━━━━〔 𝘤𝘩𝘢𝘱𝘵𝘦𝘳 𝘦𝘪𝘨𝘩𝘵𝘦𝘦𝘯 〕
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WORKIN' DAY AND NIGHT
POINT OF VIEW
Savannah Boswell
Savannah encheu os pulmões com o ar fresco daquela manhã, permitindo-se sentir um pouco do clima bom que aquele dia lhe trouxera, além de seu bom humor. Era estranhamente formidável.
Quando passou os olhos pela a rua, pôde avistar algumas pessoas saindo de casa para trabalhar, crianças indo brincar ou somente aproveitar as férias de verão, — já que estavam nas duas últimas semanas; senhoras varrendo a frente de suas casas ou retornando da feira com sacolas de compras, por fim seu olhar pousou em seu pai na garagem que ficava em frente de sua casa, estranhou a presença dele aquele horário, ultimamente saia tão cedo para o trabalho que Savannah ao menos conseguia despedir-se.
Deu alguns passos até o encontro do homem e franziu o cenho, observando-o analisar o Mustang antigo desesperançoso, como se o veículo fosse um caso perdido. Apenas quando Savannah obteve um visão melhor do carro que entendeu o olhar de seu pai.
As laterais amassadas, o vidro do parabrisa quebrado, além de algumas manchas indicando um possível incêndio sobre o mesmo. Era realmente um caso perdido.
— Ele é seu? — quis saber já que nunca tinha o visto por ali, apenas a bicicleta, algumas ferramentas e peças.
O homem a olhou por um instante e assentiu a cabeça em seguida juntamente de um suspiro.
— É.
— O que aconteceu? — Savannah pôs a mochila em um banquinho ao lado e inclinou-se para visualizar o carro melhor.
— Não sei — estalou a língua e buscou um pano para limpar as mãos — Encontrei ele assim na base.
— Ninguém de lá viu quem fez isso?
O homem negou com a cabeça e bufou alto.
— Não. — sua boca torceu e Savannah observou ele massagear os punhos ligeiramente — As câmeras não registraram nada.
— Provável que tenha sido alguém da própria base.
— É... Então não vale a pena insistir nesse assunto — Savannah assentiu silenciosamente e cruzou os braços na altura do peito. Detestava ver seu pai daquele jeito, não era surpresa nenhuma que ele tivesse problemas no trabalho.
— Ele tem potencial — comentou ela analisando o motor por um instante. Han diria o mesmo assim que o visse, talvez pudesse pedir uma ajuda para ele, pensou vagamente — Posso te ajudar a consertá-lo. Como antigamente. — recordou-o fazendo o homem dirigir-lhe um sorriso agradável. Quando era criança tinha o costume de todos os domingos, — os que seu pai estava de folga, ajudá-lo a consertar o Mustang branco antigo dele, adicionar alguma coisa ou simplesmente lavá-lo. Aprenderá o básico sobre veículos com o homem, além de compartilhar a paixão por Mustang's.
— Por mim tudo bem. — consentiu batucando os dedos na lateral do carro — Contanto que não coloque Michael Jackson para tocar na caixa de som — brincou o homem fazendo Savannah revirar os olhos. Era uma espécie de hábito dos dois, antigamente quando iam para a garagem de sua casa em Los Angeles ajeitar o carro, escutavam um álbum inteiro do MJ enquanto passavam o dia concentrados na manutenção da máquina. Seu pai não curtia, ele preferia Prince, não porque gostava, mas porque era do contra quando o assunto era música.
Ela gostava de Pixies, ele preferia Sonic Youth, ela adorava a Björk, ele a achava excêntrica demais, ela tinha todos os cd's do Notorious B.I.G, ele... a contradição era que ele que não gostava de rap.
— Você nunca apreciou música boa, essa é a verdade — retorquiu Savannah dirigindo-lhe um olhar semicerrado e desafiador.
Ele cruzou os braços e balançou a cabeça.
— Você não está atrasada?
— E não sabe vencer uma discussão — agregou Savannah verificando o relógio em seu pulso e saindo da garagem rindo da feição de seu pai.
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— Ahh, vai ser difícil não ter mais você por aqui. — suspirou a senhora Hiroki desviando a atenção do buquê de orquídeas que ela preparava.
— Tsc... Nem começa, senhora Hiroki, desse jeito fica difícil pra mim — Savannah desceu do cavalete que dava-lhe um melhor acesso para repor algumas cerâmicas — Se não fosse o retorno das aulas, sabe que eu continuaria aqui, não é? — quis saber aproximando-se da mulher mais velha e segurando sua mão gentilmente — Mesmo que me desse um chute na bunda, eu só iria embora se soubesse que a senhora está em boas mãos.
— Sei disso, querida. Mas você tem razão... — ela bateu levemente em uma de suas mãos e olhou fixamente em seus olhos — Tem que seguir em frente! Não ficar parada no tempo aqui com essa velha tagarela.
— Essa velha tagarela como você se auto-xinga, é na verdade a mulher que mudou minha perspectiva em relação a muitas coisas. Nunca vou ser grata o suficiente por todos os seus conselhos e a grande ajuda que a senhora me deu ao permitir que vinhesse trabalhar aqui.
A mulher mais velha levantou a mão e Savannah jurou vê-la limpar uma rápida lágrima que rolou por sua bochecha, em seguida apenas lhe dirigiu sua típica carranca irônica e sem paciência:
— Não vou dar um aumento. — brincou arrancando uma risada da garota, que logo colocou-se de pé para continuar o trabalho:
— Bom, eu tentei. — devolveu em tom de brincadeira e voltou a subir no cavalete, retornando a organizar as cerâmicas de barro — Já é o sexto buquê que eu vejo a senhora fazendo... Alguma encomenda grande?
A senhora Hiroki analisou o ramalhete por um instante e ergueu o olhar através dos oclinhos meia-lua:
— Sim, para um casamento! O da sobrinha neta de uma colega. Essas aqui vão para a festa... — explicou dando uma última olhada e em seguida pondo com cuidado em uma das caixas de entrega junto dos outros buquês — E você quem vai fazer a entrega dessa vez, não confio naqueles palermas do carregamento, eles só sabem dirigir o caminhão, hunf... Nem sei porque eu pago eles para isso, você poderia fazer os dois facilmente.
Savannah desceu novamente o cavalete e deu tapinhas rápidos na salopete em que vestia, limpando qualquer resquício de terra ou planta que houvesse ali.
— Eu posso perder o emprego se tentar desviar algum salgadinho ou docinho da festa? — quis saber Savy com um sorriso divertido no rosto ao que escutou a buzina do caminhão de entrega na frente da loja.
— Se a Aimi não mandar salgadinho e docinho pra nós duas, você pode pegar os buquês e dar meia volta de lá — respondeu entregando-lhe a caixa com os buquês de orquídeas.
— Fechado. — contrapôs saindo com a caixa da loja e embarcando no caminho com os outros dois rapazes.
❏ ❐ ❑ ❒❏ ❐ ❑ ❒
Já se passavam das cinco da tarde quando o caminhão de entregas estacionou em frente a loja da senhora Hiroki. A entrega dos ramalhetes e arranjos de orquídeas havia dado certo, na realidade mais do que certo. Savannah nunca tinha visto decoração mais linda do que a daquele casamento. Uma tenda enorme em um majestoso e bem cuidado jardim era o ponto principal da festa, para chegar até lá era necessário passar por um caminho cheio de pisca pisca, — ela tomou um certo cuidado para não pisar e estragar nada por ali. Se houvesse mais câmeras e quem sabe um chilique da família da noiva, Savannah diria que estava participando de um daqueles realities de casamento estonteantes que passava na tv a cabo.
O peso invisível que caia sob suas costas era fruto do movimento de tirar inúmeras caixas de dentro do caminhão de entregas, — este que já estava um pouco mais distante do local da festa para não estragar o gramado. Seus pés doíam e formigavam, talvez optasse por pedir um táxi para voltar para casa, pois imaginava o pior se fosse pegar o metrô.
Savannah acenou para os homens que trabalhavam na entrega e descarregamento. E entrou na loja segurando alguns docinhos e salgadinhos dentro de uma bonita sacolinha de lembrança que a Aimi, amiga da senhora Hiroki havia mandado para ela. Savy não precisou desviar guloseima alguma do buffet, a tal tia-avó da noiva parecia conhecer muito bem a dona da floricultura e já tinha separado um mimo para ela e os funcionários.
A primeira parte do estabelecimento não tinha ninguém, e apenas uma das quatro luzes estava acesa. A garota deduziu que a mulher estivesse na parte da estufa, talvez preparando mais alguma encomenda para entregar cedo no outro dia, já que o expediente havia chegado ao fim.
— Senhora Hiroki? — chamou Savannah atravessando a estufa em passos calmos até que a avistou sentada atrás do balcão escrevendo alguma coisa.
— Então como foi? — quis saber com uma feição cheia de expectativas.
— Tudo lindo. Os arranjos de orquídeas combinaram demais com a decoração, e melhor do que isso... — colocou a sacola com os docinhos em cima do balcão.
— Ah que maravilha! Estava mesmo com vontade de comer alguma coisa doce — animou-se vasculhando a sacola com a curiosidade e animação de uma criança.
— E eu vou buscar minha bolsa para meter o pé — exclamou Savannah esticando as costas e caminhando em direção a despensa em que guardava suas coisas.
Assim que conferiu o celular, a carteira e algumas outras coisas na bolsa, a garota escutou do lado de fora do quartinho uma segunda voz se juntar com a da senhora Hiroki, pensou que fosse algum cliente mas com o decorrer da conversa descartou a possibilidade.
— Eu já estou fechando a loja, tenha calma, sabe que eu detesto quando me apressam. — exasperou a voz carrancuda da senhora Hiroki.
— É o ritual de inicialização do Koichi, obaasan, não podemos nos atrasar. — devolveu uma voz masculina familiar em um tom impaciente.
Savannah colocou a bolsa nas costas e abriu a portinha da despensa, saindo dali silenciosamente sentindo-se uma intrusa. No mesmo instante seu olhar disparou para o suposto desconhecido de voz familiar, já que a curiosidade falou um pouco mais alto.
No segundo em que seus olhos se cruzaram ela sentiu o estômago, despencar, embrulhar e gelar, não sabia a palavra certa, talvez fosse tudo aquilo em uma mistura esquisita e desagradável. Seus punhos se fecharam fortemente para a figura ali encostada no balcão. Já ele crispou os lábios e adotou uma postura defensiva.
Era DK.
˚·*'' to be continued ༻
Dicionário
☞ Obaasan: Avó.
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