Capítulo 1
Jade Evans
Dois anos atrás | Itália
Quando era mais nova, pensava e acreditava que eu iria encontrar um grande amor e vivê-lo com intensidade; que os contos que eu lia e os livros que devorava pareciam me escolher magicamente para viver um grande romance...
Mas eu cresci e vi que não passava de tanta baboseira da minha parte. Os contos e livros não eram bem como eu imaginava; as pessoas são difíceis de decifrar, difíceis de se entender. Elas são quebradas, complicadas e, algumas vezes, amargas demais. Por este motivo e outros, decidi me tornar psicóloga. Gosto de compreender e ver vários pontos de vista diferentes.
A psicologia me ofereceu uma nova perspectiva sobre o amor e os relacionamentos. Aprendi que cada pessoa carrega suas próprias experiências, suas dores e alegrias, e que esses fardos moldam a maneira como amam e se conectam uns com os outros. Com o tempo, percebi que o amor verdadeiro não é um conto de fadas, mas sim um entendimento mútuo, uma escolha diária de aceitar o outro com suas fragilidades e imperfeições.
Meus estudos me levaram a entender a importância da comunicação e da empatia. Em vez de buscar pela intensidade de um romance idealizado, comecei a valorizar as pequenas coisas: aqueles momentos compartilhados em silêncio, as risadas sobre bobagens do dia a dia e a profundidade de olhares que falam mais do que mil palavras.
Mas, graças aos céus, estou de férias, e nada melhor do que uma viagem para relaxar e ter novos ares. Decidi explorar Bobbio, uma encantadora cidade na Itália, conhecida por suas paisagens históricas e ricas tradições culturais.
Assim que cheguei, fui recebida pelo som suave do rio Trebbia e pelas ruas de paralelepípedos que convidavam a serem exploradas. A pequena cidade estava repleta de história, com suas antigas igrejas e o famoso Mosteiro de Bobbio, que remonta ao século VI. Cada dia era uma nova oportunidade para mergulhar na cultura local. Mal posso esperar pelos passeios que estou organizando para minha viagem com minha prima. Na verdade, eu até queria vir sozinha, mas ela insistiu que era perigoso e blá blá blá. Mas a safada só queria vir comigo mesmo.
— Estou ansiosa, falaram que a comida daqui é divina e caseira — comentou minha prima enquanto andávamos até o restaurante.
— Tivemos sorte de não estar tão lotado como em Los Angeles, onde leva 30 minutos para conseguir uma mesa — respondi enquanto entrávamos e percebi que realmente quase todas as mesas estavam vazias. Andamos até uma e nos sentamos.
— Depois daqui vamos para aquele tour que você planejou, não é? — perguntei enquanto comia. Ela sorri e me respondeu:
— Sim, querida, está tudo certo, vamos conhecer alguns pontos turísticos e um pouco da cultura.
— Então come logo, não quero me atrasar! — enfiei mais comida na boca e ela me olhou incrédula.
— Garota, por que você tem que ser tão apressada e pontual? — fala Anna. Eu bebo um pouco de vinho e sorrio, concordando com a cabeça.
✦✧✦✧
Chegamos à praça onde estava marcado o local do tour que faríamos; não havia muitas pessoas, somente dois casais e eu e Anna. Aproveito para dar uma olhada pela praça, onde há bastantes flores e árvores. Há uma barraquinha de algodão-doce no canto esquerdo, que parece bem fofa... Mas minha atenção se volta a um homem que está saindo de um prédio do outro lado da rua, vestido todo de preto. Ele caminha com um olhar meio sério.
— O que está olhando? — ouço a voz de minha prima e desvio a atenção do homem, virando-me para ela.
— Nada, só estou vendo o ambiente — dou os ombros.
— Sei.
Anna semi-cerra os olhos e eu sorrio, voltando a minha atenção ao moço. Porém, agora ele não está mais andando e sim parado perto de um dos casais, checando a hora em seu relógio de pulso. Desvio meu olhar novamente e vejo um homem loiro, vestido de branco e com uma prancheta em mãos.
— Acho que agora todos estão aqui. Boa tarde. Me chamo George... serei o guia turístico de vocês — o homem dá um sorriso e mexe em seus cabelos. — Bom, espero que aproveitem e que gostem bastante da comida. Agora vamos ao nosso primeiro ponto: a grande mansão de Norberto Bobbio, um filósofo que foi um grande acadêmico e um dos nossos fundadores. — George começa a caminhar. Enquanto sai da praça, começamos a acompanhá-lo enquanto falava sobre a história da cidade.
Caminhamos bastante e devo dizer que essa cidade é tão linda, uma mistura de moderno com medieval, e as degustações de alguns restaurantes são tão gostosas. Anna estava animada, e em cada lugar que parávamos, tínhamos que tirar fotos. Dou um sorriso vendo que estávamos em uma grande passarela que mostrava o lago tão azul. Olho novamente o homem que agora está sem os óculos escuros. Ele é bem alto, com os cabelos pretos um pouco abaixo da orelha, e olhos de uma cor âmbar; ele é muito bonito. Sinto seu olhar virar para mim, o que é óbvio, estava o olhando como uma maníaca.
Forço um sorriso e me viro novamente para o lago. Céus, Jade, na próxima vez, seja discreta! Me viro e começo a andar novamente, acompanhando os outros. Sinto alguém me acompanhar, e quando olho para o lado, vejo o moreno andando junto comigo que me lança um sorriso de lado. O ignoro e continuo andando.
— Sua primeira vez na Itália? — ouço sua voz e me viro, encontrando-o com um sorriso.
— Sim, a sua também?
— Não, mas perguntei isso pelas sandálias, pois geralmente o indicado são tênis — ele olha para meus pés e sobe o olhar até meus olhos.
— Não achei que fôssemos caminhar tanto. — dei um sorriso.
— Na próxima, use tênis, se não quiser ficar com os pés doloridos.
— Anotarei a dica. — Ele sorri e dá uma leve piscadela para mim.
Continuamos andando em silêncio e eu vejo Anna lá na frente, com o celular nas mãos, gravando tudo, como se fosse uma famosa. Dou um leve sorriso por estarmos finalmente nos divertindo e olho para o lado, encontrando um par de íris âmbar me analisando. Sinto um arrepio atrás da minha nuca.
Anna continua falando animadamente, como boa tagarela que é, mas minha atenção se concentra nas íris âmbar que parecem me observar com intensidade. O olhar é curioso, como se tentasse desvendar cada pensamento que passa pela minha mente. Hesito por um momento, sentindo uma mistura de desconforto e curiosidade.
Será realmente só uma viagem de férias!
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