𝐂𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝐄𝐥𝐞𝐯𝐞𝐧
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ALMOFADINHAS
POINT OF VIEW
Abigail Givens
As mãos de Abigail amassaram furiosamente o terceiro pergaminho que escrevera. Mais uma vez a ponta da pena havia rasgado devido a força que a bruxa exercia entre esta última e o papel. Não dormira nada bem após o encontro com o Snape e a conversa com Dumbledore, o estresse lhe atingiu mais fortemente quando soube da proeza de Sirius, através do professor de poções. Sua cabeça parecia explodir, pois teria que repreender um homem adulto por atitudes levianas, além de explicar passo a passo para sua prima de como seria realizado seu plano de fuga das mãos de bruxos das trevas. Tudo parecia perfeito naquela manhã, pensou irônica.
Após passar longos e tortuosos minutos escrevendo a tal carta — e relendo com a visão de alguém de fora caso a apanhasse, pois deveria tomar mais cuidado caso interceptassem seus despachos; E ela aproveitaria já que tinha aquela manhã livre, seus olhos percorreram as linhas do pergaminho mais uma vez:
" Almofadinhas,
Fiquei sabendo de suas façanhas no último dia em que nos vimos, estou extremamente irritada e decepcionada com você, mas sabe quem ficou extremamente feliz? Nosso querido amigo de cabelo escorrido, pois faziam um bom tempo que ele não o via, não é mesmo?"
Até mais.
Ela a envelopou com cuidado, pois queria enganá-lo fazendo-o pensar que iria escrever coisas bonitas e o quanto sentia sua falta.
—Ele vai ver só uma coisa...— resmungou erguendo-se da cadeira e saindo da sala a passos largos e leves.
No caminho para o Corujal; Abigail cumprimentou alguns alunos da lufa-lufa e sonserina do quarto ano, enquanto outros do quinto e sexto ano da Grifinória cochichavam sobre ela, afinal ainda não tiveram aulas com estes.
Quando atravessou os jardins, e passou por entre primeiranistas, a bruxa subiu a escadaria que a levaria até o topo da torre Oeste. O vento forte fazia seu cabelo bagunçar constantemente o que a fez desistir de ajeita-lo durante o percurso.
Quando entrou na torre, visualizou o local rapidamente com dificuldade, pois devido a ausência de janelas tudo ali ficava ofusco. O chão era coberto de palha e titica de coruja, Abigail tentou localizar uma delas em especial, mas seu olhar foi-se para uma pessoa que estava de costas para ela.
—Harry? — chamou em um sussurro, logo o bruxo atendeu o chamado virando-se assustado.
—Ah, Abigail! Como você está? —quis saber aproximando-se com uma coruja branca em seu braço.
—Bem, e você? Não tem aula esta manhã? — devolveu.
— Não. Estou livre e aproveitei para escrever para Si...Almofadinhas — corrigiu-se rapidamente, olhando por cima do ombro da bruxa espiando se tinha mais alguém ali.
— Não se preocupe quando vim não havia mais ninguém atrás de mim. — disse observando o jovem acenar com a cabeça e assoprar pesadamente — Disse que escreveu algo para Sirius?
— Sim, enviarei agora. — respondeu erguendo o braço com a coruja, essa que ergueu as asas brancas e piou alegremente.
— Que bom, pois vim aqui para fazer o mesmo... Harry devia ter alertado-o para não ir deixar você na estação!
— Desculpe, mas... Ei, como ficou sabendo?
— Snape — pronunciou o nome com desgosto — Ele me contou que Lucius Malfoy reconheceu Sirius na plataforma.
O bruxo ia responder algo mas fechou a boca e pareceu contemplativo com a informação.
—Eu tentei, Abigail, mas ele estava empolgado para sair de casa e me deixar na estação, além de que... Ele é meu padrinho, e ninguém tão próximo assim foi me deixar no meu primeiro dia de aula — explicou-se sem jeito.
Ela respirou brevemente, pois aquele argumento havia a desarmado por completo, desde o momento que Snape comunicou sobre o que Sirius havia feito. Não podia despejar toda sua indignação sobre os dois, pois estavam sofrendo de certa forma; Sirius por ficar trancafiado na mansão sem ter contato algum com o mundo exterior mesmo após catorze anos preso injustamente, e Harry por ter visto seu colega morrer, e enfrentar você-sabe-quem no último ano, o que eles só queriam era um momento de sossego.
—Harry — começou depositando sua mão no rosto do bruxo, que a olhou desanimado — Não consigo imaginar o quanto tem sido difícil para vocês dois, e sei que Sirius é sua família...— a voz da bruxa falhou por uns instantes, pois queria poder se incluir na frase, mas estivera presente na vida de Harry apenas dois meses — Porém, infelizmente até mesmo esses momentos entre vocês dois tem que ser cautelosos. Queria realmente que pudéssemos deixar você na estação, Sirius...e eu, mas isso seria arriscado demais, portanto por enquanto...
— Eu sei — resmungou — Foi só...Algo momentâneo, pensando melhor foi uma péssima ideia.
— Sua carta não contém nenhum nome ou assunto que não...
— Não — disse com firmeza — Eu li várias vezes até que tivesse a certeza de que só Sirius entendesse.
— Certo, fiz o mesmo — Abigail assobiou para uma coruja específica e a ave voou majestosamente ao seu encontro — Para a casa dos Weasley.
Harry franziu o cenho sem entender.
— Pensei que a carta fosse para Sirius.
A bruxa fez um gesto de impulso e a ave foi-se céu a fora.
— E é, mas não quero levantar suspeitas com uma intensa movimentação de corujas no Largo Grimmauld. Não é só o ministério que tem interesse em apanhar Sirius.
O rapaz assentiu com a cabeça concordando com o argumento.
— Além disso, eu tenho certeza de que Molly vai entregar o mais rápido possível a carta para ele — admitiu piscando o olho para o afilhado que reagiu com um riso baixo.
— Estou tentando imaginar a cara dele quando ler. Sirius parece ser do tipo que não gosta de ser chamado atenção.
— E ele não gosta. Mas precisa ver como ele fica quando eu estou brava por alguma coisa, com os olhos assustados e tentando me acalmar.
Harry riu mais uma vez.
— Vai ser divertido ver essas cenas quando morarmos juntos — comentou distraído impulsionando sua coruja para o céu límpido.
Abigail afagou as costas de seu afilhado e deu um sorriso confortante:
— Vai ser sim, querido. — e ambos saíram do corujal comentando sobre as aulas e os alunos. Ela até esquecera por um momento de Margo, Lucius reconhecendo Sirius, Snape... Tudo parecia mais descontraído e leve com seu afilhado ali ao seu lado. Aquela criança indefesa que dera as costas outrora, quando jurou protegê-lo de todo o mal. Mas essas escolhas ruins e passadas não poderiam mais ser revogadas, o que importava é que ela estava ali e independente de qualquer coisa, jamais o deixaria.
「• • •」
As aulas do período da tarde daquele dia certamente foram as mais desafiadoras para Abigail. Ambos quintanistas da Grifinória e Sonserina. Sem dúvida havia sido agradável ver Harry e seus amigos assistindo a aula com atenção — , principalmente Hermione que mostrou-se bem participativa e sabida do assunto, sendo este "A guerra dos gigantes".
Entretanto fora extremamente desagradável escutar as piadas de Draco Malfoy, que mostrou-se ser tão indelicado quanto o pai.
— Essa dai é a esposa daquele Sirius Black — cuspiu para os amigos que acenavam com a cabeça e a olhavam feio, enquanto todo o resto da sala permanecia em silêncio fazendo anotações — Essa escola a cada ano é mais mal frequentada... Vejam só a mulher de um criminoso, quanto vai demorar até que ela surte e machuque um de nós. Meu pai me contou que é uma desequilibrada, além de só escrever besteiras no Profeta Diário.
Abigail respirou fundo e continuou escrevendo no quadro, sentindo o rosto queimar.
— Cala a boca, Malfoy — a voz de Harry pôde ser escutada no fundo da sala, cheia de raiva.
Abigail girou os calcanhares e observou a sala inteira olhando para os dois garotos, como se estivessem assistindo a decisão de uma final de quadribol. Enquanto Rony fuzilava um dos comparsas de Draco, Hermione os cutucava furiosa;
— Já chega! Menos dez pontos para Sonserina — esbravejou ignorando a feição descontente dos alunos da casa.
O rosto de Draco ficou da cor escarlate.
— Por falar a verdade, professora? — rangiu entre dentes.
— Por não estar copiando o que estou escrevendo no quadro e atrapalhar a aula — jogou de volta sutilmente.
O bruxo não se calou, entretanto ficou resmungando enquanto puxava o pequeno caderno e anotava contragosto.
Ela observou todos os outros se silenciarem e deu continuação à aula.
O resto do dia passou-se bem mais rápido. Havia sido uma semana bastante agitada para uma primeira semana. E ela desejava uma cerveja amanteigada dos três vassouras, amava Hogsmeade desde a primeira vez em que conhecera o condado. Esperaria o fim de semana ansiosa, entretanto até lá tinha mais um assunto pendente.
Esticou suas pernas e caminhou até a lareira para aquecer-se um pouco, em seguida puxou sua varinha e realizou um feitiço convocatório pela a segunda vez naquela semana; as faíscas roxa resplandeceram pelo cômodo pouco iluminado e o matagot mal-humorado encarou Abigail:
— Preciso que se apresente a Margo Parkinson, apenas para ela — alertou firmemente — Diga que preciso falar urgente, peça que ela faça um transporte de cabeça na lareira para o escritório da sala de história da magia. Segundo andar de Hogwarts.
O animal jogou a cabeça para o lado, e a observou por um curto tempo e em seguida sumiu, consumido pela as chamas roxas.
Ela não conseguiu fazer outra coisa enquanto não resolvesse aquele assunto com Margo. O seu corpo se curvou para frente no divã, esperando a aparição de sua prima com os olhos fixos no borralho que queimava lentamente quase a hipnotizando, até que uma cabeça se projetou ali com um par de olhos verdes e um rosto belo.
—Abigail! Recebi o seu recado — contou baixo.
A bruxa Givens saltou do sofá e ajoelhou-se frente à lareira.
— Alguém além de você o viu?
— Não. Horst não chegou ainda, mas já deve estar a caminho... Diga logo o que ficou resolvido, conversou com Dumbledore? — seu olhar ficou mais apreensivo e Abigail tratou de lembrar todas as instruções do bruxo.
— Sim. Ele aceitou, Margo — o rosto da bruxa suavizou e Abigail podia ter jurado que escutou a bruxa agradecer em um resmungo — Porém, vou repassar algumas condições que ele impôs.
— Diga logo.
— Será em uma meia noite, até lá prepare e organize suas coisas.
— Certo, mas de qual dia? — quis saber ela.
— Ele não disse apenas pediu para que aguardasse todas as noites com o essencial, que no dia da transferência haverá um sinal que lhe levará ao local.
Sua testa estava franzida como se estivesse escutado a maior idiotice de toda sua vida.
— É isso que dá ter que confiar minha vida e do meu filho na sua mão e daquele velho imbecil. Não tem dia certo e muito menos sabem o local que vão me esconder.
— Margo, você precisa ter paciência. Ele ainda não está convencido inteiramente, por enquanto estamos todos pisando em ovos.
A bruxa piscou algumas vezes e assentiu brevemente.
— Mais alguma coisa?
Os pensamentos de Abigail foram para o voto perpétuo que Dumbledore sugeriu.
— Não. Ele disse apenas isso. De hoje em diante das dez da noite até a meia noite, procure ficar próxima a essa lareira, invente algo para Horst.
Margo assentiu novamente.
— Vou aguardar. Todas as noites — respondeu por fim, sumindo entre as chamas.
Abigail respirou fundo, antes de encolher-se e abraçar seus joelhos. Que os céus lhe ajudassem dali em diante.
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Nota da autora
Capítulo para animar essa sexta-feira de vocês.
Um abraço e bom final de semana. ❤️
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