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𝐂𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝐓𝐰𝐞𝐥𝐯𝐞

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A INQUISIDORA DE HOGWARTS

POINT OF VIEW

Abigail Givens

Abigail massageou as têmporas na tentativa de diminuir a dor que se alastrava ali. Desistira de tomar o chá, pois até o cheiro do bebida lhe embrulhava o estômago. Certamente devido aos problemas que lhe atormentavam, considerando o dia da transferência de Margo — que aconteceria logo, e a matéria do Profeta Diário divulgando o possível esconderijo de Sirius, este que não respondera sua carta de algumas semanas antes. 

A bruxa ergueu-se da cadeira do escritório e tratou de ajeitar-se para a primeira aula do dia. Seus cabelos pareciam mais secos e sem o brilho de outrora, recordava-se de quando era mais nova; de quando gostava de o cortar sempre na altura de seus ombros, mas ali ao olhar-se no reflexo do espelho do banheiro, as madeixas castanhas escuras caíam sem vida e ressequida em suas costas. Ligeiramente tomou um banho, aprontou-se e desceu para a sala de aula. Evitaria o salão principal e o café da manhã, estava exausta, e não queria chamar tanta atenção para sua aparência um tanto debilitada. 

Começou a anotar rapidamente algumas informações para a aula que começaria logo, direcionada para os sextanistas da lufa-lufa e sonserina quando escutou uma breve batida na porta e o ruído desta sendo aberta. Abigail puxou seu relógio de bolso e conferiu o horário, ainda era cedo demais para algum aluno estar ali, considerando que nem mesmo o som da sineta soara. 

Seu corpo virou-se para conferir o aluno ou aluna adiantado, e se deparou com a figura debochada de Draco Malfoy ali em pé, segurando algo atrás de suas costas:

— Além de estar bem cedo... Sua turma não tem História da Magia agora, senhor Malfoy. — disse Abigail secamente. 

O jovem deu-lhe o sorriso mais caçoador e abriu a boca:

— Só estou cumprindo um favor, professora — expeliu como se um pronunciasse uma ofensa — A professora Umbridge, pediu que eu vinhesse deixar este bilhete. 

Abigail alcançou o pequeno papel e o observou por um instante, quando notou a presença contínua do garoto Malfoy ali e que ao menos um pedido de desculpas pelo dia anterior ele proferiria , tratou de afugentar-lo da sala. 

— Se é só isso que foi lhe pedido, pode sair – respondeu sem olhá-lo e escutou seus passos pesados se distanciarem. 

O bilhete possuía um cheiro adocicado e fora decorado com delicados traços. Ela o abriu sem sutilezas e o leu; A medida em que seus olhos percorriam e absorviam cada linha escrita com educação e fineza, Abigail compreendeu a subliminaridade e perversão por entre aquelas palavras. 

— Inspeção? — indagou-se para si. 

[. . .] 

Alguns alunos pareciam tímidos já outros possuíam feições como se estivesse assistindo uma partida de tênis; Principalmente quando Dolores fazia comentários indelicados e soltava risinhos de deboche. 

— Continuando — a voz da bruxa Givens soou com ênfase direcionado para Umbridge, esta que depositou a caderneta em seu colo e fixou seu olhar na professora — A invasão dos duendes causou a sociedade bruxa, o sentimento de ameaça... 

— Professora Givens — interrompeu a voz enjoativa mais uma vez — Nos seus métodos de ensino, você não usa livros? 

A bruxa respirou fundo e depositou o giz de cera sobre a escrivaninha:

— Eu uso a minha própria coleção de livros; que antes mesmo de eu aceitar este cargo foram aceitos para serem usados nesta disciplina. E não precisaremos usá-los hoje, é apenas uma aula de revisão. 

Alguns alunos deram risadinhas fazendo o sangue da mulher se concentrar em seu rosto rechonchudo. 

— E posso questionar em quê fatos você usou como base para escrevê-lo — sua voz parecia soar mais desafiadora e não questionativa. 

— Algumas informações da minha antepassada historiadora, Roisin Givens, e longos anos de pesquisa realizados ao redor do mundo — respondeu despreocupada. 

A bruxa Umbridge rabiscou algo no bloco de notas e o fechou em seguida. 

— Se lembro bem, Roisin Givens morreu... Atacada por um dragão que estava dormindo quietinho sem perturbar ninguém.

— Mas tornou-se um bruxa famosa e conhecida. 

A mulher a fuzilou novamente por um instante e direcionou-se para os alunos:

— Ao final da aula continuem na sala, pois quero fazer algumas perguntinhas para vocês. — avisou-os soltando mais um risinho. 

Abigail não imaginou que passaria por algo daquele tipo quando aceitou lecionar em Hogwarts, principalmente visto que o próprio ministério tinha conhecimento de que ela estava do lado deles — apenas na visão destes. Porém, o olhar que Umbridge lhe jogava sempre que se encontravam nos corredores, era um tanto desconfiado. Como se suspeitasse até mesmo os passos dela. 

Ela confiava em todo o plano de Margo em lhe infiltrar na escola e disfarçar suas reais intenções, que era proteger Harry e fingir que fazia parte daquele autoritarismo embasado de intervenção. Mas a medida em que as inspeções aumentavam, o receio no olhar do alunos... Abigail tinha plena certeza de que Dolores Umbridge e Fudge haviam dominado a escola e enjetado uma boa parcela de temor em todos ali. Era como se dessem pequenos passos para um salto maior. 

E Abigail confirmou este pensamento no momento em que abriu o Profeta Diário Vespertino quando terminava sua última refeição no salão principal: 

"MINISTÉRIO QUER REFORMA NA EDUCAÇÃO."

DOLORES UMBRIDGE NOMEADA PRIMEIRA ALTA INQUISIDORA DA HISTÓRIA.

Ela sentiu a mão amassar o papel involuntariamente. A maldita estava conseguindo o que queria. 

Um vulto rápido passou por detrás da cadeira que Abigail estava fazendo a sobressaltar-se levemente dessa. 

— Snape! — esbravejou o olhando feio. 

— O professor Dumbledore pediu que eu vinhesse lhe avisar que a transferência será amanhã. 

Ela engoliu em seco e soltou o jornal na mesa. 

— Então ele te contou. 

Snape riu sem humor.

— Ele quis saber expressamente se sua prima é confiável e qual o nível de proximidade dela com o Lorde das trevas — a feição de Abigail mudou e Snape continuou: — Não se preocupe, Givens, por mais que Horst seja um seguidor leal e até certas vezes patético... Margo é diferente dele. Ela é uma bruxa detestável, mas a perversão não corre em suas veias. 

Tivera que concordar com Snape. Margo podia ser desagradável, extremamente antipática e intolerante, mas não faria mal à ninguém. Juntou-se nessa insanidade com Horst por pura influência e dependência deste. 

— Horst vai surtar quando descobrir a traição dela — murmurou ela. 

— E conhecendo-o bem ele vai matar quem estiver envolvido com isso. Incluindo ela mesma e a criança que carrega. — retrucou Snape sem emoção na voz — Mesmo sendo do seu próprio sangue. 

Abigail sentiu o peso daquelas palavras e não conseguiu evitar a sensação do seu estômago afundando. Sentia cada vez mais insegurança naquele plano. 

Snape se afastou. E ela ficou ali refletindo por alguns instantes sobre a próxima noite. 

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Nota da autora

Hallo! Como estão todos vocês? Espero que curtam o capítulo... E se preparem, pois os capítulos vão ficar um pouco mais tensos u.u.

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