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Capítulo 04: Romeu e Julieta

AINDA ERA MUITO cedo quando Kazutora escapou da terceira aula da manhã, refugiando-se na biblioteca escolar. Ele deslizou preguiçosamente pelos corredores silenciosos e labirínticos, onde as prateleiras de ferro, repletas de livros antigos e empoeirados, pareciam se estender infinitamente.

A iluminação era escassa no fundo dela, quase mística, com os raios fracos de luz natural que atravessavam as janelas altas, tornando as capas dos livros apenas levemente visíveis, em tons opacos e mortos, mas ele não ligava, gostava de ficar longe da luz.

A biblioteca era o único lugar onde Kazutora se sentia verdadeiramente seguro dentro do ambiente escolar, longe das pressões e olhares julgadores do mundo exterior. Ele sabia que ali, no silêncio quase reverente, a paz era garantida. Parte disso se devia à presença intimidadora da bibliotecária de meia-idade, uma figura que, com um simples "shiu" ou um olhar severo, podia congelar qualquer aluno desavisado.

Entre os estudantes, principalmente os mais jovens, circulavam boatos de que ela era uma bruxa, talvez por sua habilidade assustadora de impor ordem com tão pouco esforço.

Kazutora, no entanto, via algo além.

Ele achava graça na forma como os outros a temiam, sabendo que, na verdade, aquela mulher não passava de uma avó exausta que buscava um pouco de sossego em meio ao caos de uma casa cheia de netos pequenos e barulhentos.

Ela era, na realidade, uma amante de romances clássicos e tragédias de séculos passados, sempre pronta para recomendar e incentivar a leitura de uma obra envolvente, especialmente aquelas repletas de amores impossíveis e finais trágicos datados do século XVII.

Além de que era a maior cúmplice de todas as fugas do Hanemiya para fora da aula de matemática. Era uma boa senhora.

Kazutora estava ali, sentado no chão, com olheiras e olhos inchados, encostado em uma das prateleiras que se erguiam ao fundo da biblioteca. Seus movimentos eram leves e preguiçosos enquanto segurava um suco de caixinha já aberto ao seu lado. O livro em suas mãos era apenas mais um dos clássicos que o forçavam a ler para garantir uma boa nota em literatura.

Embora tivesse uma certa afeição por leitura, havia algo tedioso na obrigação de ler por conta de notas. No entanto, ele usava isso como desculpa para fugir das aulas, um pretexto aceitável para se esconder na tranquilidade da biblioteca.

Dessa vez, o título em questão era "Romeu e Julieta", de William Shakespeare. Não era a primeira vez que Kazutora se deparava com aquela tragédia. O livro sempre aparecia nas listas de leitura dos professores, como se fosse um rito de passagem inevitável para qualquer estudante.

Apesar de ser uma obra amplamente conhecida, que já havia passado pelas mãos de incontáveis leitores ao redor do mundo, Romeu e Julieta, por algum motivo, o cativava sempre que ia ler. Para alguém como Kazutora, que nunca havia experimentado o amor romântico, o livro tinha um significado um tanto... curioso.

Ele não entendia completamente o que era amar. Não conseguia conceber o que realmente significava esse sentimento que tantas pessoas descreviam com intensidade e paixão. Um sentimento que as fazia ter atitudes sem noção, impensáveis, e que ele achava um absurdo. Coisas que ele só faria se fosse para se sentir vivo, não por outra pessoa, não por amor. Mas para sentir a vida ou encontrar um propósito.

No entanto, mesmo sem uma compreensão completa, algo naquela história o arrepiava, fazendo-o sentir uma estranha familiaridade com a tragédia iminente — talvez ele já estivesse acostumado com tragédias em sua vida, e por isso o livro se tornava interessante.

Havia um medo silencioso dentro dele, um receio de que, se algum dia se permitisse amar alguém, o final fosse tão trágico quanto o de Romeu e Julieta. Ele repugnava isso, mas se sentia tão azarado que acreditava que, se um dia amasse, cairia nas mesmas armadilhas que Romeu e Julieta. O amor.

Mesmo sem o ter experimentado, ele reconhecia o perigo que esse sentimento carregava. Sabia, em algum nível, que o desejo de ser amado, de ser tocado por outra pessoa, era um risco que poderia terminar em dor, assim como terminava a maioria dos romances que ele conhecia ao seu redor.

Os exemplos eram claros. Seus próprios pais haviam vivido uma tragédia amorosa, e essa lembrança estava sempre presente em sua mente.

━ Eu estava procurando esse livro. ━ a voz de Gênesis o tirou de suas reflexões, fazendo com que Kazutora levantasse o olhar do livro e se deparasse com dois olhos ônix que o fitavam com curiosidade.

━ Gênesis? O que está fazendo aqui? ━ perguntou ele, de sobrancelha erguida, enquanto um sorriso começava a se formar nos lábios da garota.

━ Vim porque estou fugindo da cara de bunda da professora de matemática. ━ brincou ela, com um brilho travesso no olhar. ━ E também porque a Sra. Shio disse que "Romeu e Julieta" estaria nessas prateleiras. Pelo visto, estava nas mãos do meu futuro par para o baile.

Kazutora não conseguiu conter o riso sem graça que escapou de seus lábios.

━ Ninguém aguenta ficar naquela aula. ━ tentou voltar o foco da conversa, com um tom de desdém, enquanto observava Gênesis prender os cabelos de forma despreocupada.

Ela retirou algo da mochila que carregava, mas os olhos de Kazutora se fixaram nos fios que caíram de sua cabeça, um número maior do que ele esperava. Por um breve momento, ele se perdeu no que via, mas foi despertado pela voz dela o chamando.

━ Quer uma? ━ ofereceu, estendendo o pacote de jujubas em sua direção. Ele negou, mas ela revirou os olhos e esticou novamente o saquinho, então, sem saída, ele aceitou. Enquanto mastigava a jujuba, ela voltou ao assunto com naturalidade. ━ Tem muita gente pelos arredores da escola fugindo daquela aula e daquele monte de perguntas envolvendo números.

Kazutora fez uma careta imediata.

Odiava mais do que qualquer um aquele emaranhado de problemas que sua professora insistia em despejar sobre a turma, sempre testando se seus cálculos mentais e a tabuada estavam afiados. Ele achava isso extremamente insuportável. Tudo bem estudar matemática, mas forçar questões oralmente toda semana era aterrorizante.

━ Você sabe se tem outro livro parecido com "Romeu e Julieta" por aqui? Ou pelo menos de Shakespeare? ━ Gênesis perguntou, após espirrar devido à poeira das prateleiras, que se aproximara demais.

Kazutora levantou-se, limpando as calças com algumas batidinhas para afastar o pó acumulado no chão frio da biblioteca, o que provocou outro espirro dela.

━ Títulos relacionados a Shakespeare? Ah, tem vários. ━ respondeu Kazutora com a confiança de quem conhece bem o território da biblioteca. ━ "A Tempestade" é um.

Ele puxou um exemplar da prateleira e entregou-o a Gênesis. Ela folheou o livro com curiosidade, seus dedos delicados deslizavam pelas páginas amareladas, absorvendo o peso da história que aquelas páginas carregavam.

━ É bom? ━ perguntou ela, levantando os olhos para ele.

━ Sim, é foda. Mas, se você quiser, posso te emprestar "Romeu e Julieta". Já li tantas vezes que perdi a conta, então, nem faria diferença. ━ Kazutora ofereceu, tentando parecer casual, mas o nervosismo estava visível em sua voz. Ele engoliu em seco, não sabendo exatamente como reagir ao olhar atento e inquisitivo de Gênesis.

Ela, por outro lado, deu o sorriso mais vivo do que o próprio Kazutora já foi em toda sua vida.

━ Eu aceito o livro, mesmo já tendo lido a versão mais recente há um tempo. ━ Gênesis deu um passo até ele e fez uma expressão brincalhona, que ele não entendeu de imediato. ━ Nunca pensei que Kazutora Hanemiya, um delinquente, seria um apreciador de clássicos do romance.

━ Em minha defesa, ━ Kazutora ergueu o dedo, as sobrancelhas arqueadas em um gesto dramático. ━ Eu apenas sou obrigado a ler.

A ênfase no "apenas" fez Gênesis soltar uma risadinha leve, como se ele tivesse acabado de revelar um segredo. Kazutora observou Gênesis sentar-se no chão, apesar de continuar espirrando. Sem demora, ele fez o mesmo, voltando a se sentar no lugar onde estava antes.

Ele a viu tirar uma garrafinha do bolso da mochila e, em seguida, um frasco com pílulas, que ela tirou uma e tomou — provavelmente para conter os espirros que ele tinha notado, acompanhados até de tosse. Ele não fez perguntas, preferindo não ser inconveniente, e ela também não deu espaço para isso, começando a falar novamente.

━ Me surpreende pensar que, com uma história como "Romeu e Julieta", percebemos que o amor conseguiu e ainda consegue superar todas as dificuldades e desafios, porque ele fala mais alto no fim das contas. ━ começou, com um tom reflexivo na fala que ele não conseguia ignorar. ━ Tudo bem que eles faleceram, mas aquilo é amor! Estarão juntos em todas as vidas.

Kazutora arregalou os olhos, completamente incrédulos.

━ Para mim, "Romeu e Julieta" mostra como o amor funciona na vida real. ━ ele inclinou a cabeça levemente para o lado enquanto pensava em suas palavras. ━ Sempre acaba de uma forma merda e nada romântica. Leva você a cometer loucuras insanas, e não é bonito. O suicídio deles só me pareceu que ambos são dois sem amor à vida, igual eu. E é disso que o livro fala para mim.

O som de uma risada alta e espontânea de Gênesis ecoou pelos corredores da biblioteca, surpreendendo-o. Então ele a olhou, confuso.

━ Você realmente acha que é disso que o livro fala?

━ Acho.

━ Pois você, senhor Hanemiya, está completamente errado! ━ Gênesis riu novamente, balançando a cabeça como se não acreditasse. ━ "Romeu e Julieta" não é apenas sobre tragédia ou sacrifícios românticos. É sobre maturidade, imaturidade, impulso e ordem. Analisa profundamente o amor, não apenas como uma história de paixão entre dois jovens. Vai muito além de amar... É sobre como, às vezes, o amor pode ser ao mesmo tempo a nossa força e a nossa fraqueza.

Kazutora ficou em silêncio, absorvendo as palavras dela. Gênesis estava certa. Talvez houvesse mais nas entrelinhas daquele livro do que ele havia percebido.

Mas ele não via as coisas como ela via, então apenas deu um suspiro desinteressado e desviou o olhar para qualquer outro lugar.

━ É uma boa interpretação, Gênesis. Mas acho que isso vai da perspectiva de cada um que leu o livro, e a minha é aquela de que o amor e essa vida são uma droga.

━ Acho que não, talvez isso vá além de perspectiva, e sim de maturidade. ━ replicou ela, pegando uma jujuba do pacote, a voz tranquila, mas com uma pitada de provocação. ━ Mas a sua também é uma boa interpretação.

Kazutora permaneceu em silêncio por alguns segundos, sentindo o peso do que ela havia dito. Ele sabia que a vida era complicada, e que o amor, para ele, era uma confusão ainda maior.

No entanto, Gênesis parecia ver as coisas de uma forma mais profunda, mais sensível, como se enxergasse o mundo através de uma lente diferente.

E ele tinha uma certa raiva disso.

━ Quem sabe, um dia, eu veja o amor do jeito que você vê. Mas, por enquanto, vou continuar acreditando que é uma merda.

Gênesis riu, mas havia algo no olhar dela, uma compreensão que ia além das palavras trocadas.

━ Talvez um dia você veja isso. E quando acontecer, Kazutora, você vai entender que o amor é muito mais do que esses livros dizem: ainda pode ser complicado, cheio de nuances e interpretações. Mas, no fim das contas, sempre vale a pena mergulhar de cabeça.

© Victoria Melim, 2022

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