𝐂𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝐓𝐞𝐧
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O PLANO
POINT OF VIEW
Abigail Givens
Poucas foram as vezes que Abigail entrou no escritório do diretor Dumbledore. Ela recordava-se de no máximo duas ocasiões há alguns anos quando estudava. Era uma grande sala circular com diversas janelas e muitos quadros de diretores antigos, do outro lado desta havia uma bela fênix que encarava a bruxa com curiosidade.
Dumbledore encontrava-se sentado detrás de sua escrivaninha, escrevendo uma carta de forma atenciosa, enquanto Abigail o esperava contemplando cada centímetro daquele lugar com paciência, pois faziam-se vinte minutos que estava sentada ali.
Um suspiro longo saindo da boca de Dumbledore foi escutado seguido de um estalo, ele fechou um livro, depositou a pena no tinteiro e ergueu o olhar para Abigail:
— Perdoe-me, minha cara, por fazê-la esperar...— começou com um tom cordial.
Abigail lhe deu um sorriso confortante e balançou a cabeça levemente.
— Não se preocupe com isso, professor. Sei que tem responsabilidades.
— Agradeço pela a compreensão, mas creio que não veio aqui para ficar observando um velho escrever por horas, sim? Diga-me como foi seu primeiro dia de aula.
— Maravilhoso! Os alunos foram participativos e gentis.
— Ah, sim! — concordou com uma feição nostálgica, como se lembrasse de algo — Lembro-me perfeitamente quando lecionava, é uma experiência extremamente formidável, não é? Que coisa curiosa a função de um professor... Me admira que essa não tenha sido sua vontade desde o princípio, levando em consideração que sempre gostou de ajudar seus amigos em clubes de estudo.
— Talvez a vontade de informar a sociedade bruxa tenha falado mais alto — admitiu Abigail antes de deixar seu olhar cair para suas mãos — Por mais que algumas coisas tenham saído do controle. — terminou a fala em um sussurro.
Dumbledore riu levemente, fazendo a bruxa erguer o olhar para entender tal ação.
— Não se martirize pela as ações de outras pessoas, Abigail — aconselhou-a — Você é extremamente corajosa, inteligente...
A bruxa o encarou sem entender e ligeiramente Dumbledore explicou-se:
— Acha que não leio sua coluna no Profeta Diário? É o único motivo pelo qual não cancelei minha assinatura — o comentário arrancou um riso involuntário da mulher.
— Ah, professor... — disse Abigail recuperando-se do comentário divertido do diretor — Gostaria que pudéssemos encerrar essa conversa com um assunto mais leve, mas receio que isso não irá acontecer.
O bruxo enrijeceu a postura, ainda que a expressão que carregava fosse serena.
— Foi algo com Harry?
— Não, ele está bem pelo que vi essa manhã — porém a bruxa recordou-se da expressão um pouco esbravejada do afilhado e tratou de enfatizar — Um pouco mal-humorado, creio que alguns comentários ou olhares dos alunos devido...O que aconteceu no ano passado.
Dumbledore acenou com a cabeça levemente, entretanto não continuou no assunto:
— Se Harry está bem, o que a aflige?
Abigail soltou um suspiro alto antes de começar a se explicar.
— Deve recordar-se da minha prima Margo — perguntou e só prosseguiu quando observou o professor pensar por um instante e acenar com a cabeça — Faziam-se anos que não nos víamos ou conversávamos, para falar a verdade nunca fomos próximas... Bem, recentemente quando fui ao ministério conversar com o funcionários do departamento que havia me contratado, acabei encontrando com Margo, que confessou que havia sido ela mesma que tinha me convocado e me colocado aqui em Hogwarts.
— Que excêntrico — murmurou o homem inclinando-se como se estivesse pronto para escutar uma boa fofoca — Continue.
— Ela é Primeira-Tenente dos Bruxos de Elite, e usou isso para me colocar aqui.
— Bem...Isso supera todas minhas teorias — riu levemente, porém seu olhar ainda era de desconfiança — Mas, responda-me tudo isso a troco de quê?
Abigail respirou fundo para contar a outra parte da história, a que ela considerava mais difícil de se lidar.
— Ela clama por sua ajuda, professor — Abigail sentiu uma pontada de desespero em sua própria voz, como se já imaginasse que o homem rejeitasse tal ajuda.
—Se me recordo bem, ela é uma comensal da morte...
—Não. Ela me garantiu, apenas é casada com... — e então fora a vez de Dumbledore interromper a bruxa:
— Horst Parkinson. Um dos seguidores mais fiéis de Lord Voldemort. Ela pode não possuir a marca, minha cara, mas isso não a faz menos apoiadora dos ideais dos comensais da morte.
— Ela carrega um filho dele! — exclamou a bruxa em um tom tão elevado que a fênix a fuzilou com o olhar — Sei o quanto pode parecer suspeito, professor, mas eu vi o desespero em seus olhos quando me pediu expressamente ajuda. E se ela fez com que o ministério confiasse em mim o suficiente para me infiltrar aqui, certamente ela está certa do que quer. Nunca fomos próximas, porém eu a conheço muito bem. Ela pode repassar informações ou algo que nem o próprio Snape saiba, considerando o nível de proximidade entre o esposo dela e você-sabe-quem.
O homem a observou por um longo instante, como se dentro de si estivesse ocorrendo uma grande batalha entre concordar ou não com aquilo tudo. E Abigail deseja vigorosamente que o bruxo aceitasse, se ele o fizesse não era por pena ou empatia para com Margo, mas sim por troca de informações.
—Vou precisar muito mais do que a palavra dela para garantir que não haverá traição — disse Dumbledore seriamente — O voto perpétuo, Abigail.
A bruxa sentiu seu corpo arrepiar-se involuntariamente, além do seu jantar revirar um pouco em seu estômago. O voto perpétuo trata-se de um encantamento realizado entre dois bruxos para que uma determinada promessa seja cumprida, caso quebrado por uma das partes resulta em morte.
— De acordo. — respondeu encorajando-se.
— Vou pensar um pouco mais sobre onde vamos escondê-la, até lá avise-a para organizar suas coisas de forma discreta, pois quando formos fazer a transferência, ela não vai ter tempo algum para despedidas ou coisas do tipo, afinal ainda não possuímos a palavra dela.
Abigail concordou com a cabeça, absorvendo todas as orientações.
— Apenas diga que será às meia-noite pode ser de qualquer dia, pois não o informaremos também, mande-a ficar atenta, pois haverá um sinal e ele levará-a ao local determinado — acrescentou erguendo-se da cadeira contornando-a e indo em direção a Abigail — E não diga nada ainda sobre o voto perpétuo.
A bruxa pensou por um instante toda as condições, porém não havia nada para protestar, apenas assentiu novamente.
— Irei comunicá-la o mais rápido possível — disse levantando-se e indo em direção a escadaria.
— Abigail — chamou Dumbledore e a bruxa virou-se — É muito corajoso de sua parte tudo o que está fazendo, se sacrificando por seu sangue. Mas não esqueça de que você possui mais outro protegido, e se em algum momento essa condição atrapalhar nossos planos, bem...Não poderá escolher seu sangue e sim nossa esperança.
Ela engoliu em seco antes de girar os calcanhares e sair da sala com aquela frase em sua cabeça.
[. . .]
O castelo parecia extremamente sombrio e silencioso naquela madrugada. Abigail caminhava despreocupada pelos corredores do segundo andar, pensando na conversa de minutos antes com Dumbledore e de como aquilo a deixava cada vez mais tensa e apavorada. Desejava profundamente que por mais que toda aquela situação fosse delicada, Margo não estivesse mentindo para ela, pois aquilo custaria o pescoço das duas e do próprio Dumbledore.
A bruxa ficou em alerta quando escutou passos largos atrás de si, e virou seu corpo lentamente para descobrir quem era o outro bruxo andarilho e se surpreendeu quando viu Snape a encarando com uma careta desgostosa.
— Noite, Snape. — cumprimentou Abigail voltando a caminhar, pois sabia que o bruxo passaria direto com sua carranca casual.
—O que faz andando por esses corredores a essa hora — resmungou fazendo Abigail se espantar quando o bruxo diminuiu o passo e andou lado a lado desta.
—Fui conversar com Dumbledore.
Ele entortou a boca levemente.
—Não fique de bobeira quando aquela Umbridge vigia todos aqui — alertou parando por um instante e encarando a bruxa — E faça um favor para todos e trate de adestrar Black, pois Lucius Malfoy o reconheceu quando ele fez a burrice de deixar Potter na estação.
Abigail arregalou os olhos como se estivesse escutado uma ofensa.
— Ele o QUÊ? — exclamou indignada.
— Isso fale um pouco mais alto, sua desequilibrada, talvez o resto do castelo não tenha escutado. — esbravejou dando um passo à frente da mulher.
—Tente me chamar de desequilibrada novamente, Snape — desafiou a bruxa controlando-se para não o estuporar ali mesmo.
— Está avisada você e seu cachorro — cuspiu dando-lhe as costas com sua capa esvoaçante atrás de si, como um grande morcego, e sumiu quando dobrou à esquerda.
— Sirius, seu imbecil. — xingou Abigail dando passos furiosos até seu escritório.
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Nota da autora
Capítulo saindo do forno devido aos 5k que a fic bateu hoje! Muito obrigada a todes que acompanham, votam e comentam, vocês são a base de tudo isso.
Um abraço e um cheiro.
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