03 | ISSO NUNCA TERIA DADO CERTO.
Uma semana depois...
UMA SEMANA HAVIA se passado e eu aínda não tinha tomado uma decisão. Na verdade eu estava tão perto de me decidir quanto estava no início do prazo. Não deveria ser uma decisão tão difícil. É a Europa... mas por que eu não consigo?
Depois, no caminho até o colégio, minha decisão mudou várias vezes. Enquanto eu fazia uma lista de prós e contras em minha mente, várias contradições apareciam sempre que parecia que eu havia tomado realmente um decisão.
Não é só por conta do treinador. É claro que no fundo eu não queria abandonar o meu sonho estúpido de que em algum momento após terminar o colégio e ser maior de idade, ele viria até mim e diria que sempre foi apaixonado por mim, e que agora nós poderíamos ter um relacionamento sem que ele fosse preso. As vezes minha imaginação vai um pouco longe demais.
Enfim... não é só por isso.
Meus pais estão aqui. Minha vida toda é aqui. Eu posso não ter tantos amigos, mas os poucos que eu tenho também estão aqui. Eu demorei 17 anos tentando me adaptar a vida que eu tenho. É como se eu fosse uma peça de quebra-cabeça que foi trocada de caixa e agora não tem onde se encaixar. No entanto, eu aprendi a sobreviver. Eu me adaptei.
Por mais difícil que tenha sido e mesmo que eu ainda sofra um pouco. Como eu farei isso em outro lugar?
Esse processo de adaptação é tão doloroso e eu não sei se quero passar por isso de novo, e ainda por cima totalmente sozinha.
Assim que cheguei ao colégio e estava na porta da minha sala, o diretor Grimes apareceu chamando pelo meu nome.
- Algum problema, diretor?
Perguntei, imediatamente sentindo o meu nível de ansiedade aumentando.
- Não, claro que não. Eu só gostaria de conversar um momento com você, srta. Brown.
Eu balancei a cabeça concordando, porém não menos ansiosa, e o acompanhei até sua sala.
Quando nós entramos, ele continuou:
- Eu quero ser breve, já que sua aula começará logo e eu sei que não gosta de se atrasar.
- Claro.
- Meu colega disse que você respondeu seu e-mail, dizendo que pensaria e enviaria a resposta ao final do prazo.
Ele começou cuidadoso. Eu concordei.
- Foi.
- Você parece estar tendo dificuldades para tomar uma decisão.
- Largar tudo e ir para outro país não é algo muito fácil.
Eu disse.
- Eu compreendo - Sua voz estava cheia de cumplicidade. - Eu só gostaria que soubesse... se você está tão indecisa, se precisa conversar com alguém sobre isso, eu estou aqui.
A combinação de seu sotaque sulista, mais a maneira tão calma que ele me olhava, me passou uma segurança surpreendente. Eu balancei a cabeça, me sentindo um pouco mais calma.
- Eu tenho medo - Falei. - Passei muitos anos da minha vida tentando me encaixar, e mesmo que não tenha tido todo o sucesso como gostaria, eu... não me sinto mais como um ser de outra espécie. Ir para outro colégio agora, em outro pais e quase na metade do semestre é aterrorizante.
Eu não havia dito isso em voz alta para ninguém. O homem inclinou-se para frente e apoiou seus cotovelos na mesa.
- Você fará exatamente como fez aqui e se sairá muito bem - Ele começou. - Srta. Brown, eu não teria escolhido seu nome para ser recomendado se não acreditasse que pode fazer isso.
- Acho que o senhor tem uma visão muito superestimada sobre minha capacidade de sociabilidade.
- Ou talvez você seja pensimista - Ele piscou e então sorriu levemente. - Certo, é melhor que você vá agora, eu não quero que chegue atrasada por minha causa.
Ele rabiscou algo em um papel e me entregou.
- De isso ao professor, caso ele questione o horário que você chegar.
Eu balancei a cabeça e apanhei o papel.
- Obrigada pelo conselho, diretor.
Agradeci enquanto ia até a porta.
- Não agradeça, espero que tenha sido útil.
Eu sorri e deixei a sala.
No corredor, acabei literalmente trombando com alguém.
- Ei, boneca, cuidado.
Aquela risada era inconfundível.
O corredor estava vazio, aparentemente as aulas já haviam começado. Negan viu de onde eu estava saíndo e franziu as sobrancelhas.
- Se meteu em problemas?
- Não - Neguei, dando de ombros. - Eu só estava recebendo alguns conselhos.
- E desde quando pede conselhos ao Grimes?
Ele perguntou e eu poderia jurar que aquilo na voz dele era ciúmes, mas eu não quero alimentar mais nenhuma fantasia idiota. Não mais do que eu já alimentei durante esses anos.
- O diretor está me ajudando com algo - Eu falei, enquanto ia para minha classe. Percebi que o treinador estava me acompanhando. - Então ele percebeu que eu estava tendo dificuldades e me chamou para conversar.
Ele estava com as mãos nos bolsos.
- Veja só se ele não decidiu tirar a bunda dele da cadeira e trabalhar um pouco.
Eu revirei os olhos. Essa richa entre eles tem ficado cada vez mais irritante.
Nós chegamos na porta da minha sala e eu parei.
- Bem, minha aula já começou, então...
Eu parei e indiquei a porta com a cabeça.
- É, claro - Ele resmungou e esfregou a barba. - Até mais tarde, garota.
Ele falou e ensaiou se afastar. Apenas ensaiou mesmo, pois ele voltou e ergueu uma sobrancelha. - Sobre o que exatamente ele estava aconselhando você?
É, esse é o treinador Negan. Sem meias palavras ou rodeios.
- Ele estava...
Eu comecei a falar, mas a porta se abriu e meu professor de história me olhou brevemente. Em seguida seus olhos foram para Negan e sua expressão se fechou por completo. O treinador não é muito querido entre uma parte dos professores, sua atitude e sua boca suja é um grande motivo para a reprovação pela parte mais conservadora do corpo docente.
- Parece que alguém fez minha melhor aluna se atrasar.
Ele resmungou. Eu me virei para ele e entreguei o papel que o diretor Grimes havia me dado.
- Na verdade eu estava com o diretor. O Treinador Smith apenas me acompanhou até aqui.
O professor leu o papel rapidamente e então balançou a cabeça compreendendo.
- Entre, srta. Brown.
Eu passeo por ele, laçando um último olhar rápido para Negan.
🌙
QUANDO A AULA de educação física chegou, eu não tinha mais desculpas para dar e eu sabia que me fazer de pobre coitada não seria o suficiente dessa vez. Sendo assim, lá estava eu no vestiário feminino terminando de me arrumar para a aula.
Enquanto me aprontava, ouvi o burburinho das garotas do outro lado dos armários. Elas pareciam estar tentando sussurrar ou sei lá, mas a verdade é que elas falavam tão alto que eu conseguia ouvir tão claramente quanto se elas estivessem do meu lado.
Era a voz de Jenny e suas amigas. Imediatamente eu revirei os olhos e tranquei meu armário.
- Você está brincando! É sério?!
Uma das amigas dela exclamou com voz estridente.
Eu me sentei para amarrar meus tênis.
- Claro que é! Ele disse que minha boca era perfeita e garantiu que foi o melhor boquete que já recebeu.
Ah, ótimo. Ela esta contando vantagem sobre algum jogador do time de novo. Amarrei meus sapatos e me levantei.
- Isso é com certeza algo que o Treinador Negan diria.
Uhn... parece que ela não estava falando sobre alguém do time afinal...
Eu queria deixar o vestiário, mas eu precisaria passar por elas. Respirei fundo e atravessei o corredor dos armários. A loira imediatamente me viu.
- Ei, vejam só se não é a Lady Vômito.
Eu revirei os olhos e a ignorei. Pelo menos esse apelido imbecil não pegou com as outras pessoas.
- Acho que ela estava ouvindo tudo.
Uma das amigas dela disse.
- Ah, deixem ela, isso vai servir pros sonhos molhados dela. Ela nunca vai ter mais do que isso.
Eu continuei ignorando, apesar de estar sendo bem difícil.
- Ela acha que sabe disfarçar o penhasco que ela tem pelo treinador. Só não se toca que está ficando cada vez mais ridículo...
Eu bati a porta do vestiário e sai.
Eu estava sentindo todo o meu corpo tremer. Eu só não sabia se era de raiva ou outra coisa. O pior de tudo é que parte de mim realmente concorda com o que ela disse. Eu engoli em seco e segui frente, indo me juntar com o restante da classe no centro do ginásio. Ao que parece hoje nós teriamos vôlei.
O treinador chegou e eu percebi imediatamente que ele não estava sozinho. O grupinho vinha logo atrás, vozes estridentes e provocações.
Continuei mantendo minha expressão neutra, mesmo que estivesse quase explodindo de raiva. Evitei olhar para ele quando recebíamos as instruções. Quando os times foram divididos eu acabei sendo a última a ser escolhida, já que todos conhecem as minhas habilidades praticamente inexistentes.
O jogo começou. Inicialmente eu estava desviando das bolas que viam em minha direção, até ouvir o grito do Treinador:
- Isso não é queimado, Brown! Você não tem que fugir da porra da bola!
Eu o olhei rapidamente e então voltei meu olhar para frente. Jenny me olhava sorridente, provocadora. Ela estava se divertindo com o meu medo de ser atingida outra vez.
Certo, eu acho que todo mundo tem um limite e esse definitivamente era o meu.
- Brown, sua vez de sacar!
Negan gritou. Recebi a bola e recuei alguns passos para longe da rede.
Eu posso não ter uma coordenação muito boa, mas tem uma coisa em mim que é invejável.
Minha mira.
Jenny estava de costas falando algo com sua amiga. Eu a olhei como de ela fosse um daqueles alvos de dardos em um bar. Quando saquei a bola, ela foi direto em sua direção e acertou suas costas a fazendo tropeçar para frente e bater contra a amiga.
A garota voltou-se para mim.
- Sua vadia!
Ela gritou e começou a vir na minha direção. Eu não recuei, eu não tinha medo dela.
- Desculpa, acho que eu realmente confundi isso com queimada.
Falei, meu tom pingava sarcasmo.
- Eu vou te mandar outra vez pro hospital.
Ela rosnou enquanto passava por baixou da rede.
- Chega! - Era o treinador. - Que porra vocês pensam que estão fazendo? Aqui não é o maldito Clube da Luta!
Eu o olhei e depois olhei para ela. Jenny parecia pronta para arrancar minha cabeça.
- Ela começou, Negan!
- É treinador - Ele a corrigiu. - E eu estou pouco me fodendo para quem começou. Eu estou terminando essa merda agora.
Ele tocou o apito.
- Todo mundo pagando 35 voltas.
Haviam xingamentos e gritos de protesto, mas o treinador não pareceu dar a mínima para isso, ele estava firme em sua decisão.
Passei por ele para me juntar ao restante da turma na corrida e ele segurou meu braço.
- Quero você na minha sala no final da aula.
Falou em tom baixo. Seu tom me rendeu arrepios por todo o corpo. Eu concordei com a cabeça e ele me soltou, permitindo que eu me afastasse.
🌙
QUANDO O AULA acabou, eu me dirigi até a sala dele. O treinador entrou logo atrás de mim e fechou a porta.
- Que porra foi aquela?
- O senhor me mandou sacar, esqueceu?
Perguntei inocentemente.
- Eu mandei você sacar, não acertar a bola nela.
- Todo mundo sabe que eu não sou boa, ela devia ter saído da frente.
- Ela poderia ter se machucado, assim como você se machucou.
- Assim como ela me machucou - Eu praticamente cuspi as palavras. - E acredite em mim, se eu quisesse machuca-lá de verdade como ela fez comigo, aquela bola não teria sido nas costas.
O treinador ficou me encarando por alguns instantes e então esfregou o rosto.
- Se fosse qualquer outro que tivesse feito isso, nesse momento eu estaria colocando para fazer polichinelos debaixo de chuva.
Ele resmungou. Eu o olhei com atenção.
- Eu não sou como os outros, então?
Perguntei baixo.
Acho que eu estava sem fôlego.
- Eu não passo duas horas depois do meu horário conversando sobre redação com qualquer um, então não, você não é como os outros alunos.
Ele disse e então se apoiou contra a porta. Negan acrescentou:
- Mas isso não quer dizer que se safou.
- Ah, mas é claro que não, Negan.
Eu falei provocativa, imitando a voz enjoativa de Jenny. Eu quase vomitei com aquilo. Percebi os olhos dele escurecem.
- Garota...
- O quê? Só ela pode te chamar assim?
Eu estava com ciúmes? É, eu estava. Eu tinha esse direito? Não, com certeza que não, mas eu não dou a mínima.
- Eu nunca permiti que ela me chamasse desse jeito.
Cruzei os braços e ri sem humor.
- Eu Imagino as coisas que você permite que ela faça.
- Do que diabos você está falando, garota?
Ele perguntou e deu um passo em minha direção.
- Não faz diferença.
Resmunguei tentando passar por ele. Eu não queria ter aquela conversa, eu só quero ir embora para casa.
- Ah, não mesmo, porra - Ele praguejou e segurou meus ombros me fazendo parar. - O que você está insinuando.
Eu ergui os olhos para ele e acabei me perdendo por alguns segundos em seu rosto. Merda, por que ele tem que ser tão bonito?
- Eu não estou insinuando nada.
- E agora você esta mentindo para mim.
- Não preciso mentir.
- Então por que está agindo como uma maldita pirralha?!
- Porque eu cansei de engolir tudo e ficar sempre em silêncio! - Falei, praticamente explodindo. - As provocações, as indiretas, todas as ofensas. Eu estou cansada de fingir que não está machucando.
Ele soltou meus ombros.
- Você nunca falou sobre isso, se estava passando por alguma merda...
- O quê? Contar pra você? - Perguntei. - Conversar sobre o assunto? Não, obrigada.
O que eu iria dizer a ele? Seria ainda pior. Eu iria dizer que estava com ciúmes dele e depois? Dizer que tenho que aguentar todos os dias aquela garota ridícula dizendo o quanto ele fode bem?
Não, definitivamente não.
Ele ficou em silêncio por alguns instantes e eu estava quase pensando em tentar sair novamente, até que mudei de idéia. Talvez eu deva fazer uma tentativa.
- O senhor quer mesmo saber qual é o meu problema?
Eu perguntei e ele me encarou.
- É claro que sim.
Eu respirei fundo, tomando coragem. Bem, isso pode ser agora ou nunca. Coloquei minha mãos na nuca dele e o puxei para mim ao mesmo tempo em que ficava na ponta dos pés para alcançar seus lábios e beijá-lo. Eu senti seu choque inicial e o medo que ele rejeitasse o beijo me invadiu, mas ele não me afastou.
Ele pareceu retribuir por alguns instantes. Negan se inclinou para mim e movimentos sua boca contra a minha. Meu corpo inteiro se acendeu com aquilo. Foram poucos segundos, mas foram os segundos mais incríveis da minha vida. A sensação da barba dele contra o meu rosto, a textura dos lábios... era tudo tão bom e parecia encaixar perfeitamente em mim.
Então eu senti suas mãos deslizando pelos meus braços e ele apertar levemente antes de me afastar. Eu respirei fundo algumas vezes e o olhei com expectativa, esperando pelo que ele iria falar. Acontece que ele não disse absolutamente. Ele só ficou alí, me olhando e em silêncio.
- Eu precisava fazer isso - Falei. - Se não fizesse agora, então...
- Kira, nós precisamos conversar.
Ele disse me cortando. Seu tom era tão sério quanto no dia em que me levou ao hospital.
- Precisamos.
Eu concordei. Meu coração estava batendo próximo a boca. Negan esfregou o rosto com as mãos, depois coçou a barba e soltou um suspiro alto.
- Eu... acho que passei uma impressão errada para você.
Eu franzi as sobrancelhas.
- O quê?
- Fiz com que parecesse que eu poderia ser algo além de seu treinador, de um amigo...
Ele parou de falar, como se estivesse escolhendo as palavras corretas que não fossem me magoar.
Acho que nunca me senti pior na vida. Nem com o bullying ou as provocações. Nem com as boladas e tudo o mais. A rejeição dele... isso foi mesmo horrível.
- Eu entendi - Consegui me obrigar a falar. Eu precisava que ele parasse. Desesperadamente, eu precisava que ele não continuasse com aquele tom complacente, isso só pioraria tudo.
- Kira, eu quero que você compreenda que eu não posso...
- Mas parece que com Jenny você sempre pode.
O interrompi e passei por ele, indo em direção a porta. Eu conseguia escutá-lo falando alguma coisa atrás de mim, mas eu não conseguia compreender essas palavras. Minha cabeça parecia cheia demais, meus ouvidos pareciam tampados e eu tenho certeza de que posso chorar em qualquer instante.
Não passei no vestiário feminino para pegar minhas roupas no armário e também não parei no corredor para pegar minha mochila no meu armário. Eu apenas deixei a escola o mais rápido que conseguia, tentando estar longe o suficiente para que ele não me visse chorando.
Eu sabia que estava sendo ridícula com essa história. Eu sempre soube, mas eu insisti. Eu fui idiota em pensar que ele teria desejo por mim como eu tinha por ele. Mesmo que ele tenha ficado com Jenny ou alguma de suas amigas... elas são bem mais bonitas do que eu de qualquer maneira.
Enquanto corria de volta para casa, decidi qual seria minha resposta quanto à bolsa. Eu não conseguiria voltar ao colégio. Não conseguiria passar todo o último ano tendo aulas com ele e escutando as indiretas no vestiário. Até onde eu sei, não deve ser impossível que ele conte a ela sobre o que aconteceu.
Eu preciso ir embora.
E foi isso o que eu disse aos meus pais durante o jantar depois que eles voltaram do trabalho.
Felizmente eu tive o restante do dia para me recompor depois de chorar horrores.
- Você tem certeza, querida? É uma grande decisão.
Minha mãe falou.
- Sim, na verdade eu meio que já aceitei.
Falei. Eu havia respondido o e-mail aceitando a proposta há pelo menos duas horas atrás. Os dois me olharam surpresos.
- Nossa, uhn... - Meu pai murmurou. - Certo, acho que tudo bem. Eu pesquisei e de fato é uma ótima escola, fora que eu confio muito em Rick e se foi uma recomendação dele, acho que não tem muito o que opor.
Eu balancei a cabeça e então me levantei. Eu havia comido muito pouco, não estava com fome.
- Você está bem, filha?
Minha mãe perguntou enquanto eu tirava meu prato da mesa.
- Claro que sim. Só ansiosa.
Falei forçando um sorriso e fugindo para a cozinha.
Não haveriam despedidas. Não tinha muita gente para quem dar tchau. Eu falei com o diretor da nova escola e eu estaria em um vôo para Londres no domingo. Então depois de subir de volta para o meu quarto e antes de dormir, escrevi alguns e-mails para os meus professores preferidos, agradecendo por tudo o que fizeram por mim nos últimos anos.
Apenas um professor não receberia um e-mail.
🌙
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