Inglaterra, 1648

O amor, essa força misteriosa, é capaz tanto de elevar uma alma a mais pura felicidade quanto de despedaçá-la em incontáveis fragmentos.

—Por favor, deixe-me explicar! Eu não pratico magia negra!—A jovem gritou, com lágrimas escorrendo de seus olhos enquanto se agarrava às frias barras de ferro da cela. Ela olhava desesperada para um dos homens que a haviam aprisionado, buscando algum traço de compaixão.

—Fique calada, bruxa maldita!—O homem respondeu entre dentes, seu rosto contorcido de raiva. —Sabemos que anda praticando bruxaria e sacrificando crianças para o diabo.

—Eu nunca fiz isso! —Ela suplicou, o desespero impregnando em cada palavra.

—Eu só estava tentando ajudar com a peste...— Sua voz tremia enquanto lembrava do vilarejo devastado, onde a doença havia tomado tantas vidas. Ela acreditava que sua magia poderia salvar aquelas almas, não condená-las.

—Não foi o que seu noivo nos disse, bruxa—o homem cuspiu as palavras com desprezo.

—Ele, pela graça de Deus, foi liberto da sua influência satânica e a denunciou. As evidências eram claras. Pagará por esse sacrilégio.— Ele finalizou, cuspindo em seu rosto.

O coração da jovem se despedaçou em um milhão de pedaços. Isso não pode ser verdade...pensou. Ele me ama, ele jamais faria isso comigo...

—Tragam a bruxa!—Ordenou outro homem, sua voz era cortante como lâmina de uma espada.

—Mas antes, coloquem isso nela.— Eles a seguraram à força, prendendo uma pulseira de prata em seu pulso. Ela sentiu a vida escapar de seu corpo, como se sua própria essência estivesse sendo drenada.

—Phasmatos incendia!—Ela gritou, tentando conjurar seu poder. Mas nada aconteceu.

Um dos homens a arrastou para fora da cela, e uma multidão enfurecida a acompanhou. Pedras voaram em sua direção, uma delas acertando seu rosto, deixando sua visão embaçada pelo sangue que escorria.

Ela implorou para que a ouvissem, para que parassem, mas seus gritos apenas inflamaram ainda mais a fúria daqueles que a cercavam. A cada passo, era levada mais perto do que parecia ser uma fogueira.

Seu coração batia descontrolado em seu peito, como se quisesse escapar daquela terrível realidade.

E então ela o viu. Seu noivo, aquele em quem depositou todas as suas esperanças. Um raio de esperança atravessou seu peito.

—Meu amor! Explique para eles que essas acusações são infundadas!—Ela gritou, sua voz repleta de desespero, buscando nos olhos dele a salvação.

—Hoje, iremos queimar essa pecadora— declarou um dos homens, enquanto jogava a primeira chama na madeira seca.

A dor insuportável tomou conta do corpo da jovem, e ela implorou, mas seus apelos foram recebidos apenas com risos cruéis.

Ela olhou para klaus, e o sorriso que viu em seu rosto era algo que jamais havia presenciado — um sorriso mais cruel do que qualquer coisa que já havia conhecido. Ele se virou e começou a caminhar na direção oposta, indo embora sem olhar para trás.

—Na próxima vida, nos encontraremos novamente—ela declarou, com lágrimas de raiva e amor ardendo em seus olhos.

—Nossas almas estarão para sempre entrelaçadas. Seja uma bênção ou uma maldição, o destino nos reunirá, vida após vida.

O rancor tomou conta do lugar onde antes habitava o amor, e assim, nos braços cruéis da morte, ela foi finalmente consumida pelas chamas.