apenas tentar conquistar algum texano na cidade de Los Angeles, no fim das contas, naquela noite os dois se encontraram em um dos bares abarrotados de torcedores dos Bills e Cowboys, sendo apenas dois californianos atraídos um pelo outro, — nem um pouco sóbrios — presenciando em uma televisão de bar o espetáculo do maior artista de todos os tempos.

Apreciou em como a relação com seus pais tiveram suas fases, Savy sofrera com a ausência do seu pai quando o convocaram para instalar-se na base americana em Yokosuka, localizada na Baía de Tóquio, além da infidelidade acometidas para com sua mãe, tudo servira de combo para afastar-se mais e mais da figura paterna. Contudo Tóquio foi essencial para que tratassem essa ruptura com zelo e de forma paciente.

Hoje em dia, após tudo o que haviam passado, Savannah costumava fazer chamada de vídeos com seu pai quando visitava sua mãe, ela ainda ria de suas piadas sem graças, pequenos gestos como aqueles a faziam pensar que houve um tempo que ambos já se amaram.

— Parada no Mcdonalds? — sugeriu Cabeça firmando a alça da mochila em seus ombros.

— Quem sabe comermos algo no hotel? Preciso de um banho urgente. — ponderou um pouco mais alto que seu estômago no qual roncava insistentemente.

Seu amigo concordou com a sugestão e logo em seguida indicou para o portão de desembarque.

O trânsito de Miami não era nada tranquilo e a cidade estava abarrotada de turistas ou jovens de férias, não tinha jeito, além de que o leque de pontos turísticos que o local proporcionava eram inúmeros colaborando com a alta de aluguel de carros na cidade. Savannah preparara um breve roteiro do que fazer naquela semana que passaria na "Cidade mágica", em seu primeiro dia obviamente iria visitar Dowtown Miami, depois retornaria para Miami Beach para algumas compras em Lincoln RD e finalmente iria sossegar na ilhar passeando nas praias e comendo nos seus restaurantes de comida japonesa e italiana favoritos.

Mas a medida em que Cabeça parava o carro a cada cinco minutos em que alcançavam uma certa velocidade na saída do Aeroporto para o centro da cidade, seus planos ficavam mais distantes. Simplesmente o trânsito estava extremamente congestionando e sua cabeça parecia explodir.

— Estamos mais perto do que longe... — riu o homem da situação pisando no acelerador pacientemente.

— Já posso ver. — bufou Savy reencostando sua cabeça carinhosamente no ombro do amigo.

— Qual é? Isso aqui você não tinha em Tóquio ou tinha? — quis saber em tom de sarcasmo.

A mulher entrou no diálogo com diversão na voz.

— Vamos lá. Ao que exatamente você se refere? O cenário pré-apocaliptico ou a superpopulação. — rebateu na mesma intensidade.

O homem jogou a cabeça pra trás e lhe dirigiu um sorriso.

— O que você tinha lá?

Ela nem divagou.

— Os dois.

— Tudo bem, ponto para seu lado favorito do mundo. Falando nisso, você tem conversado com o superior? — inclinou-se com um interesse.

Deu de ombros e baixou o vidro do seu lado afim de respirar ar fresco.

— Ele está bem — começou lembrando da última conversa em que tiveram há algumas semanas — Tá até pensando em passar as férias em L.A.

— Uouu. . . Senhor Boswell...quer dizer que o oficial finalmente teve sua liberdade concedida para os Estados Unidos da América? — brincou observando uma ótima rota de fuga daquele trânsito e acelerando o carro um pouco mais com cautela.

— Ou melhor dizendo, ele deve ter saturado um pouco do Japão, confesso que aconteceu em algum momento comigo, mas foi bem rápido.

— Bem, você tinha tudo o que precisava lá, era diferente.

Savy apertou os lábios ligeiramente.

— Eu estava longe de casa e era um lugar totalmente novo pra mim, cheio de estranhos — proferiu ajeitando-se no banco do carro e acrescentou olhando para Myles —E isso incluía o meu pai.

A sinalização mudou de cor permitindo que o homem deixasse o carro neutro para que os pedestres pudessem atravessar pacientemente, quando ele virou a cabeça para observá-la:

— Sabe...O que nós nunca conversamos desde que você voltou foi sobre o que realmente aconteceu lá. — a espinha da sua nuca gelou e seu pensamento foi em Twinkie por um milésimo de segundo, ele não teria dito nada, o combinado era de enterrar o assunto, ou pelo menos a partes mais acusadoras ou que pudessem colocar alguém além de Savannah na mira da Yakuza.

— Por que agora isso importa? Já se passaram cinco anos desde que o Han morreu no acidente, desde que minha cabeça ficou fodida, de que eu sou uma completa inútil e pelo visto de que a porra desse sinal não fica verde! — tentou desconversar em um tom descontraído

Myles pela primeira vez desde que Savannah o conhecera, fechou o semblante e falou seriamente:

— Não, Savannah. Quero saber o que aconteceu lá. Não o que você supõe que das consequências.

A atmosfera dentro do carro mudou completamente, seus ombros ficaram tensos, piscou algumas vezes avaliando a linguagem corporal de Cabeça, ele certamente não recuaria sobre aquele assunto, dessa forma Savy teria que tentar contorná-lo da melhor forma possível.

— Por que isso agora? — sua voz saiu baixa, mas não menos interessada na motivação de trazer tudo aquilo à tona.

Cabeça respirou fundo.

— Porque depois pode ser tarde demais, Savannah. E tem uma legião de gente que é doida por você, ainda que você não mereça. Você é jovem, merece a chance de viver.

Por um breve momento ela sentiu vontade de rir, não debochando da hipótese que Myles cogitara em sua mente que ela poderia cometer algo contra si, não, aquilo seria completamente insensível e desumano da sua parte, era o fato de o seu amigo se expressar de uma maneira tão gentil, cuidadosa e intima. Os dois passavam mais tempo conversando sobre trabalho, o pessoal de uma maneira geral e brincadeiras à parte do que assuntos propriamente sérios. Levando isso em consideração, Savannah tentou ser o mais cuidadosa o possível com suas palavras:

— Tóquio foi difícil por conta da aversão das pessoas...hum...eu tive que me adequar lá; eu acabei ficando no radar de quem não deveria. Você sabe, aconteceu a mesma coisa quando você se mandou de Los Angeles...

Ele bufou em descrença.

— Quando eu passei minhas férias no Bronx? É isso que você está querendo comparar? Jesus, Savy.

— Tudo bem então, isso está acabando comigo. Você quer saber o que aconteceu lá? OK. Racha ilegais por incrível que pareça não acontecem apenas nesse lado do mundo ou na Califórnia, certo? A diferença era que lá eu não sabia exatamente quem estava atrás de tudo aquilo. Gente poderosa, Myles, donos de cassinos e casas de prostituição; não tratávamos diretamente com eles, por isso os rachas que participámos eram aqueles pequenos suficientes para não chamar atenção de olhos ambiciosos. Era tentar ao máximo ficar longe das corridas corruptas para a lavagem do dinheiro sujo deles. Mas todo o cuidado que tínhamos era insuficiente para ficar longe do radar deles.

Ela sentiu muito por estar omitindo quase tudo do que realmente aconteceu durante sua passagem no Japão, mas se aquilo significava que seu amigo estaria em segurança, aquilo valia a sutil mentira. Já havia colocado muitas pessoas na mira da Yakuza desde que por acaso se envolveu com eles; teve muita sorte por seu pai não ter sofrido retaliação alguma ao apontar uma arma para DK.

Mas aquilo era passado, e detestaria que algo como aquela situação voltasse a se repetir.

— E como você tropeçou no caminho deles? — quis saber o homem com uma desconfiança na voz.

Essa parte não poderia omitir. Era quase parte da sua essência, e claro não era nada além da verdade.

— Bom, eu sou uma ótima motorista, você sabe disso.

Cabeça revirou os olhos e trocou de marcha quando a sinalização mudou para a cor verde, fazendo-o prosseguir com o trajeto.

— Você disse que ia ficar longe das ruas.

— Assim como a Lindsay Lohan disse que ia ficar longe das drogas — rebateu com um tom de humor na ponta da língua — Você sabe que essa é uma das poucas coisas que eu faço e faço bem, não pode negar se houvesse um trocado para ganhar e eu estivesse inclinada a correr você apostaria suas fichas em mim.

Ele bufou em resposta.

— Exatamente como o advogado do O.J Simpson — ele resmungou e pegou a curva a esquerda a caminho do hotel em que estavam hospedados — Foi só isso, Vannah?

Ela não podia mentir, o olhar de seu amigo era tão amigável e acolhedor que sentia um peso levar seu coração para a boca do estômago.

— Não, mas é só o que você precisa saber, Myles. — a partir dali aquela foi sua escolha, não se importaria se ele ficaria desconfiado ou reprovasse a atitude da mulher, sua decisão era aquela e ponto.

Finalmente parecendo entender o recado, Cabeça coçou o queixo e indicou para o que seria o hotel em que ficariam hospedados.

A fachada do local emergiu diante de seus olhos como um prédio bem estruturado de uma arquitetura moderna, os tempos certamente haviam mudado, antes costumava ficar em qualquer local sem estrela alguma que lhe proporcionasse apenas uma noite de sono tranquila após chegarem da farra da noite.

Uma piscina de tamanho médio para praticar natação, com um bar temático dentro da mesma era fácil de ser avistada ao atravessarem o hall de entrada indo em direção a recepção afim de realizarem o check-in list, a enorme porta de vidro dava uma vista linda para a área livre do hotel, contudo o que mais lhe interessava àquela altura era nada mais do que sua cama, se fosse confortável ou não, pouco importava, queria apenas ter o prazer de deitar-se e descansar aquelas longas horas de viagem.

Assim que Myles deu todos os seus dados e os dois encaminharam-se para o elevador que os levaria para 6º andar, sua cabeça vagou para longe dali, para pensar em um tempo que não voltaria mais... Esses lapsos nostálgicos eram mais comuns do que poderia contar. Contudo, balançou a cabeça e tentou afugentar esses pensamentos intrusivos.

Aqueles dias, deveria curtir e aproveitar.

Adentrou no quarto e tentou se familiarizar com ele, após tomar uma ducha e reservar um tempo especial para uma skin care, a americana deitou-se na cama sentindo a macieza e conforto do colchão, dessa forma permitiu que alguns pensamentos voassem para longe... Sentiu-se tão cansada por um instante, passou por tantas situações durante esses anos; cenários, momentos e pessoas que nunca esqueceria, em lapses como esses a saudade apertava no seu coração, saudade de um tempo que passou e não retornaria mais.

Enxugou uma lágrima que rolou involuntariamente sobre sua bochecha e a secou na colcha de cama, logo apanhou seu tablet, caneta e certas anotações que havia feito sobre o cliente em específico que ligou há alguns dias. Em momentos como esse, precisava ocupar sua mente com trabalho.

Rapidamente ela buscou alguns esboços que havia feito para seu cliente em potencial da Cidade do México, e tentou conclui-lo naquela mesma noite. A caneta touch subia e descia tentando acompanhar a foto de inspiração que buscara na internet de um Toyota Supra de 2006, captando as cores e a arte produzidas ali. Entre essas horas de inspiração, ela solicitou um serviço de quarto e ignorou as ligações de Cabeça para descer até a piscina do Hotel. Miami tinha sua total atenção, porém seu trabalho também.

Ela sabia que ele queria algo que chamasse atenção nas ruas movimentadas, algo que fizesse o carro parecer uma fera pronta para atacar a qualquer momento. A inspiração veio de elementos da cultura local — cores vibrantes e padrões geométricos. Com alguns toques rápidos, ela aplicou um vermelho intenso nas curvas do carro, seguido por um grafismo inspirado nas ruas e grafites da capital mexicana. Enquanto ajustava os últimos detalhes, a adrenalina de ver sua criação ganhar vida no digital a fazia sorrir.

O toque no seu celular a fez saltar levemente para o lado, e a mulher assustou-se em como as horas se passaram, já era de noite!

Não ia dar para ignorar mais um pouco Cabeça.

— Pode falar. — Ela colocou o celular entre a orelha e o ombro, tentando equilibrá-lo enquanto usava ambas as mãos para salvar o arquivo na nuvem do tablet.

Cabeça resmungou alto do outro lado da linha.

— Você tem dez minutos para descer até o saguão. A noite do ano novo já começou. — Savy xingou-se mentalmente sentindo a respiração pesar, "Maldita hora que foi concordar em viajar", preferia mil vezes colocar qualquer filme na televisão e pedir alguma coisa para comer enquanto observava à queima dos fogos da vista de sua janela.

Contudo, tinha ido até ali, feito um esforço para curtir e aproveitar um momento com um grande amigo. O discurso era o mesmo de outrora, mas quando pensava na multidão e em todo aquele afobamento de pessoas brindando e festejando, seu estomago gelava e suas mãos ficavam inquietas.

— Fechou! Dez minutos tô aí. — Sua voz hesitou falsamente e ela fechou os olhos.

Após desligar o telefone, o guia do que deveria fazer era simples e prático. Banho, vestir-se, maquiagem e uma longa meditação para concentrar-se na sua respiração.

Foi exatamente o que ela fez. Deixou suas madeixas como sempre: ela estava com um corte pixie cut ajustado perfeitamente com as maçãs de seu rosto, uma maquiagem leve e iluminada contrastando com uma saia cargo verde-militar, uma blusa colada e suas botas costumeiras. Adornou seu pescoço com alguns cordões de prata e deixou o quarto antes que seu celular tocasse novamente.

Assim que as portas do elevador se abriram bem no saguão, ela avistou Cabeça rodeado de outras pessoas, era óbvio.

Ele a avistou e a cumprimentou com um largo sorriso.

— Aí galera! Lembram daquela garota especial que eu estava falando?! — Savy pela a primeira vez ficara extremamente vermelha. Todos os colegas de Cabeça vieram falar com ela, e comentar que ele sempre contava a história dos dois, de quando ela rachava nas ruas de L.A e era conhecida na Califórnia.

Ela sorriu pela a lembrança, porém mais quando alguns deles já aproximaram-se sugerindo propostas para futuros projetos e trabalho.

A conversa fluiu quando todos saíram em seus carros rumo a Miami Beach, a cidade obviamente, estava um caos, cheia de festas nas ruas com direito a restaurantes e bares lotados, devido a isso foi unanime todos pegarem um pouco de estrada, em contrapartida curtir à vontade, uma das melhores virada do ano da Flórida.

Cabeça ligou o som e pisou no acelerador.

A viagem levou pouco menos de uma hora, logo encaminharam-se até a faixa de areia e a festa foi declamada. Havia centenas de pessoas lá, várias pessoas vestidas com a cor branco a caráter da festa do ano, um som alto vinha de várias caixas de som espalhadas por ali e uma fileira de carros de luxo, Savy não poderia mentir, mas um Bugatti Bolide havia conquistado seu coração naquele conglomerado de automóveis, trairia facilmente seu Mustang GT.

As bebidas obtidas a circular, mas Savy preferiu ficar na sua Coca Diet. Enquanto todos dançavam, se divertiam ou exibiam seus carros de luxo, ela se mantinha afastada, encostada no automóvel de Cabeça, bebendo sua bebida e observando o movimento ao redor. Foi então que uma figura masculina apareceu ao seu lado, sentando-se casualmente no capô do carro.

— Tô pensando em comprar essa sua coca cola, acho que deve vir até com um peixinho ela, né? — a voz divertida chegou a sua audição brincando com o fato de quase não tocar na bebida.

Savannah virou o rosto para encarar o engraçadinho e jogar toda sua bebida nele, porém sua reação foi totalmente oposta.

— Seu desgraçado. — a mulher abraçou fortemente Twinkie que gargalhava bastante por cima do ombro dela.

O homem estava completamente diferente. Agora, exibia uma barba rala, e suas trancinhas haviam sido substituídas por um cabelo black Power. As roupas de basquete que costumava usar não estavam mais presentes; ele adotara um estilo mais formal, ainda streetwear, mas bem mais convencional.

— AÊ vocês vão amassar o capô do meu carro, porra. — a voz de Cabeça soou um pouco distante com uma leve irritação na voz.

Twinkie afastou Savannah levemente, como se quisesse observar cada detalhe da amiga, sem deixar passar nenhuma mudança. Apesar do novo corte de cabelo, das leves bolsas sob os olhos, indicando noites de sono perdidas, e dos quilos a menos que outrora acentuavam suas maçãs do rosto...

— Por onde andou? Não vejo você desde a inauguração da YokoTrade de Venice. — ele disse encarando Cabeça e voltando a sentar no capô do carro.

Savy encolheu os ombros e encostou-se no veículo despretensiosamente.

— Você quer dizer depois que a YokoTrade foi temporariamente fechada pela a polícia? — ela brincou dando uma leve cotovelada no amigo.

— Aí, irmãzinha, não brinca assim comigo na frente desse cara, você acaba dando liberdade demais pra quem não dá pra confiar — ele disse, desviando o olhar de Myles, o que fez Savy rir um pouco mais alto do que a música.

— Não acredito que ainda estão brigados por causa daquela bobagem em Nova York — ela comentou, consternada, enquanto observava os dois estalarem a língua e revirarem os olhos ao mesmo tempo, como se o que ela dissesse fosse longe de ser uma bobagem. — Tudo bem, por que vocês não se sentam e conversam como os renomados e sérios empresários que são? Estabeleçam a área de cada um... ou melhor, por que não viram sócios?

Eles se entreolharam por um breve momento como se considerassem a ideia, porém foi apenas por um breve momento, o mais orgulhoso foi o primeiro a se contrapor:

— Você já foi mais engraçada, americana — Twinkie debochou e rolou seus olhos para Myles, que já o encarava sem saco enquanto levava uma garrafa de bebida a boca — A Costa Oeste é minha área, e logo a Leste, seja qual for o ramo.

Myles revirou os olhos e cruzou os braços.

— Beleza, você quer tomar os dois maiores Estados dos Estado Unidos, você quer ser o Reino Unido por acaso?

Twinkie concordou com a piada.

— Tudo bem, Donald Trump... Pra você ver como ainda tenho consideração pela Vannah e um restinho por você, que tal largar o ramo de K-pop e doramas e investir em uma gravadora com um cara que é promessa no trap? — Myles falou com um tom persuasivo, mas genuinamente interessado em uma oportunidade otimista. — Daí você me dá Nova Iorque, e nós dividimos o lucro da gravadora pela metade.

— Até que não é uma proposta tão ruim — Twinkie colocou a mão no queixo pensativo — Que tal você me visitar no meu escritório na próxima semana?

Myles caiu na gargalhada e deu uma longa golada em sua bebida.

— Você tá de sacanagem...

Twinkie riu e virou-se parcialmente para Savy, observando a reação da amiga.

— E você, Savy, quando vai compartilhar os lucros do seu negócio? Eu sou um bom investidor.

Savy franziu o cenho e balançou a cabeça.

— Nem vem, você sabe que eu não compartilho aquilo lá com ninguém. É o projeto da minha vida. — exclamou lembrando de como foi todo o processo para criar seu estúdio, conseguir seus clientes e ainda se especializar na área. Ela teve bastante fé em si e no seu processo de criação, além de lidar com algo que ainda não tinha experiência: a administração de um negócio. — Mas me conta, você tem falado com o Earl e a Reiko?

Ele remexeu-se ao lado da mulher e acenou com a cabeça.

— Estão todos bem, a Reiko mencionou que você parou de responder as mensagens dela. — ele comentou alto o suficiente para Myles escutar e olhar desconfiado para a americana, ele sabia, ambos sabiam e claro ainda que se odiassem havia algo em comum os unia para sentar civilizadamente e conversar e esse alguém era Savannah.

Ela estalou a língua nos dentes e ponderou uma resposta por um breve momento.

— Err...eu estava meio ocupada. — hesitou ajeitando as curtas madeixas.

A atmosfera entre os três pesou, visto isso Myles tentou reverter, dando uma leve tossida e indicando com a cabeça para os dois outros indivíduos ali.

— Que tal algo pra animar a noite? — ele caminhou furtivamente em direção ao asfalto com Twinkie e Savy em seu encalço, não precisou pedir para segui-lo pois Cabeça exalava uma carranca de líder onde for que estivesse.

A multidão ali da praia parecia ter triplicado na presença, a praia e a orla estavam lotadas de pessoas, e para agravar o bem estar e a segurança das pessoas ali, algo no asfalto parecia ganhar forma: alguns adolescentes e adultos se reuniam para iniciar um "pega", Savy notou quando a exaltação e os carros que se aproximava estava em uma só sintonia e um objetivo: Correr!

Claro, que a garota sentiu um arrepio na pele subir quando muitos dos motoristas estava bebendo ou fazendo uso de substâncias, e alguns ali pareciam ter menos de 18 anos (a considerar que estavam na Flórida) aquela conduta era ilegal.

— Organizaram uma corrida? — a incredulidade atingiu a reação de Savannah que estancou bem no meio do caminho.

Twinkie virou metade do corpo para a amiga e ergueu a sobrancelha.

— Qual é americana, não é como se você fosse totalmente contra isso, é? — ele retrucou com desdém na voz e Myles voltou-se para os dois.

Suas narinas dilataram e sentiu seus músculos enrijecerem, aquilo era absurdo em diversas proporções.

Absolutamente. Quando foi que vocês perderam o juízo? Tem um monte de criança aqui, e família!

A reação de Cabeça foi adversa o que ocasionou em mais fúria para a mulher. O ranger dos motores pôde ser escutado a quilômetro da costa, superando o som das caixas de uma RAM preta 2500, a fileira dos carros que iriam disputar começou a se alinhar ali.

Os motores aceleraram mais um pouco indicando que iriam sair em disparada.

Seu coração disparou, sentiu uma leve fisgada nele juntamente com uma sensação gélida invadir seu estômago subindo até sua boa paralisando seus movimentos.

Uma garota alta e loira caminhou entre os veículos que se aqueciam com seus famigerados "burnouts" mantendo os freios ativados, e causando atrito dos pneus no asfalto produzindo muita fumaça, todos eles fazendo sua própria exibição automotiva.

O odor de borracha queimada chegou ao seu olfato.

Tudo ocorreu em câmera lenta, os gritos de empolgação, as garotas dando incentivos para os rapazes., o som alto misturado com os motores, pais afastando as crianças do local...Parecia uma grande confusão generalizada onde Savannah não consegui organizar os pensamentos.

— Preparados? — a garota gritou apontando para cada um dos rapazes que a olhavam de cima abaixo com um olhar devorador e pervertido.

— Atenção! — a voz de um outro organizador soou.

Suas mãos gelaram. O Nissan inconfundível veio a sua mente, parado naquela linha de partida com seu motor rangendo com sede de corrida, vingança e algo mais sombrio.

— E...CORRAM! — a miragem do carro disparando a sua frente foi tão vivido que ela pôde sentir o cheiro do perfume dele a distância... Contudo a pressão da garota baixou assim que os carros partiram e a sirene da polícia soou fazendo todos correrem rapidamente.

— Vannah! — a voz de Twinkie soou mais uma vez, quebrando o silêncio opressor que pairava no ar. Ele se ajoelhou ao lado dela, seus olhos arregalados de preocupação, enquanto suas mãos tentavam alcançar a dela, buscando algum sinal de que ela ainda estava ali, presente. Mas Savannah permanecia imóvel, trêmula dos pés à cabeça. Seus olhos, perdidos e desfocados, não viam mais o que estava à sua frente.

O chão abaixo dela parecia frio, mas Savannah não conseguia sentir nada além do cheiro de combustível que pairava no ar. Era como se ela tivesse sido transportada de volta para aquela noite em Tóquio, a noite em que tudo desmoronou. O cheiro era tão vívido que a fazia reviver cada detalhe: a explosão, o choque, e o vazio insuportável que seguiu.

Ela tremia, a boca entreaberta, mas nenhum som saía. "Por que não consigo respirar?" A pergunta ecoava na mente dela, mas suas mãos não podiam se mover, nem sua voz podia alcançar Twinkie, que agora a segurava pelos ombros, sacudindo-a suavemente, desesperado por uma resposta.

— Porra, fala comigo, Vannah! — Twinkie implorava, sua voz embargada pela preocupação. Ele sabia que algo mais profundo estava acontecendo ali, muito além de um simples momento de estresse. Ele já havia visto Savannah em situações difíceis antes, mas nada como isso.

O olhar dela estava preso em algum ponto distante, congelado no tempo, revivendo o instante em que Han havia desaparecido de sua vida sem deixar rastros, sem despedidas, sem sequer um corpo para chorar. A ausência dele ainda era um buraco negro em sua alma, uma dor que nunca cicatrizou, mas que, naquela noite, explodiu como uma ferida aberta.

Cada noite solitária em seu loft, ela revivia as memórias de Han, até que o peso delas a sufocava. As noites eram intermináveis, os dias, vazios, e agora, ali, naquele chão, as lembranças a dominaram de uma maneira incontrolável.

Savannah piscou lentamente, mas o peso no peito não diminuiu. O ar parecia espesso demais para ser respirado, e a presença de Twinkie ao seu lado era um borrão distante. Tudo o que ela podia sentir era o cheiro de gasolina e o som de sua mente gritando.

Myles passou um pouco de água gelada no rosto da mulher que tentava respirar aos poucos, tentando retomar o controle do seu corpo.

— E-eu p-pr-eciso sair d-aqui — Savannah balbuciou entre os soluços que mal deixavam as palavras se formarem. Sua voz era fraca, quebrada, cada sílaba um esforço enquanto o pânico a dominava, como se o peso de toda a noite estivesse esmagando seu peito. — P-por f-fav-vor, implorou, as lágrimas já molhando seu rosto.

Myles olhou rapidamente para Twinkie, que já estava em movimento, instintivamente colocando Savannah em seus braços. Ele a carregou através da multidão, sua expressão carregada de preocupação e urgência, enquanto evitava os olhares curiosos ao redor. O barulho da festa de Ano Novo parecia distante agora, abafado pela tensão do momento.

Sem dizer uma palavra, Twinkie a levou até seu carro, a colocando cuidadosamente no banco traseiro. A noite havia mudado drasticamente em questão de segundos. O caos e a energia festiva foram substituídos por um silêncio denso, cortado apenas pelo som suave da respiração acelerada de Savannah.

Apenas duas das três pessoas ali presentes sabiam o verdadeiro motivo do ataque de pânico de Savannah naquela noite. Nenhuma palavra foi trocada, mas o silêncio dizia muito mais do que qualquer explicação poderia.

Eles sabiam que aquela noite seria lembrada, não pelo brilho das luzes de Miami ou pelos fogos de artifício estourando no céu, mas pelo peso do trauma que Savannah carregava dentro de si. 



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hallo!! capítulo postado hoje, pois estava sem o computador para fazer as correções e ajuste do capítulo aqui na plataforma...

então, o que acharam??? estão animados para essa nova fase...? 

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