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12 | UMA NOITE ATÍPICA.

SEXTA-FEIRA JÁ começou não sendo um dia agradável para mim. Eu estava ansiosa, pensei em ligar para Rick e pedir uma folga do trabalho para poder revisar o que tinha até agora antes da reunião. Eu hesitei em fazer isso, mas eu estava tão ansiosa que não teria cabeça para ir até o colégio, conversar com alunos e professores e depois voltar para casa e ter a reunião. Era capaz que eu tivesse uma síncope na metade do dia.

Eu não esperava uma atitude diferente da que Rick teve. Ele foi compreensivo e disse que estava tudo bem, que eu poderia tirar o dia e que gostaria de ouvir sobre o que meu orientador me disse na segunda-feira.

Quando desci até a cozinha, Tyra estava tomando seu café da manhã as pressas. Ele iria fazer uma viagem ao campus da faculdade na cidade vizinha e mais tarde iria para o trabalho. Eu oferecia meu carro a ela, seria muito mais prático.

— Sério, você é incrível - Ela falou quando apanhou sua bolsa e eu joguei minhas chaves para ela.

— Eu poderia gravar esse momento – Falei em tom de provocação. Ela revirou os olhos e passou por mim deixando um beijo em minha bochecha.

— Até mais tarde – Disse por cima do ombro quando já estava perto da porta.

— Até!
Falei de volta.

Coloquei meu notebook na bancada e preparei um café. Eu definitivamente precisava de uma bebida. Café não é exatamente o que eu prefiro para começar a trabalhar nisso, mas eu não posso estar bêbada na hora da reunião, então eu vou precisar me contentar com café e talvez alguns redbulls. Eu só preciso torcer para não morrer no processo.

🌙

ISSO NÃO poderia ter sido pior.
Minha cabeça estava pronta para explodir, e ao mesmo tempo eu estava com aquela droga de sentimento de letargia. Achei que com todas as revisões teria alguma chance daquele homem não criticar pelo menos 50% do trabalho, mas eu estava absolutamente enganada.

Eu sabia no que estava me metendo quando escolhi especificamente aquele professor para ser meu orientador de tese. Ele é rígido, exigente e agora eu posso acrescentar outra adjetivo à esta lista: cruel. Certo, eu sabia que ele era tudo isso, mas eu achei que poderia lidar. Ele é o melhor na área e eu não quero que meu trabalho seja menos do que isso. Eu só não contava que eu não fossr aguentar a pressão.

Depois da reunião eu não queria ver aquele trabalho na minha frente. Decidi que, ao contrário do final de semana passado que passei imersa no trabalho corrigindo o que ele queria, dessa vez eu tiraria um tempo. Era isso ou pirar totalmente.

Eu precisava sair para beber, mas eu não estou apta para ir a um bar ou qualquer lugar com outros seres humanos onde eu e meu terrível humor seremos forçados a interagir. Procurei qualquer garrafa em casa, mas não encontrei nada. Eu precisaria sair para comprar alguma coisa, e eu teria que ir a pé, já que Tyra está com o meu carro.

Subi para meu quarto e procurei qualquer roupa confortável e que fosse aceitável para sair na rua. Meu espírito estava acabado, então acabei optando por um conjunto de moletom. Eu não preciso de nada elaborado, se meu plano der certo tudo o que eu preciso fazer é ir até o mercado 24h que fica a algumas quadras daqui e depois voltar para casa trazendo vinho.

A noite não estava fria e nem quente. É como se tudo estivesse conspirando em conjunto do meu humor ruim e apático. Caminhei todo o percurso com a cabeça em outro mundo. Minhas mãos ainda estavam tremendo e eu não sabia se eram de raiva ou ansiedade. Bom, provavelmente as duas coisas.

Cheguei ao mercado e depois de comprar a bebida, não estava disposta a voltar para casa e ficar naquele ambiente fechado remoendo o que aconteceu. Sendo assim, eu me sentei no muro do estacionamento e apenas fiquei alí. Consegui abrir uma das garrafas de cerveja que eu havia comprado também e dei um gole enquanto fitava a rua silenciosa. Acredito que seja quase dez horas da noite.

Um carro ou outro parava no estacionamento. As pessoas desciam, iam até o mercado e depois iam embora. Eu parei de prestar atenção depois de um tempo. Eram só pessoas que eu não conhecia.

— Isso com certeza é a porra de uma surpresa.

Eu franzi as sobrancelhas e ergui a cabeça. Não tinha como... o que será que eu fiz? Irritei alguma força superior?

Eu encarei Negan parado alguns metros de distância. O carro dele estava parado no meio fio. Eu estava tão imersa nos meus próprios devaneios que nem me dei conta de que era o carro dele estacionando bem na minha frente.

— É, acho que sim.
Resmunguei, em seguida dei um gole na bebida. Era a terceira garrafa, mas não estava fazendo tanto efeito. Eu sabia que deveria ter comprado alguma coisa mais forte.

Ele se aproximou devagar.
— Cerveja? – Ele perguntou. – Garota, eu achei que você tivesse um gosto melhor.

Eu revirei os olhos.
— Negan, olha... eu não estou no clima, tá bom?
Falei, evitando olhar para ele.

Ele parecia estar indo para algum lugar, estava todo arrumado com sua jaqueta de couro e tudo o mais. Eu voltei meus olhos para a rua.

— O que aconteceu?
Ele perguntou, seu tom de voz mudando radicalmente.

A maneira como ele perguntou e como reverberou em mim, foi de um jeito quase nostálgico. Era preocupado, quase protetor. Foi como quando eu estava no ensino médio e ele me encontrava escondida atrás das arquibancadas.

Eu não fazia idéia de que Negan aínda poderia soar dessa maneira.

— Aconteceu que você tem razão – Eu resmunguei. Comecei a mexer na garrafa, rasgando o rótulo ou só olhando para ela. Eu não queria que ele visse meu rosto enquanto eu admitia meu fracasso.

— Geralmente eu tenho, mas qual o caso dessa vez? – Ele questionou. Seus sapatos entraram no meu campo de visão. Significa que ele estava ainda mais perto.

— Eu sou uma piada – Falei, me referindo as palavras que usou naquele primeiro dia. Negan falando na frente de todos que eu era apenas uma pirralha tentando ensinar a eles como fazerem seu trabalho. Era como eu me sentia agora. – O que eu estou fazendo é... uma piada. Eu não tenho capacidade de...

— Ei, ei, porra, calma aí, garota – Ele falou me interrompendo, mas por incrível que pareça, mesmo com sua boca de marinheiro, suas palavras não soaram hostis. Ele estava falando devagar. – Nunca mais diga uma merda dessa, que você não é capaz... que droga, isso é ridículo. Você é a pessoa mais inteligente que eu conheci na porra da minha vida toda.

Eu ri baixo e sem muito humor.
— Claro que sim, é por isso que você ri de mim e meu orientador acha meu trabalho medíocre.

Tomei o último gole da bebida e terminei outra garrafa. Negan a tirou de minhas mãos.

— Você está bêbada. Quantas porcarias dessa você já tomou?

Eu revirei os olhos e finalmente o encarei.
— Eu não estou nem perto de estar bêbada quanto eu queria estar, e por que você se importa mesmo?

Ele me olhava com seriedade, sem qualquer traço do deboche ou da zombaria como andava fazendo nos últimos tempos. Negan jogou a garrafa no lixo que estava do lado do muro.

— Vêm, vou levar você para casa.
Falou começando a ir para seu carro.

Eu ri mais uma vez e agora o som acabou saíndo alto demais.

— Não, você não vai. Eu sou uma adulta e eu vou para casa a hora que eu quiser ir.

Negan se virou na minha direção novamente.

— Falando desse jeito? Você está soando como a porra de uma criança.

— E qual é a merda do problema? Você não tem nada a ver com isso – Eu joguei de volta. Eu estava tão irritada e frustrada que as palavras começaram a sair sem que eu conseguisse parar e quando me dei conta eu estava praticamente gritando com ele:

— Eu só quero ficar sozinha, encher a cara e esquecer que tudo deu errado. Então por que você não volta para o seu carro e segue seu caminho para qualquer droga de lugar para onde você estava indo antes de decidir parar aqui e encher a porra do meu saco?!

Negan estava parado com as mãos nos bolsos e a expressão séria. Quando parei de falar ele ergueu o queixo levemente e perguntou com a voz calma:

— Terminou?

Eu o encarei e então balancei a cabeça positivamente, sem abrir a boca.

— E você se sente melhor?
Perguntou.

Eu estranhei a pergunta, mas refleti sobre ela por alguns instantes e percebi que ela fazia sentido. Eu estava mesmo me sentindo melhor. Era como se gritar com ele tivesse aliviado um pouco a tensão. O copo não estava mais tão cheio.

— Sim – Confirmei em voz baixa, quase timidamente.

Ele concordou com a cabeça também.
— Ótimo, agora podemos falar como adultos.

Ele se aproximou e se sentou no muro ao meu lado. Eu estava quieta, encarando o chão. Ele ficou alguns instantes em silêncio e então começou a falar:

— Sabe, normalmente quando estamos em temporada de jogos, os garotos dão tudo de si – Ele estava falando sobre futebol e eu não entendia a razão, mas não abri minha boca e continuei ouvindo em silêncio. – Eles se esforçam, correm por horas independente do clima. Eles treinam dia após dia até a exaustão. E existe uma razão para isso. Você sabe me dizer qual é?

— Impressionar as garotas da torcida e depois transar com o maior número que conseguirem?
Perguntei, meus olhos ainda estavam no chão, porém, aquilo fez ele rir e eu ergui meu olhar para ele. Negan estava rindo. Rindo de verdade. Ele parecia até aquele cara de anos atrás.

— Claro, isso com certeza – Ele esfregou a barba e então continuou: – Mas além disso, eles fazem isso porque, para impressionar aquelas garotas e transar com elas, eles precisam me impressionar primeiro. Os garotos sabem que o melhor alí vai virar o capitão do time. E é por isso que eles trabalham tão duro. É a recompensa deles.

— Detesto quando usa metáforas de esporte. Eu já te disse isso?
Perguntei. Eu estava aínda mais confusa. Ele estava falando como um professor, praticamente me dando uma aula.

— É exatamente o que você está fazendo agora. Essa é a sua corrida para se tornar a capitã. Você está trabalhando duro, está se esforçando, porque você precisa impressionar o seu treinador.

Eu comecei a compreender o que ele estava falando.

— Acontece que o meu treinador é um velho desgraçado que não fica satisfeito com nada – Resmunguei irritada. – Acontece que a minha vida inteira depende disso. Não só um campeonato escolar, Negan.

— Tem razão – Ele disse. Seus olhos estavam calorosos. Ele me olhava atentamente. – Mas também não é só sobre um campeonato para eles. Aqueles garotos contam com o desempenho nos jogos para entrar na faculdade. Como você disse a vida inteira deles vai depender daquilo também.

Eu sabia que os melhores conseguiam bolsa. Muitos deles dependem disso para entrar na universidade. Agora eu realmente estava entendendo o que Negan queria dizer.

— Quando você diz que seu orientador nunca está satisfeito, ou quando os meu garotos dizem que eu sou um bastardo que está disposto a matá-los com todos aquele exercícios – Ele sorriu levemente, parecia se deliciar com aquilo. – É exatamente o que queremos. Estamos puxando vocês além do limite. Estamos mostrando que vocês podem fazer cada vez melhor. E vocês fazem.

— Eu estou pirando, Negan – Falei. Meus olhos perdidos na rua. As luzes da cidade eram um ponto positivo naquele lugar. O céu também. Eu estava me sentindo mais calma, o que é surpreendente comparado com a sensação de derrota que eu estava anteriormente. – Eu não durmo direito há semanas, eu estou começando a achar que fiz a escolha errada. Talvez eu desse escolher outra área. Naquele dia quando você disse...

— Ah, foda-se aquele dia, eu estava de ressaca – Ele me cortou. Eu o olhei e Negan estava com uma expressão culpada no rosto. – Eu falo muita merda na maior parte do tempo, você não deveria ter dado atenção.

— É claro que eu dei atenção – Falei o olhando. Eu não acredito que estou dizendo isso a ele, mas eu estou. – Eu... estava empolgada e ansiosa com a idéia de rever todos os meus professores antigos. Eu sempre soube que todos depositavam muita confiança em mim. Eu queria mostrar que não estavam errados, que fizeram um bom trabalho.

Eu fiz uma pausa e percebi que Negan estava extremamente concentrado em tudo o que eu estava falando. Eu umedeci meu lábio levemente com a ponta da língua, ainda não acreditando que eu estava me abrindo daquela maneira para ele.

— Eu... esperava que todos ficassem orgulhosos de mim. Todos. E quando você falou aquilo foi como se eu tivesse falhado. Eu não esperava palavras tão cruéis, não vindas de você... especialmente vindas de você. Eu não sabia nem como regir. Eu sempre gostei de todos os meus professores, mas você... era o meu favorito, mesmo que desse a matéria que eu mais odiasse no mundo.

Eu estava falando baixo outra vez, encarando o chão. Droga, por que isso é tão difícil?

— Ouvir da pessoa que mais confiava no meu potencial dizer com todas as letras que eu era uma piada, que eu não era capaz de fazer aquilo, foi um golpe bem duro. Eu me forcei a agir como se não fizesse diferença e eu segui em frente, mas essa noite... depois da reunião, depois que metade do trabalho e os métodos que eu usei serem criticados e recusados. Eu acho que você não estava tão errado assim.

Eu havia acabado. Foi difícil admitir, principalmente para ele, que sua aprovação aínda tinha peso para mim. Eu achava que Negan era passado, mas não, ele está mais presente do que nunca. Evitei olhá-lo, mas ele segurou meu rosto e me fez virar na direção dele.

— Me desculpe?

Eu arregalei os olhos com as palavras que deixaram a boca dele. Negan, o treinador Negan, ele estava me pedindo desculpas?

Eu achei que ele nem conhecia essa palavra.

— O quê?
Perguntei, confusa demais para formular qualquer outra coisa.

— Porra... – Ele murmurou. – Eu... fui um babaca de merda e eu quero que me desculpe por isso. Eu não sabia que você entenderia desse jeito. A maioria das pessoas cagam para o que eu digo, e é sempre assim. Acho que eu perdi a mão ao longo do tempo justamente por isso. Você escondeu muito bem tudo isso, eu não fazia idéia de que tinha machucado você dessa maneira.

— Não seria a primeira vez que eu estaria escondendo minhas emoções de você.
Dei de ombros.

— Estou falando serio, Kira, eu sinto muito.

Era difícil não perdoar ele. A maneira como ele estava me olhando e tudo isso... as coisas que ele me falou e todo esse conforto. Eu estava me sentindo melhor do que estava uma hora atrás e isso é graças a ele.

— Tudo bem – Falei. – Eu desculpo você.

Ele sorriu levemente e arrastou o polegar pela minha bochecha. Foi um toque muito suave e diferente daquilo que eu estava acostumada vindo dele. Depois, Negan levantou.

— Certo, garota, agora vamos. Vou levar você para casa.

— Minha casa é só alguns quarteirões daqui, Negan, não se preocupe eu posso ir sozinha.
Falei ainda sentada.

— Não duvido que você possa, mas eu estou tentando ser a porra de um cavalheiro aqui.

Eu revirei os olhos.
— Certo, tudo bem, mas eu só vou aceitar por que você ser um cavalheiro é quase um cometa, acho que nunca mais vou presenciar algo assim.

Quando eu me levantei, senti meu corpo fraquejar e minhas pernas cederem. Negan foi rápido e me segurou antes que eu caísse.

— Peguei você, peguei você...
Ele murmurou. – Você está bem?

Eu balancei a cabeça meio confusa. As mãos dele estavam envolta do meu corpo, Negan estava me segurando com firmeza.

— Estou, eu...

— Pensei que tivesse dito que não estava bêbada – Ele ergueu uma sobrancelha.

Eu já estava sentindo a tontura ir embora. Eu respirei fundo e firmei meus pés no chão.

— E eu não estou – Afirmei. – Não sei qual o problema.

— Você comeu?
Ele perguntou.

— Sim – Confirmei.

— Quando?

Eu ergui os olhos para o alto e mordi meu lábio. Fazia algumas horas, muitas horas na verdade. Negan meio que percebeu isso.

— Maldição, garota, você está tentando se matar? – Ele perguntou. – E ainda estava aqui sozinha, de noite e bebendo.

— Você não é a pessoa mais apropriada para uma lição de moral, sabia? – Eu resmunguei enquanto me afastava dele e afundava as mãos nos bolsos.

— Tenho mais tempo de bebedeira do que você tem de idade, eu sou a pessoa mais apropriada para falar isso. Vamos, vou levá-la para comer alguma coisa antes.

Ele disse colocando uma mão em minhas costas e me guiando até seu carro.

— Eu posso comer em casa, você não tem que fazer isso.
Argumentei. Negan abriu a porta do carro e então deu a volta indo até o lado do motorista.

— Aí eu não teria como saber se você realmente comeu. Agora entra no carro.
Com isso ele entrou no banco do motorista e fechou a porta. Eu o olhei através do meu lado.

— Negan, é sério...

— Entra logo na droga do carro.

Eu bufei baixo de irritação e entrei. Fechei a porta e olhei para ele.

— Você está me tratando como uma criança outra vez.
Falei.

Ele ligou o carro e começou a dirigir.
— Se eu a tratasse como criança eu estaria levando você para o McDonald's, o que não é o caso, então relaxa.

— Então onde vamos?

— É mais de onze horas então não temos muita opção. Gosta de pizza?

— Alguém não gosta?
Perguntei, ele sorriu.

— Tudo bem, eu conheço um lugar que é 24h.

Eu fiquei em silêncio olhando a paisagem pela janela. Isso é tão estranho. Eu estou me sentindo com se estivesse em uma realidade alternativa. Nada está funcionando como costuma acontecer. Não tem aquela tensão de provocação sexual entre nós e Negan não está sendo aquele babaca como de costume. Sua boca aínda é imunda, mas ele está sendo gentil como antes.

Ao mesmo tempo, também não é como era na época do colégio. Ele não está agindo como meu professor. Claro, ele está claramente querendo cuidar de mim, mas acho que isso é por... pena? Não sei. Ele não tem a obrigação, não dessa vez. O que acontece comigo não é responsabilidade dele, mas ainda assim ele está agindo como se cuidar de mim fosse trabalho dele.

— Por que está fazendo isso?
Perguntei. – Você não precisa ser cuidadoso comigo.

— Eu sei que não preciso – Ele disse, então aquele sorriso cafajeste tomou conta de seu rosto. – Mas qualquer cara que vê uma garota bonita sozinha em um estacionamento uma hora dessas tem que entrar em ação.

Eu revirei os olhos.

— Ai está o Negan.
Resmunguei. Ele riu.

— É brincadeira, você sabe – Ele fez uma pausa. – Eu estava passando e vi você alí, me lembrei do que disse sobre não poder sair hoje e me perguntei o que estava fazendo uma hora daquelas sentada naquele muro. Você também não parecia bem, então eu achei melhor checar.

Eu o olhei.
— Para onde você estava indo?

— Ao bar – Disse. – Os outros professores já estavam lá, eu acabei... me atrasando.

Certo... ele estava com alguém. Eu balancei a cabeça.

— Entendi.
Murmurei. – Eu supus que você estivesse em um compromisso. Você está todo arrumado.

— Eu sempre estou arrumado.
Ele rebateu.

— Moletom não é sinônimo de moda, Negan – Eu ri e então percebi seu olhar provocador em minha direção. Eu me dei conta de que estava vestindo moletom naquele momento. Eu tratei de me defender: – Qual é? Eu estou triste, você me deve um desconto. Ninguém se arruma quando está triste.

Ele voltou os olhos para a estrada enquanto ria novamente.

— Relaxa, boneca, você está ótima vestindo isso.

— Mentiroso – Resmunguei.

— Com certeza é melhor do que os suéters que veste no colégio.

Eu bati em seu ombro sem muita força.

— Ei! – Exclamei. – Eu fico ótima naqueles suéters. Além de elegante e profissional.

— Se inspirou em quem? Na bibliotecária?

— Ah, cala a boca.
Eu falei rindo.

Negan continuou dirigindo por mais alguns minutos. Ele estava indo bem rápido, mais rápido do que o normal, mas as ruas estavam desertas e a brisa que entrava pela janela com a velocidade é extremamente relaxante. Eu acabei fechando os olhos, deitando minha cabeça para trás e apenas apreciando o silêncio.

É bom não precisar estar sempre nos extremos. Dar um tempo daquele cabo de guerra que eu e Negan impomos um ao outro. Sempre brigando pelo controle, sempre tentando empurrar o outro até a borda. Nós dois exageramos e passamos dos limites várias vezes um contra o outro.

Acho que esse é o momento mais natural que tive com Negan desde que voltei, e eu estou incluindo nisso nossos momentos sexuais. Nem alí éramos nós mesmos. Negan era o fodão controlador, e depois eu era a vadia.

Ele parou o carro suavemente e eu abri os olhos. Estavamos em frente a uma pizzaria, eu reconheci o nome. Tyra costuma pedir sempre a pizza daqui, eu gosto.

— Estava dormindo?
Ele perguntou humorado.

— Não, mas eu poderia. Isso foi relaxante.

Nós descemos do carro e cruzamos o estacionamento em direção a entrada. Negan estava perto, mas não chegou a me tocar. O lugar estava vazio, considerando a hora é de se esperar. Paramos lado a lado no balcão para fazer o pedido, Negan foi mais rápido e pediu o meu e o dele.

Eu franzi as sobrancelhas. Ele acertou exatamente o sabor de pizza que eu gosto. Eu só como literalmente um único sabor de pizza e ele acertou.

-— Como sabia que eu pediria essa?
Perguntei quando nós fomos para as mesas.

— Você se lembra daquele dia da pizza no seu segundo ano?
Ele perguntou. Nós nos sentamos um de frente para o outro e eu franzi as sobrancelhas ainda mais.

— Uhn... eu deveria?

Ele balançou a cabeça e coçou a barba.
— Não, acho que não – Ele disse. – Bom, você ganhou sozinha o desafio de matemática é garantiu que sua turma inteira ganhasse pizza. Então quando elas chegaram você só comeu um único sabor. O de queijo. Você disse que era o seu favorito e o único que conseguia comer.

Eu o encarei sem saber o que dizer até que eu ri um pouco sem graça.

— Eu não sei o que me deixa mais impressionada. O fato de você ter dito tudo isso sem ter falado um palavrão, ou o fato de ainda se lembrar de algo que aconteceu há mais de 6 anos e que nem eu mesma lembrava.

Ele deu de ombros.
— As vezes algumas coisas acabam nos marcando de um jeito diferente – Ele disse. – E eu consigo falar sem xingar, eu só não quero fazer.

Eu ri e empurrei sua perna por baixo da mesa.

— E assim o cavalheirismo morre.
Falei.

Nós ficamos alguns instantes em silêncio. A comida e as bebidas chegaram e, enquanto eu comia em silêncio, senti novamente aquela sensação de estar em uma realidade diferente. Parecia que em algum momento essa noite acabou se tornando uma alucinação maluca e todos os meus sonhos de adolescente estavam se tornando realidade.
Tinha um Negan engraçado e gentil, ele estava me levando para um passeio. Ele até havia dito que eu estava bonita.

Olhei para nosso reflexo na janela. Que casal mais estranho. Um cara mais velho, vestido com sua jaqueta de couro e a pose de badboy, comendo pizza com uma garota que tem menos da metade da idade dele e que está vestida com um moletom surrado de Cambridge da época em que ainda era caloura.

— Isso é estranho.
Eu finalmente verbalizei aquilo que eu estava pensando.

— Isso?
Ele perguntou. Eu ergui a cabeça e encontrei seus olhos cor de whisky brilhantes me fitando.

— É... principalmente depois das últimas semanas – Falei. – Até poucas horas atrás eu diria que algo assim era impossível de acontecer entre nós.

Negan limpou o canto dos lábios com um guardanapo.

— Até poucas horas atrás eu diria que algo assim era impossível de acontecer entre mim e qualquer outra pessoa.

— Você não tem uma variedade muito grande de programas, não é?
Perguntei.

Ele concordou com a cabeça.
— Nunca é nada muito diferente de ir a algum bar, encontrar alguma mulher e depois... bom, você pode imaginar o resto.

Eu balancei a cabeça lentamente. Prefiro não imaginar. Ignorei esse final e falei:

— Se te conforta, isso não é muito diferente do que eu faço.

— Não consigo imaginar você tendo muitos casos de uma única noite.
Ele rebateu.

— Eu também não conseguia, mas de um tempo para cá eles meio que se tornaram a única coisa que consigo ter.
Falei.

— É difícil de acreditar. Qual imbecil de merda iria suportar ter só uma noite com você?

Eu ri e então balancei a cabeça.
— Tem sido uma decisão minha. Eu sempre achei que relacionamentos iriam me atrapalhar. Atrapalhar meu planos, minha carreira e tudo o mais. Então eu só... fazia de tudo para que depois que acabasse, o cara só fosse embora.

Nós estávamos terminando de comer. Negan inclinou levemente a cabeça.

— Você não estava brincando quando disse que não era fácil.
Ele disse, eu ri baixo.

— Você não pode dizer que eu não avisei.
Respondi.

— Está pronta para ir?
Perguntou quando percebi que eu havia terminado.

Eu balancei a cabeça positivamente e antes que eu tivesse a oportunidade de dizer qualquer coisa, Negan estava indo pagar. Eu não gosto muito de como ele está fazendo isso, tomando todas as decisões, mas hoje eu estou sem energia para discutir.

Quando deixamos a pizzaria e estávamos de volta ao carro dele, estava ficando mais frio. Negan ligou o aquecedor e o som. A música era exatamente o tipo de música que você imagina Negan escutando, Rock. Clássico, antigo e... muito bom.

Negan precisou de poucas coordenadas para encontrar meu endereço e quando estacionou, consegui ver meu carro parado na entrada. Tyra já estava casa.

— Entregue.
Negan falou assim que desligou o motor do carro. Eu o olhei.

— Obrigada, Negan – Agradeci. – Obrigada pelas palavras e pela pizza, você foi... legal.

Ele sorriu e inclinou a cabeça.
— Só não conte a ninguém. Odiaria que começassem a pensar que eu sou um cara legal.

Eu ri e concordei.
— Pode deixar, esse vai ser o nosso segredo.

Negan deslizou a ponta da lingua entre seus lábios.

— Mais um.
Ele disse. E eu percebi que ele tem razões. Temos alguns segredos.

— Mais um – Concordei. Eu estava quase descendo do carro quando decidi me virar para ele. – Negan?

— Estou ouvindo, boneca.

Ele estava virado na minha direção, uma mão no volante e a outra no próprio colo. Eu aproximei meu rosto do dele e o beijei devagar, uma das minhas mãos envolveu a dele que estava em cima da perna.
Eu sabia que essa noite estava acabando, e esse delírio que eu estava tendo iria acabar também. Talvez eu não visse mais esse Negan. Talvez ele desaparecesse assim que o sol nascesse. Eu não quero perder a chance de beijá-lo.

A mão dele que estava no volante cobriu meu rosto e ele retribuiu com suavidade, aquela que eu segurava apertou meus dedos delicadamente. Negan sugou lentamente meu labio e raspou sua barba na minha pele. Quando acabou, eu me afastei meio ofegante.

— Boa noite, treinador Negan.
Falei, ele riu.

— Boa noite, Kira.

Eu desci do carro e segui até a porta da frente. Percebi que Negan permaneceu ali me observando até que eu tivesse entrado. Só depois ele ligou seu carro e foi embora.

🌙

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