09 | QUE O JOGO COMECE.
O FINAL de semana passou bem rápido, mais do que eu gostaria, já que descansar era tudo o que eu estava precisando nos últimos dias. Enquanto dividia meu tempo entre escrever minha pesquisa e preparar material para a próxima reunião. Consegui um tempinho para fazer algo que vinha desejando há semanas: mudar meu visual. Tyra estava de folga e se juntou a mim na missão. Admito que ficou bem melhor do que eu estava imaginando considerando que nós duas somos equivalentes ao Tico e o Teco.
Na segunda-feira, eu cheguei no horário de sempre, mas não fui direto para minha sala como normalmente faço. Não havia feito café essa manhã, então meu intuito era pegar um expresso na maquina que fica na sala dos professores. Quando cheguei, a sala não estava tão vazia quanto imaginei que estaria, e já havia alguns professores presentes.
— Uau! – Rose exclamou quando me viu. – Quando você teve tempo de fazer isso?
— Eu e minha prima decidimos aceitar essa missão – Eu ri.
— Ficou incrível – Ela falou ainda sorrindo. Eu pisquei para ela agradecendo e fui até a máquina.
— Com certeza, você está ainda mais gata.
Simon também decidiu dar sua opinião e me fez rir.
— Bem, obrigada. Vindo de você é um elogio e tanto – Eu agradeci.
— Quase me esqueci – Rose começou. – Não se despediu de nós na sexta-feira.
— Ah, sim... – Eu falei me lembrando de que realmente não havia me despedido de ninguém naquele dia. – Eu acabei ficando bem entretida e depois minha prima dirigiu até em casa.
— Ei, tudo bem, isso não é um julgamento. Se eu estivesse tão bem acompanhada quanto você, também não me lembraria de nós.
Eu balancei a cabeça, mas não consegui evitar de não rir daquilo que ela disse.
Depois de pegar o café, acabei me distraindo enquanto observava a janela que tinha visão para o pátio e saboreava a bebida quente. Eu estava me preparando psicologicamente para uma nova semana. Uma vez um sábio disse que "manhãs são feitas para café é contemplação". Ele estava absolutamente certo.
Acompanhei com os olhos a maioria dos alunos chegando, enquanto isso, pouco a pouco os poucos professores que estavam alí e outros que chegaram depois já estávam saindo para suas primeiras aulas do dia. Ainda sem querer ir diretamente para minha sala, aquele lugar acabou tornando-se um pouco sufocante para mim, eu me sentei em uma das mesas circulares e abri meu notebook. Eu tenho tirado pouco tempo para me dedicar realmente a escrever minha tese, e agora parece uma boa hora para isso.
— Ótimo dia de merda! – A frase ecoou pela porta. – Porra, eu preciso de um café...
Nesse momento eu já estava fechando meu notebook, eu tinha acabado meu café e já estava me preparando para terminar o que estava escrevendo na minha sala. Eu me levantei para descartar o copo no lixo e ele parou quase que instantaneamente assim que me viu. Negan não continuou o que estava falando, apenas ficou ali, me olhando e foi como se eu conseguisse ver uma "tela azul" de erro em seu rosto. Eu percebi que ele estava se recuperando quando seu olhar mudou. Ele passou a me analisar com os mesmos olhos predatórios de sempre e a ponta de sua lingua percorreu seu lábio inferior.
Imediatamente aquela mudança de humor dele foi direto para seu local favorito. Entre minhas pernas.
Eu senti que comecei a ficar quente, mas ou invés de corar ou desviar o olhar, apenas ergui minha sobrancelhas e o encarei de volta.
— Perdeu alguma coisa no meu rosto?
Perguntei, e, ainda que meu tom fosse ofensivo, ele ainda era provocador.
— Não, não mesmo – Ele falou e então passou por mim seguindo até a máquina de café.
Eu joguei fora o copo e voltei até a mesa para apanhar minha bolsa e as pastas que havia deixado ali encima. Enquanto isso, conseguia sentir os olhos de Negan em mim.
— Tem certeza?
Perguntei, virando-me para ele e erguendo uma sobrancelha. – Porque é como se você não conseguisse parar de olhar.
Negan estava em seu outfit comum hoje. A roupa típica de treinador. O inferno é que ele está exatamente como eu me lembro, como ele costumava me dar aulas. Eu segurei meus olhos fixos no rosto dele, encarando-o com confiança e cinismo em meu sorriso.
— Você está gostosa – Respondeu simplesmente. Esse é o Negan sem rodeios que eu conheço. Ele deu de ombros. – Porra, era o que queria ouvir?
Eu inclinei a cabeça.
— Uhn... sempre bem direto ponto – Eu falei, outra vez dando as costas para ele e terminando de guardar minhas coisas na bolsa. – Quer dizer então que agora você me acha gostosa?
— Eu nunca disse que não achava – Ele resmungou. Eu olhei por cima do ombro e o vi tomar seu café preto, puro e que estava saíndo fumaça, tudo de uma vez só. Isso é claramente atitude de alguém que estava de ressaca. Será que todas as segundas-feiras ele vai chegar aqui de ressaca?
— Mas também não disse que achava –
Falei, voltei a me virar para frente.
— Você queria ouvir eu te chamando de gostosa?
Ele rebateu e eu sentia como se ele estivesse chegando mais perto.
— Não preciso da sua aprovação.
Falei sem olhar para ele.
— Quando isso mudou? Até onde eu lembro tudo o que você queria era me agradar. Quase como um cãozinho.
Eu guardei tudo e fechei a bolsa. Depois, me virei para ele e mordi levemente meu lábio. Negan havia mesmo se aproximando devagar de mim enquanto eu estava de costas. Agora, ele estava exatamente na minha frente, pouquíssimos centímetros de distância.
— Velhos tempos – Falei, não desviando meus olhos dos dele e também não me abalando pelo que ele disse. – As coisas não são mais como eram antes.
— É, eu percebi – Ele disse, seu tom era de deboche, cínico. – Agora você procura agradar estranhos em bares.
Eu o encarei por alguns instantes, processando o que ele havia dito. Ele disse mesmo isso?
Eu queria bater nele. E provavelmente é exatamente o que eu deveria fazer. Mas isso é um claro sinal de ciúmes e ego ferido. Tyra me disse o quanto Negan ficou irritado por me ver com outro homem e essa atitude agora é só um reflexo disso. Ele quer me atingir, mas eu não vou permitir.
— Isso definitivamente não é da sua conta – Eu falei olhando-o com deboche. – Mas se te interessa tanto saber... sim, eu sou muito boa quando quero agradar e ontem não foi diferente. E ele também soube muito bem como me agradar.
Ele não esperava essa resposta. Considerando que a versão minha com a qual Negan está acostumado é a de 17 anos, eu entendo sua surpresa. Ele nunca me ouviria falar coisas assim naquela época, pois, definitivamente, é algo que eu não diria. Acontece que agora eu não me importo mais, e se ele pensa que é o único aqui com a lingua afiada, então ele vai quebrar a cara.
Negan inclinou-se em minha direção, isso fez com que eu me apoiasse na mesa atrás de mim. Ele é muito mais alto do que eu, e isso fez com que ele bloqueasse totalmente minha passagem e visão da porta. O homem apoiou suas mãos na mesa, uma de cada lado do meu corpo, e me fechou quase que em uma gaiola.
— Ele agradou, foi?
Negan praticamente rosnou contra o meu rosto.
— Oh, com certeza.
Eu afirmei, olhando-o com firmeza sem recuar. Apesar de sua proximidade estar fazendo meu corpo queimar por dentro, resisti ao desejo de apertar minhas coxas, eu não permitiria que Negan pensasse que está me causando essas reações. Eu irei deixá-lo louco primeiro, e estou no caminho disso.
— Jack é um cara que sabe como fazer uma garota gritar – Eu acrescentei ao perceber seu olhar perigoso.
— Que porra de nome é "Jack", hein? – Ele perguntou sarcástico. – Um cara com um nome assim não conseguiria fazer uma mulher gozar de verdade.
— Você é um idiota – Eu revirei os olhos. A mão de Negan agarrou meu rosto se repente, seus dedos apertaram minha bochecha e ele me fez encará-lo.
— Não revire seus olhos para mim – Ele rosnou. – Você está indo por um caminho perigoso, boneca...
— Então eu voltei a ser "boneca" outra vez?
Pergunto, puxando meu rosto para longe da mão dele.
Negan agora estava tão perto que ele havia conseguido colocar uma de suas pernas entre as minhas. Ele precisava de muito pouco para pressionar sua coxa grossa contra minha boceta coberta, mas ele não o fez, o que acabou provocando um pouco de frustração sexual que logo tratei de reprimir. A porta da sala estava aberta, qualquer um veria Negan naquela posição estranha com alguém na frente dele, mas por alguma razão isso não me preocupa, apenas me provoca mais excitação.
— Porra, você estava implorando por isso, não estava? – Ele perguntou. – Primeiro o Grimes e depois se exibindo com aquele outro idiota.
Sua mão migrou para minha nuca, ele envolveu os cabelos e virou meu rosto com firmeza me fazendo encará-lo novamente, e dessa vez não me permitiu desviar o olhar. Era impossível não me lembrar daquele maldito sonho ou de todos os outros que eu tive no passado. As fantasias sobre um Negan rude, me segurando com força, falando coisas sujas e...
Não!
Você também pode fazer isso com ele. Não de todo o controle em sua mão. Ele não merece.
— O que Rick tem a ver com isso?
Perguntei, mordendo levemente meu lábio e empurrando levemente meus quadris em sua calça, não forte o suficiente, mesmo que eu estivesse louca por isso, mas o intuito não é resolver minha carência, o objetivo aqui é provocá-lo. Funcionou.
— "Rick" – Ele murmurou com deboche. – Isso... essa porra toda. Você na sala dele ou com ele no bar. Por que ele? Por que justo ele, porra?
Puta merda, então é isso? Toda a ficha começou a cair e eu entendi tudo. Esse tempo todo, ele estava com ciúmes.
Ele ainda estava com a mão firme na minha nuca, então eu não tinha muito o que fazer além de encará-lo, por isso, dei meu melhor sorriso que consegui.
— Então você está com ciúmes do Rick? – Eu perguntei e ele bufou, aparentemente ele queria minimizar a situação, mas essa atitude fez justamente o oposto. Isso apenas comprovou minha certeza.
— Essa merda só não entra na minha cabeça. Nunca entrou – Ele disse soando muito frustrado. – Eu era o seu preferido. Era a mim quem você procurava sempre, e mesmo assim você não deu a porra de uma despedida decente. E agora, é essa merda de Rick o tempo todo.
Eu não o respondi imediatamente. Fiquei alguns instantes encarando seus olhos que estavam escuros de raiva. Eu não imaginava que ele guardava alguma mágoa sobre àquilo. É, eu não me despedi dele, mas foi pelo que aconteceu... eu estava com raiva, com vergonha...
Eu pensava que ele tinha me rejeitado. Pensava que ele não me achava bonita ou gostosa o suficiente quanto as outras, eu... eu pensava tanta coisa. Com o tempo àquilo foi desaparecendo. Eu só nunca pensei que Negan continuaria com algo assim na cabeça, pois para mim eu nunca passei de apenas uma aluna na cabeça dele.
— Vamos para minha sala – Eu falei.
De repente era como se eu me sentisse sóbria outra vez. Negan me encarou, ele não parecia querer sair daquela posição, ele estava se sentindo bem dominante daquele jeito, mas eu não queria arriscar que alguém aparecesse alí, principalmente Rick.
— Vamos, Negan, me solte – Eu mandei novamente e então ele o fez.
Puxei minha bolsa e segui sem falar mais nada para a saída da sala. Ele me acompanhou sem que eu precisasse chamar novamente. O caminho foi silencioso e curto. Os corredores estavam vazios, os murmurios e barulhos ocasionais vinham das classes lotadas. Nós chegamos em minha sala e eu abri a porta, indiquei que ele entrasse primeiro e então entrei depois, não me esquecendo de fechar a porta atrás de mim e trancá-la.
Ele estava encostado em minha mesa e me encarava em silêncio. Eu cruzei os braços e procurei as palavras para começar:
— Achei que não fosse fazer diferença. Tenho certeza de que você se lembra do meu último dia aqui, não lembra? Não é como se tivesse sido uma memória muito agradável – Eu disse, dando continuidade ao assunto.
— Eu me lembro perfeitamente do seu último dia.
Ele disse resumidamente.
— Então deve imaginar o motivo de não ter me despedido. Negan, eu estava envergonhada, eu estava com raiva – Falei e então me encostei na porta.
— Você fugiu, caralho você saiu correndo de mim sem me deixar se quer falar alguma coisa!
— É claro que eu fugi. Você rejeitou meu beijo, não faz idéia das coisas que passou pela minha cabeça, eu...
— Eu não rejeitei porra nenhuma – Ele bufou e deslizou as mãos pelos cabelos grisalhos. Ele começou a se aproximar de mim novamente e o clima pareceu dar uma nova volta. – Garota, tudo o que eu queria era jogar você na minha mesa e foder você alí mesmo.
— Negan...
— Eu parei, eu afastei você, porque se àquilo continuasse eu teria arruinado você alí mesmo. No meu escritório. Eu teria te fodido do jeito que eu queria ter feito nos últimos dois anos.
Okay, talvez agora ele tenha conseguido me deixar sem palavras. Eu o encarei e enquanto processava aquilo, pensando no que diria diante de tudo isso.
— Você é bom com palavras, só não significa que saiba realmente como fazer – Eu murmurei em um esforço de recobrar minha postura. – Isso tudo que você está falando pode ser invenção. Por que não me falou nada naquela época?
— E você acha que eu queria ser preso? Porra, você era uma garota, minha aluna! Eu sou um grande filho da puta por querer foder você, mas eu me segurei e estava dando tudo certo, até você decidir que queria mandar tudo para a merda e me agarrar daquele jeito.
Eu ergui meu queixo, empinando o nariz.
— E agora? – Perguntei. – Agora que não sou mais aquela garota. Agora que descobriu quem aquela garota se tornou. Ainda quer me foder?
— E agora, neste exato fodido momento, é exatamente isso o que eu quero fazer. Foder você encima de qualquer lugar. Espancar a porra dessa sua bunda, boneca.
Um gemido fraco escapou da minha garganta. Eu respirei fundo.
Ele aproximou seu rosto do meu, muito perto. Ele poderia me beijar se quisesse e foi o que eu pensei que ele fosse fazer. Continuei olhando-o, pensando no que dizer, pensando em como eu poderia regir àquilo. Se naquela época eu soubesse... porra. Eu nunca sequer Imaginei que ele me visse daquela maneira, eu apenas sonhava que ele tivesse uma visão semelhante.
— Então, o que vai fazer agora?
Perguntei em tom muito baixo. Eu umideci meus lábios devagar, deixando minha lingua deslizar suavemente pelo meu lábio inferior, no final, eu o puxei lentamente entre meus dentes.
— O que vou fazer?
Ele perguntou e eu concordei com a cabeça.
Negan inclinou-se, seus lábios roçaram nos meus, percebi que sua mão estava deslizando pela lateral do meu corpo.
— Agora... eu vou dar a minha aula.
Foi então que percebi o que ele estava fazendo.
Ele estava destrancando a porta.
— Pode sair da frente da porta, boneca?
Eu o encarei por poucos segundos, na verdade eu estava me concentrando mesmo para não acertar o rosto dele. Filho da puta...
— Claro – Falei, dando um passo para o lado. – Só... tem uma coisa que você precisa saber, treinador.
Eu falei, também começando o meu jogo. Ele me encarou atento e eu percebi seu olhar fugaz quando o chamei de "treinador".
— Eu não estou de brincadeira – Falei, peguei na maçaneta e abri a porta. – Eu não jogo para perder e se você acha que é bom nisso... é porque ainda não me viu em ação.
Ele desligou o polegar pelo canto dos lábios e coçou a barba.
— É? – Perguntou, parecendo não muito preocupado. – Vou querer ver até onde vai levar essa pose.
— Igualmente.
Ele deu um passo para fora da sala e eu fechei a porta, não me importando se poderia acertá-lo.
— Babaca.
🌙
O dia seguinte após aquela segunda-feira agitada foi até que estranhamente tranquilo. Eu havia conseguido digerir tudo o que ouvi de Negan, e agora estava pensando em qual seria a melhor estratégia de ataque. Ele já deixou claro o que pensa de mim, e também deixou claro o que quer. Ele me quer. Ele me deseja e não é de agora, porém, ele vai querer me torturar, só porque eu não escrevi a droga de um e-mail para ele há malditos 6 anos atrás.
Hoje é quarta-feira, dia de reunião com os professores. O baile será neste sábado e, pelo que pude perceber, a escola está prestes a pegar fogo. Até mesmo alguns membros do comitê do baile vieram me procurar, alegando estarem estressados e ansiosos demais.
Eu deixei minha sala aberta e sai para buscar um café. Os professores poderiam entrar e se acomodarem, assim quando eu chegasse nos poderíamos apenas começar logo. Quando retornei, todos estavam alí.
Todos mesmo.
Todos.
Negan estava sentado no fundo da sala. Claramente ele se destacava alí, a sua presença não ornava naquele lugar. Eu dei bom dia a todos, deliberadamente ignorando o ponto onde ele estava.
Antes que eu pudesse iniciar, Rick surgiu na porta e perguntou se poderia participar, o que eu prontamente concordei.
Rick sentou-se na cadeira ao meu lado e nós começamos. Eu estava curiosa para saber se os professores estavam utilizando as estratégias de enfrentamento que eu os orientei na semana anterior, e, principalmente, se elas estavam funcionando, afinal esses são os pilares da minha tese. Pelo que parece, eles realmente as colocaram em prática e as mesmas estão funcionando. Eu escondi meu alívio por aquilo e continuei com uma postura profissional durante todo o tempo de duração do grupo.
Negan não falou nada durante o tempo todo, mas eu percebi seus olhares de falcão sempre que eu e Rick interagiamos. Quando tudo acabou e eu os dispensei, ele pareceu ser o último que deixaria o lugar, mas então Rick se aproximou da minha mesa.
Observei com o canto dos olhos enquanto Negan deixava a sala.
— Eu estava curioso para ver como estava fazendo as coisas – Ele comentou. – Eu gostei disso, acho que nunca os vi tão interessados em algo, quero dizer... até Negan estava aqui.
Eu dei de ombros e balancei a cabeça.
— Eu não tenho técnicas para lidar apenas com os adolescentes. Também tenho meus truques na hora de lidar com os adultos.
Rick riu e balançou a cabeça.
— Isso você sempre teve – Ele falou. – Eu ficava surpreso com a sua articulação sendo tão jovem. E agora eu estou aínda mais.
— Obrigada, Rick – Agradeci. – Significa nuito ouvir isso de você.
Ele deu de ombros, alegando que não era nada além da simples verdade e depois continuou me olhando por alguns instantes.
— Não nos vimos desde sexta-feira – Ele falou. – Fiquei surpreso com seu cabelo, ele a deixou...
— Estranha?
Perguntei.
— Madura – Ele corrigiu me fazendo sorrir. – E muito bonita também.
— Uau... madura? esse foi um elogio que ainda não recebi – Falei. – Obrigada, sr. Grimes.
Eu agradeço, fazendo com que minha voz soasse mais seria e baixa. Deveria ser apenas uma brincadeira, já que ele disse que parecia mais madura, no entanto, minha voz acabou soando mais sexy do que eu pretendia. Parecendo mais com uma voz de flerte do que de brincadeira.
Os olhos azuis de Rick faíscaram.
— Não agradeça – Ele disse. – Você esta mesmo muito madura, Kira, não parece a mesma garota que deixou essa escola seis anos atrás.
— É porque eu não sou mais aquela garota – Digo. – Eu entendo que pode ser difícil desvincular aquela imagem de mim, eu sei que deve ser muito forte, mas eu não sou mais aquela pessoa.
Ele concordou com a cabeça.
— Você tem razão, eu tenho percebido isso. Hoje foi interessante, é como se você se tornasse outra pessoa enquanto faz seu trabalho. Você é séria, assertiva, eu fiquei impressionado.
Eu ergui uma sobrancelha.
— Tantos elogios, isso significa um aumento, senhor diretor?
Eu perguntei, outra vez usando minha voz de flerte, mas agora de propósito. Rick riu e balançou a cabeça.
— Nesse ponto você contínua a mesma, ainda é muito engraçada – Ele começou a caminhar em direção a porta da sala. – Fico feliz que tenha aceitado nos ajudar no baile deste sábado. Acho que é válido agradece-la novamente.
— Ei, tudo bem. Eu acho que nunca o vi dançando antes, vai ser uma ótima oportunidade.
Digo enquanto me sentava na ponta da mesa.
— E definitivamente eu não garanto que vai ver dessa vez – Ele disse em tom de humor, ele acenou e depois deixou a sala.
Quando ele saiu eu ainda estava rindo baixo, peguei algumas anotações que seriam úteis para que eu fizesse meu relatório semanal, esse seria anexado como apêndice, juntamente com todo o restante do conteúdo utilizado em minha pesquisa. Isso é bem cansativo. Todas as semanas elaborar relatório, planos de estratégia, referências e métodos científicos válidos para empregar na prática de campo, para que no final eu ainda escreva algo ainda mais complexo. Espero que pelo menos isso valha a pena depois.
Enquanto trabalhava em minhas anotações, comecei a divagar sobre o baile. Eu não gostava muito deles na minha época de colégio, na verdade eu não os considerava muita coisa. Bem, não vai ser realmente um sacrifício, e caso algum aluno batize o ponche com vodka, pode ser até divertido.
Alguns minutos depois, minha porta foi aberta sorrateiramente. Eu ergui minha cabeça e encontrei Negan entrando na sala com passos de gato. Ele fechou a porta novamente e se virou para mim, aquele sorriso do Gato de Cheshire nos lábios enquanto se aproximava de mim.
— Finalmente sozinha.
— Estava espreitando lá fora? Isso não é muito elegante – Comentei, colocando a agenda de lado e apoiei minhas mãos na mesa. Eu havia me sentado na ponta da mesa e cruzado as pernas, isso fez com que minha saia subisse alguns dedos e revelasse minhas coxas.
Negan não deixou esse detalhe passar despercebido e olhou sem nenhuma descrição.
— Meus olhos estão aqui encima, treinador – Eu falei em tom baixo, chamando sua atenção. Ele ergueu a cabeça.
— Pensei que ele nunca fosse sair – Negan comenta, e isso me faz franzir as sobrancelhas, até que eu me toco de que ele deve estar se referindo a Rick. – Que papinho de merda.
— Você é um idiota, Negan.
— E Dick Grimes é a porra de um mala.
— Acho que você só está despeitado – Eu o provoquei. – Por ele estar recebendo mais atenção minha do que você.
— Eu tenho sua atenção na hora que eu quiser, boneca. Você sabe disso.
Eu ergui uma sobrancelha para ele.
— Você têm, é? – Perguntei. Ele é tão arrogante que praticamente transborda.
Negan se aproximou e colocou uma mão em minha coxa. Ele apertou os dedos levemente fazendo pressão. Não era muita coisa, mas me permitia sentir a textura de seus dedos grossos em minha pele, isso enviou ondas por todo o meu corpo.
— Eu tenho sim, e sabe por quê? – Ele pergunta. – Porque diferente do Grimes, eu sei deixar uma garota pingando. E é disso que você gosta.
— Já eu diria que Rick é um cavalheiro, ao contrário de você – Rebati, mantendo meu tom de voz inabalável ao contrário do furacão acontecendo do lado de dentro. Me lembrei da aposta e me lembrei de que eu posso ter tanto poder quanto ele, eu só preciso jogar de igual para igual.
— Você não quer um cavalheiro, boneca, você quer outra coisa – Ele se inclinou na minha direção e apertou minha coxa com mais força, com certeza querendo deixar alguma marca para mostrar que ele esteve ali.
Ergui meu rosto na direção do dele
— Uhn... tem razão, não é o que eu quero – Falei, baixando minha voz até que ela se tornasse um sussurro sexy. – Eu não gosto dos bonzinhos, acho que você sabe bem disso. Um homem que saiba foder uma mulher, que vá me fazer gritar, que me faça esquecer meu nome...
Aproximei mais meu rosto do dele e seu cheiro invadiu meu sistema nervoso, fazendo meu corpo aquecer. Eu sorri maliciosa.
— ...um homem que não seja gentil – Eu mordi meu lábio quando continuei. – Mas eu não vejo nenhum desse tipo por aqui.
Negan subiu sua mão pela minha coxa, adentrando a minha saia.
— Que garota suja você é, uhn... – Ele sussurrou, o rosto franzido. Eu conseguia ver que tinha atingido meu objetivo. – Eu sei exatamente como tratar você, boneca, não me teste.
— Oh, será mesmo que você sabe, Treinador? – Eu perguntei. – Porque você já teve uma chance e não soube como aproveitá-la.
Sua mão subiu mais e mais até chegar em minha calcinha, mas devido a minhas pernas estarem cruzadas, ele não tinha muito o que fazer além de arrastar suas unhas alí e me causar arrepios.
No entanto, Negan percebeu o que eu estava fazendo e riu baixo, soprando o ar em meu rosto.
— Você é perigosa, garota...
— Mais do que você pode imaginar, treinador.
Eu também soprei para ele. Tirei minha mão da mesa e a coloquei em sua nuca, arranhando levemente sua pele, da mesma maneira como ele estava fazendo comigo.
— Dois podem jogar esse jogo, Negan – Eu falei.
— Até podem, mas eu sempre venço – Ele sorriu arrogante.
Eu ri e balancei a cabeça, não desviei meus olhos dos dele.
— Não encontrou alguém à altura então.
A outra mão dele apertou meu quadril e raspou seus lábios nos meus. Eu não perdi a oportunidade e mordi seu lábio inferior, puxando-o entre meus dentes, mas sem beijá-lo. Suas mãos me puxaram para si com força e foi nesse momento que ouvimos uma batida na porta. Negan afastou-se de mim com um grunhido baixo.
— Porra...
Ele xingou, esfregando o rosto. Olhei rapidamente e percebi seu desconforto bem aparente nas calças. Inclinei minha cabeça com um sorriso malicioso e falei em voz alta:
— Entre.
Negan virou de costas, disfarçando para quem quer que fosse. Era um professor, aquele novo, que havia esquecido sua agenda aqui e então voltou para buscá-la. A irritação de Negan era óbvia, assim como o meu divertimento. Ele grunhiu mais alguma coisa, algo como uma despedida, e então deixou a sala. O outro professor me olhou com expressão inquisitiva, mas tudo o que fiz foi dar de ombros.
Ele se despediu após encontrar sua agenda e deixou a sala em seguida. Negan não voltou mais àquele dia, mas eu estava bem satisfeita com o que havia acontecido. É bom saber que eu o excito tanto quanto ele faz comigo. Isso nos deixa no mesmo patamar.
🌙
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