✶ capítulo cinco
┄ OO5 ᠁ ✶ capítulo cinco ⌒⌒
╰╮ ATELOPHOBIA · જ 💀
O TEMPO PARECIA SE ARRASTAR DE MANEIRA INSUPORTÁVEL, ou melhor, ele simplesmente não passava, pois o relógio continuava fixo em 00:00. A incerteza de que a situação poderia piorar a qualquer momento crescia no peito de Ravi'ell, que observava o grupo tentando, em vão, descansar um pouco. Era quase impossível fechar os olhos enquanto os ruídos do lado de fora não cessavam nem por um instante; aquelas criaturas pareciam incansáveis.
Ravi'ell já havia perdido a conta de quantas vezes bocejou e esfregou os olhos, alternando seu olhar entre a parede amarelada e o celular trincado de Logan, na vã esperança de que o tempo voltaria a seguir seu curso normal.
Por fim, o loiro suspirou profundamente e deslizou seu corpo cuidadosamente até conseguir deitar-se por completo sobre o tapete felpudo. Ele se movia com cautela para não acordar Ben, que dormia com o rosto aconchegado no vão do seu pescoço, enquanto mantinha um aperto firme em sua cintura.
Observando o grupo, Ravi'ell percebeu que, embora todos estivessem exaustos, o verdadeiro sono não os alcançava. No outro canto da sala, Evaline estava deitada voltada para Logan, acariciando seu rosto com suavidade na tentativa de acalmá-lo; o garoto de óculos despertava em pânico a cada cinco minutos. Tyler, por sua vez, escondia Taylor sob seu braço, como uma mãe canguru protegendo sua cria, e ocasionalmente lançava olhares furtivos para suas costas, onde Evaline estava deitada a menos de um metro de distância. Aiden, como sempre, mantinha Ashlyn presa em seus braços, agarrando-a como um bicho-preguiça; a ruiva nem sequer tentava se desvencilhar, estava cansada demais para se dar ao trabalho de repreender o loiro de olhos vermelhos.
Em determinado momento, Ravi'ell finalmente sucumbiu ao cansaço, permitindo-se descansar. O tempo, então, pareceu passar de maneira fugaz. No dormitório onde as meninas estavam acomodadas, Evaline foi a primeira a despertar abruptamente, levantando-se com um movimento brusco que fez Ashlyn, que dormia ao seu lado, cair da cama. A loira observou o quarto escuro, sentindo a dor aguda em sua visão e um enjoo subir por sua garganta. A essa altura, ela já não conseguia distinguir o que era real do que não era.
Ashlyn soltou um gemido de dor ao bater o nariz no chão. Lentamente, ergueu o tronco e estendeu o braço, tateando em busca do celular sobre o cômodo ao lado da cama. Ao encontrar o aparelho, ligou a tela, apenas para sentir os olhos arderem com a luz repentina. Piscou rapidamente, tentando se acostumar à claridade, até que seus olhos se arregalaram ao notar que o horário havia finalmente mudado. Agora marcava 00:35. Levantando-se do chão com agilidade, ela olhou ao redor, percebendo que estava novamente no quarto da pousada.
Quando os olhares das duas garotas se cruzaram, uma estranha epifania pareceu tomá-las. Em uníssono, soltaram um grito abafado e pularam na cama, posicionando-se frente a frente. Evaline agarrou os ombros de Ashlyn com firmeza, e a ruiva retribuiu o gesto, espelhando o movimento.
──── Você sonhou com isso também?! Por favor me diz que eu não tô louca! ──── Eva chacoalhou o corpo da ruiva para frente e para trás.
──── Os monstros- Eles eram reais!
──── Sim! ──── A loira concordou sem saber o porquê de estar eufórica.
──── Isso é loucura! ──── A ruiva chacoalhou a outra também.
──── Demais!
──── Opa- Para, para!
Um barulho estranho de rebuliço soou vindo do estômago das duas garotas, elas se entreolharam e saltaram da cama quase caindo no processo, correndo em passos pesados até o banheiro, ao chegar lá deram de cara com Taylor com a cara enfiada no vaso. As meninas não se deram o trabalho de perguntar o que estava acontecendo, Ashlyn se virou na direção da pia e Evaline descarregou todo o vômito na banheira.
──── Meninas….? ──── a voz sonolenta de uma das colegas de quarto soou da porta do banheiro.
──── Mas o que que- Aí que nojeira! ──── a outra virou o rosto incomodada com a cena. ──── Vocês estavam enchendo a cara nessas horas da madrugada? Sabia que o álcool faz mal pro cérebro e deixa as pessoas mais burras? Não façam isso com a vida de vocês… Principalmente você que já é meio escassa de inteligência, Evaline.
──── Vai pra merda, Emma! ──── Eva diz, sua voz estando abafada pois ainda estava com a cabeça abaixada na direção da banheira.
──── Isso é sério? ──── Sarah perguntou com toda sua inocência para a amiga ao lado.
──── Não, eu acabei de inventar isso.
Um estrondo veio da porta da frente.
──── Meninas! Vocês estão aqui?! ──── A voz inconveniente é inconfundível de Aidan soa.
──── Que isso? Virou a casa da mãe Joana de repente? ──── Emma cruzou os braços vendo cinco garotos de uma vez invadir o dormitório.
──── Ah! Vocês duas estão vivas, que coisa. ──── Aidan diz se aproximando das garotas na porta do banheiro. Ele vira o rosto e vê as três meninas largadas às traças, vomitando até as tripas. ──── Ah, graças a Deus estão aqui.
──── Sai da frente porra! ──── Tyler empurra Aiden na direção da parede e passa pelas garotas na porta de forma brusca, sem se importar com os xingamentos que lhe foram direcionados. Os olhos do moreno alteram-se entre a irmã e a outra loira escorada na banheira. Um suspiro de alívio sai de sua boca.
──── Eu acho que tá vindo de novo… ──── Aiden diz se apoiando no ombro de Ravi'ell que já estava escorado na parede tampando a boca com a mão.
──── Vindo…?
──── Eu sinto que vou parir o anticristo aqui mesmo. ──── Rav diz.
──── Do que eles estão falando, Emma?
──── Não faço ideia, Sarah, só sei que essa lombra foi das boas mesmo.
DUAS SEMANAS DEPOIS DO OCORRIDO
TEMPO PRESENTE
──── Eu ainda acho que deveríamos voltar pra Savannah. ──── Tyler diz, um pouco mais amuado depois de perceber o pequeno show que fez.
──── Tudo bem. ──── Ashlyn esfregou os olhos cansada e sem paciência. ──── Podemos decidir isso mais tarde em uma votação em grupo.
──── Você sabe o que é votação em grupo Tyler? É quando um conjunto de pessoas conversam entre si e botam na mesa suas opiniões diversificadas e tentam chegar em um consenso-
──── Não começa, Eva. ──── Ravi'ell chuta levemente a canela da gêmea por baixo da mesa.
──── Por que a gente não decide isso hoje? ──── O Hernandez insistiu.
──── Tenho aula de balé no fim da aula. ──── Ashlyn diz.
──── E-eu vou levar a Eva pra conhecer a floricultura dos meus avós e mostrar como funciona no dia a dia. ──── Logan diz timidamente, arrumando a armação em seu rosto.
──── Que foi? ──── a loira perguntou notando os olhares do grupo cair sobre sua pessoa. ─── Eu tava procurando um trabalho de meio período e o Logan me indicou pros avós dele.
──── Você? Mexendo com terra suja e repicando caules mortos? Sem medo de encontrar minhocas e essas larvas de flores? ──── Ravi'ell perguntou em tom surpreso e suspeito.
──── Que foi agora?! Preciso bancar minhas coisinhas de menininha, velho, não aguento mais essa pobreza miserável.
──── Sim sim, vamos fingir que o que você quer não tá mole no momento. ──── Aiden diz jogando uma ervilha de seu prato na direção da loira.
──── Não fode, loiro falso. ──── ela contra ataca jogando um brócolis no meio da cara do outro loiro.
──── De qualquer forma… A gente também tá ocupado depois da aula, Tyler, você tem o treino prático de beisebol e eu tenho reunião com a equipe nova de mecânica.
──── Poxa galera… Eu sou o único vagabundo aqui?
──── O que você vai fazer depois, Aiden?
──── No momento a minha agenda consiste em passar a tarde jogando Mortal Kombat e… Só, é, só tem isso mesmo pra fazer durante a tarde.
──── Mas é um sem futuro mesmo, viu.
──── O que você tá murmurando aí ô garota das flores?
──── Pelo menos eu tô construindo meu futuro.
──── E o foda-se? Amor, eu sou rico, não preciso disso não, meu futuro já tá até escrito nas estrelas.
──── E bem desumilde né-
──── Ninguém aqui vai ter um futuro ──── Tyler fala de repente. ──── Se não estivermos vivos, não vamos ter um futuro.
──── …. Por que esse cara sempre tem que matar o clima de paz e sossego, ein? ──── o loiro de olhos vermelhos pergunta para Eva.
──── Não sei, acho que ele pensa que tá em algum tipo de sitcom e é o personagem principal. ──── ela dá de ombros e volta a comer de seu prato.
──── Tyler, nossa situação é realmente preocupante…. Mas a gente também não pode abrir mão da nossa vida e focar só nesse problema em questão. Se ficarmos obcecados ao ponto de deixar de lado tudo que acontece no mundo real, o nosso mundo, a gente vai acabar em uma ala psiquiatra e presos com uma camisa de força e sem passar nenhuma credibilidade pros adultos. ──── Ravi'ell tenta explicar pacientemente para o colega.
──── Ele tem um ponto, ocasionalmente as pessoas vão olhar pra gente, apontar o dedo e falar “AHAHAHAHA OLHA ALI OS ESQUIZO!” ──── Aiden diz.
──── Que seja. ──── ele levanta abruptamente da mesa e vira as costas, para no meio do caminho parecendo se dar conta de algo. Tyler se vira na direção da irmã e a segura pelos ombros, dando um olhar de desgosto para o grupo. ──── Vem! Não se mistura com essa gentalha.
──── Olha a audácia desse arrombado-
──── Não querendo concordar com ele, mas infelizmente concordando ──── Ashlyn começa ao notar que o moreno já estava consideravelmente longe. ──── É estupidez pensar em coisa cotidiana quando estamos com a corda no pescoço.
──── Bem… A gente precisa encontrar um equilíbrio, né? Pra não enlouquecer de uma vez também. ──── ele disse buscando apoio de Ben, que observava a conversa toda com um olhar de puro tédio e desinteresse. Ele balança a cabeça concordando com o loiro.
──── É… Isso ou a gente simplesmente ferra com a nossa vida nos dois mundos.
Após o intervalo, o tempo parece fluir rapidamente. Ao final do dia, os irmãos Vincent se despedem com um abraço afetuoso, cada um seguindo seu próprio caminho. Eva, de braços dados com Logan, caminha pela rua enquanto trocam sorrisos tímidos. Ela ouve atentamente Logan falar com entusiasmo genuíno sobre a floricultura de seus avós, o tom de sua voz carregado de alegria. Ravi'ell, por sua vez, se volta para Ben e, com um gesto cordial, ergue o braço. O mais alto ri de maneira discreta antes de entrelaçar os braços com o dele, criando um elo silencioso.
Ignorando os olhares desaprovadores dos mais velhos que passavam pela rua, os dois jovens continuaram rindo e interagindo de maneira única. Ben se comunicava em língua de sinais, enquanto Ravi'ell tentava decifrar suas mensagens, frequentemente errando e, em seguida, rindo de si mesmo por dizer algo completamente desconexo. O modo despretensioso e leve com que seguiam, rindo a cada equívoco, tornava a caminhada ainda mais agradável. Os dois pareciam estar completamente imersos em uma bolha de tensão apenas deles.
──── Você ficou mais na sua hoje. ──── Ravi'ell disse, se sentando encostado na árvore do parque e vendo o garoto se sentar de frente para ele.
Ben deu de ombros e tirou o celular do bolso da calça, abriu a tela no bloco de notas e começou a digitar rapidamente.
“A gente não dorme direito faz dias, e o Tyler com aquela síndrome de protagonista me irrita o suficiente pra querer me manter quietinho na minha. Às vezes a ignorância é uma benção.”
──── Você tem razão…. No final tá todo mundo fodido no mesmo barco.
“Ele fica sempre batendo na mesma tecla, prefiro me fingir de cego e surdo pra não socar a cabeça dele na parede.”
──── Acho que isso seria extremista demais. ──── Rav solta uma pequena risada.
“Com tanto que isso faça ele parar de ser babaca por um instante….”
──── É…. ──── Rav divagou sem saber o que dizer. O loiro se sentia um bobalhão ao lado de Ben, sem saber o que falar e em que assunto entrar.
Ravi'ell observou Ben por um momento, percebendo como o silêncio entre eles não era desconfortável, mas, ao mesmo tempo, ele sentia uma estranha vontade de preencher o espaço com algo significativo. O loiro suspirou suavemente, os olhos se perdendo nas folhas da árvore que os cobria, balançando com o vento. Ben, por sua vez, parecia tranquilo, os dedos ainda descansando no celular, mas seus olhos estavam atentos, como se estivessem esperando algo a mais.
──── Você sabe… ──── Ravi'ell começou, hesitante, mordendo o lábio inferior. ──── Eu nunca fui muito bom com palavras, especialmente quando sinto que deveria dizer algo importante.
Ben levantou o olhar, interessado, mas não interrompeu, apenas indicou com um gesto para Ravi'ell continuar. O loiro soltou um riso nervoso e passou a mão pelos cabelos, bagunçando-os ainda mais.
──── Acho que o que estou tentando dizer é que… eu gosto de passar o tempo com você. Mesmo que a gente não fale muito, de alguma forma, isso me faz sentir… bem. ──── Ele desviou o olhar para o lado, envergonhado com a confissão.
Ben sorriu de forma suave, seus olhos brilhando com um misto de surpresa e afeição. Ele digitou algo rapidamente no celular e virou a tela para Ravi'ell, que leu em silêncio.
“Eu também gosto de ficar com você. Com você, eu posso simplesmente ser eu mesmo, sem precisar me esforçar para agradar ou me encaixar. É bom ter alguém com quem o silêncio não é estranho, mas confortável."
Ravi'ell sentiu o coração acelerar com aquelas palavras simples, mas carregadas de significado. Ele se inclinou um pouco mais para frente, os olhos fixos nos de Ben, procurando algo que ele mal sabia descrever.
──── Sabe, Ben… ──── Ravi'ell começou, hesitante. ──── Eu sei que não é fácil estar no meio de toda essa loucura, mas… eu quero que você saiba que eu tô aqui. Tipo, realmente aqui. Não só como parte do grupo, mas… pra você. ──── Ele mal acreditava que tinha dito aquilo, mas ao ver a expressão de Ben suavizar ainda mais, sentiu que tinha feito a coisa certa.
Ben ficou em silêncio por um momento, deixando as palavras de Ravi'ell pairarem no ar. Então, lentamente, ele se inclinou para frente, fechando a distância entre eles. Com cuidado, ele tocou de leve a mão de Ravi'ell, e o loiro sentiu o toque como uma faísca de eletricidade, algo sutil, mas poderoso.
“Eu sei. E eu também estou aqui para você,” escreveu Ben no celular, mostrando a mensagem para Ravi'ell, mas dessa vez, ao invés de apenas ler, o loiro sentiu o peso das palavras, como se fossem ditas diretamente em sua mente.
Sem pensar muito, Ravi'ell deixou a cabeça cair levemente para o lado, seus olhos encontrando os de Ben de uma forma mais intensa. Não precisavam de mais palavras, apenas aquele momento. O som das folhas ao vento, a respiração suave de ambos, e o calor crescente entre eles. Lentamente, Ravi'ell se inclinou ainda mais, seu rosto cada vez mais próximo do de Ben, até que, sem aviso, o espaço entre eles desapareceu completamente.
O beijo foi suave, quase hesitante, mas carregado de todos os sentimentos que haviam ficado não-ditos entre eles. Quando se afastaram, ambos estavam ofegantes, mas com sorrisos tímidos nos lábios, e Ravi'ell sabia que algo entre eles havia mudado, para melhor.
ꔛ˚ ATELO + PHOBIA . ˚◞♡ ⎯⎯ ﹐e no final quem é viva sempre aparece rsrsrsrsrs.
ꔛ˚ ATELO + PHOBIA . ˚◞♡ ⎯⎯ ﹐ confesso que já quis dropar essa bomba umas 181929198 vezes, todo dia eu descubro um hiperfoco diferente e fico com uma neura de
criar plot novo.
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