Depois que Frigga morreu, Thor havia ficado desnorteado. Uma parte grande e importante de sua vida havia ido embora, e ele não sabia como continuar. Sem um plano, sem ao menos uma breve noção do que fazer, Thor resolveu voltar à Terra, tentando se ocupar e tentar viver um pouco longe das confusões de Asgard. Claro, que a Terra também estava cheia de confusões, mas, ao lado dos Vingadores ele sabia que podia resolvê-las. Durante alguns anos Thor conseguiu viver bem. Ele havia se apaixonado, achado sua cara metade, a Nova iorquina, Ashely.
O amor dos dois foi algo inesperado, mais forte quanto qualquer outro amor verdadeiro, e o resultado disso foi um bebê, o fruto do amor deles.

Thor havia tido uma linda menina, a pequena princesa, Sn. Quando a menina nasceu, o Deus estava nas nuvens, ele não poderia estar mais feliz, ele havia tido sua herdeira, sua princesa, o fruto do amor mais puro do mundo. Durante os primeiros meses da vida de Sn, Thor esteve lá, como o pai babão e protetor que todos sabiam que ele seria. Mas, como tudo na vida, não durou muito. O Deus teve que ir embora de Midgard, para cumprir com seus deveres para com Asgard. O que pareceu que seria uma pequena viagem de alguns dias, acabou se tornando dois anos, o que se formou em mais cinco.

Thor havia partido de Midgard para desmascarar seu irmão trapaceiro, e ambos acabaram voltando a Terra momentaneamente para achar Odin, o que havia sido um fracasso, já que Loki deixou o pai de todos em um asilo que acabou sendo demolido. O resultado disso foi o encontro dos deuses e o Doutor estranho. Depois de conseguir achar Odin, eles descobriram sobre uma irmã perdida, a Deusa da morte. Tudo ocorreu muito rápido, e Thor não teve chances de se despedir de novo de sua família.

Tudo ocorreu muito depressa, Loki e Thor acabaram indo parar em Sakaar, conhecendo a Valquíria e encontrando Bruce Banner e depois voltando para Asgard para destruir Hela -- a irmã que ambos não sabiam que tinha --, o que pareceu ter dado certo, até o titã Thanos vir e acabar com tudo. Thor se viu sem sua mãe, seu pai, seu irmão e sem seu povo e mais importante, sem sua filha e sua esposa. Apenas vagando pelo espaço, até que ele encontrou os guardiões da galáxia.

Depois disso tudo ficou mais complicado ainda. Tiveram confrontos, batalhas, perdas, aliança, um blip que eliminou metade de todo o universo. Cinco anos se passaram com a metade do universo que sobrou sentindo falta daqueles que tinham ido. Thor havia se perdido em sua própria tristeza e seu luto, deixando assim de ir atrás de sua esposa e sua filha. Com a possibilidade de matar Thanos e trazer todos de volta, Thor hesitou um pouco, mas, por todos aqueles que morreram por ele, o Deus aceitou.

Por outro lado, enquanto o Deus do trovão lutava junto com os vingadores, sua filha completava doze anos e ela não podia sentir mais falta de seu pai do que no dia de seu aniversário. Durante doze anos, Sn se viu apenas com sua mãe, que tentava e se desdobrava de todas as maneiras possíveis para deixar sua filha feliz e bem, por doze anos ela se perguntava onde seu pai estaria naquele momento, ela se perguntava se ele estava bem, se ele pensava nela ou se ainda sabia quem ela era.

Sn tem apenas doze anos, mas é uma menina extremamente madura para sua idade. Com a ausência de seu pai, todas as noites ela escrevia uma carta para ele e a guardava em uma latinha de metal especial que ela deixava no fundo do seu guarda-roupa. Esta noite em especial, no seu aniversário, ele resolveu fazer uma cosia que havia visto em quase todos os filmes da disney, que ela tanto adorava, já que eles faziam ela se imaginar vivendo em Asgard, como a princesa que ela é.

A garota pegou o porta retrato em cima de sua mesa de cabeceira, a foto era uma das únicas em que ela estava juntamente com seu pai e sua mãe. Sn era um pequeno bebê, que nem se lembra daquele dia, Thor a segurava como se ela fosse uma pena, de tão leve e pequenina que ela era, a mãe da menina estava ao lado de Thor, ambos sorrindo. Com a foto em mãos ela abriu a janela de seu quarto e se acomodou em sua cama, olhando para a lua enquanto acariciava o porta retrato. Sua mãe estava dormindo, o que a deixou um pouco mais tranquila em demonstrar aquilo que se passava em seu coração.

Algumas lágrimas começaram a cair devagar em suas bochechas, deixando sua visão um pouco embaçada, mas, ainda sim ela conseguia ver com clareza a foto de seu pai. Mesmo não tendo o conhecido de verdade, Sn ficava feliz por compartilhar dos cabelos dourados e os olhos azuis de seu pai. Mas, seu coração ainda sentia um vazio ao sentir toda a falta que ele faz a ela.

─── Como você pode sentir à falta de alguém que nunca conheceu? ─── Ela sussurrou acariciando a foto.

─── Aqui, segura a minha mão. ─── uma voz rouca soou atrás dela a fazendo se virar rapidamente, vendo o quarto vazio atrás dela.

No fundo, ela acreditou por alguns segundos que tinham alguém ali com ela, mais precisamente seu pai, seu herói que ela jamais pode conhecer, mas ela sabia que aquilo não se passava de peças que sua mente insistia em pregar nela, ou talvez seja apenas a maneira que seu coração achou para que ela pudesse lidar com tudo isso.

─── Onde esta, meu pai? Porque eu preciso de você agora, mas eu nem te conheço. ─── Ela chorou.

─── Eu sei que a vida as vezes é muito dura...─── a voz soou atrás dela de novo, uma voz baixa e aveludada.

─── Você pode me encontrar logo? ─── um lampejo de esperança se ascendeu no fundo do coração de Sn. ─── Porque estou perdida, pai.─── As lágrimas começaram a cair em maior quantidade.

─── Vai ficar tudo bem...─── a voz assegurou, desta vez mais mansa.

─── Eu preciso de você agora, mas, eu nem te conheço. - Ela disse com a voz baixa. - E isso dói. - Ela chorou mais ainda ao sentir um aperto em seu coração.

─── Sei que não me conhece ainda, mas, não desisti de você e nunca irei desistir.

─── Sn? ─── a voz hesitante de sua mãe ecoou quanto a porta do quarto da menina foi aberta suavemente.

─── Mãe..─── a menina sussurrou se jogando no colo de sua mãe. -- como eu posso sentir falta de alguém que eu nunca vi?

─── Eu sei que dói, querida, mas ele virá, tenha fé.─── A mulher acariciou os cabelos da filha.

─── Eu pedi que ele estivesse aqui quando soprei as velinhas do meu bolo, pedi a estrela cadente no mês passado que trouxessem papai para casa, eu pedi aquela estrela brilhante que o trouxesse, por que ele não vem para casa, Mãe?

Oh minha pequena...- Ashley não sabia o que dizer, não sabia direito o que fazer com sua filha. Era difícil para a mulher ficar sem seu marido, mas ela teve muito mais tempo com ele do que a pequena Sn, que mal faz ideia de como seu pai era.

A mulher acolheu Sn em seus braços, a prendendo mais forte contra si, a deixando segura em seu peito, o máximo que ela poderia fazer agora era abraça-la, deixa-la segura em seus braços, porque ela sabia que mesmo ela querendo de todo o seu coração o seu marido de volta, ela não tinham poder algum para trazê-lo de volta e o que mais doía era ver sua querida filha sofrendo com a ausência do pai.

(...)

A noite anterior havia sido muito difícil. O pequeno e puro coração de Sn estava quebrado e machucado, A falta que seu pai fazia, a machucava todos os dias. Ashley sofreu muito por ver sua filha chorando de tão mal por não ter seu pai ao seu lado, a mulher se sentia impotente, o que de certa forma é verdade, já que ela não pode trazer ele de volta.

Esta manhã, pós aniversario de Sn, Ashley decidiu fazer com que o dia de sua filha fosse especial, mesmo sabendo que Sn nunca pararia de sentir falta de seu pai. Ashley esperava que um dia divertido descontraísse e animasse Sn. Mesmo sabendo que isso não mudaria os fatos, não traria Thor e nem suprisse o papel de pai que ele tinha, a mulher esperava ver ao menos um sorriso no rosto de sua filha.

─── Sn! Vem comer! ─── A mulher gritou da cozinha.

─── Estou descendo, Mãe! ─── Sn gritou descendo as escadas correndo.

─── Cuidado para não se machucar, querida.─── A mulher sorriu, um pouco mais animada em saber que Sn estava começando a voltar ao pique de antes.

─── Estou aqui! ─── A menina disse ofegante enquanto parava na porta da cozinha com um caderno e uma caneta na mão.

─── Aqui, Panquecas de chocolate com calda de chocolate.─── A mulher sorriu colocando o prato em cima da mesa no centro da cozinha.

─── Hoje é feriado ou algum dia especial? ─── A menina perguntou colocando seu caderno em cima da mesa e se sentando.

─── Não, querida. Por quê? ─── Ela indagou pegando a jarra de suco de laranja na geladeira.

─── Sempre comemos panquecas de chocolate em dias especiais ou quando eu não tenho aula e você não tem trabalho.─── A menina disse enquanto cortava um pedaço de suas panquecas.

─── Bem, devido ao dia de ontem não ter saído como o planejado, iremos fazer com que hoje seja melhor tudo bem? ─── A mulher sorriu colocando um copo de suco na frente de Sn.

─── Tudo bem, Mãe.─── A menina sorriu com a boca cheia de chocolate, fazendo sua mãe rir.

─── O que está escrevendo desta vez? ───Ashley indagou apontando para o caderno ao lado da garota.

─── Ah só mais uma carta pro papai.─── A menina sorriu.

─── Logo Logo você poderá entregar todas essas cartas para o seu pai querida, não se preocupe, tudo dará certo.─── Ashley deu um beijo na cabeça de sua filha e sorriu.

(...)

─── Vamos mamãe, a feira de livros é daquele lado.─── Sn puxava sua mãe pelo braço enquanto ambas caminhavam para o lado do parque em que estava ocorrendo a feira da livros que Sn tanto esperava.

─── Calma, Sn estou tentando pegar sua lista na minha bolsa.─── Ashley ria enquanto sua mão direita caçava sem parar o pedaço de papel dentro de sua bolsa a lista de livros de Sn e sua mão esquerda era puxada pela garota.

─── A feira é logo ali! ─── Sn apontou animada para o meio do parque onde tinha uma grande tenda cheia de diversas mesas onde tinham diversos livros de diversos gêneros espalhados.

─── Ok, pare de correr um pouco, eu não consigo encontrar a lista. ─── Ashley disse sorrindo porém ofegante.

As duas pararam de correr enquanto Ashley voltava sua atenção para sua bolsa onde procurava a lista de Sn. A mulher praguejava em sua cabeça sem parar, ontem Sn teve um péssimo aniversario e não poderia de forma alguma perder a lista de livros que Sn tanto queria. Ashley não conseguia trazer Thor de volta e não se perdoaria se perdesse a lista de Sn.

Depois de tirar quase tudo de sua bolsa, Ashley finalmente havia achado a lista de Sn que estava dobrada dentro de um envelope, A mulher sorriu assim que pegou o papel em mãos.

─── Achei, querida! ─── A mulher exclamou animada erguendo o papel.

─── Mamãe, não é o tio Steve vindo com um homem ali? ─── Indagou a menina segurando a mão de sua mãe.

─── Acho que é ele sim, querida.

As duas começaram a caminhar na direção dos dois homens. A cada passo que as duas davam elas se aproximavam mais dos homens, deixando os rostos deles mais evidentes. Quando Ashley estava há poucos metros dos dois ela parou. Seu coração estava acelerado. Suas mãos estavam suando e seu peito se apertava. Ela estava sonhando ou aquilo era real? Era o seu marido que estava ali ao lado de Steve Rogers?

Não, não podia ser, esse homem tem cabelo curto, Thor nunca cortaria seu cabelo ou cortaria? Poderia ser ele? Sn poderia finalmente conhecer seu pai?

─── Mãe? ───Sn apertou a mão de sua mãe, preocupada com o jeito que ela parou de repente.

─── Sua mãe está bem? ─── Indagou Steve se aproximando sozinho, deixando o homem alguns passos para trás.

─── Eu não sei, ela só parou. ───Sn informou.

─── Steve, por favor, me diz que seu amigo não é quem estou pensado. ─── ela implorou segurando a mão do Capitão.

Steve sorriu olhando para baixo.

─── Acho melhor você ir falar com seu pai, Sn.─── O loiro sorriu para a garota enquanto abraçava Ashley que estava emocionada.

─── Eu acho que não entendi.─── A menina balançou a cabeça confusa.

─── Ele está bem ali.─── Steve apontou para o homem parado um pouco a frente deles.

─── é ele? ─── A menina perguntou com os olhos marejados e Steve assentiu.

Sem poder esperar mais, Sn correu, tão rápido quanto ela podia. Em menos de vinte segundos ela havia se jogado nos braços de seu pai, que a pegou com a maior delicadeza que seus braços fortes podiam. Thor estava chorando como uma criança. Há muitos anos atrás ele havia a pegado no colo pela ultima vez, ela era apenas um bebê, um pequeno brotinho como ele costumava dizer. E agora ela é a linda princesinha que ele sempre sonhou.

─── Sn? ─── Ele perguntou acariciando os cabelos loiros dela.

─── Pai?─── ela sorriu.

─── Me desculpe, querida. ───Thor se abaixou com olhos marejados.─── Eu tenho tentado fazer isso direito, mas eu me perdi um pouco, eu tenho vivido uma vida solitária, mas agora eu estou aqui.─── ele sorriu acariciando o cabelo dela.

─── Thor...─── Ashley o chamou baixo.

─── Minha rainha... ───ele sorriu pegando Sn no colo e caminhando até sua esposa, deixando um selar em seus lábios. ─── Eu pertenço a você...

─── E eu pertenço a você...─── Ashley sorriu,

─── E eu? ─── A garota protestou.

─── Você é a minha doce amada.─── Ele deu um beijo na bochecha dela.