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08. things have changed


Após o passeio a cavalo do dia anterior, Lilibeth estava começando a se sentir mais inclinada a sair de casa ao invés de permanecer completamente exilada porém toda vez que lembrava dos olhares e das perguntas insistentes do baile de outro dia, ela começava a se sentir em pânico e se amaldiçoar por pensar em se colocar em tal posição novamente. Ademais ela ainda é uma jovem mulher que gosta de viver a vida mas que sente dificuldade em fazer isso sem ninguém ao seu lado que não sejam seus irmãos. 

Mas bem, sua fortuna estava prestes a mudar. 

─── O que está acontecendo? ─── Lilibeth indagou confusa saindo de seu quarto e parando no corredor onde um de seus criados a esperava. 

─── A senhorita tem visitas. ─── O homem exclamou olhando para baixo em sinal de respeito. 

─── Eu pensei que meus pais haviam proibido as visitas...─── Ela exclamou confusa. 

─── Acredito que eles mesmos chamaram Lady Waterhouse... 

─── Adelia está aqui?! ─── A mulher exclamou animada enquanto o homem assentiu positivamente. 

Lilibeth segurou a base da saia de seu vestido salmão e saiu correndo pelos corredores desviando de alguns criados que arrumavam os quartos e faziam suas funções matinais. Com extrema ansiedade e animação ela correu até o andar de baixo completamente excitada para a visita. 

Adelia Waterhouse pertencia a uma das melhores famílias de Londres, poucos herdeiros, muito amor e de quebra uma ótima herança. Adelia é a irmã do meio sendo acompanhada por um irmão mais velho e um irmãos mais novo, filhos do Conde de Pembroke, o melhor amigo de Edward Chan. Desde que Lilibeth havia nascido, alguns anos depois de Adelia elas viraram melhores amigas e a mulher de cabelos loiros era como sua irmã mais velha a quem ela amava como tal. 

Parando alguns corredores antes da sala de visitas, Lilibeth começou a tentar regular sua respiração enquanto acalmava seu coração e organizava alguns fios de cabelo fora do lugar, mesmo sabendo que Adelia não ligaria para nada disso e a abraçaria tão forte e por tanto tempo que a deixaria na mesmo situação. 

Um dos criados abriu a porta da sala de visitas e nem teve tempo de anunciar a entrada de Lilibeth ou muito menos quem a estava esperando lá dentro. As duas mulheres apenas correram na direção uma da outra e abraçaram ignorando qualquer costume ou hierarquia, ali naquela sala elas eram apenas duas melhores amigas. 

E claro o coelho branco de estimação de Adelia. 

─── Quanto tempo, Lila! ─── A mulher a abraçou com força. ─── Você está tão grande, tão linda, tão...não tenho mais palavras graciosas para dizer! ─── A loira riu a apertando ainda mais contra si. 

─── Por onde esteve, Delia? Eu senti tanto a sua falta...─── Lilibeth estava a ponto de chorar de tanta emoção. 

As duas se separaram para sentar e conversar melhor. A loira agarrou o coelho que estava sentado pacientemente no chão tentando arrancar sua fita rosa e se sentou no sofá ao lado de Lilibeth colocando o coelho em cima de suas coxas cobertas pelo vestido lilás. 

─── Desde que você fugiu, eu não tive muitas notícias suas além do que seu pai dizia ao meu. Eu tentei ir atrás de você mas era inútil e ficar aqui com Simon atrás de mim para saber de você não estava me fazendo bem. Então, meu pai me mandou para a França para morar com meus irmãos. Chegamos a Inglaterra esta semana, estávamos tão cansados da viagem que não fizemos nenhuma aparição social. ─── Ela dizia olhando para a amiga enquanto acariciava o pelo branco e macio do coelho. 

─── Não acredito que você teve que ir embora porque Simon foi atrás de você! ─── Lilibeth exclamou incrédula e completamente culpada. 

─── Não podemos culpá-lo, Lila! Eu faria o mesmo se meu noivo me deixasse, iria atrás de seu melhor amigo. Mas, eu estava sofrendo com a falta de informação do mesmo jeito que ele, mas o pobre coitado não acreditava. 

─── Ele é desconfiado demais para acreditar em você... 

─── Mas acreditava em você... 

─── E não vai acreditar nunca mais.. 

Lilibeth engoliu em seco deixando seu olhar vagar por alguns segundos.. 

─── Não quero falar de Simon! Nós viemos para lhe fazer companhia. ─── Adelia sorriu segurando as mãos de Lilibeth. 

─── Você e o senhor nariz de coelho? ─── Lilibeth indagou pegando o pequeno coelho no colo. 

─── Não sua boba! Meus irmãos também, eles só estão atrasados. Acredito que eles acharam de bom tom comprar flores e chocolates para você, afinal fazem anos que vocês não se veem. Você tinha quantos anos quando eles partiram? 

─── Dezessete, talvez? 

─── Foi bem antes de Simon, isso eu tenho certeza. 

A porta foi aberta mais uma vez pelo mordomo. O homem, um sujeito alto e magro com um nariz adunco, deixou-se dobrar o corpo em uma reverência logo se endireitando. 

─── O Barão de Withebarry e o Lorde Waterhouse. ─── O homem anunciou logo se retirando. 

As duas se viraram para as porta da sala por onde ambos os homens entraram. Luc o mais velho e Barão havia entrado primeiro, seus olhos azuis se iluminaram ao ver as duas mulheres o fazendo logo sorrir e balançar de forma animada o buquê lírios que além de serem lindos e faziam qualquer um lembrar de Lilibeth simbolizava sua amizade e grande estima. 

Alguns segundos depois, Thomas o mais novo, apenas alguns meses mais velho que Lilibeth entrou carregando em seus braços uma caixa azul petróleo e dentro dela continha um lindo kit de pintura direto da França. Seus dedos ansiosos batucavam na tampa da caixa esperando pela reação de Lilibeth. 

─── Meus belos irmãos postiços! ─── Lilibeth sorriu se levantando, ela segurou a base de sua saia e se encaminhou na direção deles os abraçando ao mesmo tempo. 

─── Carinhosa como sempre! ─── Luc exclamou a soltando e segurando uma de suas mãos enquanto Thomas se apressou em segurar a outra. 

─── Sentimos tanta a sua falta! ─── Thomas exclamou com um leve sotaque francês. 

─── Não posso acreditar que ousaram ficar longe por tanto tempo, mas a falta que me fizeram me coloca na realidade...─── Ela dizia extremamente emocionada.─── Esperem só até Eliott e Ren voltarem da cidade! 

─── Eles ainda arrumam problemas? ─── Luc indagou entregando a Lilibeth o buquê de flores cujo ela agradeceu sorrindo e não conseguiu segurar o impulso de levá-la ao nariz e sentir seu doce aroma. 

─── Santo Deus! Vocês três me deixavam completamente maluca e quando Lila e Tom nasceram começaram a fazer pior! ─── Adelia exclamou soltando seu coelho que correu para os pés de Luc. 

─── Estão mais comportados desde o que aconteceu no ano passado. Acredito que Adelia tenha lhes contado. ─── Lilibeth entregou o buquê para sua ama que o levou para cozinha atrás de um vaso. 

─── Sim ela contou, mas estamos esperando ouvir de sua boca para termos qualquer opinião. ─── Luc se abaixou pegando o coelho no colo. 

─── Mas você pode imaginar nossa confusão e surpresa quando ouvimos. ─── Thomas disse suavemente entregando a caixa para Lilibeth. 

─── Podemos esperar meus irmãos e o momento certo para falarmos do que realmente aconteceu? ─── Lilibeth se sentou cansada colocando a caixa em seu colo. 

─── Podemos, mas você não irá fugir de nós para sempre.─── Luc riu colocando o pequeno coelho em seu peito . 

─── Duvido muito que poderia.─── Lilibeth riu abrindo seu presente.

( ... )

Prezado leitor, esta autora se sente compelida a compartilhar as mais curiosas novidades. Parece que nosso diamante requer uma inspeção mais apurada. Parece que uma jóia ainda mais rara de brilho único extraordinário e de grande esplendor foi encontrada. Seu nome, conhecido a princípio como centro de fofocas por toda a sociedade como a noiva em fuga, agora é conhecida como a flor de Jade, a queridíssima e inigualável Lilibeth Chan. 

Resta a esta autora se perguntar se Sua Majestade deveria reconsiderar o grande elogio que destinou a Srta. Bridgerton... já que todos nós sabemos o que a rainha mais detesta nesse mundo é estar errada. 

Afinal, a sala de estar da família Bridgerton atualmente está mais vazia que a confusa cabeça do estimado rei Jorge. Enquanto a sala de estar da família Chan, pelo o que informaram a esta autora anda recebendo uma dupla de cavaleiros. Mesmo sem a intenção da família de casar a bela Srta.Chan. 

CRÔNICAS DA SOCIEDADE DE LADY WHISTLEDOWN, 
31 DE ABRIL DE 1813

S

imon havia passado toda a manhã inquieto, murmurando pelos cantos e ainda mais rabugento do que o normal. Anthony Bridgerton havia plantado milhares de caraminholas em sua cabeça e tudo por culpa de Lilibeth Chan e Lady Whistledown e por isso ele não conseguia parar de pensar quais motivos haviam feito com que ela o abandonasse e daí bem, ele começou a fantasiar e a conspirar sobre sua própria história. Tão grande foram suas indagações que no começo da tarde, o Duque subiu em seu cavalo mais veloz e galopou em direção a mansão dos Chan. Completamente pronto para enfrentá-la. 

Ou talvez não tão pronto assim. 

Simon desceu de seu cavalo e o amarrou em uma árvore perto e como no dia em que conheceu a bela Lilibeth, ele seguiu o caminho do lado da casa e parou bem do lado na árvore que ele ajudou ela a descer. 

O homem não conseguiu não se levar de volta para aquela noite e de se lembrar o quão linda ela estava sob a luz da lua e das lanternas vermelhas. O quanto ele havia começado a amá-la mesmo sem saber mas só de sentir. 

─── Posso ajudá-lo, Senhor? ─── O Cavalariço indagou vindo do celeiro com um dos cavalos para levá-lo para passear. 

─── Ah sim, claro... ─── Simon saiu de perto da árvore como se o quanto mais distante ele estivesse dela, menos ele amaria Lilibeth. ─── O senhores Ren e Eliott se encontram em casa? 

─── Receio que não, Senhor. Eles foram à cidade pela manhã e ainda não voltaram. A senhorita Chan está na companhia de alguns cavaleiros então acredito que não deva receber amigos de seus irmãos. ─── O homem disse sem ter a intenção de ofendê-lo mas fazendo da mesma maneira. ─── Volte amanhã por volta das mesmo horário, acredito que eles estarão em casa. 

─── O senhor pode me dizer quem são os cavalheiros que estão acompanhando a senhorita Chan? ─── Simon indagou abruptamente e completamente sério fazendo o homem o olhar com receio. ─── Gostaria de saber se são amigos meus e se fosse o caso lhes entregaria a mensagem e eles poderiam repassar aos Chan. 

─── Ah sim, claro senhor. Mas acredito que não os conheça, eles acabaram de chegar da França e trouxeram presentes. Devem ser apenas pretendentes da senhorita Chan. Mas, posso perguntar seus nomes se o senhor quiser... 

─── Obrigado pela informação. ─── Simon disse com pressa logo se retirando sem deixar que o Cavalariço pudesse responder. 

Parecia que ele tinha sua resposta. Lilibeth nunca havia o amado e já estava pronta para quebrar outro coração. E ele? Bem, não iria deixar barato.

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