
❚ Capítulo ❹❸ ✓
▬▬▬▬▬ ❝ 𝗠𝗔𝗥𝗧𝗜𝗡 Ø𝗗𝗘𝗚𝗔𝗔𝗥𝗗• 🏟️
❤️🩹 Mas, e se ela disser não?
É HOJE! E não consigo me aguentar de tanta ansiedade... É nervosismo. Uma espécie de nervosismo que nada tinha a ver com o Tottenham, nosso eterno rival na Premier League, embora eles fossem uma parte considerável da equação. Eu ajustava a camisa com o número 8, a faixa de capitão no braço, mas minha cabeça estava a milhares de quilômetros dali, ou talvez a centímetros, dependendo de como considero o anel que pesava no meu bolso. Nem acredito que vai ser hoje!
― E aí, capitão, a cara é de quem vai enfrentar um dragão, não o Richarlison. ― Saka brincou, dando um tapinha amigável nas minhas costas. ― Ansioso para o clássico?
Chegou o grande dia! Esse dia precisa ser muito especial para mim, e para minha futura esposa. E o meu desejo é pedir ela em casamento justamente no estádio oficial do Arsenal, onde nos conhecemos depois das todas as coincidências.
― Mais do que você imagina, Bukayo. ― murmurei, meus olhos fixos em um ponto imaginário na parede. Na verdade, estava visualizando o rosto da minha Paulina.
― É hoje que o nosso nórdico declara a independência do coração, não é? ― Gabriel Jesus, que estava amolando as travas da chuteira com uma concentração, levantou o olhar e soltou um sorriso.
― É hoje, sim. ― dei um sorriso inevitável. ― Se eu não infartar antes
O vestiário explodiu em risadas. Zinchenko, sempre o mais emotivo e um dos meus grandes confidentes aqui, se aproximou e colocou a mão no meu ombro.
― Cara, a Paulina é incrível, Martin. Ela é a sua brasileira. O jeito que ela olha para você... é amor puro. Vai dar tudo certo.
― Mas e se ela disser não? ― a pergunta escapou, quase um sussurro, e soou ridícula até para mim.
― Não seja bobo, Ødegaard! ― retrucou Ramsdale, que já estava se equipando, me olhando como se eu tivesse acabado de propor jogar de zagueiro. ― Você segurou ela no meio de uma turbulência, literalmente! E ainda te atura com essa cara de sério o tempo todo. É óbvio que ela te ama! ― todos começaram a rir.
― Olha, meu amigo. ― Jorginho começou, com seu jeito calmo e ponderado, que sempre me passava uma sensação de tranquilidade. ― Um bom pedido de casamento é como um passe perfeito: tem que ter timing, visão e precisão. E, claro, tem que ser de coração. Sem truques, sem firulas. Seja você.
― Timing é tudo. ― repeti em voz alta, ponderando suas palavras.
A parte do "sem truques" era a que mais me preocupava. Como fazer um pedido simples e sincero, mas inesquecível, no meio de toda a loucura da minha vida? Foi então que Mikel Arteta, nosso treinador, se aproximou da rodinha. Ele, que parecia ter um plano para tudo, até para a minha vida pessoal, nos surpreendeu ao se juntar à conversa.
― Você tem que estar preparado para a reação, Martin. ― ele disse, sua voz sempre firme, mas agora com um tom quase paterno. ― No futebol, a gente lida com a pressão e a imprevisibilidade. Com o amor, é parecido. Você não pode controlar a reação dela, mas pode controlar a sua atitude e a sinceridade do seu gesto. Faça algo que venha do coração. E faça de um jeito que a Paulina se sinta a mulher mais especial do mundo.
Um silêncio pensativo pairou sobre nós, quebrando apenas pelo bom humor sempre presente de Nketiah.
― Pensa assim, Martin: se ela não aceitar, a gente te arruma uma do Tottenham. Aí você sofre dobrado!
― Credo, Eddie! ― Zinchenko exclamou, fazendo uma careta de nojo.
― Relaxa, capitão. ― disse Tomiyasu, com um sorriso tranquilo, parecendo muito mais calmo que eu. ― Paulina é o seu gol de placa. Vai ser mais fácil que driblar o defensor mais lento deles.
― É sério que a amiga da Paulina é torcedora fanática do Tottenham? ― Calafiori perguntou, do nada, fazendo uma mistura de choque e gargalhadas no vestiário. ― Ainda bem que ela não vai estar no campo quando você pedir!
― Imagina a cara dela se você ganha o jogo e ainda pede a amiga em casamento? ― Tomiyasu gargalhou alto.
― É por isso que tem que ser perfeito, Martin. ― Gabriel Jesus riu, balançando a cabeça. ― Pra Ayla roer a chuteira de inveja e se render ao Arsenal!
Eu balancei a cabeça, rindo junto. Ayla era uma figura, sem dúvida. Ela havia sido a ponte para o meu reencontro com Paulina, depois daquele primeiro encontro caótico no avião, com a Paulina caindo literalmente em meus braços durante uma turbulência que parecia ter um propósito divino. Desde então, Londres e os jogos do Arsenal têm sido o cenário para a nossa história de amor, com Ayla sempre por perto - e sempre provocando sobre a rivalidade entre os clubes.
― Vocês têm razão. ― eu disse, sentindo uma onda de confiança misturada com a velha ansiedade pré-jogo. ― Eu tenho certeza que ela é a minha brasileira...
Com as palavras do treinador e as piadas dos meus amigos ecoando na minha mente, eu me levantei. A adrenalina do jogo e a do pedido de casamento se misturaram, formando um turbilhão no meu peito. Hoje não seria apenas mais um clássico, hoje seria o dia em que mudaria a vida dela e a minha para sempre.
OS gritos da torcida ecoavam pelos corredores do Emirates enquanto caminhávamos em direção ao túnel. A adrenalina estava no auge, como sempre antes de um clássico. Mas hoje, para mim, o turbilhão no peito estava dobrado, não apenas por está prestes a enfrentar o Tottenham; eu estava prestes a mudar minha vida - ou ao menos tentar.
― Capitão, pronto para a guerra? ― a voz bem-humorada de Richarlison soou ao meu lado, enquanto nos encontrávamos no túnel, esperando a liberação para entrar em campo. ― Hoje o pombo vai fazer festa no ninho do Gunners!
― Veremos, Pombo. ― eu sorri, forçando uma calma que não sentia. ― Hoje é um dia importante para muita gente.
― É isso aí, Ødegaard. ― Son Heung-min, o capitão deles, deu um tapinha amigável no meu ombro. ― Que seja um grande jogo. Mas que a vitória seja nossa, claro.
― Tenho certeza que será inesquecível, Son. ― eu respondi, com um sorriso.
Assim que pusemos os pés no gramado, o rugido da torcida me atingiu em cheio. Olhei para o lado oposto, procurando-a. Meus olhos varreram a arquibancada e, de repente, eu a encontrei. Paulina Soares. Linda como sempre, com o sorriso que iluminava meu mundo. Mas ao lado dela, Ayla Edwards, a amiga do Tottenham, que eu sabia ser a influenciadora para as escolhas "fashion" da Paulina em dias de clássico.
E então, o choque. A minha Paulina estava usando a camisa do Tottenham. Não qualquer camisa. A camisa branca, com o número 9 nas costas: a camisa do Richarlison. Para piorar, ela ainda estava com uma faixa branca e azul na cabeça, as cores deles. Meu coração, que já estava batendo a mil por hora com a expectativa do jogo e do pedido, deu um salto e tropeçou. Por um segundo, pensei que ia desmaiar ali mesmo, no círculo central. Paulina, minha Paulina, estava vestida de rival, com a camisa de um dos meus adversários diretos!
"Aquela superstição dela de que se vestisse algo do Arsenal, o time perdia, estava me matando. Mas justo a camisa do Richarlison?!"
― Uhm, capitão? Tudo bem? ― a voz preocupada de Saka me tirou do transe.
Gabriel Jesus e Zinchenko também olhavam para mim, percebendo minha palidez.
― T-tudo ótimo. ― gaguejei, tentando me recompor, e eles seguiram meu olhar.
― P-Paulina? ― Saka exclamou, com uma expressão de horror cômico. ― Ela está usando a camisa do Pombo!
― MDS! ― Zinchenko deixou escapar, cobrindo a boca. ― E eu achando que a Ayla já era o suficiente!
Eu só conseguia balançar a cabeça, uma mistura de desespero e um estranho carinho pela excentricidade da minha brasileira. Essa era a Paulina. Azarada, com superstições bizarras, e capaz de aparecer vestida de inimiga no dia mais importante da nossa vida - e no meio do maior clássico. Ah, Paulina...
O apito inicial do árbitro soou como um tiro de largada para o desastre. Eu tentei me concentrar, juro que tentei. Mas a imagem da Paulina de camisa do Tottenham ficava martelando na minha cabeça. Era como se a camisa do Richarlison tivesse um ímã para a bola. Aos 15 minutos, a defesa estava um pouco descoordenada. Um contra-ataque rápido do Tottenham, uma bola lançada para a direita, e Dejan Kulusevski dominou com maestria. Ele cortou para dentro, limpou a marcação e chutou cruzado, rasteiro. Ramsdale se esticou, mas a bola passou por entre as mãos dele e estufou as redes.
Tottenham 1 x 0 Arsenal.
Um baque. A torcida do Tottenham explodiu, e a minha alma de capitão do Arsenal gritava por reação, mas algo me puxava para baixo. Eu não conseguia sacudir a sensação de que aquilo era um mau presságio... tentei reorganizar o time, pedir mais intensidade, mas a frustração começou a aparecer.
Aos 38 minutos, uma jogada pela esquerda. Son Heung-min, sempre ele, recebeu a bola na entrada da área, dominou e, com a frieza que só ele tem, chutou colocado no ângulo superior.
Um golaço. Tottenham 2 x 0 Arsenal.
O silêncio do lado da torcida do Arsenal era ensurdecedor, quebrado apenas pela celebração ensandecida dos torcedores do Tottenham. Eu olhei para o banco, para o Arteta, o rosto dele era uma mistura de decepção e frustração. O apito do intervalo veio como um alívio... Meus ombros estavam pesados, a cabeça baixa.
Entramos no túnel, o silêncio no nosso lado do vestiário era um contraste, com o barulho que vinha do lado deles. Saka chutou uma garrafa de água, e Gabriel Jesus jogou a toalha no banco com força. Zinchenko estava com os olhos mareados. Eu, o capitão, não sabia o que dizer, pois os meus pensamentos estavam uma bagunça: a derrota parcial, o pedido, e a Paulina... usando a camisa do Richarlison.
🎈meus fiéis leitores: AutoraChiaraRicci
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torcedorahaalind
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