
|13.0|
Foram dois domingos consecutivos sem transmissões ao vivo, você percebeu seus números caírem cada vez mais. No entanto, você simplesmente não conseguia fazer nenhum outro show.
No final, você decidiu que o melhor a se fazer era colocar sua conta no status de “inativa”. Talvez fosse hora de colocar SweetCherry para descansar por um tempo, ou até mesmo para sempre. Você não queria decidir isso agora. Talvez você precise dela novamente no futuro.
Você conseguiu economizar dinheiro suficiente para terminar seus cursos. Depois dos encontros com Henry, todas as vezes as quais fizeram sexo e você ganhou o dobro do valor original... você acumulou uma boa almofada financeira. No caso de outro aumento de preço, você teria que trabalhar horas extras ou cruzar a barreira há muito tempo proibida de pedir dinheiro a Ana. Tempos desesperadores requerem medidas desesperadoras.
Porém, assim que desativou a conta, você soube que nunca mais seria capaz de voltar a ser SweetCherry. Isso estava tão fortemente ligado a Henry e doía até mesmo pensar nele da menor maneira.
No dia seguinte ao seu horrível encontro às cegas e o confronto com Henry, você jogou fora seu telefone cereja e destruiu o chip.
A princípio, você pensou em salvar o número de Henry no seu telefone real, mas então se deu conta de que provavelmente não era o número real dele o tempo todo. Como celebridade, ele provavelmente também teria um telefone descartável. E depois de fazer toda uma cena em público, ele com certeza teria ficado feliz por nunca mais ter notícias suas. Você ficou surpresa por não ter encontrado nenhuma foto de paparazzi nos tablóides desde então.
Você ficou impressionada com o quanto sentiu a falta dele desde a última vez que o viu na calçada a tão poucos metros daquele restaurante italiano onde o deixou depois de seu discurso. A expressão perdida e chocada no rosto dele seria algo que você lembraria para sempre.
No primeiro sábado em que vocês não se encontraram, você chorou a noite toda na cama. Você não sentiu falta de SweetCherry, nem um pouco para sua surpresa, você só sentiu falta dele. Suas mãos em seu corpo, sua voz, a sensação de como ele se desfez em seus braços. Você simplesmente sabia que nunca mais se sentiria assim com outro homem em sua vida.
Parecia que você estava passando por um rompimento que, no fundo, sabia que era ridículo. Mas, ainda mais profundamente, você sabia que havia cultivado sentimentos por ele, e isso foi seu maior problema desde o início. Henry não iria querer você na vida real, era isso o que você pensava e tinha certeza de que era a verdade. Ele só veria a camgirl em você e a personificação de suas fantasias sexuais. Não é a melhor base para construir um relacionamento.
Ele provavelmente já tinha esquecido de você de qualquer maneira, ficando viciado em outra camgirl e seguindo seu conselho, estava pedindo a ela para conhecê-lo. Talvez até no “seu” quarto de hotel.
Mesmo que você pensasse que conseguiria esconder no trabalho, Michael chamou você ao escritório dele alguns dias depois, perguntando se você estava bem. Você acabou por dizer a ele que as aulas noturnas estavam um pouco difíceis no momento, especialmente com os próximos exames. E Michael sendo Michael, lhe deu alguns dias de folga para estudar e limpar sua mente.
Você provavelmente deveria realmente estudar, mas acabou passando seu tempo de folga novamente na cama chorando pela perda de um homem que você nunca foi capaz de chamar de seu.
***
Henry levou alguns dias para de fato compreender tudo o que aconteceu naquela noite duvidosa. O dia 12 será para sempre uma data especial para ele. Foi o dia em que o mundo como ele sabia se desfez. Era como se cima fosse baixo, esquerda fosse direita e Cherry fosse, na verdade, S/n da imobiliária de Michael.
Claro, ele tentou enviar uma mensagem de texto para Cherry, não... para S/n, utilizando o telefone descartável, mas as marcas de visualização não ficaram azuis. Então, ele até tentou ligar para o único número que tinha através de seu segundo telefone, mas a voz eletrônica lhe disse várias vezes que o número havia sido desconectado.
Talvez fosse melhor assim. Ele sabia que não seria capaz de manter essa coisa de SweetCherry para sempre. Mas ele certamente pensou que teria mais tempo antes que realmente acabasse. Se ele soubesse que o último sábado à noite que passou com você seria a última vez que a veria, ele teria comprado a noite inteira com você e não apenas para sexo.
Ele queria conhecer você, a pessoa por trás da garota da câmera. Talvez tivesse se passado algum tempo desde o confronto que encerrou tudo, mas agora ele tinha certeza disso. Ele havia detido sentimentos por você. E ele se sentiu privado da chance de descobrir se havia mais entre vocês dois do que a pura troca de dinheiro por sexo.
Por outro lado, você deixou bem claro que tudo acabou para você. Ele pensou que você também poderia gostar dele, mas aparentemente você só havia sido paga para fazer parecer que estava fazendo sexo com ele. Como ator, ele sabia muito bem como era fingir sentimentos e emoções por dinheiro.
Além de que depois de não reconhecê-la fora da bolha do seu quarto de hotel, mesmo depois de topar com você duas vezes antes do encontro fatal no restaurante italiano, ele não confiava mais em sua capacidade de “reconhecer” nada.
Talvez fosse melhor assim, ele pensou novamente. Pode ter sido um corte doloroso, mas limpo. Terminou tão abruptamente quanto começou.
Porém, quando uma música de sua lista de reprodução semanal tocou no rádio alguns dias depois, enquanto ele estava dirigindo, as memórias o atingiram com tanta força que ele teve que parar. Ele tinha que ver você novamente, nem que fosse só para encerrar a conversa daquela noite na calçada. Porque ele não foi capaz de dizer uma palavra e agora que teve tempo para pensar sobre isso, havia algumas coisas que ele queria dizer a você, queria que você soubesse.
A princípio, ele não soube como entrar em contato com você após você ter desativado seu número até que se lembrou de sua conversa do dia 12 e percebeu, mais uma vez, que havia te encontrado sem saber quem era na casa durante a exposição quando acompanhava seu amigo Rupert. Ele perguntou o nome da imobiliária ao amigo. Assim que obteve o nome, ele procurou o endereço no Google.
— É hora de tomar a droga de uma atitude, Cavill.
Henry disse a si mesmo, digitou o endereço em seu telefone e seguiu o Google Maps direto para os escritórios da agência na cidade. Ele apenas tentaria a sorte e entraria direto na sede, exigindo uma reunião com você. Caso contrário, ele teria que marcar uma consulta em uma de suas outras exibições com um nome falso. Agora, ele estava determinado a fazer qualquer coisa para vê-la novamente.
Depois de estacionar o carro, ele entrou direto no grande prédio comercial, subiu até o quinto andar e atravessou a porta de vidro para um pequeno saguão.
A mesa da recepcionista parecia vazia a princípio. Mas quando ele se aproximou para perguntar por você, encontrou alguém curvado sob a mesa, aparentemente mexendo nos cabos do computador ou da impressora.
— Com licença...
Ele começou falando, olhando para o vestido roxo curvado. A pessoa bateu com a cabeça na parte de baixo da mesa, e resmungou um "porra", Henry reconheceu a voz imediatamente. Era S/n!
— Henry?!
Exclamou surpresa, sua voz mais alta do que o normal, se levantando em seguida.
— S/n!
Henry disse igualmente surpreso. Ele não achou que seria tão fácil encontrar você no final.
— O que diabos você está fazendo aqui?”
Você sussurrou para ele, mas o sussurro acabou saindo muito mais alto do que deveria ser, devido ao seu nervosismo.
— Eu queria falar com você. Você não me deu chance na última vez em que nos vimos.
Disse ele e encostou-se no balcão alto da sua mesa de recepcionista.
Você balançou sua cabeça assim que ele abriu a boca.
— Não, você tem que sair. Entendeu? Agora.
Você disse com uma voz lenta, mas estava longe de estar calma.
— Tenho coisas que eu preciso que você ouça.
Ele insistiu.
— Elas não devem ser tão importantes assim se você demorou tanto para decidir que precisava me dizer.
Você atirou contra ele.
Henry já havia imaginado que encontraria um muro de resistência da sua parte. Ele sabia que não seria fácil.
— Eu ouvi o que você tinha a dizer àquela noite e agora você vai ouvir o que eu tenho para te falar, Cherry.
Ele disse a você em um tom baixo, não chamando a atenção de ninguém.
Ele havia usado o nome do seu "alterego" de propósito, querendo ver o efeito que isso provocaria em você.
— Não diga esse nome aqui!
Você mandou, em seguida contornou sua mesa e quis expulsá-lo de seu local de trabalho. E vida, por falar nisso. Mas Henry era alto e forte demais, e se ele não quisesse, você não seria capaz de movê-lo um centímetro. E ele certamente não queria.
— Estou aqui para falar com você e não vou sair antes de dizer o que vim dizer.
Disse ele com voz severa. De repente, você ficou mais perto dele do que deveria e olhou para seu corpo alto. Os olhos azuis dele olharam para você, alternando entre seus olhos e seus lábios algumas vezes, Henry também percebendo como você estava perto dele.
Um insulto subiu pela sua garganta. Antes que você pudesse realmente atirar na direção dele, você ouviu passos no corredor que levava aos escritórios individuais. Em pânico, você agarrou seu pulso e puxou-o para trás até uma das salas de conferência vazias do outro lado do saguão.
Assim que fechou a porta, você largou o pulso dele como se tivesse queimando sua mão.
— Henry, você não pode simplesmente vir ao meu local de trabalho e me forçar a falar com você. Não é assim que funciona.
Você disse a ele e cruzou os braços em frente ao peito.
Você estava com raiva porque ele teve a audácia de aparecer no seu trabalho, chamando você de Cherry abertamente, sem mais nem menos. Você estava com medo de que todos pudessem descobrir o que você fazia no passado. Mesmo agora que você parou de fazer isso. Os vídeos estavam lá fora.
— Não preciso que você fale comigo... Eu só quero que me escute. Fique calada se preferir.
Henry disse e deu um passo à frente. Você ergueu sua mão e ele parou, suspirando derrotado e passou a mão pelos cachos escuros.
— S/n, me desculpe por não ter reconhecido vocês as duas vezes que nos encontramos. Para ser honesto, sempre pensei que você me lembrava de Cherry quando nos conhecemos, mas o mesmo acontecia com qualquer mulher que se parecesse remotamente com você... eu só pensei que minha mente estava pregando peças em mim. Mesmo antes do nosso primeiro encontro, você estava na minha mente 24 horas por dia, 7 dias por semana.
Ele lhe lançou um sorriso sincero que você respondeu com as sobrancelhas franzidas.
Você não tinha ideia de que tinha esse efeito sobre ele. Mas foi ele quem iniciou o primeiro contato com você, então não deveria ser uma grande surpresa. Acontece que era.
— Sim, ok, tanto faz...
Você encolheu os ombros. Você estava zangada com ele, embora tenha sido você quem interrompeu o seu acordo de reuniões semanais. Você nunca afirmou que seus sentimento eram racionais. Até você sabia que exagerou de certa forma, mas era assim que se sentia agora.
— S/n, por favor…
Henry disse e você podia ver que ele estava lutando internamente. Você queria acabar com essa situação embaraçosa o mais rápido possível.
— Escute, nós tínhamos um acordo comercial e ele acabou.
Você disse a ele, sentindo as lágrimas chegando aos seus olhos. Você sentiu raiva de si mesma, raiva que este homem tivesse tal efeito sobre você.
— Faz muito tempo que não é só um acordo comercial e você sabe disso. Sim, sempre paguei, mas...
Henry disse e parecia ter se perdido nas palavras.
— Mas o que? Você me pagou, Henry. Eu fiz sexo com você por dinheiro. Foi um trabalho.
Você atirou nele e sua visão ficou turva. Você não queria dizer nenhuma das palavras que havia dito e ele sabia disso. Você podia ver em seus olhos. Por que você teria uma reação dessas a um acordo comercial?
— As linhas estavam confusas desde o início. Existe algo entre nós, S/n. Algo muito além da SweetCherry e de dinheiro.
Henry disse e se você não estava enganada, você viu seus olhos vermelhos.
— Henry…
Você começou em um tom desesperado e com raiva enxugou as lágrimas de sua bochecha que escaparam de seus olhos.
Vozes de pessoas passando pela sala de conferências fazem você virar a cabeça em pânico em direção à porta.
— Eu tenho que voltar ao trabalho. Você precisa ir agora.
Foi o que você disse e em seguida pigarreou. Sua voz estava trêmula e prestes a quebrar.
Então, por favor, encontre-me no hotel novamente neste sábado, onde podemos conversar em paz.
Henry ofereceu e pigarreou também.
— Não é uma boa ideia, Henry.
Você balançou a cabeça.
Em seu desespero para que tivesse pelo menos mais uma chance de conversar com você, ele até lhe ofereceu dinheiro para se encontrar com ele novamente, o que a irritou e machucou ainda mais. Ele ainda estava agindo como se pudesse comprar você. Você lançou a ele um olhar zangado, mas não disse nada.
— Mesma hora, mesmo nome, mesma quarto – Ele a olhava fixamente.– Estarei lá, esperando por você.
Ele finalizou com uma determinação que a deixou sem fôlego por um segundo.
Quando ele estava saindo, Henry parou bem ao seu lado.
— Pelo menos, pense sobre isso, S/n. Por favor.
Ele pediu, você sentiu a respiração dele em seu ombro nu. Arrepios cobriram todo o seu corpo imediatamente. Você virou a cabeça para o outro lado, longe dele.
Você ouviu quando a porta da sala de conferências foi aberta e fechada apenas um segundo depois.
Assim que percebeu que estava sozinha, um soluço gigante escapou de seus lábios e você rapidamente cobriu a boca com a mão. Grandes lágrimas rolaram pelo seu rosto.
Desde o momento em que você abriu a porta em sua primeira reunião, você sabia que esse cara seria a sua morte...
***
No início, você planejou não aparecer. Você estava determinada a isso, mas sabia que ele provavelmente apenas voltaria ao seu trabalho. Ele não parecia um cara que entendia a mensagem tão facilmente. Você sabia que precisava de ajuda e a única que sabia remotamente o que estava acontecendo era sua melhor amiga Ana.
— Você já pensou em ser apenas honesta com ele?
Ana perguntou cuidadosamente. Você estava deitado no carpete em frente ao sofá dela, uma taça de vinho pousada em sua mão sobre sua barriga. Ana estava esticada no sofá, a cabeça apoiada na mão e enquanto olhava para você.
Você olhou para ela como se sua amiga fosse louca.
— Sobre o quê?
Você perguntou.
— Sobre os seus sentimentos por ele, é claro.
Ela explicou e nem mesmo pestanejou quando você lhe lançou o olhar mais raivoso possível.
— Só acho que há um motivo pelo qual ele apareceu no seu trabalho e quer conversar com você sobre isso. Isso é muito esforço para alguém que supostamente apenas segue em frente para a próxima camgirl. É tudo o que estou dizendo.
Ana ergueu a mão livre e pegou a taça de vinho na mesa. Ela tomou um longo gole e deixou que suas palavras ressoassem em você.
— Você sabe de quem estamos falando?
Você a lembrou do status de celebridade de Henry.
— Então? No final do dia, ele é apenas um homem. Um homem com sentimentos... sentimentos por você.
Ela acrescentou a última parte em um tom sussurrante, falando na taça de vinho que ela colocou em seus lábios novamente.
— E se ele não sentir o mesmo?
Você perguntou a ela após alguns minutos de reflexão.
— Depois de tudo que você me disse? Eu duvido muito. Mas mesmo se... então você vai ter certeza e então pode seguir em frente. Do contrário, você sempre vai se perguntar e se você tivesse aparecido…
Ana avisou.
Você tinha muito o que pensar até seu encontro com Henry.
E você tinha exatamente 24 horas para tomar uma decisão.
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