
𝟬𝟭𝟮 ، WHO'S MADMAX?
CAPÍTULO 12 :
QUEM É MADMAX?
O FLIPERAMA ESTAVA LOTADO, O QUE NÃO DEVERIA surpreender os garotos já que no dia seguinte as aulas voltariam e também seria véspera de Halloween. Os quatro estacionaram as bicicletas ali em frente, esperando por Will; Jeff, que mesmo depois de ouvir sobre o desaparecimento do Byers no ano anterior, ainda não entendia porquê o garoto foi proibido de sair sozinho.
Parecia estranho para ele, ainda que passasse por algo similar com Andy. Eles haviam feito um acordo: o garoto estaria livre para sair e passar a noite na casa de Lucas ou dos outros rapazes contanto que se mantivesse em contato através do rádio que ela comprou para ele algumas semanas após sua chegada. Talvez a Hopper apenas estivesse com medo de que ele também desaparecesse; o garoto não sabia com plena certeza já que sua irmã sempre trocava de assunto quando ele fazia perguntas sobre aquilo ou sobre a sinistra cicatriz no braço dela. Ou talvez ela tivesse medo de que ele se machucasse, como Walter se machucou na floresta antes dela ir embora.
De qualquer forma, o Montgomery tinha uma grande curiosidade à respeito daquilo e, assim como a irmã, tinha um grande problema em deixar as coisas de lado até ter uma resposta. William Byers havia sido declarado morto e teve um enterro, quando na verdade, ele estava perdido na floresta. Era óbvio que um assunto daqueles traria perguntas para alguém novo como Jeffrey, mas Mike, Lucas, e até mesmo Dustin, que gostava bastante de conversar, diziam que aquele assunto era 'confidencial' e sussurravam que 'Andy mataria eles caso contassem algo' ou 'não só ela'. Parecia engraçado o quanto eles temiam sua irmã mais velha, mas era irritante não saber qual o grande segredo que compartilhavam com Andy e que era guardado à sete chaves.
Quando o carro de Joyce Byers parou em frente ao fliperama, Jeff estava tentando ver se sua irmã estava no balcão do Family Video, o que era praticamente impossível de onde ele estava. Os dois irmãos não haviam se visto desde o café-da-manhã, com ele indo para a casa de Dustin e ela precisando sair sem dizer muito bem para onde iria, o que era frustrante. O Montgomery não sabia bem o que ela fazia durante seus sumiços repentinos e ele temia que tivesse algo a ver com o segredo existente, já que Andy ficava defensiva quando questionada sobre tal e dizia para ele deixar aquilo de lado e ir brincar.
─── Oi, pessoal! ─── Will cumprimentou, fazendo Jeffrey retornar sua atenção para o grupo.
Os cinco garotos adentraram o fliperama após cumprimentarem o Byers, não demorando em irem até uma das máquinas de jogo, deixando que o mais novo entre eles jogasse primeiro. Eles observaram Jeff marcando pontos e passando de níveis até chegar no inimigo final; o garoto parecia saber o que estava fazendo, já que conseguia desviar dos golpes com agilidade. Ele conteve a urgência de dizer que já havia jogado aquilo antes, em Ohio, visto que ele estava indo bem demais para atrapalhar se gabando para Dustin e Lucas, quem ele considerava seus inimigos de fliperama.
Eles continuaram jogando em outras máquinas que estavam livre, o que era difícil considerando a quantidade de pessoas ali; ficava difícil até de andar sem esbarrar em alguém. Jeffrey ficou ao lado de Lucas enquanto Dustin jogava, seus comentários e palavrões fazendo os garotos rirem.
─── Para matar o dragão, use a espada mágica.
─── Caramba... tô em território desconhecido, gente. ─── o Henderson murmurou, apertando os botões.
─── Abaixa, abaixa! ─── todos gritaram ao mesmo tempo quando o dragão esverdeado apareceu na tela.
─── Eu tô indo! ─── ele respondeu no mesmo tom.
Os cincos gritavam ao mesmo tempo, impossível de conter a excitação ao ver que Dustin estava prestes a ganhar o jogo pela primeira vez.
─── Não... ─── ele falou quando seu personagem morreu queimado, batendo na máquina com certa raiva. ─── Não, não, não! Eu odeio essa merda, desgraçada! Filho da mãe! Troço inútil.
─── Falta agilidade. ─── Lucas disse para o Henderson, pondo uma mão em seu ombro enquanto se gabava. ─── Você chega lá um dia, mas por enquanto, a Princesa Daphne ainda é minha.
─── Nossa! ─── o Montgomery rapidamente acrescentou. ─── Não esquece que eu tô abaixo por menos de 100 pontos.
─── Exatamente, abaixo. Quando você passar de mim, aí sim nós podemos conversar.
─── Quem liga pra esse jogo? Eu ainda sou o melhor no Centopeia e Dig Dug. ─── o Henderson resmungou, olhando para os dois.
─── Tem certeza disso? ─── Keith, o atendente do fliperama, questionou. Jeff não sabia muita coisa sobre ele, apenas o que Andy lhe contava e ela não havia sido muito gentil.
─── Certeza de quê? ─── Dustin perguntou de volta. O olhar no rosto do homem mais velho era uma resposta silenciosa que o Henderson temia.
Ele saiu correndo para o outro corredor de máquinas, sendo seguido pelos quatro garotos, enquanto procurava pela máquina específica. E bem ali, no topo da lista de pontuação, estava 'MADMAX', com o nome de Dustin logo embaixo, tendo uma diferença de mais de 10.000 pontos, fazendo todos abrirem a boca em choque.
─── 751.300 pontos!
─── É impossível! ─── Will e Mike falaram, observando com surpresa a pontuação.
─── Quem- quem é Mad Max? ─── Dustin questionou Keith com irritação.
─── Alguém melhor do que você. ─── o homem riu.
Dustin apontou o dedo do meio, com uma careta no rosto diante de tal resposta, o que apenas fez Lucas e Jeff rirem baixo para não irritar ainda mais o Henderson. Se eles perdessem o primeiro lugar nos seus jogos favoritos, também iriam ficar irritados.
─── É você? ─── Will perguntou com interesse.
─── Sabe que eu detesto Dig Dug. ─── o homem bufou, ainda comendo seu salgadinho.
─── Mas então quem é?
─── É, desembucha!
─── Se quiserem informações, terão que me dar alguma coisa em troca.
Os cinco garotos se olharam por um momento antes de focarem em Mike, que não demorou a entender o que aquilo significava e negou rapidamente.
─── Não, não, não! Nem vem. Não vou arranjar um encontro com ela.
─── Mike, qual é? Só arranja um encontro. ─── o Sinclair pediu, desesperado para saber quem era a pessoa a bater o recorde de seu melhor amigo.
─── Eu não vou prostituir minha irmã! ─── o Wheeler protestou, apontando para Jeff. ─── Por que não a Andy?
─── Ela iria, literalmente, matar cada um de nós se souber disso. ─── Will explicou.
─── E eu também acho que Andy já sabia que isso poderia acontecer algum dia porque ela mandou dizer "só por cima do meu cadáver" caso você pedisse o número dela, então não é uma opção. ─── Jeffrey falou com uma careta, enjoado apenas com a possibilidade de sua irmã namorar alguém estranho como Keith.
─── Além do mais, ela é fodona demais pra ir em um encontro com você. ─── Mike prosseguiu, lembrando da maneira que a melhor amiga de sua irmã lidou com o problema no ano anterior. Claro, no ponto de vista dele.
─── Mas é por uma boa causa! ─── Lucas protestou contra a resposta dos dois.
─── Não, não vamos arranjar um encontro pra ele. ─── Dustin interrompeu a discussão, fazendo Jeff suspirar aliviado; ele não ia ser capaz de continuar negando por muito tempo. ─── Sabe por quê? Ele vai espalhar essa pereba nojenta pra família de vocês.
─── Acne não é pereba e não é contagiosa, seu pirralho debiloide. ─── Keith protestou.
─── Ah, agora eu sou debiloide? ─── Dustin resmungou. ─── Elas não iriam em um encontro com você. Quanto você ganha? Um dólar e cinquenta por hora?
─── Pra informação de vocês, Andy e eu estaríamos namorando se ela não fosse tão exigente assim.
─── Até parece. ─── Jeff zombou, vendo Will se afastar do grupo antes de voltar sua atenção para os outros garotos. ─── Pensar em vocês dois namorando me faz querer vomitar.
─── É, coitada dela. ─── o Henderson murmurou, voltando pra máquina. ─── Volta lá pro balcão com a sua pereba que eu preciso quebrar o recorde de novo.
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O LIVRO DE GRAMÁTICA ESTAVA ABERTO EM CIMA DA MESA, junto de alguns cadernos e lápis com as pontas quebradas que ela se recusava a apontar agora. Andrea tentava finalizar sua redação para a faculdade, que ela deveria ter feito no início das férias de verão e adiou, e prometeu que iria tentar finalizar no início da semana anterior mas toda sua atenção foi voltada para as horas extras no trabalho, afim de recuperar o dinheiro perdido na fantasia de pirata para o Halloween, comprada para seu irmão em uma loja fora da cidade. Ele havia lhe dito antes que não era necessário e que poderia inventar algo na hora, mas sendo o feriado favorito dele e o primeiro ali em Hawkins, Andy se sentiu na obrigação de tornar aquilo especial para o garoto. Comprar doces, abóboras, tudo fazia parte de um plano para se manter distraída de seus próprios problemas, como a maldita redação.
Para ser justo, ela não estava muito animada para retornar às aulas novamente, pensando constantemente no aniversário de desaparecimento de Barbara ── que se aproximava ── e ainda tendo quase todas as suas aulas na mesma sala que Steve Harrington ── que às vezes parecia querer tentar iniciar uma conversa com ela, mas a garota apenas ignorava. Andrea nunca o culpou pelo o que aconteceu com a Holland, ela mesma sabia que era injusto destinar a culpar para qualquer outra pessoa que não fosse ela, mas era difícil olhar para ele e não lembrar dos últimos momentos antes da morte de sua melhor amiga e qualquer outra tentativa de pensar em algo diferente lhe fazia lembrar de quando a Hopper e o Harrington eram mais novos, então era seguro dizer que a morena não tinha muita simpatia por ele e provavelmente continuaria assim por um longo tempo.
─── Mais. ─── a figura que estava sentada no sofá assistindo televisão ao lado de Mickey, seu cachorro, pediu baixo, fazendo Andrea desviar o olhar dos livros e a fitar, notando a vasilha em suas mãos.
A morena levantou e pegou de volta, indo até a pequena cozinha e enchendo-a com leite, cereal e uma colher de açúcar. Andrea poderia dizer que garota parecia viciada nisso, se não fosse sua óbvia paixão por waffles. Retornando para o sofá, ela se sentou também, decidida a dar uma pausa em sua redação, mesmo que não tivesse escrito mais de cinco linhas. Ela estava cansada. Ter que dividir seu tempo entre o trabalho de meio período, a escola, ajudar seu irmão com o dever de casa e ainda ajudar seu pai ali na cabana estava destruindo qualquer resquícios de energia que ela tinha; e dormir menos que o recomendado por noite também não estava ajudando, mesmo quando os fins de semana eram mais livres e ela passava metade do dia em casa.
─── Você gosta mesmo desse programa, hein? ─── sussurrou após um tempo, levantando-se.
Ela guardou os livros de pesquisa na bolsa, dando uma última olhada na folha e no que havia escrito, sentindo uma agonia no peito por não gostar do que havia feito. Era, provavelmente, sua décima tentativa só naquela tarde e o prazo para entregar aquilo e ter a mínima chance de ir para uma faculdade era na quarta-feira, trinta e um de outubro.
Em dois dias.
Batidas sincronizadas na porta puderam ser ouvidas e a garota no sofá apenas ergueu as mãos e a destrancou enquanto Andrea amassava o papel branco e o guardava no bolso com um lembrete de jogar fora mais tarde, indo vestir seu casaco para poder ir embora; queria estar em casa antes de seu irmão e, se tivesse sorte, conseguiria pular o papo furado com Jim, como fazia na maior parte do tempo.
─── Por que esse cachorro tá em cima do sofá? ─── o delegado perguntou, o que fez o animal descer no mesmo segundo. ─── Como foi por aqui?
─── Quieto e calmo. Como sempre. ─── sussurrou, guardando as chaves no bolso. ─── Eu preciso ir, tenho aula amanhã cedo.
O mais velho concordou levemente, tirando o chapéu e colocando em cima da mesa, observando-a ir até a porta. Andy parou com a mão na maçaneta, indecisa sobre falar o que tinha em mente. Era uma pergunta simples, o pior que ele poderia dizer seria para ela não se preocupar com aquilo, o que provavelmente era a coisa mais estúpida de se dizer, mas não custava tentar. Se virando, ela olhou para a garota sentada no sofá antes de se aproximar do mais velho, que procurava por algo para comer na geladeira.
─── Ei... ─── ela chamou baixo, incerta de qual palavra usar. Pai? Delegado? Jim? Ela não fazia a mínima ideia, mesmo que quase sempre usasse a primeira por questão de costume. ─── Posso fazer uma pergunta?
Ele a fitou de volta, fechando a porta da geladeira. Aquela provavelmente era uma das poucas vezes em que Andrea tomava a atitude de ir falar com ele, o que era surpreendente, considerando o temperamento da garota. Jim Hopper acenou positivamente, encostando-se no balcão.
─── Como tá o Will?
─── Como assim?
─── Novembro tá chegando, eu queria saber se ele tá... você sabe, bem. ─── ela deu de ombros, sem conseguir manter contato visual por muito tempo.
─── Jeffrey não é amigo dele? Ele não te diz nada?
A morena respirou fundo, dando de ombros.
─── Não é como se ele soubesse o que notar. E já que não é possível que eu explique a ele o que aconteceu, eu vim perguntar à você.
─── Achei que depois de todo esse tempo, você já tivesse dito pra ele.
─── Você teria me dito se eu já não estivesse envolvida? ─── questionou com um olhar irritado.
─── Não.
─── Exatamente. ─── resmungou, com o nariz franzido.
─── Will está bem, não precisa se preocupar. ─── ele enfim respondeu, fazendo-a balançar levemente a cabeça. Apesar da resposta parecia genuína, não lhe agradava, mas não havia muito que ela pudesse fazer se não aceitar e seguir em frente. ─── E você?
─── O que tem eu?
─── Você tá bem?
Não era a primeira vez que aquela pergunta específica era feita, Andrea ouvia da senhorita Kelly o tempo todo quando conversavam e, sendo uma mentirosa habilidosa, ela sempre conseguia se safar das perguntas constrangedoras que se seguiriam caso dissesse a verdade. Dizer apenas que estava com sono ou com dor de cabeça de tanto estudar parecia resolver os questionamentos, afinal, era a desculpa perfeita para uma estudante que era sempre vista cansada pelos corredores, mas mentir ou dizer a verdade para ele não faria diferença. O que ele poderia fazer? Abraçá-la? Interná-la?
─── Sendo sincera, Jim... não. Mas eu não posso me dar o luxo de lamentar, não é? Tenho coisas pra fazer. ─── ela sussurrou.
─── Você tá fazendo um bom trabalho. ─── o homem falou, fazendo-a fitá-lo por um momento antes de acenar levemente, sem ter ideia do que responder.
Apertando os lábios e assobiando para o cachorro, que levantou e foi em sua direção, Andy passou pelo sofá, bagunçando os cabelos da garota antes de refazer seu caminho até a porta e sair da cabana, pegando sua bicicleta que estava encostada na varanda e caminhando ao lado de Mickey por alguns metros antes de acender um cigarro, subir na bicicleta e pedalar de volta para o trailer.
Ela gostava de fazer aquilo ao lado do Border Collie: pedalar rápido enquanto ele corria ao seu lado. Além dele ser divertido e bastante companheiro, o animal havia lhe ajudado bastante durante suas crises desde quando o encontrou perdido no início das férias de verão, há quase cinco meses. Sempre que tinha algum tempo livre, Andrea tentava ensinar a ele alguns truques e comandos, o que não era difícil já que ele aprendia rápido e em pouco tempo os dois conseguiram desenvolver uma conexão; no geral, ele havia sido uma boa adição à sua vida.
Quando ela chegou na estrada de terra que levava ao trailer, ela conseguiu ver a luz da bicicleta de Jeffrey ao longe, fazendo-a parar e jogar o cigarro no chão, pisando nele com a sola do all star antes de levar os dedos à boca e assobiar alto. O garoto olhou para trás e parou ao ver sua irmã acenando para ele com um braço erguido, rapidamente pedalando até onde ele estava, sendo seguida por Mickey.
─── Você nunca vai acreditar no que aconteceu. ─── o garoto falou enquanto ia lado a lado com sua irmã. ─── Alguém passou do Dustin no Dig Dug e ele ficou super bravo, foi hilário.
─── E qual de vocês fez isso? ─── a jovem questionou com um sorriso.
─── Nenhum! Foi Alguém chamado Mad Max.
─── Quem é Mad Max?
─── A gente não sabe ainda, o Keith não quis dizer quem é. Ele queria um encontro com você ou com a Nancy, mas a gente deu um jeito nele, então não precisa se preocupar.
Andy fez uma careta enquanto ria, descendo da bicicleta ao chegarem no trailer. A distância entre a cabana e o trailer não era longe se fossem através da floresta, mas andar entre as árvores com uma bicicleta em mãos não era algo prático; no fim, o caminho curto não era o mais rápido.
─── Espero que tenha aproveitado bastante, pirralho. ─── ela murmurou, bagunçando o cabelo dele. ─── Agora, vá tomar banho e ir dormir, temos aula amanhã.
─── Sim, senhora. ─── ele resmungou, abrindo a porta e indo para o quarto.
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ESCREVER UMA REDAÇÃO COM UM PRAZO DE MENOS de vinte e quatro horas para entregar era exaustivo, principalmente pela pressão em escrever algo que fosse se destacar. Se ela não fosse boa o suficiente, suas chances de entrar em uma faculdade no próximo ano estariam acabadas e precisaria esperar mais um ano inteiro antes de tentar novamente e temer receber a mesma resposta. Mas enquanto fitava o caderno aberto em cima da mesa de piquenique da escola, ela se perguntava se aquilo iria valer a pena, afinal, entrar para uma faculdade significava ir embora de Hawkins e, por mais que ela mal conseguisse esperar por isso, ainda tinha que reconhecer Jeff na equação porquê era uma grande decisão para ser tomada. Se ela acabasse sendo aceita em alguma universidade, poderia trabalhar durante seu tempo livre para pagar um apartamento para eles dois enquanto ele continua na escola, mas visto que ela mal conseguia lidar com trabalho, estudos e o irmão ali ── além de ajudar o delegado ── era óbvio que se tornaria mais difícil fora de Hawkins, especialmente em um lugar novo e sem conexões.
Além disso, ela também sentia uma culpa só de pensar em afastar Jeffrey de seus novos amigos, quando ele já havia passado por tanta coisa com Gabriel e Allison durante a infância deles em Ohio. Andrea sabia que poderia esperar mais alguns anos até que o garoto entrasse no ensino médio e pudesse lhe ajudar à pagar as contas, mas tinha algo de depreciativo em ficar em Hawkins por mais três anos, principalmente enquanto via seus colegas de classe seguindo com a vida.
Ela não queria ser egoísta e estragar a adolescência dele por causa de algo que não era prioridade no momento, e mandar ele de volta para a casa da mãe deles não era uma opção viável. Andy nem queria imaginar o que poderia acontecer com seu irmãozinho caso ela descobrisse que ele estava ali durante todo aquele tempo e não com o pai; também queria acreditar que sua mãe não puniria Jeff pela escolha dele de fugir para ficar com a irmã, mas se tiver que ser sincera, era muito difícil de saber o que se passava na cabeça de Allison Montgomery; suas mudanças de humor tornavam difícil para decifrar seus próximos passos. Infelizmente, a única constante que parecia haver na vida dela era o ódio que sentia pela filha mais velha.
Suspirando, a Hopper mordeu a ponta da caneta, levemente inclinada à deixar aquela idéia de molho pelos próximos anos quando cadernos sendo jogados na mesa a fizeram pular assustada e se virar para descobrir o que estava acontecendo. Edward, o seu parceiro na aula de química, sentou ao seu lado com um sorriso de lado, fazendo-a revirar os olhos pela entrada dramática que o garoto escolheu. Como sempre.
─── Por quê...? ─── ela questionou irritada, fechando o caderno e levantando, guardando suas coisas na bolsa.
─── De longe eu conseguir ver a fumaça saindo daí de dentro, achei que precisava de uma pausa. ─── ele apontou, apoiando o queixo na palma da mão e olhando ao redor, vendo parte dos alunos em grupos durante o intervalo entre as aulas. ─── Deus, você não se cansa disso? Mal posso esperar pra sair daqui.
─── Você precisa de algo, Munson?
─── Mas é claro que sim, minha querida Hopper... saber quando vamos começar nosso projeto de química, lembra?
─── Ah, verdade. Eu acabei esquecendo... ─── ela murmurou, passando a mão pelo rosto enquanto se afastava da mesa. ─── Eu vou trabalhar durante essa semana, mas podemos fazer no sábado. . . se não for problema pra você.
─── Eu não me importo, contanto que eu ganhe um A+. ─── brincou, seguindo a garota. ─── Na minha casa ou na sua?
─── Na sua, obviamente. O parque de trailers ainda tem aquelas... aquelas mesas de piquenique, não é? Podemos fazer lá.
─── Se você não quer entrar na minha casa, Hopper, basta dizer. ─── ele reclamou com falsa ofensa, o que arrancou uma baixa risada dela.
─── Nós vamos fazer um trabalho de química, Eddie, e não de música. Preciso lembrar que da última vez você ameaçou me prender no banheiro até que eu ouvisse toda a sua playlist? ─── ela murmurou, parando em frente ao armário e o abrindo, pegando o livro que precisava para a próxima aula.
─── Não é culpa minha que você tenha um péssimo gosto para cultura. Enfim, te vejo sábado, eu acho. ─── ele falou antes de se afastar, provavelmente indo se reunir com seu grupo.
A morena balançou levemente a cabeça, olhando ao redor antes de abrir o potinho alaranjado e tirar uma pílula de dentro, jogando-a na boca. Respirando fundo, ela fechou o armário, virando no corredor e quase esbarrando em Tina, que tinha alguns panfletos coloridos em mãos.
─── Oi, Andy! ─── a garota deu um sorriso e estendeu o papel para a morena antes de se afastar. ─── Espero te ver lá!
─── Com certeza. ─── a Hopper respondeu com um sorriso fraco, vendo-a se afastar antes de analisar a folha com calma. Era sobre a festa de Halloween que seria dada na noite seguinte.
É... talvez aquele fosse um dos dias bons onde ela se sentia motivada para sair de casa e se divertir um pouco. Talvez o que ela precisasse para fosse um pouco de música alta e adolescentes bêbados pagando mico para tirar toda a questão da faculdade de sua cabeça, mesmo que só por uma noite.
Por uma noite Andrea queria se sentir como uma jovem adulta de verdade, que sai para festas e encontra amigos, como fazia em Ohio. Quem sabe ela até batesse papo com Nancy sobre a festa mais tarde, durante o almoço.
A morena ergueu a cabeça quando o sinal tocou, respirando fundo ao seguir para sua aula de física enquanto lembrava que Harrington estaria lá também. Pela sua visão periférica, ela viu a figura alta que lhe assombrava constantemente, tanto nos pesadelos como acordada, na escuridão do canto da parede; apertando o livro contra o peito, ela tentou ignorá-lo.
Pelo visto não seria um dia tão bom...
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