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𝗶𝗶. 𝘴𝘦𝘹𝘺

Margaret sentiu que o tempo passou voando desde o primeiro dia de aula. Curiosamente, a sua superstição parecia estar errada, pois tudo estava normal e no caminho certo, pelo menos as coisas no teatro e na escola estavam do jeito que ela desejava. No primeiro mês de aula a Larusso recebeu a notícia de que ela seria a Cady no próximo musical, o qual aconteceria apenas no segundo semestre devido ao pouco investimento no teatro do colégio. Com o papel principal, os ensaios aumentaram e a pressão também, transformando os seus dias em ensaios e estudos para não repetir de ano. Ela estava feliz e a sua família também, o que era mais importante do que qualquer coisa.

E, assim como nos outros dias, Margaret e Avery fecharam as portas do teatro depois do ensaio, se despedindo de todo o pequeno grupo, o que era uma meia verdade, pois o teatro do colégio era composto por mais de 10 adolescentes, além da professora deles, Srta. Reed, uma mulher de trinta anos que encontrou a si mesma nas coxias do teatro na própria adolescência. Todos tinham uma ótima relação, mas ─ como qualquer grupo adolescente ─ todos tinham os seus próprios grupos ou duplas. No final do dia o palco era para eles o que o futebol era para um senhor de idade no fim de semana de superbowl.

─ Por que eu sinto que estou esquecendo algo? - Divagou Avery, roendo as unhas ansiosa, encostando o corpo nos outros armários.

─ Porque você sempre está esquecendo algo, Vee. - Ergueu uma sobrancelha na direção dela. - Sua sorte é que a sua cabeça é grudada no seu pescoço. - Apontou, em seguida vasculhando o próprio armário com as mãos.

─ Felizmente, isso é verdade. - Franziu o nariz, escutando a risada baixa de Margaret que fechou o armário depois de guardar os livros. - Você quer carona hoje? Meu pai vai vim me buscar e ele pode deixar a gente na nossa cafeteria favorita. - Propôs a Darling, deixando um sorriso animado surgir em seus lábios ao entrelaçar o próprio braço com o da Larusso.

─ Eu só vou aceitar porque estou morrendo de vontade de provar o novo café gelado deles. - Mexeu os ombros animada, jogando a cabeça para atrás enquanto as duas andavam pelos corredores.

─ Ei, Avery! - Alguém gritou, fazendo as duas olharam para trás e olharem dois garotos andando na direção delas, um deles segurava algo nas mãos. - Você esqueceu o seu estojo no laboratório. - Ergueu o objeto para a Darling, que soltou um murmúrio baixo ao reconhecê-lo.

─ Eu sabia que tinha esquecido algo. - Disse, incerta ao pegar o objeto sem saber era aquilo que havia esquecido. - Obrigada, Demetri! - Sorriu doce, sentindo as suas bochechas esquentarem quando o mesmo sorriu de volta, o que fez a Larusso lembrar do garoto.

─ Ah, então você é o novo parceiro de laboratório dela? - Olhou para a amiga provocativa, fazendo ela arregalar os olhos. - Boa sorte, cara, ela quase queimou o meu cabelo. - Fingiu contar um segredo, colocando a mão do lado da boca e apontando para a morena enquanto olhava para o Alexopoulos.

─ Que mentira, Margaret Larusso! O fogo nem chegou a relar em um fio ruivo do seu cabelo. - Bateu o pé incrédula, sua boca abriu mais ao ver a amiga dar de ombros rindo.

─ Espera, teve um fogo? - Demetri olhou espantado para a Darling, que gaguejou ao tentar explicar o que aconteceu.

─ Só se for o da... - Avery tapou a boca da amiga, arregalando os olhos desesperada.

─ Foi controlado pelo professor. - Assumiu a culpa, dando um sorriso amarelo enquanto soltava a Larusso aos poucos, ouvindo a risada baixa da mesma.

─ Ah, isso acontece com todo mundo. - O amigo de Demetri falou pela primeira vez, soando muito empático ao tentar fazer Avery se sentir melhor.

─ Exatamente! Muito obrigada, Eli, você me entende. - A Darling exclamou com um sorriso enorme nos lábios. - Enfim, vocês vão no baile de halloween? - Perguntou, juntando as mãos de forma animada intercalando o olhar entre eles.

─ Bom, a nossa presença é muito requisitada e eu consegui tirar um tempo da minha agenda lotada. - Demetri disse, exagerando na personificação e arrancando risadas das duas. - É claro que nós vamos. E o Miguel, não posso esquecer dele.

─ Quem é... - O nome deixou Margaret curiosa, como se o som fosse familiar para os seus ouvidos, mas ela nunca conheceu alguém com esse nome.

─ Ah, meu deus! Eu esqueci de trancar a porta da sala de figurinos, e aquele maluco do Tyler deve estar bisbilhotando as roupas da Mary outra vez. - Avery arregalou os olhos, segurando o braço da amiga quando lembrou o que estava esquecendo. - Temos que ir, até mais, garotos!

Margaret nem teve tempo de se despedir ou escutar a resposta dos dois quando Avery puxou ela pelo braço na direção oposta deles. Ela permaneceu quieta, prendendo a risada que queria escapar ao notar o rosto culpado e envergonhado da amiga, mesmo sem escutar dela mesma, a Larusso entendeu o que a Darling estava pensando ao puxá-la por dois corredores em silêncio.

─ A porta estava fechada. - Margaret soltou, parando abruptamente ao virarem na primeira curva, notando a amiga abrir a boca, mas não falar nada ao soltá-la. - Fui eu que fechei, Avery, acha que eu sou burra?! Meu deus, você está caidinha pelo menino do laboratório. - Deu um sorriso largo enquanto dava pulinho animados.

─ Calma lá, Mae, não é bem assim. - Tentou esconder, mais aos poucos o canto da sua boca subiu em um sorriso envergonhado, fazendo a Larusso soltar um gritinho animado.

─ Eu sabia! Você não consegue esconder nada de mim. - Riu alto, deixando a Darling mais envergonhada.

─ Tudo bem, você me conhece muito bem, mas agora vamos embora, por favor. - Implorou, juntando as mãos e olhando para a amiga com "olhos de cachorrinho".

─ Vamos logo, srta. "ele é só meu parceiro de laboratório". - Zombou segurando a risada, fazendo a outra revirar os olhos antes de juntarem os seus braços para caminharem até a entrada do colégio.

No outro corredor, Eli e Demetri se entreolharam por longos minutos sem saber o que fazer com a saída inesperada das duas. Claro que eles não estavam acostumados em conversas com qualquer garota, então tudo era novo e ainda mais vergonhoso, principalmente por causa da quedinha que Demetri possuía quase secretamente por Avery. Ele não podia se segurar quando era recebido por ela com sorrisos doces e olhares amigáveis como os de cinema.

─ Ei, o que aconteceu? Quem era aquela garota? - Miguel apareceu entre os dois, olhando para cada um com os olhos confusos antes de olhar na direção que as duas correram.

─ Ah, o vulto rosa foi a minha colega de laboratório fugindo de mim como se eu fosse uma praga. - Demetri balançou os braços antes de soltar os ombros decepcionado. - O que é muito estranho considerando que ela é a pessoa mais querida que eu conheço, e não é só porque o sobrenome dela...

─ Não, cara! Eu tava falando da outra. - O Diaz interrompeu o amigo, que pareceu não se importar por estar muito focado em entender a atitude da Darling.

─ Margaret Larusso. - A voz de Eli se fez presente, chamando a atenção dele. - Ela é a estrela do teatro do colégio, e irmã de uma das populares. - Explicou brevemente, tentando soar desinteressado ao ver o semblante curioso do amigo.

Ele pensou ter a conhecido antes, um sentimento tão velho e muito bom quanto um vinho esquecido no fundo do armário. "Margaret" soava familiar para ele.

─ Será que eu fiz alguma besteira? - Demetri perguntou com os olhos arregalados, fazendo Eli e Miguel olharem para ele de forma compreensível, e logo o Diaz colocou a mão no ombro dele em apoio.

─ Claro que não! Você é o cara.

• • •

─ Pera, você que não quer se fantasiar ou a Yasmine não deixou? - Margaret questionou, soando levemente ácida ao olhar a irmã com a sobrancelha arqueada.

Depois de passar a tarde no shopping com Avery e provar o café gelado que queriam, o qual ambas prometeram comprar toda vez que voltarem no estabelecimento, a Larusso voltou para a casa antes do jantar, pois nunca perdia uma oportunidade de comer com a sua família.

─ Eu me sinto mal pela Aisha, mas também não quero me fantasiar de composto molecular. - Sam se explicou com uma careta no rosto.

─ Não, eu te entendo, mas só porque não vão com a mesma fantasia não significa que não possam se encontrar no baile. - A mãe delas deu a ideia quando parou de comer, fazendo Sam mexer a cabeça concordando. - E você, querida? Vai se fantasiar do que? - Olhou para Margaret, que soltou o garfo no prato animada.

─ Eu tive tantas ideias! - Exclamou com os olhos arregalados, tirando um sorriso da mulher. - Mas, devido a minha obsessão quase secreta por Star Wars, decidi me fantasiar de Padme. - Sorriu ansiosa.

─ Ah, você definitivamente vai arrasar! - Amanda elogiou a filha, que abriu mais o sorriso e voltou a comer.

─ Falando em baile, recebi um e-mail da escola. Estão procurando ajudantes e pareciam desesperados. - Daniel soltou de maneira inesperada.

─ Não é para menos. Quem quer passar a sexta em um ginásio suado? - Amanda zombou, tirando uma risada dos filhos.

─ Você se livrou. Eu disse que eu iria.

As gêmeas pensaram que escutaram algo errado, ou foi um projeção da mente delas as palavras que escaparam da boca do mais velho. Porém, no momento em que se olharam com os olhos arregalados, elas sabiam que o universo não estava a favor delas. Não que Margaret tivesse algo à esconder, mas ter o próprio pai no seu primeiro baile de halloween era ─ definitivamente ─ embaraçoso.

─ Como assim? - Mae olhou para ele incrédula ao mesmo tempo em que Sam soltava o seu garfo no prato.

─ O quê? A conselheira Blatt e eu somos velhos amigos. Não podia deixá-la na mão. - Se explicou fingindo ser inocente, mas todos sabiam que o motivo da sua ida ao baile tinha nome e sobrenome.

Kyler Parker. Ah, Margaret nunca o odiou como agora!

─ Mãe?! - Sam olhou para a mulher em busca de ajuda, fazendo a mesma suspirar antes de olhar para o marido.

─ Vamos, Daniel. Você gostaria que um dos seus pais fosse no seu baile? - Ela perguntou sincera.

─ Minha mãe me levava a encontros. - O marido dela retrucou.

─ Sim? E como era? - Olhou para ele de forma sarcástica, fazendo o mesmo mexer a cabeça em negação.

─ Não é justo. - Sam reclamou cruzando os braços, enquanto Mae deitava a cabeça do lado do prato decepcionada.

─ Nem vai me ver. Serei um fantasma. - Daniel tentou melhorar o seu lado.

─ Fantasmas são chatos. - Anthony comentou do seu jeito despreocupado, totalmente focado na comida.

─ Nem todos. "Fantasma da opera" é um filme muito legal, você só não tem idade pra descobrir. - Margaret levantou o rosto para responder o irmão, que deu de ombros sem se importar.

─ Não estou falando da fantasia, é só uma expressão. - Daniel disse para o filho, voltando a atenção para as duas adolescentes.

─ Prometa que não vai nos envergonhar. - Sam pediu, desistindo de convencer ele a não ir.

─ E que não vai dançar. Por favor, eu te imploro. - Mae completou o pedido, juntando as mãos na frente do corpo.

─ Eu prometo não envergonhar vocês. - Afirmou para as duas, olhando para Margaret de maneira divertida. - Mas a dança eu não posso prometer. - Apontou na direção dela com o garfo, voltando a comer orgulhoso da própria resposta.

─ Tem certeza? Na última festa da empresa o Anoush achou que você tava engasgando e quase chamou a ambulância. - Margaret contou, imitando a feição do pai, fazendo todos ─ menos ele ─ soltarem risadas altas com a memória.

─ Ah, então é assim, espertinha? - Olhou para a filha do meio com as sobrancelhas arqueadas, quase a desafiando pelo olhar. - Vem cá, vou te mostrar que eu sei dançar!

Daniel levantou erguendo as mangas da camiseta social que usava no trabalho, andando rapidamente até um rádio antigo deixado em um dos armários da cozinha, sendo seguido pelos "nãos" que Margaret murmurava com os olhos arregalados, o que aumentou as risadas dos três espectadores e a vontade do Larusso para provar o seu talento. O mais velho estendeu a mão para a garoto, que olhou para ele incrédula, mas aceitou depois de um pequeno empurranzinho da mãe, fazendo-a levantar com um sorriso escondido atrás das reclamações.

─ Cuidado com o meu pé, eu fiz a unha ontem. - Ela pediu, olhando para os pés descalços ao mesmo tempo que o pai a levava até o espaço livre entre a cozinha e a sala de estar.

─ Eu vou pegar a câmera. - Amanda exclamou, achando a cena cômica e engraçada, mas não perdeu a chance de levantar e ir o mais rápido possível no quarto para pegar o aparelho.

Quando ela voltou, Daniel e Margaret estavam prestes a cair no chão por não aguentarem as gargalhadas que soltavam a cada passo improvisado do mais velho, sendo acompanhado pelas risadas de Anthony e Sam, que logo foram puxados para a "pista de dança" improvisada ao som de Billy Joel. As gêmeas pulavam em volta de Anthony com sorrisos largos e calorosos ao juntarem as mãos e rodarem repetidas vezes sobre o olhar julgador do mais novo. Daniel estendeu a mão para a esposa, que aceitou a gentileza ao deixar a câmera na mesa ─ onde o jantar esfriava ─ para ir dançar com a família.

Era um momento simples que ficaria na memória de todos eternamente, pois as pessoas presentes valiam muito mais do que a experiência em si, e isso sempre foi mais importante para os Larusso's, pois a família sempre vem em primeiro lugar.

• • •

─ Você prefere a saia rosa ou a cinza? - Avery perguntou indecisa, encarando o próprio reflexo no espelho dourado enquanto trocava as peças de roupa na frente do corpo para decidir.

Depois de anos esperando o primeiro baile do colegial, o dia finalmente chegou, deixando as adolescentes nervosas e com o estômago revirado pela ansiedade. Como prometeram antigamente, Avery e Margaret estavam no quarto da Darling se arrumando para a noite especial, ou apenas bagunçando o cômodo. A cama com lençóis rosas e bichinhos de pelúcia estava coberta de peças de roupa, e a penteadeira dourada ─ combinando com o espelho ─ tinha diversos produtos de beleza e aparelhos para arrumar o cabelo de ambas.

─ Do que você vai mesmo? - Margaret devolveu a pergunta, metade do seu corpo estava deitado na cama, mas sua cabeça estava para fora e de cabeça para baixo, a visão invertida da amiga fez ela soltar uma risada baixa.

─ "Eu sou um rato, duh!" - Mencionou a fala de Karen no filme "Meninas malvadas", virando de forma dramática para jogar as orelhas da fantasia na barriga da melhor amiga, que reclamou antes de se ajeitar entre a bagunça.

Avery estava dando o seu máximo aquela noite, tudo para causar uma boa impressão para o comitê das festa, pois aquela noite foi a primeira que ajudou a decorar. Todo ano, pelo menos um membro do teatro, participava dos comitês, e claro que a Darling sabia que ninguém ─ principalmente Margaret ─ iriam querer participar, então aceitou de última hora o pedido.

─ É muito "Karen" da sua parte interpretar ela e mesmo assim se fantasiar dela no halloween. - A Larusso brincou, passando a mão no tecido branco da sua fantasia, tentando tirar os pequenos amassados.

Sua fantasia era simples, apenas uma saia branca e um cropped da mesma cor, os acessórios e "armas" eram dos seus irmãos, o que facilitou a sua busca pela fantasia perfeita para o baile. Ela tentou imitar os penteados da personagem, mas depois de quase arrancar metade dos fios da sua cabeça, a adolescente desistiu e deixou ele solto com algumas flores brancas para decorar.

─ Eu posso dizer o mesmo sobre você. Cady definitivamente gosta de Star Wars e outras coisas de Nerd. - Disse com o olhar preso no espelho, decidindo usar a saia rosa, fazendo ela jogar a outra no chão antes de ir colocar a outra peça. - Você e o Demetri iam se dar bem, ele adora essas coisas. - Comentou em um tom mais alto de dentro do banheiro, para que a Larusso escutasse enquanto brincava com um ursinho branco ainda deitada na cama.

─ Você também gosta, ou acha que eu esqueci do seu surto quando maratonamos a saga? - Perguntou de forma sarcástica, olhando para a porta do outro cômodo, vendo a cabeça da amiga para fora com uma careta de surpresa.

─ Eu sabia que você ia usar isso contra mim algum dia! - Exclamou com a boca aberta, arrancando uma risada alta da morena. - Só fiquei em choque ao descobrir que ele matou ela, porque você me jurou que eles eram almas gêmeas. - Acusou, voltando a atenção para a sua transformação.

─ Nunca dê ouvidos a alguém que não acredita em amor verdadeiro, Darling. - Margaret zombou, jogando a cabeça no travesseiro e deixando o ursinho encima da sua barriga. - Mas de um jeito estranho eu ainda acho que eles eram almas gêmeas, apenas tomaram rumos diferentes. Talvez em outro universo ele se arrependeu e voltou atrás por ela. - Disse de forma melancólica ao encarar o teto cheio de estrelas.

Margaret podia passar horas divagando sobre as diversas camadas sobre a relação de Padme e Anakin. Para alguém com problemas em aceitar o amor, ver o quão destrutivo ele pode ser quando alcança uma intensidade que muitos não sabem lidar, é ─ no mínimo ─ assustador. E pensar nas possibilidades de existir um universo onde ambos conseguiram se resolver e acabar juntos e ─ o mais importante ─ vivos, era uma forma de tranquilizar o seu próprio coração de que até mesmo alguém cruel conseguiria arranjar um amor verdadeiro.

─ Guarda toda essa emoção para quando fomos ensaiar semana que vem. - Avery pediu de maneira cômica, saindo do banheiro enquanto ajeitava o próprio cabelo. - O que você achou? - Perguntou ansiosa, dando uma voltinha para a Larusso analisar.

Como no filme, Avery se inspirou na letra "K" ao contrário e nas orelhas de rato, mudando apenas as roupas para uma regata branca e uma saia rosa, que simbolizava as cores do filme. Se não fosse a vida social quase inexistente, Margaret diria que a Darling conseguiria arrancar a coroa das populares do colégio apenas com a sua aparência.

─ Você está deslumbrante! - Elogiou com um sorriso doce nos lábios, fazendo a amiga retribuir tímida, dando alguns pulinhos para aliviar a ansiedade. - O que a sua cabeça brilhante tá pensando, hein? - Questionou ao vê-la bufar discretamente quando se olhou no espelho.

─ Tô nervosa com o baile, ele pode definir o resto do nosso ensino médio. Tudo tem que estar perfeito. - Reclamou com uma careta, passando os olhos pelas suas roupas outra vez, parando para ajeitar uma das pedrinhas em seu colo.

─ Perfeição é um erro. Então se você começa querendo alcançar ela, você já começa errando. - Margaret disse, mudando a própria voz para tentar parecer um homem velho e sábio, causando em uma crise de risadas nas duas.

─ Jesus, você quase invocou um demônio com essa voz. - Avery murmurou entre as risadas, indo até a Larusso, que levantava da cama com um sorriso travesso.

─ Bom, pelo menos a intenção foi boa. - Deu de ombros, soltando uma risada baixa ao agachar para pegar o seu tênis na própria mochila.

─ Realmente foi. - Ela sorriu para a amiga, pegando a própria bolsa enquanto a oura calçava os sapatos, ambas ficando prontas juntas em segundos.

─ Pronta? - A Larusso perguntou, suspirando para afastar a ansiedade antes de abrir a porta do quarto da Darling, que estava logo atrás dela.

─ Eu nasci pronta.

• • •

A noite tinha acabado de começar e Margaret já sentia saudades da sua cama e de Buggs. Claro que preferia passar a madrugada assistindo algum filme de terror e comer um balde de pipoca sozinha, mas sentia a necessidade de aproveitar o começo do seu ensino médio. Por isso ela se esforçou e se infiltrou no meio dos seus colegas fantasiados com a companhia de Avery para dançar uma música desconhecida, mas com uma batida eletrônica animada. As duas mantinham um sorriso largo no rosto ao mexerem o corpo de acordo com as batidas, entrelaçando os braços e as mãos de vez em quando, aproveitando o momento.

─ Acho que aquele garoto tá de olho em você. - Margaret apontou com a cabeça para a Darling, não parando de dançar para não tornar óbvia a situação.

─ O Evan? Ele é do terceiro ano e eu tenho quase certeza que ele já foi pego com outro embaixo da arquibancada. - Disse com o cento franzido, olhando para o garoto de cabelo cacheado e óculos que estava fantasiado de robô.

─ Ah, foi com aquele novato do segundo ano! - Margaret lembrou da informação enquanto parava de dançar para ajeitar a fantasia.

─ Como você sabe disso? - Avery questionou confusa.

─ Eu sou amiga da maior fofoqueira desse colégio, claro que eu vou saber as coisas. - Apontou de forma sarcástica, fazendo a Darling sorrir orgulhosa sobre a informação.

─ Sua irmã e Kyler realmente estão com tudo, não é? - Notou a presença deles do outro lado da pista de dança, e logo Margaret olhou para os dois.

Mesmo que não quisesse, a sua repulsa pelo garoto falava mais alto toda vez que via ou escutava sobre ele. Seus rosto já estava contorcido em uma careta involuntariamente.

─ Isso é nojento. - Reclamou baixo, tirando os olhos deles, o que resultou em uma risada baixa da amiga. - Ainda não sei como o meu pai não empurrou esse maluco para fora a força.

Ao mencionar o pai, Margaret olhou entre as pessoas até encontrar Daniel e a conselheira Blatt conversando perto da mesa do DJ. A promessa que tinha feito a Samantha de "ser um fantasma" foi levada a sério, pois as duas mal notaram a presença do pai na festa. Como se soubesse que estava sendo observado, o homem olhou para a filha, acenando levemente com um sorriso e sendo retribuído da mesma forma.

─ Todo pai quer bancar o "pai ciumento", mas na verdade eles não ligam muito. - Avery comentou risonha, encarando a amiga ao vê-la revirar os olhos rindo.

─ É, eu acho que você tá certa.

─ Ei, Avery, você pode ajudar a gente com a cabine de fotos? Tiraram a caixa de itens que você colocou lá. - Uma garota fantasiada de fada apareceu entre elas, segurando o braço da Darling com um olhar preocupado.

─ Como assim? Quem foi o idiota? - Questionou irritada, sentindo-se frustrada.

─ Esse é o problema! O Jack tava cuidando da fila, mas ele saiu para ir no banheiro e quando voltou tudo tinha sumido. - Arregalou os olhos enquanto falava, tirando um murmúrio incrédulo da Larusso.

Margaret decidiu deixar Avery resolver os problemas com a decoração sozinha, pois sabia que no momento em que a atenção da amiga estivesse presa naquilo, nem mesmo a presença do Robert Pattinson faria ela desviar a atenção. Depois de desviar das pessoas na pista de dança, a garota encontrou a mesa do ponche, completamente vazia, o que era raro considerando as pessoas que estavam presentes. Ela foi até a mesa, aproveitando para pegar alguns petiscos e matar a fome com eles, ficando inerte dos assuntos da festa, seu corpo balançava levemente para um lado e para o outro ao som de Katy Perry, fazendo a mesma murmurar a letra de "Last Friday Night" com os olhos fechados enquanto comia um salgadinho aleatório.

Miguel não estava tão diferente da Larusso, pois sua atenção estava totalmente vidrada em uma garota vestida de Daenerys Targaryen. Ele levava os concelhos de Johnny a sério, por isso não estava esperando para "atacar" dessa vez, se infiltrando na pista de dança aos poucos com apenas a visão dos fios platinado no meio da multidão. Quando estava próximo o suficiente para ver o vestido azulado da adolescente, um sorriso surgiu em seu rosto, mas sua feição logo mudou ao ser empurrado para o lado por um grupo de garotos, fazendo ele bater nas costas de outra pessoa, que virou assustada com o líquido vermelho derramado em sua fantasia. O Diaz não olhou para o rosto da "vítima" do empurrão, seu objetivo era usar os lenços deixados na mesa atrás deles para ajudá-la a secar a roupa.

─ Meu deus, me desculpa! Foi sem querer, me empurraram e eu não consegui desviar. Desculpa, de verdade! - Ele repetiu repetidas vezes, seu tom de voz denunciava o quão decepcionado estava consigo mesmo, não apenas por ter derrubado o ponche na pessoa, mas por não ter chegado até a garota fantasiada de Daenerys.

Johnny caçoaria ele pelo resto da vida se descobrir sobre isso!

─ Ei, ei! Tá tudo bem. É só ponche, isso sai da roupa. Eu acho. - Murmurou baixo, uma careta confusa e assustada apossou o seu rosto ao ver as mãos cobertas por um tecido branco ─ agora manchado com pequenas gotas de ponche ─ tentarem concertar o estrago em sua fantasia.

─ Ah, mas e se ficar manchado? - Questionou mais uma vez, pegando mais papéis na mesa antes de tocar o tecido com eles outra vez, mas dessa vez suas mãos foram seguradas pela desconhecida.

─ Ei, cara, tá tudo...bem. - Margaret sentiu a sua voz sumir, um sopro raso escapou pelos seus lábios a silenciando.

No momento em que seus olhares se cruzaram, ambos não sabiam o que falar. A imensidão azul nos olhos da Larusso fizeram um arrepio subir pela espinha do garoto, deixando-o de boca aberta enquanto tentava não piscar para não perdê-la de vista. Ela manteve as suas mãos trêmulas na dele com os seus olhos conectados, abrindo um sorriso doce quando sentiu o ar voltar aos seus pulmões aos poucos.

─ Oi. - Eles disseram em uníssono, e Miguel retribuiu o sorriso lentamente, sentindo suas mãos serem soltas aos poucos.

─ Esqueleto? Boa escolha. - Ela comentou, descendo o olhar pela fantasia para ter uma visão melhor dela.

Margaret só conseguia pensar no trabalho que ele teria para tirar a maquiagem branca e preta do seu rosto, o qual ela estava curiosa para conhecer, sentindo o sentimento familiar que teve alguns dias atrás reaparecer como uma pulga atrás da sua orelha.

─ Posso dizer o mesmo, Padme. Está meio ensanguentada agora, mas ficou maneira. - Elogiou, mexendo as mãos de forma nervosa para tentar disfarçar o quão hipnotizado ficou pela garota.

─ Obrigada. - Sorriu novamente, dessa vez mostrando todos os dentes e as covinhas em suas bochechas. - Ah, desculpa, mas porque eu sinto que te conheço? - Resolveu perguntar, franzindo a testa ao questioná-lo.

─ Estou sentindo o mesmo. - Seus olhos arregalaram, surpreso pelo sentimento ser mútuo. - Você é...

─ Familiar. - Ela completou com o tom de voz baixo, mas carregado de nostalgia.

─ Isso. Você é familiar. - Confirmou, abrindo um sorriso de lado ao segurar um suspiro impressionado.

Ele ficou hipnotizado. E aquilo assustou Margaret, pois garotos nunca a olhavam da forma que Miguel a olhou. Sam sempre foi o centro das atenções, ela podia ter qualquer garoto em um estralar de dedos. Ela pensou ter confundido as coisas, e na verdade o desconhecido estava a julgando profundamente por parecer esquisita por completá-lo. Sua mente virou uma mistura de inseguranças e cenários imaginários que apenas a machucariam em uma questão de segundos.

─ Desculpa, eu tenho que ir me limpar. - Ela disse desconcertada, piscando os olhos várias vezes ao desviar sua atenção do garoto, virando rapidamente para sair.

─Espera! Você não me falou o seu nome. - Miguel tentou alcançá-la, mas antes que pudesse, a garota vestida de Padme se misturou pela multidão e ele a perdeu de vista.

De repente ele sentiu um vazio em seu peito, como se algo recentemente preenchido tivesse sido esvaziado em segundos. O sentimento familiar sumiu aos poucos, deixando apenas a incerta sobre o que realmente sentiu quando encontrou os olhos azuis no meio da escuridão. Ele nunca esqueceria aqueles olhos.

Assim como Margaret nunca esqueceria o trabalho que teria para tirar a mancha vermelha em suas roupas. Seus passos apressados ecoavam pelos corredores do colégio, se misturando com a música abafada pelas paredes, e em minutos ela encontrou a porta do banheiro. Seu primeiro movimento foi encharcar de água um papel e passá-lo pela fantasia, o que funcionou momentaneamente, mas assim que o tecido secou a mancha permaneceu na mesma intensidade.

─ Merda. - Xingou baixo, jogando o papel amassado e molhado com força na lata de lixo.

A Larusso estava frustrada, e ─ definitivamente ─ não era pela tentativa de concertar a sua fantasia, que agora de fato parecia apropriada para o halloween. Seus pensamentos estavam todos voltados a cena embaraçoso na mesa do ponche e a sua saída abrupta. Seus medos falaram mais alto e ela não iria se perdoar nunca por ter perdido a chance de perguntar o nome do garoto fantasiado de esqueleto. Ela só esperava ter a visão e memória boas o suficiente para reconhecê-lo sem a maquiagem.

Com um suspiro longo, Margaret pegou o seu celular no bolso esquerdo e enviou uma mensagem para Avery avisando que iria embora de Uber, pois ela não iria passar o resto da festa vestida daquele jeito. Ela tinha uma reputação a zelar pelo teatro. Rapidamente a adolescente tentou uma última vez tirar a mancha, mas desistiu e logo andou para o lado de fora enquanto mandava mensagens para sua mãe sobre o que aconteceu na festa e pedindo para que a mesma deixasse a porta aberta para ela. Um sorriso cresceu em seus lábios ao ver os diversos emojis com emoções diferentes que Amanda mandou como resposta, e ela imaginou que aquilo fosse um "sim".

─ Ei, garota do filme sobre a galáxia, interessada em praticar caratê? - Um homem loiro surgiu ao seu lado no corredor, fazendo a adolescente saltar pelo susto e quase derrubar o celular.

─ Ah, o quê? - Perguntou confusa, se recuperando do susto aos poucos.

─ Caratê, sabe? É maneiro e vai te fazer ser a garota mais fodona dessa escola. - Mexeu a sua mão fechada em um punho com animação, enquanto a outra mão entregava um planfeto para ela. - É só entrar nesse site e pagar a mensalidade. O resto o caratê faz por você.

─ Obrigada, mas não estou interessada. - Sorriu de maneira gentil, não estranhando a personalidade única do mais velho.

─ Se eu fosse você não perdia essa chance. - Apontou convencido, saindo de perto dela aos poucos para colar outros planfetos nas paredes e armários.

Margaret ficou impressionada com a determinação do homem, apenas estranhando escutar mais pessoas ─ além da sua família ─ falarem sobre caratê depois de anos desde a época de ouro do vale. Mas ela entendeu o motivo ao ler o papel em suas mãos, mais especificamente o nome "Cobra kai" em destaque. Ser uma Larusso significava escutar diversas histórias sobre os valentões que atormentaram a vida do seu pai na escola, e em todas elas esse mesmo nome era o assunto principal, sendo tratado como Voldemort era tratado nos filmes de Harry Potter. Era um nome proibido que apenas atraia coisas ruins.

Seu pai morreria se soubesse que aquele dojô estava de volta, e claro que a sua avó também não ficaria ficaria feliz. Por um segundo ela temeu o que aquilo traria para a sua vida, mas pensou ser mais uma bobagem que a sua imaginação criou aquela noite.

─ Definitivamente não. - Sussurrou ao amassar o papel, não se dando o trabalho de ler as outras informações antes de jogá-lo na primeira lixeira que encontrou no caminho.

Cobra kai nunca seria uma opção para Margaret.

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