vi. past
... - Volterra
Passado
18 anos atrás
A LUA BRILHAVA MAIS do que nunca sobre as grandes árvores de uma floresta próxima a Volterra, e em uma pequena janela, de uma das casas escondidas naquela floresta, era possível ver vultos rapidos de uma mulher.
Uma mulher cujo estava cansada de viver escondida naquela parte da floresta protegida com a magia de seus pais.
⭑⭑⭑
Nikolai e Florence Boswell, os primeiros bruxos de um clã poderoso, cansados de sempre terem que fugir de caçadores e com isso perdendo vários bruxos de seu clã fugiram para Volterra onde construíram uma vila escondida e protegida com sua magia no meio de uma floresta.
Muitos pensam que Nikolai e Florence apenas queria proteger seu clã dos caçadores, menos Amara e seu irmão que não pensavam mais assim.
Desde que seus pais começaram a fazer sacrifícios e torturas com humanos por causa de todo o ódio que tinham de caçadores que mataram muitos dos seus, Amara sabia que era errado tudo isso mas não conseguia fazer seus pais ou até mesmo os outros bruxos pararem com tudo isso.
Nem ela mesma por um tempo conseguiu parar com isso, sempre foi forçada a procurar mais e mais pessoas normais para satisfazer as loucuras que seu clã fazia.
Amara passou pela barreira de proteção da vila com a cabeça baixa, todos ali esperavam que ela chegasse com mais uma pessoa inocente, mas como ela poderia dizer que pela primeira vez na vida pensou em como aquilo tudo era errado e que teve pena?
A garota atravessou a vila se recusando a olhar para qualquer um que a encarava ou até mesmo a responder suas perguntas, ate seu irmão ela ignorou.
Ela queria sumir dali, ir pra bem longe para onde pessoas inocentes não precisassem serem perseguidas e mortes para satisfazer loucuras daqueles que eram seus pais.
Amara abriu a porta da casa branca em que morava com seus pais e logo teve o desprazer de dar de cara com os dois em pé no final da escada.
— Amara.— Seu pai a chamou antes mesmo que ela pudesse dar um passo para fora da casa, pelo tom da voz de seu pai Amara já deduziu que alguém veio mais rápido que ela contar que nenhum inocente voltou com ela.— Eu te dou uma chance de dizer que é mentira o que acabaram de nos dizer, caso ao contrário, você já sabe.
A garota engoliu seco pensando em inúmeras formas de se livrar daquela situação. Ela não queria ficar de castigo novamente ainda mais aquele castigo, Amara olhou para sua mãe tentando pedir ajuda ou que não deixasse seu pai a castigar, mas tudo que conseguiu foi um olhar frio da mulher antes dela desviar o olhar da filha.
— Pai...por favor, eu não consegui. Ele era uma criança, eu vi o medo no olhar dele quando me aproximei.—a voz dela saiu baixa e trêmula enquanto olhava para baixo.—Não é justo o que iam fazer com ela, iam matar uma criança e a troco de que? De nada!— Sua voz se alterou um pouco no final da frase.
Amara não sabia da onde havia criado coragem para falar com seu pai e muito menos como aumentou o tom de voz para ela, mas agora já havia o feito.
Ela esperou por uma resposta de Nikolai ou até mesmo ser puxada para seu "castigo", mas tudo que conseguiu escutar foi passos longos de seu pai em sua direção.
— Por nada?!—O rosto da garota virou para o lado bruscamente enquanto ela sentia o esquentar e, só depois de alguns segundos percebeu que seu pai havia lhe batido.—Isso é nossa segurança, nosso poder. Você e seu irmão só tem toda essa magia igual a minha e da sua mãe graças a tudo isso, sem todos esses sacrifícios você só seria uma bruxinha qualquer sem experiência e futil igual a metade dessa vila! Devia se sentir grata e especial por sua mãe e eu termos escolhido nossos filhos para serem como nós.
Amara sentiu as lágrimas encherem seus olhos e levantou o olhar para seu pai.—Eu não pedi por isso, eu preferia ser uma qualquer por aí do que ter que fazer isso.— Ela fez uma pausa enquanto observava seu pai a olhar surpreso por ela estar o enfrentando.— Edwin e eu já nascemos com essa magia, vocês dois que são loucos por poder e querem ficar fazendo sacrifícios para aumentarem ele. Já somos um clã poderoso, nada explica o que vocês fazem por poder!—Amara esbravejou sentindo as lágrimas escorrerem pelas suas bochechas.
Nikolai agarrou fortemente o braço da filha e a puxou até o porão da casa, Amara tentava se soltar do aperto do pai já sabendo o que aconteceria com ela.
Seu pai abriu uma pequena porta que havia no porão e jogou a garota no chão do pequeno e apertado cômodo.—POR FAVOR, PAI!—Amara implorou desesperada enquanto se levantava do chão.
— Quando parar de me contrariar quem sabe eu te tiro daí, Amara.
Nikolai ignorou os chamados desesperados da filha e fechou a porta trancando-a no pequeno e escuro espaço. Amara não sabia e nem fazia ideia de como seu pai conseguia a deixar presa ali naquela quartinho e muito menos como a deixava em transe sem sua magia e sem nada por vários dias, presa apenas com sua mente perturbada pensamentos obscuros.
Pelo menos daquela vez Amara esperava que seu pai não deixassem a visitar enquanto estivesse naquela situação, só ela sabia o quanto ela odiava aquelas visitas lá em baixo a sós com ela.
⭑⭑⭑
Amara colocou a última peça de roupa na mochila e se virou rapidamente ao sentir uma presença atrás dela.— Quer me matar de susto? Da onde você saiu, Edwin?
— Você vai mesmo embora?— seu irmão ignorou suas perguntas insignificantes e se sentou na beirada da cama.
Amara respirou fundo fechando sua mochila e logo se sentou ao lado de seu irmão.— Se tudo fosse diferente eu ficaria, mas você sabe que eu não aguento mais. Eu preciso tentar sair da daqui e pelo menos uma vez na vida ser normal, você pode vim comigo se quiser.
— Mas e se te acharem antes de você conseguir atravessar a barreira? Não quero que tentem algo contra você.— Edwin ignorou a sugestão dele ir embora com ela, uma parte dele queria e a outra tinha medo do que aconteceria se achassem eles ou os pegassem antes mesmo de saírem da floresta.
— Eles tentam algo contra mim desde o primeiro dia que me neguei a trazer uma pessoa para esse lugar.
— Você era uma criança quando aconteceu isso!
— Eu sei! Mas das últimas vezes eu não era mais criança, e o que torna isso tudo mais tóxico e horrível é o fato de que eu era uma criança.— Amara se levantou da cama e ficou em pé em frente ao seu irmão.— Eu só tinha 6 anos quando começou os castigos, eu não precisava daquilo. Eu precisava de uma família, de um lugar feliz, não de pessoas que são uns monstros pelo que fazem.
Edwin ficou em silêncio sem saber o que falar para sua irmã e apenas a observou pegar a mochila e a colocar nas costas.— Tudo bem se não quiser ir comigo, mas eu não consigo mais ficar aqui. Eu só te peço para que não conte para ninguém.
Amara pegou a outra bolsa e andou até a janela de seu quarto que seria por onde ela iria sair, já que a essas horas seus pais provavelmente ainda estariam acordados fazendo coisas que nem ela gostaria de pensar.
— Você vai ficar bem mesmo?— O mais novo se levantou e andou até ela
— Eu sempre fico bem, e deveria ser eu a te fazer essa pergunta.— Amara deu um sorriso forçado a seu irmão antes de passar pela janela de seu, agora, antigo quarto.
Enquanto andava no escuro até a barreira de proteção não pode evitar deixar algumas lágrimas caírem por estar deixando seu irmão mais novo com aquelas pessoas, mas não poderia o forçar a ir com ela. O tempo iria fazer isso, e ela sabia que não demoraria muito para ve-lo novamente.
Amara só queria viver uma vida normal longe de tudo aquilo, ela queria ter a chance de conhecer alguém, se apaixonar e ter filhos, mas não ali dentro. Ela queria viver longe de tudo, daquelas pessoas, da sua família, dos traumas e das mortes...uma vez na vida ela queria tentar viver sem a culpa de tudo.
⭑ Eita que o povo dessa família só sofre, não tenho nada a ver com isso
⭑Não se esqueçam de votar e comentar amores.
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