09. their eyes met and it wasn't good
── Bem, estou na minha segunda xícara de chá e eu nem estava com tanta sede. ─── Luc começou depositando sua xícara branca com desenhos a mão em vermelho e dourado na mesa a sua frente. ─── Acredito que esteja na hora de falarmos do assunto principal. ─── Ele tentou ser o mais delicado possível.
─── Você está muito interessado no assunto, não é? ─── Ren comentou olhando para o amigo de relance mas se dirigindo ao irmão.
─── Será que ele é a Lady Whistledown?! ─── Elliott rebateu com um sorriso divertido no rosto. ─── Eu sempre achei que gostasse mais de tricotar do que esgrima. ─── Todos caíram em gargalhadas.
Até mesmo Luc.
─── Deus como eu senti falta de vocês! ─── Ele exclamou entre risadas.
─── Luc você está apenas os distraindo, digam logo! ─── Adelia se manifestou.
─── O que devo fazer Ren? ─── Lilibeth indagou com o coelho no colo.
─── Não acho que seja oportuno, Lili querida. Os astros dizem que está chegando, mas não é hoje. ─── O mais velho aconselhou bebericando o chá.
─── Bem, se meu querido irmão acha melhor. Falaremos depois. ─── Ela lamentou.
─── Não brinque conosco, Lilibeth! Você nunca fez o que Ren pedia e porque está fazendo agora?! ─── Adelia indagou segurando as mãos da amiga.
─── Nunca é tarde para começar, não é mesmo? ─── Ela disse sorrindo deixando os três irmãos postiços completamente decepcionados.
─── Bem, só pode ser um segredo dos grandes! ─── Thomas lamentou se jogando contra o sofá.
Adelia ao seu lado começava a tentar pensar em diversas maneiras para persuadir Lilibeth. Mas, ela logo não demoraria a descobrir que o elo mais fraco era Elliott. Luc, que estava cansado de tomar chá, se deliciou com um bolinho que o fez lamber os dedos.
Os amigos na sala olhavam para ele tendo certeza que ele estava tentando chegar na teoria que ele achasse mais racional e lógica, os irmãos Chan seguraram o riso porque sabiam com certeza que isso seria engraçado.
─── E se tudo isso for uma grande mentira e você não o ama? ─── Luc disparou de repente. ─── É sério. Você não o ama e precisava de uma desculpa para fugir do casamento e não conseguiu pensar em nada melhor.
Lilibeth se deixou mostrar incrédula.
─── Luc...─── Ela suspirou se levantando e se ajoelhando na frente dele, segurando sua mão com urgência. ─── Não consigo expressar meus sentimentos por saber que você está extremamente e honestamente...─── Ela dizia em um tom baixo, triste e melancólico e ele se arrependeu de ter falado de uma forma tão grosseira. ─── Errado. ─── Ela riu soltando sua mão e caindo em risada.
─── Melhor parar enquanto ainda não está chorando, Luc! ─── Elliott brincou tomando chá.
─── Perdoe nossas brincadeiras, Luc. Estamos tentando levar tudo com bom humor, mas a situação é mais séria do que posso dizer agora. Se alguém deve saber antes de vocês é Simon, acredito que eu tenha levado tudo longe demais antes de contar a ele. ─── Lilibeth se desculpou com delicadeza.
─── Acredito que nós é que deveríamos pedir desculpas. Deixamos nossa lealdade e irmandade abaixo de nossa curiosidade. Peço minhas sinceras desculpas. ─── Ele beijou a mão de Lilibeth a fazendo sorrir enquanto secava uma lágrima solitária.
─── Desculpe-me, Lila! ─── Pediu Adelia com carinho.
─── Creio que deva me desculpar também. ─── Thomas exclamou coçando a cabeça.
Depois das desculpas, um silêncio mortificante se instalou na sala. E apenas os barulhos de pires, xícaras e da chaleira mais uma vez vazia eram ouvidos. Nenhum deles disse qualquer coisa por mal, mas talvez parecesse que sim.
─── Bem, não suporto tudo isso. Podemos fingir que nada disso aconteceu e quando o momento chegar todos saberemos e iremos rir disso. ─── Ren comentou deixando seu chá de lado. ─── O que acham de aproveitamos nossa noite em Vauxhall? Será nossa primeira aparição, todos juntos.
─── Não sei, Ren! Não tenho certeza se estamos descansados o suficiente...─── Luc passou os dedos entre seus fios de cabelos.
─── Simons estará lá...─── Eliott comentou distraidamente.
─── Ande, Luc! Temos que ir! ─── Adelia pediu manhosa.
─── Por outro lado, Lilibeth precisa de nosso apoio. ─── Ele decidiu sorrindo.
─── Então está decidido, vamos ao Vauxhall!
( ... )
Daphne Bridgerton estava completamente encantada. Em toda sua vida nunca havia estado em uma bailer tão fora do normal, encantador e cheio de coisas novas. Ela passeava praticamente por todos os lugares, balançando de forma divertida e descontraída seu vestido azul claro enquanto sorria gentilmente. Sua mais recente parada foi quando ligaram uma espécie de luz de vidro, ela não entendia praticamente nada mas não conseguia parar de pensar em tal façanha tão bizarra e fascinante.
─── Não acha isso muito bizarro?! ─── Ela exclamou para o irmão mais velho que havia se aproximado dela. Daphne ainda estava maravilhada olhando para as luzes. ─── Veja, irmão! ─── Ela apontava para onde podia.
Daphne esperava por natureza uma reação muito mais calorosa ou expressiva do irmão, mas a única expressão que ela podia ver em seu rosto era a de cautela, nervosismo ou até mesmo desconforto.
─── O que foi? ─── Ela indagou preocupada, com medo de que algo pudesse ter acontecido.
Anthony suspirou de forma pesada tomando coragem.
─── A baronia de Lorde Berbrooke tem mais de 200 anos. A linhagem dele é legítima. ─── Ele começou de forma direta sem conseguir manter seus olhos nos da irmã por muito segundos seguidos. ─── Tem uma excelente educação, não possui dívidas, nunca machucou um animal ou mais importante ainda uma mulher. É um pretendente decente. ─── Anthony umedeceu os lábios procurando as palavras certas ou até mesmo sua coragem. ─── Sendo direto, não há nada de errado com ele.
Daphne o olhava de forma incrédula, até mesmo confusa.
─── O que é que isso tem...─── Ela tentava perguntar de forma desesperada, mas ele a impediu de terminar.
─── Você vai se casar com ele. ─── Anthony sequer fez rodeios desta vez, foi extremamente direto. E isso partiu um pouco o coração de sua irmã.
─── Nigel? ─── Ela esbravejou não aumentando muito seu tom para não atrair olhares indesejados.
─── Tive que achar um marido, irmã. ─── Anthony tentava se justificar. ─── Seja grata por eu resolver a situação.
─── A situação?
─── Sim.
─── Anthony, não estamos falando de nenhum negócio que o papai deixou. Estamos falando da minha vida!
─── Não se preocupe. Será tão fácil se apaixonar por Lorde Berbrooke como por qualquer outro.
─── Eu não irei ouvir mais nada disso.─── Ela disse decidida o olhando de forma fria.
Sem nem pensar duas vezes ela se retirou deixando Anthony sozinho pensativo e até mesmo um pouco arrependido no meio de um monte de pessoas rindo.
( ... )
A noite estava para se dizer o mínimo, magnífica. O céu estava completamente limpo e majestoso, as estrelas brilhavam como pontinhos de luz em todo o céu. Uma das maravilhas do interior era poder admirar as estrelas, mesmo que esta noite podiam facilmente serem ofuscadas pela beleza de Lilibeth Chan. Vestindo desta vez um vestido tradicional do país, trajada com um vestido azul Royal adornado na cintura e nas mangas com pedrinhas douradas que lembravam perfeitamente joias. Em seu cabelo, um belo pente de jade que brilhava sempre que ela mexia a cabeça.
─── As senhoritas planejam dançar? ─── indagou Thomas batendo levemente seu pé contra o chão no ritmo da música animada que tocava.
─── Não tenho certeza, mas se quiser escrever seu nome algumas vezes no meu cartão eu ficaria muito grata. ─── Lilibeth sorriu segurando no braço do homem.
─── E eu muito honrado! ─── Com delicadeza, ele segurou gentilmente o pulso dela segurando o cartão logo em seguida. Ele escreveu seu nome nos três primeiros espaços, logo beijando sua mão e a soltando. ─── E você, minha irmã? ─── Ele indagou para a loira.
A loira o olhou pensativa, vestindo um traje belíssimo em roxo com alguns detalhes rosa escuro e seus cabelos meio presos e meios soltos ela cogitou com qual irmão dançaria essa noite.
─── Ainda não me decidi ainda, irmão! Ainda temos tempo. ─── Ela sorriu docemente.
─── Diga logo que prefere dançar com Luc! ─── Thomas provocou.
─── Não quero ferir seus sentimentos. ─── Ela apertou levemente uma das bochechas dele.
Lilibeth riu.
─── Lili, querida. ─── Ren a chamou entregando a ela um copo de limonada, ela sorriu agradecida aceitando.
─── Agora tudo está ficando interessante! ─── Elliott exclamou se juntando ao grupo.─── Simon está aqui, vocês finalmente o conheceram.
─── Eliott! ─── Ren o repreendeu.
─── Nem comece, irmão! Lilibeth tem todo o meu respeito mas ela sabe que nossos amigos estão curiosos e honestamente ela sabe assim como nós que ele tem que se falar de uma forma ou de outra...
─── Claro, mas não deveria ser assim de forma pública...
Os dois começaram uma discussão baixa.
─── Quietos os dois, não precisam me tratar como um gato de porcelana. Fui eu quem me meti nisso. Peço o mínimo de discrição. ─── Ela repreendeu os dois que ficaram quietos de imediato.
─── Lilibeth tem razão. ─── Luc disse sério com os braços atrás do corpo. ─── Melhor pararem enquanto ainda não estão chorando! ─── Ele provocou lembrando das brincadeiras de mais cedo.
Todos riram aliviando aos poucos os pequenos momentos de tensão que se instalavam em um momento ou outro. Já era difícil para Lilibeth manter tamanho segredo e quando ele começava a abalar suas relações com aqueles que a amavam e ela a eles, bem ela não se sentia mais tão confiante no que havia feito. Por outro lado ela não poderia se sentir menos do que grata pelo apoio que eles davam à ela e por confiarem nela assim tão cegamente.
─── Está aprendendo a brincar, que meigo, Luc! ─── Ren riu apontando para o amigo.
─── Faça me rir, Ren! Eu que lhe ensinei ─── O homem rebateu bem humorado.
─── Não consigo entender como esses dois conseguem ser tão insuportavelmente maduros e sérios quando querem ─── Adelia brincou ajeitando sua luva.
─── É uma artimanha que nunca iremos entender ─── Lilibeth riu olhando para a amiga.
Lilibeth estava cercada por seus irmãos e amigos, suas risadas ecoando alegremente enquanto conversavam. Ela vestia um vestido de seda azul, que realçava seus olhos brilhantes e seus cabelos castanhos claros.
De repente, em meio à multidão, seus olhos se encontram com os de Simon. Seu coração quase parou ao vê-lo ali, a alguns metros de distância, com a expressão séria e um olhar que parecia perfurar sua alma. Ela sentiu um frio na espinha, e o riso morreu em seus lábios. Simon, o homem que ela abandonou no altar, estava parado, observando-a.
Por um momento, o mundo ao seu redor pareceu desaparecer. As pessoas, a música, o som das conversas – tudo se tornou um borrão indistinto. Tudo o que Lilibeth conseguia ver era Simon, e a lembrança do segredo que a fizera fugir no dia do casamento pesava em sua mente.
Ela desviou o olhar rapidamente, tentando recuperar a compostura, mas o encontro inesperado a deixou perturbada. Sentiu-se dividida entre a necessidade de manter as aparências e a vontade de fugir novamente, desta vez do baile, para evitar encarar as consequências do que fizera.
Enquanto seus amigos continuavam a conversar animadamente, Lilibeth tentava esconder seu tumulto interior, forçando um sorriso e se esforçando para participar da conversa. No entanto, a presença de Simon a poucos metros de distância fazia seu coração bater descompassado, lembrando-a de que os segredos do passado nem sempre podem ser deixados para trás.
Ren, o irmão mais velho de Lilibeth, era perspicaz e protetor. Notou imediatamente a súbita mudança de humor da irmã. Seus olhos seguiram discretamente o olhar dela e, ao ver Simon, compreendeu o motivo. Ele colocou a mão suavemente no ombro de Lilibeth e inclinou-se para ela, murmurando em tom tranquilizador:
─── Fique calma, Lili. Estou aqui com você.
Lilibeth tentou sorrir, mas seus olhos traíam a inquietação que sentia. Ren manteve sua postura firme, encarando Simon de longe, seu olhar transmitindo um misto de advertência e curiosidade.
Enquanto isso, Eliott, o irmão mais novo de Lilibeth, percebeu que os amigos estavam começando a notar o desconforto no grupo. Com um sorriso casual, ele se aproximou deles e, em um tom leve e quase despreocupado, explicou:
─── Gente, aquele ali é o Simon, ex-noivo da Lilibeth. Coisas do passado, sabem como é. Nada com que se preocupar.
Os amigos de Eliott trocaram olhares cúmplices e acenos compreensivos, respeitando a delicadeza da situação. Eles sabiam que o baile deveria ser uma noite de celebração, não de constrangimento. Eliott, mantendo a conversa fluida, continuou a falar sobre outros assuntos, desviando habilmente a atenção de Simon e de Lilibeth.
Ren, ainda ao lado de Lilibeth, manteve uma expressão de calma calculada, seu apoio silencioso transmitindo uma força que ela precisava. Enquanto a música continuava a tocar e o baile seguia, Lilibeth respirou fundo, tentando se concentrar no presente, sabendo que seus irmãos estavam ali para apoiá-la, independentemente dos fantasmas do passado que pudessem surgir.
Simon estava sentado em um banco do jardim, tentando encontrar um pouco de paz em meio ao tumulto interno que sentia. Quando Ren o encarou, seus olhos transpareciam um misto de surpresa e desprezo. Simon não se deixou intimidar; na verdade, sentiu um calor furioso subir pelo corpo, alimentado pela lembrança amarga do abandono de Lilibeth.
"Como podem tratá-la como se fosse uma santa?", pensou ele, a raiva crescendo a cada segundo. A injustiça de ser considerado o vilão da história o corroía por dentro. Ele cerrou os punhos, as unhas cravando na palma das mãos, tentando controlar a fúria.
Sem conseguir suportar a pressão dos olhares e dos sussurros ao seu redor, levantou-se de repente. Seus movimentos eram bruscos e determinados, refletindo a tempestade em seu interior. Ignorando os olhares curiosos e preocupados, ele se afastou rapidamente da área principal dos jardins.
Cada passo que dava em direção ao labirinto era uma tentativa de escapar da dor e da frustração. O labirinto oferecia um refúgio temporário, um lugar onde ele poderia se perder e, talvez, encontrar algum alívio para a agonia que o consumia. A vegetação alta e densa parecia um abrigo seguro para seus pensamentos turbulentos, um lugar onde ele poderia gritar sua raiva sem ser ouvido.
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