Capítulo 4
Zayn Paganini
Atualmente |Los Angeles - Março, 2024.
—Ok, vamos começar? O senhor sabe por que está aqui, não sabe? — O investigador que está sentado à minha frente pergunta-me.
—Não, pelo que sei, alguém morreu na boate em que eu estava; fora isso, não sei do que se trata. — Vejo ele me analisar enquanto passa a mão em seu bigode e barba. Em seguida, pega um arquivo que estava na mesa entre nós.
—Bom, vejamos aqui, Zayn Castelli Paganini, 28 anos, empresário e italiano. Para alguém que está há 8 anos nos Estados Unidos, você tem uma ficha bem pequena; não há muitas informações sobre você.
—Deve ser porque eu sou um bom cidadão? —Dou um sorriso sarcástico, movendo os ombros, e sinto as algemas apertarem mais em volta de meus pulsos.
—Entendo. Kaleb Giorno Paganini soa familiar para você? — Desfaço o sorriso na mesma hora e o vejo abrir um enorme sorriso pelo meu desconforto. —Acho que sim, não é?
—O que isso tem a ver com a situação atual? —Pergunto, ajeitando-me na cadeira.
—Deixe-me ver aqui... Fraude, tráfico, prostituição, homicídios... Seu tio tem uma vida bem agitada, não? -fala lendo outra ficha.
—Não sei, não o vejo há muito tempo. —Volto a relaxar meus ombros.
—Certeza? —Pergunta com mais convicção.
—Claro, ele está na Itália, se não me engano. E o que isso teria a ver com o homem morto na mesma boate que eu estava?
—Senhor Paganini, tem tudo a ver. Apesar de ser a vítima, o jovem rapaz morto parecia conhecer muito bem o seu tio. —Ele diz, colocando uma foto em cima da mesa e a empurrando com os dois dedos.
Vejo na foto meu tio fumando em frente a uma praia e, ao seu lado, um homem mediano de cabelos castanhos até os ombros, segurando um cigarro entre os dedos. Dylan sempre viajava com meu tio, porém vacilou quando suas pequenas micros transferências da conta do meu tio para a dele viraram grandes transferências. Meu tio odiou saber que seu amigo, que bebia junto com ele, sempre o roubava.
—Só conheço uma pessoa nessa imagem. —Aponto com o dedo em cima da foto do meu tio e sigo meu olhar para o investigador.
—E você nunca o viu?
—Nunca. Não sei se você sabe, mas eu trabalho em um hospital e não tenho tempo de ficar indo a praias e viajar. — O vejo passar a mão no bigode e, desce para barba, então se levanta da cadeira.
—Espere aqui um momento. —Pega as pastas e sai para fora. Solto um resmungo e reviro os olhos em tédio.
✧⃝
—Não importa o que eu faça, senhor. Não há nada que o incrimine; a ficha dele está limpa e parece que não estar envolvido com o tio. —Ouço o investigador conversando com o delegado, abaixo um pouco minha cabeça e dou um leve sorriso. —Mas não acredito ainda que ele seja inocente. Ele tem um hospital, mas não exerce nenhuma função no mesmo, e não faz uso de sua formação em História da Arte. Não acredito que ele não esteja envolvido com nada disso, ainda mais tendo o tio que tem, e o pai dele também era envolvido nisso.
Não ouço uma resposta do delegado e vejo o investigador entrar novamente na sala onde eu estava.
—E o hospital? Como conseguiu? E por que não tem nenhuma função além de diretor? — Se aproxima novamente e puxa a cadeira, mas não se senta.
Levanto minhas mãos, abaixo um pouco meu rosto e faço uma cara de espanto.
—Como você descobriu? - levo as mãos à boca. —Que sou filhinho de papai e herdei o hospital? E sou diretor porque não tenho vocação e vontade de ser médico? Mas vou matar sua curiosidade: me formei em administração louvavelmente em cursos online enquanto estava na Itália, há dois anos.
Vejo seu rosto cair em decepção e, antes que ele perguntasse algo mais, a porta se abre e vejo Lizanna, minha advogada. Dou um enorme sorriso, vendo que ela dará um jeito nisso.
—Não fale mais nada, Zayn. Já passou das 24 horas; agora eles têm que ter alguma prova e um mandato para continuarem esse interrogatório.
A vejo olhar para o investigador; alargo mais o meu sorriso, erguendo meus pulsos para que ele tire minha algema.
—Tire isso de mim; está me dando alergia. — Digo com humor e o vejo bufar de raiva. Ele pega as chaves no bolso e tira as algemas de mim.
—Paganini, vamos. — Ouço ela saindo da sala. Me levanto e caminho até o investigador. Passo a mão pelos seus ombros como se estivesse alinhando o seu paletó, me aproximo de seu ouvido.
—Faça o seu trabalho melhor, investigador, pois na próxima vez que você me trouxer aqui sem provas sobre algo, a próxima investigação vai ser sobre o seu assassinato. — Dou um beijo em cada lado de seu rosto, como é na Itália. — Buonasera, investigatore. —Afasto dando um sorriso.
Mais tarde
O som metálico cortando o ar e acertando algo com força pode ser ouvido até mesmo fora do armazém.
—Quando eu te disse para dar um jeito nele, era para pegar e arrancar uns dedinhos, não matar o figlio di puttana!
Levanto novamente o taco de beisebol de metal e o acerto com força contra as pernas do homem amarrado à minha frente. Ele solta um grito abafado pela mordaça em sua boca. Fiz o movimento mais cinco vezes contra suas pernas,e finalmente paro quando me sinto satisfeito.
—Na próxima vez que eu for preso por sua culpa ou pela culpa de qualquer outro aqui, eu vou arrancar suas línguas e olhos e jogar para os cães.
Jogo o taco no chão e caminho até a mesa que há ali. Pego minha blusa e a coloco novamente. Caminho para fora e acendo um cigarro.
Vejo meu carro parado e, rapidamente, um dos meus seguranças abre a porta para mim. Antes de entrar no carro, me viro para o segurança.
—Toca fogo nele; e jogue os restos no cimento e, em seguida, no mar. —Em resposta, ele acena com a cabeça e eu saio dali. Entro no carro e dou partida, só penso em uma coisa: beber e dormir até amanhã.
✧⃝
Logo pela manhã, já acordei com meu celular tocando e, por mais que eu desligue, a pessoa insiste em ligar.
—Hm? — resmungo ao atender a ligação. Não sabem que é falta de educação ligar às 07h da manhã?
—Zayn, bom dia, sou eu, Lizanna.
—O que quer? Espero que seja importante. — Resmunguei ainda mais e ouço uma risada dela do outro lado da linha.
—Escuta, o detetive Duarte entrou em contato e falou que pediram para você passar com um psicólogo para ver se é possível fazer uma sessão de hipnose para descobrir se você sabe algo sobre o homicídio. —Ouço-a fazer uma pausa e eu já imagino o que ela possa ter pensado. — Mas não acredito muito; eles querem saber algo sobre você.
Passo a mão pelo rosto e me sento na cama.
—Mas isso é óbvio, Lizanna. Que desculpa mais tosca que poderiam dar? Estão sem saída, então vão atrás de quem é mais propenso a ser acusado pelo histórico familiar.
—Isso eu sei, então digo que você não irá fazer? Eles podem alegar que você não está colaborando com a investigação e não é só o investigador que está procurando merda sua; descobri que ele entrou em contato com o FBI. Ele disse que há muitas coisas sobre você que não batem, ou seja, estão procurando suas merdas.
Me jogo novamente para trás nos meus travesseiros. Ódio le persone utili.
—Pelo jeito, não tenho escolha; tenho que passar por essa hipnose.
—Infelizmente, Zayn, e só até a poeira abaixar, então sumimos com tudo que possa te incriminar.
—Ok, fala que vou passar, e me retorna com o horário e dia. — Encerro a ligação. Coloco o celular na mesinha ao lado da cama.
—Alexa, tocar Doin' Time, Lana Del Rey.
Ouço a música começar e dou um sorrisinho, levantando-me pronto para começar o dia. Tomo um banho demorado; afinal, posso chegar tarde, sou o chefe. Coloco uma calça preta de alfaiataria, uma blusa de botões verde musgo e faço meus contornos. Desço até a garagem, e meu motorista me entrega a chave do carro.
—Peça para levarem meu café no hospital — Falo a Augusto, que acena em resposta. Entro no carro e dou partida, indo para o hospital.
Administro o hospital que herdei do meu pai há oito anos. O mesmo carrega o nome de Speranza, que, traduzido do italiano, significa esperança. Sim, é um nome cafona; meu pai era sem criatividade, então deixou minha mãe escolher esse nome e assim ficou por 20 anos. Speranza é um dos melhores hospitais de Los Angeles e o único que oferece todas as áreas de atendimento. Mas como podem dizer que eu, Zayn, o fofinho que cuida para que criancinhas e idosos tenham o melhor atendimento, faria mal a alguém? Não dá para julgar ninguém pela aparência, pois tudo é manipulado, assim como a minha vida.
Entro no hospital e subo direto para a minha sala. Vejo que mal cheguei e já tenho uma papelada para assinar. Isso que dá ficar uma semana sem vir aqui.
-Senhor Paganini, pode ficar despreocupado; é apenas uma avaliação por hipnose. Mesmo que você não lembre de algo que o seu subconsciente viu e guardou, é a hipnose o melhor método para encontrar algo.
O investigador Duarte dá essa desculpa esfarrapada enquanto caminhamos até o consultório da psicóloga.
—Ela é a melhor psicóloga que temos e já fez isso várias vezes. Não fique nervoso — O pilantra sorri e eu apenas concordo.
—E mesmo? Como se chama essa tal? — Falo em deboche. Esse investigador está tirando minha paciência. Se ele continuar metendo esse bigode onde não deve, vou ser obrigado a alimentar meus cachorros com carne de péssima qualidade.
—Dr. Evans, Jade Evans.Boa sorte, senhor Paganini.
Vejo seu deboche enquanto ele se vira para sair. Olho a porta branca com o nome da psicóloga em dourado e dou três batidas.
-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇-͇
Por favor, não esqueçam de votar e comentar!!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro