10. the deal of two friends
Daphne Bridgerton estava ainda muito irritada. Seu irmão, Anthony, havia dado sua mão para um dos homens mais repugnantes da temporada social. A indignação fervia em suas veias enquanto ela caminhava rapidamente pelo jardim escuro da propriedade, onde a festa acontecia. A cada passo, sua raiva só aumentava. Como Anthony podia ser tão insensível aos seus sentimentos?
Ela finalmente parou ao lado de uma fonte, tentando controlar a respiração. As lágrimas ameaçavam cair, mas ela se recusava a deixá-las escorrer. Daphne ergueu a cabeça e olhou para a lua, buscando um consolo que parecia distante.
Foi então que ela ouviu passos atrás de si. Virou-se rapidamente, o coração acelerado. E lá estava ele, o homem em questão. Ele caminhava em sua direção com um olhar determinado, mas havia algo mais em seus olhos, algo que ela não conseguia decifrar.
─── Daphne. ─── ele começou, sua voz suave, mas carregada de emoções. ───Eu sei que você está chateada. Sei que não é isso que você queria.
Ela cruzou os braços, tentando esconder seu tremor. ─── Você não faz ideia do que eu quero.─── ela retrucou, a raiva clara em suas palavras.
Ele deu mais um passo em sua direção, mantendo uma distância respeitosa.
─── Eu posso não saber tudo, mas sei que não quero ser o motivo da sua infelicidade.
Daphne o olhou nos olhos, procurando alguma sinceridade.
─── Então por que aceitar o acordo com Anthony? Por que me colocar nessa posição?
Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos.
─── Porque, Daphne, eu não sou tão ruim quanto você pensa. E porque, de alguma forma, eu acredito que podemos encontrar algo bom nisso. Algo verdadeiro.
Ela piscou, surpresa pela franqueza.
─── E se eu não quiser tentar?"
Seu semblante mudou instantaneamente. Ele avançou sobre ela, seus olhos brilhando com uma fúria inesperada.
─── Você se acha melhor do que eu?─── ele gritou, sua voz ecoando pelo jardim.─── Ninguém a quer, Daphne! Você deveria estar agradecida por alguém como eu se interessar por você.
Antes que ela pudesse reagir, ele a agarrou sem delicadeza nenhuma, puxando-a de forma bruta para si. Seus dedos se cravaram em seus braços, causando dor.
─── Você é minha agora, ─── ele rosnou, tentando tomá-la de qualquer forma.
Daphne estava enojada e assustada. Ela tentou se desvencilhar, mas ele era mais forte.
─── Solte-me! ─── ela gritou, sua voz tremendo de medo e raiva. ─── Você está me machucando!
Ela lutou com todas as suas forças, sua mente correndo para encontrar uma saída. Finalmente, em um ato desesperado, ela ergueu o joelho e o atingiu com força no estômago. Ele soltou um gemido e afrouxou o aperto, permitindo que ela se libertasse.
Ofegante, Daphne recuou, mantendo a distância entre eles.
─── Nunca mais se atreva a tocar em mim.─── ela disse, sua voz firme apesar do terror em seus olhos.
Mas ele não parou por aí. Ainda enfurecido, ele a puxou novamente, com mais força dessa vez. Daphne, sem outra opção, fechou os punhos e lhe deu um soco desajeitado no rosto. A força do golpe, embora inexperiente, foi suficiente para derrubá-lo. Ele caiu ao chão, segurando o rosto com uma mão.
O labirinto é um lugar misterioso, com paredes altas de sebes verdes e caminhos sinuosos. Os jardins ao redor são exuberantes, com flores coloridas e árvores frondosas, mas há um clima de suspense no ar.
Ao ouvir a confusão, Simon sente um impulso de proteger e ajudar Daphne, correndo com o coração acelerado pelo labirinto. Quando ele chega e vê Daphne nocauteando o agressor, ele fica inicialmente surpreso e depois aliviado. A surpresa se transforma em um sorriso e uma risada, não só pelo alívio de ver que a irmã de seu melhor amigo está bem, mas também pela ironia da situação - ele correu para salvá-la, mas ela já havia resolvido a situação por conta própria.
Ela sente uma mistura de adrenalina e vergonha. Adrenalina por ter acabado de defender a si mesma de um agressor, e vergonha por ter agido de maneira tão agressiva, especialmente na frente de Simon. Quando vê Simon rindo, ela fica corada, talvez um pouco envergonhada, mas também aliviada que ele não esteja bravo ou preocupado. Há um senso de alívio por parte de Daphne ao ver que Simon não a julga mal e, ao contrário, parece admirado e divertido com a cena.
─── Uau, Senhorita Bridgerton! Parece que cheguei tarde para salvar a donzela em perigo.
A mulher estava envergonhada, mas tentava sorrir.
─── Não sei o que me deu... Eu só reagi.
Simon ainda estava rindo, mas acrescentou gentilmente.
─── E reagiu muito bem. Me lembre de nunca te irritar.
Daphne olhou para Simon com preocupação, sua mão ainda latejando de dor.
─── Eu realmente não queria machucar Lorde Berbrooke. ─── disse ela, sua voz um sussurro carregado de culpa.
Simon, com um sorriso divertido, se abaixou para verificar o homem caído.
─── Ele está respirando.─── disse ele, ainda rindo da situação. ─── Você tem um soco forte para alguém tão delicada.
Daphne fez uma careta, sentindo a dor pulsar em seus dedos.
─── O que você estava fazendo no jardim escuro? ─── perguntou, tentando mudar de assunto e dissipar a tensão que sentia.
Simon evitou seu olhar por um momento, os olhos fixos no chão.
─── Estava evitando algumas pessoas.
─── Quem? ─── Daphne indagou, a curiosidade transparecendo em sua voz.
─── Minha ex-noiva e seus irmãos. ─── ele respondeu, um tom de amargura em sua voz. Daphne arregalou os olhos, surpresa.
─── Desculpe, não deveria ter perguntado.─── disse ela rapidamente, sentindo-se intrusiva.
O homem caído, Lorde Berbrooke, começou a murmurar, suas palavras saindo em meio a delírios.
───Daphne, você se casará comigo?─── ele balbuciou, sua voz arrastada e confusa.
Daphne e Simon se entreolharam, ambos sentindo uma mistura de desconforto e incredulidade. Para Simon, Daphne era apenas a irmã de seu melhor amigo, alguém que ele sempre via de forma protetora, mas distante. Para Daphne, Simon era um amigo de seu irmão, uma presença constante mas que nunca havia despertado nela nada além de uma cordial amizade.
Ambos estavam ali, tentando se distrair de seus próprios problemas. Daphne queria esquecer a pressão de encontrar um bom partido, e Simon estava fugindo de um passado doloroso. Agora, diante do absurdo da situação, encontravam-se unidos por um instante de caos e confusão.
Simon riu, quebrando o silêncio desconfortável que pairava no ar.
─── Esse foi, sem dúvida, o pedido de casamento menos romântico que já vi na minha vida.
Daphne tentou sorrir, mas seus olhos estavam marejados. Ela olhou para o chão, onde Lorde Berbrooke ainda jazia inconsciente.
─── Não é apropriado que alguém me veja aqui, sozinha com dois homens em um jardim escuro.─── murmurou, ─── mas agora eu até gostaria que vissem. Pelo menos assim eu não teria que me casar com ele.
Simon ficou chocado.
─── Por que você consideraria se casar com alguém como Lorde Berbrooke?
A frustração e a tristeza de Daphne transbordaram.
─── Eu não tenho escolha, Simon. Eu sou uma mulher, e preciso me casar. Não posso simplesmente dizer a todos que não vou me casar, como você faz. Não tenho essa liberdade.
Simon ficou em silêncio, absorvendo suas palavras. Ele nunca havia pensado na pressão que Daphne enfrentava. Para ele, a ideia de casamento era algo que podia rejeitar livremente, mas para ela, era uma necessidade, uma expectativa inescapável.
─── Daphne...─── ele começou, sua voz mais suave. ─── eu não sabia que você se sentia assim.
Ela suspirou, enxugando as lágrimas antes que caíssem.
─── Você nunca precisou saber. Para você, é diferente. Mas para mim, cada movimento é observado, cada decisão julgada. E um erro pode custar tudo.
Simon sentiu uma onda de empatia e culpa.
─── Eu... sinto muito, Daphne. Eu realmente sinto. Você não precisa se casar com alguém como Berbrooke.
Ela olhou para ele, surpresa pela sinceridade em sua voz.
─── E como você sugere que eu isso?
Simon hesitou por um momento, mas então, uma ideia começou a se formar.
─── Eu... vou te ajudar. Vamos encontrar uma solução.
Daphne assentiu lentamente, uma pequena chama de esperança acendendo em seu coração. Talvez, só talvez, ela não estivesse tão sozinha nessa batalha quanto pensava.
Simon olhou para Daphne, a seriedade em seus olhos.
─── Eu sei como você se sente, Daphne. Lady Whistledown não tem sido gentil com você, escrevendo sobre seu azar em não ter pretendentes. Mas ela também tem escrito muito sobre meu noivado com Lilibeth.
Daphne apertou os lábios, tentando conter as lágrimas.
─── Eu não quero ouvir mais sobre essa mulher. Ela está destruindo minha reputação.
─── Por favor, Daphne, ouça-me. ─── Simon insistiu, sua voz firme mas gentil. ─── O que me deixa com raiva é que Lady Whistledown expôs o fato de que fui enganado, e eu ainda não descobri por que fui abandonado. E o que dói mais é que, apesar de tudo, eu ainda amo Lilibeth. Mesmo que ela não me ame mais.
Daphne parou, a surpresa a silenciando. Ela nunca tinha ouvido Simon falar tão abertamente sobre seus sentimentos. Ela percebeu que ele, também, estava lutando contra seus próprios demônios.
─── Eu... não sabia que ainda a amava.─── disse ela, a voz baixa.
─── Eu não tinha contado a ninguém. ─── Simon confessou, olhando para o chão. ─── É algo que tento enterrar, mas a dor ainda está lá. E toda vez que Lady Whistledown escreve sobre isso, é como uma faca sendo torcida na ferida.
Daphne respirou fundo, tentando controlar a raiva e a frustração que sentia.
─── Então, o que sugere que façamos, Simon? Como podemos lidar com isso?
Simon levantou os olhos para encontrar os dela, uma determinação nascendo dentro dele.
─── Vamos enfrentar isso juntos, Daphne. Vamos encontrar uma maneira de calar Lady Whistledown e mostrar a todos que não somos marionetes das fofocas. Você não precisa se casar com Lorde Berbrooke, e eu vou descobrir a verdade sobre Lilibeth.
Daphne sentiu uma centelha de esperança se acender. Pela primeira vez em muito tempo, não se sentia sozinha em sua luta.
─── Muito bem, Simon. Vamos fazer isso juntos.
Simon sorriu, estendendo a mão para ela.
─── Juntos.
Ela apertou sua mão, sentindo uma força renovada. Com Simon ao seu lado, talvez houvesse uma chance de superar os obstáculos que o destino havia colocado em seu caminho.
( ... )
Lilibeth observou Simon desaparecer na direção dos labirintos, um misto de emoções se agitando dentro dela. Seus olhos se encontraram por um breve instante antes que ele se afastasse, e naquele olhar, ela viu a dor e a confusão que ela mesma sentia. Quando ele sumiu de vista, a culpa a envolveu como uma nuvem pesada.
Ela sabia que Simon não compreendia por que ela o havia abandonado no altar, e esse segredo a corroía por dentro. Seus irmãos mais velhos, Ren e Eliott, e seus amigos, Luc, Thomas e Adelia, estavam ao seu lado, mas a presença deles pouco fazia para amenizar a sensação de solidão e remorso que a consumia.
Lilibeth sentiu as lágrimas brotarem, mas as conteve. Não podia se permitir desmoronar agora. A decisão de deixá-lo no altar não havia sido fácil, e ela sabia que ele se sentia traído e magoado. Contudo, havia coisas que Simon ainda não sabia, verdades que ela não podia revelar, não ainda. A segurança de todos dependia do seu silêncio, mas isso não diminuía o peso da culpa que ela carregava.
Ela se virou para os outros, tentando encontrar força na determinação de seus amigos e irmãos. Eles precisavam dela forte, precisa manter-se firme por todos eles, especialmente por Simon. Mesmo que ele não soubesse, tudo o que ela fazia era por ele, para protegê-lo de um destino que ele não compreendia.
Ela sabia que não podia mudar o passado, mas podia lutar pelo futuro, por Simon e por todos aqueles que amava.
─── Lili, querida...─── Ren a chamou segurando levemente seu cotovelo. ─── Gostaria de ir embora?
─── Não seria de bom tom. Seria nosso segundo baile seguido em que me descontrolo, acho melhor socializarmos mais um pouco.─── Ela sorriu, um sorriso triste.
─── Sinto em dizer que tem razão.
Lilibeth, apesar da tristeza que lhe pesava no coração, sabia que precisava manter as aparências. Seu dever era proteger a reputação da família, e para isso, precisava socializar.
Ren e Eliott, percebendo a necessidade de aliviar a tensão, se afastaram para um lado, mergulhando nas conversas animadas do baile. Thomas, por sua vez, tomou outro rumo, cumprimentando conhecidos e trocando gentilezas. Lilibeth permaneceu ao lado de Adelia e Luc, onde a conversa fluía de maneira leve e agradável.
Luc, sempre observador, notou a sombra de melancolia nos olhos de Lilibeth e decidiu que era hora de mudar o clima. Com um sorriso travesso, dirigiu-se aos músicos e fez um pedido especial. Em poucos instantes, as notas de uma melodia animada começaram a preencher o salão.
─── Vamos, precisamos nos divertir um pouco! ─── exclamou Luc, segurando as mãos de Lilibeth e Adelia. Sem esperar por uma resposta, ele as conduziu ao centro do salão. Lilibeth sentiu um misto de hesitação e gratidão, mas deixou-se levar pelo entusiasmo de Luc.
Os três começaram a dançar, girando e rindo, sem se importar com os olhares curiosos ou críticos da sociedade ao redor. A graça natural de Luc e seu charme francês conquistaram o coração de todos os presentes. Ele não se importava com as convenções e, naquele momento, transmitiu essa liberdade para Lilibeth e Adelia.
O som das risadas e o ritmo da música tornaram-se um bálsamo para Lilibeth, que se viu, por alguns instantes, livre de suas preocupações. A leveza do momento a envolveu, e ela se entregou à dança, esquecendo-se das aparências e das expectativas. Luc, com sua espontaneidade, trouxe um brilho novo aos olhos dela, e juntos, os três protagonizaram um espetáculo de alegria genuína no meio do baile.
E assim, em meio ao luxo e à opulência, uma pequena revolução acontecia. Luc, Lilibeth e Adelia dançavam, não apenas com os pés, mas com o coração, arrancando sorrisos e despertando inveja nos mais rígidos. Era uma noite para lembrar que, às vezes, a verdadeira nobreza está em simplesmente ser feliz, independentemente dos julgamentos alheios.
Eles permaneceram dançando por um bom tempo, entregues à alegria e ao ritmo contagiante da música. Lilibeth, rindo e girando ao lado de Luc e Adelia, sentiu seu coração leve pela primeira vez em muito tempo. Os passos rápidos e as risadas contínuas deixaram-na ofegante, e ela percebeu que precisava desesperadamente de uma pausa.
─── Luc, Adelia, eu preciso de um momento.─── disse Lilibeth, tentando recuperar o fôlego. ─── Acho que uma limonada cairia muito bem agora.
Luc riu, observando o rosto corado de Lilibeth.
─── Claro, Lilibeth. Vamos pegar uma limonada para você.
Eles saíram do centro do salão e dirigiram-se à mesa onde eram servidas bebidas. Lilibeth pegou um copo de limonada e levou-o aos lábios, sentindo o líquido refrescante descendo pela garganta e aliviando a sede.
─── Isso é exatamente o que eu precisava. ─── disse ela, sorrindo agradecida.
Adelia assentiu, ainda rindo.
─── Foi uma ótima ideia, Luc. Acho que todos precisávamos disso.
Luc sorriu, satisfeito por ter conseguido animar sua amiga e sua irmã.
─── Às vezes, a melhor maneira de lidar com os desafios é simplesmente dançar e se permitir um pouco de alegria. E, acredite, a sociedade pode esperar.
Lilibeth sentiu um calor reconfortante ao ouvir aquelas palavras. Ela sabia que, independentemente das aparências, tinha amigos que se importavam verdadeiramente com ela. E, por um breve momento, sentiu-se em paz.
O que não durou muito.
Toda a sociedade presente no baile estava admirada com os fogos de artifício que iluminavam o céu. Lilibeth, Adelia e Luc observavam maravilhados na mesa de bebidas no jardim, seus olhos refletindo as luzes brilhantes. Risos e conversas animadas se misturavam ao som distante das explosões coloridas.
Enquanto isso, não muito longe dali, Daphne Bridgerton permanecia em um canto mais reservado do jardim, ouvindo atentamente, mas ainda hesitante, o plano de Simon Basset. A expressão dele era séria, mas havia um brilho de determinação em seus olhos.
─── E se fizermos isso, Daphne, podemos enganar a todos e ganhar o tempo de que precisamos. ─── Simon explicou, sua voz baixa e urgente.
Daphne mordeu o lábio, ainda incerta. Ela olhou para o céu, onde os fogos de artifício estouravam em cores vibrantes, e depois voltou a encarar Simon.
─── Eu entendo a lógica, Simon, mas é um risco muito grande. E se alguém descobrir? E se isso acabar prejudicando ainda mais nossas famílias? ─── Ela questionou, a preocupação evidente em sua voz.
Simon deu um passo à frente, sua mão estendendo-se para segurar a dela com firmeza.
─── Confie em mim, Daphne. É a única maneira de nos libertarmos das expectativas da sociedade. Sejamos parceiros nesse plano, pelo menos até encontrarmos uma solução melhor.
Daphne sentiu a sinceridade nas palavras de Simon e, por um momento, permitiu-se imaginar um futuro diferente, onde ambos poderiam ser livres das pressões que os cercavam. Ela suspirou profundamente, seu olhar se suavizando um pouco.
─── Está bem, Simon. Vamos fazer isso.
Um sorriso de alívio surgiu no rosto de Simon, e ele apertou a mão dela com mais força. Juntos, eles voltaram seus olhares para o espetáculo no céu, cada um perdido em seus próprios pensamentos, mas agora unidos por um propósito comum.
( ... )
Enquanto Lilibeth e Adelia conversavam animadamente após ambas tomarem suas limonadas, Luc se virou distraidamente para observar a multidão. Seus olhos se estreitaram ao avistar algo que sabia que perturbaria Lilibeth. Simon Basset, o Duque de Hastings, caminhava lado a lado com a Senhorita Daphne Bridgerton, vindo de um dos jardins em direção ao principal, onde um deck havia sido montado como pista de dança. Todos os presentes voltavam suas atenções para os dois, murmurando entre si.
Daphne parecia ligeiramente nervosa, suas mãos se mexendo inquietas enquanto seu olhar oscilava entre os rostos curiosos ao redor. Simon, no entanto, exibia uma confiança inabalável, seu porte altivo e um leve sorriso nos lábios, embora seus olhos estivessem atentos, claramente à procura de alguém em particular ─── Lilibeth.
─── Lilibeth, olha quem está vindo! ─── disse Luc, sua voz carregada de tensão, enquanto gesticulava discretamente na direção de Simon e Daphne.
Lilibeth se virou rapidamente, seu sorriso desaparecendo ao ver Simon com Daphne. Ela sentiu um aperto no peito, um misto de surpresa e mágoa a dominando. Adelia, percebendo a mudança na amiga, tocou-lhe o braço com preocupação.
─── Está tudo bem, Lilibeth? ─── Adelia perguntou suavemente.
─── Sim, está tudo bem. ─── Lilibeth respondeu, tentando esconder a angústia em sua voz, mas seus olhos traíam seus sentimentos ao seguirem Simon e Daphne.
Simon, percebendo que Lilibeth finalmente os havia notado, fez questão de manter a postura relaxada e confiante, disfarçando sua preocupação. Ele precisava que Lilibeth visse e compreendesse a importância do que estava fazendo, mesmo que a princípio isso a magoasse.
Daphne, ciente da tensão ao seu redor, lançou um olhar rápido para Simon, buscando confirmação de que estavam fazendo a coisa certa. Ele apenas apertou suavemente a mão dela em resposta, encorajando-a a continuar.
Os dois chegaram ao deck e, sob os olhares atentos da sociedade, começaram a dançar. Simon conduzia Daphne com habilidade, sua expressão confiante contrastando com a leve hesitação dela. A música preenchia o ar, mas para Lilibeth, o som parecia distante, abafado por seus próprios pensamentos e sentimentos conflitantes.
Adelia, percebendo a dor da amiga, apertou sua mão em solidariedade.
─── Estou aqui com você, Lilibeth. ─── sussurrou Adelia.
Lilibeth apenas assentiu, seus olhos fixos no casal dançando, enquanto tentava compreender o que isso significava para todos eles. Lilibeth não conseguia mais suportar vê-los dançando tão intimamente e com tanta aproximação. Se Simon havia dito que não pretendia se casar nunca mais, ele havia enganado Lilibeth com muita frieza. Segurando as lágrimas, ela se virou rapidamente, incapaz de continuar olhando para ele.
Luc, percebendo sua angústia, indagou com preocupação:
─── Lilibeth, você gostaria de ir embora agora?
Com a voz fraca e embargada pelo choro, Lilibeth respondeu:
─── Sim, por favor.
Ela ainda o amava e duvidava que um dia deixaria de amá-lo, mas aparentemente ele havia deixado. Adelia, percebendo a urgência da situação, se apressou a se voluntariar para procurar os outros, para que pudessem ir embora logo.
Enquanto isso, Luc tentava levar Lilibeth para um lugar mais calmo onde pudessem esperar. No caminho, distraída pela dor e pelas lágrimas, Lilibeth não percebeu por onde andava e acabou esbarrando em um homem que estava passando. O choque derrubou a limonada do homem diretamente no vestido dela.
Lilibeth, tão machucada que nem ligou para o incidente, apenas olhou para a mancha no vestido sem reação. O homem, por outro lado, se desculpava profusamente:
─── Mil perdões, senhorita! Eu não a vi. Foi um acidente terrível!
Mas Lilibeth estava tão fora de si que apenas murmurou:
─── Está tudo bem.
Luc, vendo o estado dela, agradeceu ao homem rapidamente e continuou a guiar Lilibeth para longe da multidão. Encontraram um canto mais tranquilo no jardim, onde Lilibeth finalmente se permitiu chorar livremente, enquanto Luc a segurava, oferecendo todo o apoio que podia.
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