
|12.0|
Depois de derrubar a última barreira ainda existente e fazer sexo de verdade com Henry, você jogou todas as suas preocupações e hesitações no mar. Desde sua quinta sessão, vocês fizeram sexo em todo o quarto do hotel, até mesmo no chuveiro. A única pequena “regra”, ainda mantida se é que se pode chamar assim, era a restrição do beijo. Você honestamente pensou que essa era a última pequena peça do quebra-cabeça que manteve seu relacionamento profissional.
Por outro lado, Ana, a quem você contou tudo sobre suas sessões semanais com Henry, estava preocupada com você. Se você perguntasse a ela, ela diria que você estava envolvida demais, mas você nunca perguntou a ela, justamente por saber qual seria a resposta dela.
Ela temia que você estivesse sendo pega por toda a fantasia SweetCherry-Henry, envolvida demais para o seu próprio bem. Claro, você ganhou um bom dinheiro, mas ela estava preocupada com sua saúde mental e como tudo isso poderia acabar.
Então, ela queria trazê-la de volta ao mundo real, mostrando-lhe que existem homens de verdade com quem você realmente pode namorar e ter um encontro às cegas. Era uma amiga do marido da colega. Como Ana trabalhava para um planejador de eventos em Londres, o encontro às cegas poderia ser qualquer pessoa.
Você sabia que precisava ter uma vida além do trabalho e do colégio e, definitivamente, além de SweetCherry, mas se sentiu relutante quanto a aceitar. Desde que começou a fazer sexo com Henry, você sabia que estava se apaixonando cada vez mais por ele e isso não era saudável de forma alguma. Mesmo que você não tenha gostado dos motivos de Ana para o encontro às cegas, no fundo você sabia que ela estava certa com essa atitude.
E já que você nunca foi boa em conseguir encontros, mesmo depois de começar sua carreira de camgirl como SweetCherry, você estava realmente feliz por Ana ter arranjado esse encontro às cegas.
— Ele sugeriu um bom restaurante italiano perto do centro da cidade. De Scoli.
Disse Ana enquanto tentava argumentar para convencê-la a ir. Você estava falando com ela no telefone durante a hora do almoço.
— Ele já sugeriu um restaurante?
Você perguntou com as sobrancelhas franzidas e colocou um garfo cheio de salada na boca. – Isso é meio estranho.
Você acrescentou enquanto mastigava e fazia uma careta.
— Não, isso significa que ele está ansioso para conhecer você.
Ana tentou animá-la para o seu encontro.
— E quem é ele mesmo?
Você questiona, sabendo muito bem que Ana ainda não tinha revelado nada sobre ele. E ela tinha uma razão para isso.
— Na verdade... não sei – Confessou.
— Ana!
Você exclamou em voz alta.
— Sinto muito, S/n. Ele é amigo do marido da minha colega. Pelo que sei é muito simpático e bonito.
Ana se apressou em acrescentar.
— E isso foi o suficiente para você? Por que não pediu mais detalhes?
Você perguntou chateada.
— Honestamente? Eu teria levado qualquer um para tirar você do seu apartamento e do seu headspace de SweetCherry.
Ana disse a você, baixando o tom de voz na última parte.
Você bufou alto e colocou outro garfo cheio de comida na boca. Ana ouviu em silêncio enquanto você mastigava com raiva. Ela já sabia que você só precisava de um momento para se acostumar com a ideia de um encontro.
— Sabe, se isso der errado, irei pessoalmente responsabilizar você.
Você a ameaça.
— Aceitarei de bom grado esta homenagem.
Você a ouviu dizer e pode perfeitamente visualiza-la fazendo uma reverência zombeteira.
***
— Kat disse à amiga dela que você vai conhecer a garota no Scoli's, aquele novo restaurante italiano.
Rupert disse a Henry por telefone. De alguma forma, seu amigo conseguiu fazer com que ele concordasse em ir a um encontro às cegas que a esposa de Rupert havia arranjado para ele.
— Já até escolheu o restaurante?
Henry perguntou irritado. Ele ainda não tinha certeza se realmente queria ir para esse encontro.
— Eu e Kat fomos lá semana passada, foi maravilhoso.
Rupert tentou tranquilizá-lo.
— Quem é ela mesmo?
Henry indagou, passando a mão pelo rosto.
— Ela é amiga de uma das colegas de Kat. Eu esqueci o nome dela agora, mas vou pedir a Kat que mande para você.
Foi a resposta do amigo a ele. Henry suspirou derrotado.
— Quando é?
Henry perguntou e colocou o amigo no viva-voz para que ele pudesse abrir o calendário em seu telefone.
— É dia 12, às sete.
Henry rolou para o 12º. Droga, sem compromissos.
— Tá bom, tá bom.
Ele finalmente concordou e fez uma anotação em seu calendário. Pelo menos, antes que ele tivesse que ir nesse encontro forçado às cegas, ele teria outro encontro com Cherry neste domingo.
***
O dia 12 veio quase cedo demais. Henry achou que teria mais tempo para se acostumar com o fato de que passaria a noite com uma mulher que não seria a SweetCherry. Ele não faz isso já há algum tempo. É possível se esquecer de como funciona um namoro? Mesmo que fosse apenas um encontro?
Henry sentia que esse era o seu caso, o que era estranho, pois havia momentos em seu passado em que ele tinha vários encontros por semanas, às vezes até vários em um dia.
Henry foi tão pontual como de costume quando chegou ao restaurante italiano. Ele parou alguns passos antes da entrada, olhou para a grande placa e respirou fundo. Não adiantava, ele tinha que entrar. Certamente ele não seria alguém que a deixaria esperando. E cancelar no último minuto quando ela já estava a caminho não era o estilo dele.
Ele finalmente passou pela entrada. Uma garçonete na porta disse a ele que seu encontro já havia chegado. Ela pegou um cardápio debaixo da mesa e o levou pelo restaurante em direção a sua mesa.
Ele não teria nem mesmo um minuto para se preparar.
***
Você havia chegado primeiro ao restaurante, o que não foi uma surpresa estar quase 10 minutos adiantada. Uma garçonete a levou até uma pequena mesa no fundo do restaurante. Você se sentou no banco, com vista para todo o salão. Dessa forma, você o veria chegando e seria capaz de processar mentalmente sua aparência antes de realmente ter que falar com ele.
As mesas à sua esquerda e direita já estavam cheias de casais. Você pediu uma taça de vinho para acalmar seus nervos. Você não tem um encontro real há anos, está completamente sem prática... bom, não que tenha sido boa nosso em algum momento do passado.
Você bateu os dedos na mesa, o joelho tremendo sob a toalha. Verificou a hora em seu telefone, eram exatamente 19 horas.
— E aqui é a sua mesa.
Ouviu a voz da garçonete que havia lhe acompanhado anteriormente à sua mesa. Ele estava bem na hora. Você olhou para cima.
— Oi, meu nome é Robert.
Disse o homem bonito a sua frente. Você ficou agradavelmente surpresa.
— Oi, sou S/n.
Foi sua vez de se apresentar, em seguida apertou a mão que ele estendeu para você antes de se sentar. — É um prazer conhecê-la.
Disse ele e endireitou a gravata. Você estava no meio do julgamento de sua aparência, examinando-o de cima a baixo. Ele parecia bem com seu cabelo castanho claro e olhos escuros. Ele estava barbeado e usava uma camisa branca que parecia cara sob um paletó azul escuro.
Você não avançou com sua análise quando percebeu que ele disse algo.
— Ah, sim, é muito bom conhecer você também – Você também disse. – Você costuma sair às cegas?
Você perguntou, era a primeira coisa que veio à sua mente. Você não aguentava um segundo de silêncio, isso a fazia estremecer.
Você empurrou seus cabelos soltos e ondulado para trás do ombro. Seus olhos foram emoldurados por um delineado fino e um tom rosado cobria seus lábios. Como se tratava de um encontro, você queria colocar um pouco mais de esforço em sua aparência, para variar. Desde que adquiriu uma boa prática com maquiagem devido a SweetCherry, você se sentiu muito mais confortável usando-a fora de suas transmissões ao vivo e reuniões com Henry.
— Desculpe, mas sinto que te conheço de algum lugar.
Robert disse em vez de responder sua pergunta. Seu coração começou a disparar imediatamente.
— Você tem procurado casas ou apartamentos ultimamente? Eu trabalho em uma imobiliária.
Foi sua sugestão, tentando manter a voz firme, mas seus dedos tremiam no colo embaixo da mesa.
Robert pareceu perder o interesse em sua impressão e vocês passaram a falar sobre o trabalho dele, pedindo também algumas bebidas. Bebidas que você precisava desesperadamente.
No meio do jantar, Robert de repente riu sozinho.
— O que foi?
Você perguntou, sorrindo, querendo entrar na brincadeira.
— É tão estranho, eu realmente sinto que te conheço de algum lugar.
Ele balançou a cabeça em seguida, inclinando-a para o lado como se estivesse pensando muito.
— Acho que já estabelecemos que não. Você o lembrou e o sorriso congelou em seu rosto. Você cutucou a salada em seu prato, todo o apetite havia lhe deixado completamente.
— Oh meu Deus... você é aquela camgirl!
Ele disse e sua voz estava perigosamente alta. O garfo escorregou de sua mão e pousou ruidosamente em seu prato. Com o canto dos olhos, você podia ver algumas cabeças girando nas mesas ao seu redor.
— Não eu não sou.
Você negou energicamente com a cabeça.
— Sim. Você é!
Ele insistiu.
— Não!
Você repetiu, tentando soar mais determinado dessa vez, embora por dentro estivesse morrendo.
Você não suportava mais ficar sentada na frente desse homem.
— Eu preciso ir. Obviamente isso foi uma péssima idéia.
Você diz rapidamente ao se levantar e agarrar sua bolsa, deixando a mesa.
Após apanhar seu casaco do cabide perto de sua mesa, você se apressou pelas fileiras de mesas para chegar à porta da frente.
Seus pensamentos estavam acelerados naquele momento, mas sua mente não parava de resmungar e se culpar por você ter se sentado tão ao fundo do restaurante.
Você ouviu alguns passos logo atrás, e temeu que Robert viesse atrás de você, então olhou por cima do ombro. E foi assim que você não se deu conta de que alguém estava se levantando de sua cadeira no mesmo momento em que você passou por sua mesa. Quando se virou para frente novamente, você já havia se chocado contra o corpo grande e duro.
— Sinto muito, eu...
Você rapidamente se desculpou e olhou para o rosto do homem quando ele se virou.
Henry.
Seus olhos se arregalaram imediatamente. Você sentiu como se seu coração estivesse batendo forte na garganta.
— Cherry?
Ele perguntou, seus olhos igualmente saltados.
— Porra...!
Escapou de seus lábios e então você apenas se virou, continuando a escapar em direção a saída.
Que noite fodida!
Você pensou.
***
Celine, o encontro às cegas de Henry, era legal e bonita e normalmente ele provavelmente se daria bem com ela, definitivamente ele a teria levado para casa com ele, mas seus pensamentos giravam em torno de você o tempo todo. Até agora, ele levou o encontro sendo legal e educado, usando algumas de suas habilidades de ator para continuar parecendo interessado.
Quando ele pediu licença para ir ao banheiro com a intenção de enviar uma mensagem a algum amigo para ligar para ele e tirá-lo do encontro, alguém o se chocou contra ele.
Quando Henry se virou, não conseguiu acreditar no que via.
— Cherry?
Ele perguntou incrédulo enquanto a mulher que ele conhecia tão bem agora estava bem na frente dele. Seu cabelo estava solto, meio rebelde envolta do rosto e ondulado como ele estava acostumado a ver sempre em seus encontros, apenas a maquiagem parecia mais clara.
— Porra...!
Ela murmurou, em seguida escapou tão rápido quanto havia aparecido.
Esquecendo-se completamente de seu par, Henry correu atrás de você. Fora do restaurante, ele olhou para a esquerda e para a direita, pois não conseguia ver para onde você havia ido. Ele a encontrou descendo a rua apressadamente, procurando um táxi para levá-la para casa.
— Espere!
Ele chamou e você escutou, percebendo que era a voz de Henry e que ele insistiu em ir atrás de você. Você tentou andar mais rápido, mas seus saltos a impediram.
Seu grande medo, que sua vida secreta o alcançasse em algum momento, parecia ter se concretizado, porém você não achou que seria exatamente na mesma hora que você encontraria Henry novamente.
— Cherry, espere!
Ele disse quando a alcançou, segurando seu braço e a fazendo parar.
— Meu nome não é Cherry!
Você quase gritou com ele quando o mesmo a girou para que ficassem cara a cara. Olhando para ele, tão próximos como estavam, você foi invadida pelo cheiro de sua loção pós-barba que havia passado a conhecer tão bem. Todo o seu corpo reagiu a ele imediatamente.
Você puxou seu braço, livrando-se de seu aperto, em seguida deu um passo para trás, cruzando os braços em frente ao peito. Henry franziu a testa para você, os olhos dele corriam por todo seu rosto.
Depois de dormir com Henry tantas vezes, não havia como ele não reconhecer você como S/n.
— Espera aí, você… eu…
Gaguejou ele, visivelmente confuso com seus próprios pensamentos.
Você estava tão farta de tudo o que aconteceu está noite e de sua vida em geral. Sentia raiva porque a vida era tão injusta que basicamente teve que se prostituir para poder pagar uma educação decente. E Henry foi o alvo infeliz de sua explosão:
— Sim, Henry. Eu sou S/n. Já nos encontramos duas vezes na "vida real", na verdade – Você disse e colocou a palavra vida real entre aspas.– Eu estava na exibição da casa com Michael algumas semanas atrás e logo depois no parque quando seu cachorro quase me derrubou enquanto corria... mas eu era muito sem importância, muito sem graça e feia para que você fosse capaz de me reconhecer como a garota que empurrava os peitos na sua cara semanalmente
Você praticamente cuspiu as palavras em sua direção, carregada de frustração. Pelo canto dos olhos, você viu um táxi se aproximando. Levantou a mão rapidamente, e, felizmente, o motorista parou ao seu lado.
— Você se divertiu, não foi? mas isso...– Você apontou para si mesma e depois para ele.– Acabou. Não me mande mais mensagens, eu não vou responder. Você pode ficar com seu dinheiro. Ou melhor, arrume uma nova garota que possa comprar.
Você finalizou, entrando no táxi em seguida e sem lhe dar a chance de falar. Você não sabia por quanto tempo conseguiria se segurar.
Assim que o táxi partiu, você começou a chorar, e chorou durante todo o caminho para casa, deixando para trás um Henry estupefato na calçada.
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