01. the ex couple made their way back to town
O Marquês de Champanhe havia recebido seu título após a morte de seu irmão mais velho que havia herdado de seu pai e de todos os outros homens que vieram antes dele. Ainda que Edward não tivesse pretensão de usar o título que havia herdado, ele agora era o único homem da família, e ele não poderia simplesmente fugir de sua obrigação e deixá-la para sua irmã mais nova, Georgina. Então, aos vinte e oito anos ele assumiu o título e tudo que vinha com ele.
Edward nunca foi um homem que gostava de atenção desnecessária e muito menos bajulação, então enquanto podia ─── Antes da morte de seu irmão. ─── Ele havia se afastado de todas as temporadas sociais e bailes que podia. Mas, sua vida calma apenas focada em aprender o ofício do pai e seguir com o legado, havia tomado outra forma e ele foi obrigado a conciliar suas viagens de negócios, obrigações como Marquês e como homem da casa apresentar sua irmã e acompanhar sua mãe.
Os bailes londrinos são cheios de tradições e extravagância sem sentido. Edward apenas encontrava tédio e repulsa, o completo oposto do que encontrava em suas viagens pelo mundo, cheio de excitação e vivacidade. Até que tudo mudou. As noites londrinas haviam se tornado mais radiantes, delicadas e exóticas. Tudo porque Emi Chan havia chegado à cidade.
No começo, Edward assim como todos os homens ficaram encantados com a beleza, elegância, delicadeza e sofisticação da linda chinesa que ninguém sequer conhecia. Ela aparecia em todos os bailes, dançava com um ou dois cavaleiros e depois ia embora acompanhada do pai. Edward como um bom homem sedento por tudo aquilo que fazia sua curiosidade despertar, mal podia se conter ao imaginar que mistérios ela trazia consigo.
No final das contas, Emi era a caixa de Pandora encomendada para ele.
A senhorita Chan vem de uma família muito tradicional chinesa, que infelizmente havia se encontrado nas ruínas após o suicídio da mãe de Emi e o assassinato de seus irmãos. Sem muita escolha, o senhor Chan precisava que Emi continuasse com a linhagem da família. Mas, todos na China conheciam a história dela e acreditavam que ela era um mau agouro e que todos que se envolviam com ela acabavam mortos.
Sem escolha, o senhor Chan que já tinha uma viagem marcada para a Inglaterra a trabalho, levou consigo seu bem mais valioso e esperava arranjar para ela um lindo casamento. E bem, após alguns bailes ele encontrou o pretendente perfeito e ainda falava chinês e esse homem propôs a ela o casamento e ela perdidamente se apaixonou fazendo dele o Marquês Edward Chan.
O lindo casamento deu origem a três filhos, Eliott Chan, Ren Chan e a bela Lilibeth Chan, de quem a história está sendo contada. A moça que aceitou se casar com o pretendente mais disputado da última temporada e sem explicação alguma o deixou plantado no altar, e que agora após quase um ano resolveu retornar. Sua dedicada autora não consegue não se perguntar, teremos finalmente uma explicação ou essa história está longe de chegar há um final?
CRÔNICAS DA SOCIEDADE DE LADY WHISTLEDOWN, 26 DE ABRIL
DE 1813
( ... )
─── Você leu essa tal coluna que todos os empregados estão comentando, Da Shou? ─── Emi indagou se servindo de uma torrada.
Edward sorriu fechando o jornal de investimentos e o colocando em uma cadeira vazia ao seu lado, fazem mais de vinte oito anos que estão casados e Emi ainda não faz questão de perder seu belo sotaque e ele a ama mais ainda por isso.
─── Acredito que como chefe da casa, eu faço um péssimo trabalho, meu amor! ─── Ele riu de sua própria desatenção, já que não percebeu nenhum burburinho na casa.
─── Bem, eu também não li. Mas, ouvi os cavalariços dizerem algo sobre Lilibeth. ─── Ela respondeu cortando um pequeno pedaço do tablete de manteiga e passando em seguida em sua torrada.
─── Eu os contratei esta semana, como eles podem saber algo sobre Lilibeth?! ─── Edward indagou se servindo de café.
─── Acredito que quem escreveu, sabe sobre Lilibeth, Da Shou! ─── Emi disse suspirando levemente.
─── Eu ainda acho que é muito cedo para trazê-la de volta, meu amor. As pessoas ainda falam do que aconteceu...
─── Vocês, brancos. Sempre irão fofocar sobre tudo o que acontece nas famílias alheias. Se Lilibeth voltasse há duas semanas atrás ou daqui a dois anos, as pessoas ainda vão falar dela.
─── Eu sei, Emi querida, mas ela ainda está muito frágil e as restrições que ela deve seguir para poder ficar aqui conosco, não sei se ela aguentaria. ─── Foi a vez de Edward suspirar enquanto massageava as têmporas.
─── Ela deve aguentar, Edward! Se Simon descobrir, eu não sei o que ele faria...
Antes que os dois pudessem continuar, a porta da sala de jantar foi aberta apressadamente pelos dois servos enquanto Ren e Eliott entravam como dois furacões apressados tagarelando sem parar. Eliott deixou um dos jornais de fofoca perto do prato do pai e outro perto do chá da mãe e se sentou no meio dos dois.
─── Lili mal chegou e toda a sociedade já sabe, inacreditável! ─── Ele exclamou se servindo de um ovo cozido.
─── Māma...─── Ren se dirigiu a mãe se ajoelhando em sua frente e beijando suas mãos. Logo se levanta e recebe um beijo em sua testa. ─── Bom dia, Pai! ─── Ele sorriu tomando o lugar ao lado do irmão.
Eliott era e sempre foi um pouco mais avoado do que seus irmãos, sem prestar muita atenção em normas e formalidades quando estava entre sua família. Ren não seguia completamente os costumes chineses, mas gostava de tentar.
─── E eles não sabem somente isso. Os bastardos sabem de toda a nossa linhagem! ─── Edward exclamou em estado de choque.
Emi tirou seu tempo para ler atentamente a coluna de uma única página. Bebericando seu chá, ela lia da mesma maneira que fazia tudo em sua vida, uma calmaria tão grande que chega até a ser irritante para quem está olhando. Sabendo exatamente de como a esposa é, Edward tomou seu tempo para terminar seu café da manhã.
─── E então? ─── Ele indagou depressa assim que Emi passou seu jornal para Ken que estava sentado à sua direita, o homem aceitou parar para reler algumas partes.
─── Bem, não é tão ruim quanto eu pensava. Na verdade, é uma bênção comparado ao que ela escreveu sobre os Featheringtons na semana passada. ─── Emi se levantou calmamente, logo deslizando com igual suavidade até a mesa no canto da sala.
─── Emi...─── Edward suspirou não conseguindo entender a calma da esposa.
─── Por Lao-Tsé, Edward! Tudo o que está escrito aí não passa de asneira de gente que não tem o que fazer! ─── Ela exclamou mexendo em sua caixa de madeira entalhada.
─── Eu sei o que essas pessoas são, não precisa me dizer. Mas não consigo não me encontrar em tamanha indignação quando você não percebe que estão difamando nossa filha.
Eliott e Ren permaneciam em silêncio.
─── Edward...─── Emi suspirou acendendo um incenso, um dos últimos que o marido havia trazido em sua última viagem. ─── Tudo o que está escrito aí, não passa da verdade. Seja lá quem for essa mulher, ela quer saber o que aconteceu com nossa filha, e eu garanto a você que ela não irá saber.
Edward bufou.
─── Papai, a mamãe tem razão. Não podemos simplesmente ficar aqui com raiva e brigando uns com os outros. Temos que proteger a Lili e tudo o que aconteceu com ela.─── Eliott interviu.
─── Essa mulher está escrevendo mentiras deslavadas faz três meses, tudo o que ela faz é dar histórias sensacionalistas para pessoas sem o que fazer que só pensam nas fofocas da sociedade. Nem sequer sabemos se ela existe, não tem nenhuma família que corresponda por esse nome. ─── Ren completou o raciocínio do irmão.
O misterioso jornal chegará à soleira da porta de todas as pessoas importantes da cidade três meses antes. Ao longo de duas semanas, foi entregue invariavelmente às segundas, quartas e sextas-feiras. E então, na terceira segunda-feira, quando os mordomos de todas as famílias de prestígio esperavam pelo entregador, descobriram que cada exemplar do periódico de fofocas estava sendo vendido pela exorbitante quantia de cinco pennies. Quando começou a cobrar pelas fofocas, toda a sociedade estava viciada. Todos entregavam suas moedas e, em algum lugar, uma mulher intrometida estava ficando muito rica. E na casa dos Chan, a preocupação com o bem estar e a reputação de Lilibeth era o que se fazia mais presente do que a curiosidade de saber quem é a tal Lady.
O Whistledown ─── como a publicação passou a ser chamada ─── era uma curiosa mistura de comentários, notícias sociais, insultos mordazes e elogios ocasionais. O que o diferenciava de quaisquer outros periódicos do tipo era o fato de que a autora citava o nome completo das pessoas.
Ninguém ficava camuflado por abreviações como lorde S. e Lady G. Quando Lady Whistledown queria escrever sobre alguém, dizia quem a pessoa era. A sociedade se declarava escandalizada, mas no íntimo estava fascinada. E desta vez, a família tinha medo de Lilibeth Chan ser o novo alvo.
Edward continuou lendo a coluna até o fim em busca de qualquer coisa que pudesse dar algum sinal de que o segredo dos Chan não seja mais tão secreto assim. Mas, ele acabou encontrando um outro problema.
─── "O libertino anteriormente conhecido como conde de Clyvedon finalmente decidiu agraciar Londres com sua presença. Após ser abandonado no altar e se afastar das atividades londrinas, o Duque de Hastings retorna." ─── Edward leu em voz alta. ─── Deus não está do nosso lado. "Embora ainda não tenha se dignado a comparecer a nenhum evento noturno respeitável, o novo duque de Hastings foi visto diversas vezes no White's e uma vez no Tattersall's. Será coincidência que tenha retornado apenas agora que o velho duque está morto e sua ex noiva tenha também retornado a cidade?"
─── Traga sua irmã até aqui, Ren! ─── Emi pediu se aconchegando em sua cadeira novamente. ─── Temos que prepará-la e não só para ser alvo de fofocas, Simon também está de volta à cidade. ─── Emi suspirou.
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