five
❝Não espere por uma crise para descobrir o que é importante em sua vida.❞
Platão.
𝗞𝗲𝗻𝗻𝗲𝗱𝘆 𝗼𝗻. ━━ 𝗔𝘁𝗹𝗮𝗻𝘁𝗮, 𝟮𝟬𝟭𝟬.
O caminho até a cidade foi quieto e tranquilo, sem palavras de nenhum dos homens e nem minhas.
Não iria culpar, até porque Rick estava aceitando aquela ideia maluca do meu pai, mas Shane era um babaca que precisava ser contido.
Após suas palavras a Carolina, aquilo me deixou em choque com a audácia de anunciar aquilo em público e posso imaginar como a mulher ficou.
Avistamos o bar e logo estacionamos o carro em frente e descendo com as armas na mão, confesso que odiava a ideia de usá-las.
Andei parando de frente para o estabelecimento que causava tanta confusão e suspirei girando a maçaneta. Abri a porta vendo meu pai sentado de costas e com uma garrafa na metade à sua frente.
── Hershel. - Rick o chamou.
── Quem está com você? - Perguntou sem olhar.
── Gleen e Kennedy. - Ele disse fazendo a gente se aproximar.
── Quanto já bebeu, pai? - Perguntei me escorando no balcão olhando em sua cara.
── Não o bastante. - Respondeu.
Soltei um suspiro saindo de perto do velho e me sentando em uma das mesas. Eu sempre tive paciência com os surtos dele, Mas agora ele está passando dos limites.
── Vamos terminar isso lá em casa. A Beth desmaia. - Rick falou tentando convencer o mais velho. - Ela não está passando muito bem. Deve estar em choque. Eu acho que você também está.
── Maggie e Lucas está junto? - Perguntou dando um gole na bebida.
── Sim, mas Beth precisa de você. - Respondi um pouco grossa.
── O que eu poderia fazer? Ela precisa da mãe dela. - Ele deu uma pausa. Aquilo fez meus nervos estourarem. - Ou talvez o luto. Como devia ter tido há semanas. Eu roubei isso dela. Vejo isso agora.
── Você achou que tinha cura. Não pode se culpar por ter esperança. - Rick disse ao lado do meu pai.
── Esperança? - Perguntou. - Quando eu te vi correndo pelo pasto com seu filho nos braços... Não tinha esperança que ele iria sobreviver.
── Mas sobreviveu. - Rick o olhou convencido.
── Sobreviveu. Mesmo Ottis tendo morrido. Seu amigo Shane conseguiu salvar e Carolina conseguiu a cirurgia pelos seus anos de prática. - Falou e eu virei a cabeça em sua direção. - Esse foi o milagre que provou para mim que milagres não existem. Só que foi uma pena, ter acontecido assim. - Ele deu uma pausa enquanto olhava para nós três. - Eu era um tolo, e vocês viram isso.
Eu permaneci quieta como todas as vezes em que ele se lamentava com um erro bobo, apenas observava o jeito que a carroça iria andar. Eu era, de longe, a filha mais chegada dele pelas coisas que eu aprontava quando criança e metade da minha adolescência. Ele apenas não sabia que tudo que fiz era para chamar sua atenção quando o mesmo ficava apenas com Lucas.
── Minha família merece coisa melhor. - Falou olhando diretamente em minha direção e logo se virou, dando um gole em sua bebida.
Todos nós sabíamos que não seria fácil o convencer.
── O que faremos? Esperamos ele apagar? - Gleen perguntou.
── Vão embora! Vão embora! - Gritou fazendo a gente se assustar.
── Prometemos a Maggie e Lucas que levaríamos você a salvo. - Exclamei tentando manter a calma.
── Como prometeu para aquela garotinha? - Ele perguntou rindo.
Passei as mãos em minhas têmporas tentando não perder a pouca paciência que me restava.
── Então qual é o seu plano, em? - Perguntei cruzando os braços e olhando suas costas.
── Terminar a garrafa? Beber até morrer e deixar seus filhos sozinhos? - Rick perguntou também sem paciência, enquanto se aproximava.
── Pare de me dizer como eu devo cuidar dos meus filhos, minha fazenda. - Se levantou ficando de frente para o Xerife. - Vocês são como uma praga. Eu fiz o que é Cristo. Lhes dei um abrigo e vocês destruíram.
── O mundo já estava ruim quando nos conhecemos. - Rick respondeu e se aproximou mais.
── E você não assume responsabilidade. É para você ser líder deles! - Gritou com Rick.
── Eu estou aqui agora, não estou? - O Xerife retrucou.
── Está. Está. Você está sim. - Respondeu enquanto se sentava novamente.
── Seus filhos precisam de você mais do que nunca. - Tentou tocar seu ombro, mas meu pai o impediu rapidamente.
── Eu não queria acreditar em você. Você me disse que não havia cura e que essas pessoas estavam mortas, não doentes. - O mais velho fungou quando as lágrimas desceram. ── Eu escolhi não acreditar nisso, mas quando Shane atirou no peito de Lou e ela continuou andando, foi quando soube como fui idiota.
Suas palavras fizeram com que meu peito se apertasse e as lágrimas se formarem em meus olhos, mas eu não permiti que elas descessem.
── Que Annete já havia morrido há muito tempo e eu estava alimentando um corpo apodrecido, foi quando eu soube que não existe esperança. - Meu pai deu uma pausa, para que as lágrimas parassem. ── E quando aquela garotinha saiu do celeiro, e vi o olhar em seu rosto, eu soube que você também sabia. Não é? Não existe esperança e agora sabe disso, como eu sei. Não sabe? - Ele perguntou para Rick, o mesmo estava sem respostas. Então o Xerife direcionou seu olhar para mim e eu apenas neguei com lágrimas em meus olhos. ── Não existe esperança para nenhum de nós.
Suspirei passando as mãos em meus cabelos e olhei para Gleen, que estava em choque com cada palavra.
── Pode se sentar, teremos um longo dia. - Falei fazendo o mesmo gaguejar e sair de perto.
[...]
Havia se passando umas duas horas que estávamos ali desde que meu pai surtou, não falávamos e nem olhamos um para o outro. Aquilo estava me desgastando e a pouca paciência que tinha com ele acabou.
── Cara, eu cansei. - Disse atraindo olhares dos dois, menos dele. ── Nao vou ficar aqui, sentada nesta cadeira, esperando um homem que é maduro o suficiente para saber o que é melhor para ele e levá-lo para casa. - Meu pai finalmente se virou, esperando eu terminar. ── Toda essa merda não é sua culpa ou minha, ou do Rick e do Gleen. É do mundo, pai e se todos estão mortos, acabou! Passei anos da minha vida tendo que aturar esses seus surtos idiotas e fingir que nada aconteceu porque a mamãe sempre pedia, mas ela não está aqui agora, assim como Beth não estará se você não levantar essa bunda da cadeira e reagir! - Parei um pouco e respirei fundo. ── Sua família precisa de você, eu preciso de você. Então seja um pai e um homem.
Terminei de falar vendo seus olhos cheios de lágrimas e sua postura mudar para arrependimento, aquilo fez com que o mesmo reagisse.
── Você está certa, não dá pra viver como um moleque. - Disse se levantando. ── Vamos.
Mas antes de irmos até a porta, dois homens entraram assustando nós quatro.
── Quem diria! Tem gente viva. - Um deles exclamou com um sorriso no rosto.
O cara gordo olhou em minha direção com malícia, o que me fez dá um passo para trás com a mão na arma. Seja lá o que está pensando, com certeza não é coisa boa.
Os dois foram mais a fundo atrás de bebida e Gleen ficou atrás do balcão, servindo todos eles. Eu neguei a bebida, só o cheiro forte me dava tontura.
── Sou o Dave e aquele saco de estrumes ali, é o Tony. - Apontou para o amigo.
── Dane-se, Dave. - Xingou.
── Ei, porque da grosseria? - Zombou. ── A gente se conheceu vindo da Filadélfia. Aquilo foi um show de horrores.
── Rick Grimes. - Se apresentou nada convidativo.
── Eu sou o Gleen, prazer. - O asiático disse meio tímido.
Eu mantive minha postura e não respondi, o jeito que aquele gordo desgraçado me olhava estava me deixando com raiva e nojo.
── E a princesinha ali? Não tem nome? - Ele me olhou.
── Kennedy Greene. - Respondi secamente.
Olhei para Rick e o mesmo olhava para os dois com um olhar mortal, pronto para qualquer movimento falso.
── E você amigo, 'ta afim de uma? - Dave perguntou ao meu pai, que apenas riu.
── Eu parei. - Respondeu.
── Uma ótima hora pra isso, amigo.
── O nome dele é Hershel. - Rick respondeu por ele. ── Ele perdeu muitas pessoas hoje, muitas mesmos.
O Xerife direcionou o copo de Whisky até sua boca, olhando em direção a Dave.
── Eu sinto muito saber disso. A dias melhores e novos amigos. E aos nosso mortos, que estejam em um lugar melhor. - Dave brindou e retirou uma arma de seu bolso. ── Nada mal. Eu tirei de um policial.
── Eu sou policial. - Rick retrucou.
── Aquele estava morto. - Dave olhou em sua direção e sorriu, guardando a arma.
── Estão bem longe da Filadélfia. - Gleen chamou atenção.
── Parece que estamos longe de tudo. - Respondeu Dave.
── E o que os trouxe aqui? - Perguntei cruzando os braços.
── Com certeza não foi o clima. Perdi uns dezesseis quilos só suando. - O home respondeu rindo.
── Quem me dera. - Tony entrou na onda.
Ainda mantinha minha cara seria e atenta a cada passo deles, principalmente daquele Tony. Não sentia algo bom vindo deles, de jeito nenhum.
── Não, primeiro foi Washington. Soube que podia haver um tipo de campo de refugiados, mas nós nem chegamos pertos. Estradas entupidas. - Dave explicou. ── Aí nós fomos para as rodovias menores para ver o que tinha. Todos os grupos que encontrávamos apostavam em um jeito de sair desse caos.
── Um cara nos disse que a guarda costeira estava no golfo mandando balsas para as ilhas.
── O último grupo que eu passei foi um pátio ferroviário que mandava trens para o meio do país. Kansas, Nebraska. - Dave falou.
── Nebraska? - Gleen perguntou um pouco surpresa.
── Pouca população, muitas armas. - Tony respondeu.
── Mas e Vocês? - Perguntou Dave.
── Forte Benning, pelo jeito. - Rick respondeu, balançando a cabeça.
Eu e meu pai apenas ficamos calados, nossa família não tinha preferência de lugar nenhum além da fazenda e espero que permaneça assim.
── Eu odeio tirar seu barato, policial, mas... Achamos um tipo que estava estacionado no Forte Benning. - Dave falou, olhando para todos nós. ── Disse que o lugar foi tomado por essas coisas.
── Espera aí, o Forte Benning já era? É verdade? - Gleen perguntou colocando as mãos sobre o balcão.
── Infelizmente, mas a verdade é que... Não existe saída desse caos. - O homen responder lamentando. ── Ficamos pulando de uma ilusão para outra rezando para um desses cabeças ocas não arrancarem um pedaço de você enquanto dorme.
── Se puder dormir. - Tony falou.
── Não parece que estão alojados aqui. Vocês estão em outro lugar? - Dave perguntou curiosamente.
── Não é aqui, lhe garanto. - Respondi antes mesmo de Rick pensar.
── Os carros são de vocês. - Perguntou.
── São, por quê? - Perguntei mais uma vez.
── Estamos morando no nosso. Os seus parecem meio vazios, limpos. - Falou. ── E seus equipamentos?
── Estamos com um grupo maior, viemos andar. Pensamos em tomar uma bebida. - Meu pai respondeu, fazendo o mesmo franzir o cenho.
── Bebida? Hershel, achei que tinha parado. - Riu. ── Estamos pensando em nos alojar por aqui, acham que é seguro?
── Depende, existem alguns zumbis por aqui. - Rick Respondeu.
── Zumbis? Chama eles assim? - Perguntou rindo.
── Sim.
── É legal, gostei disso. Melhor que cabeças ocas. - Dave zombou ajeitando seu colar.
── É mais sucinto. - Falou Tony.
Percebi que o mesmo estava incomodado e então logo se levantou, indo para um canto pronto para mijar. Revirei meus olhos com a falta de educação e me virei ficando de frente para Gleen.
── É, o Tony fez faculdade. - Dave sorriu.
── Dois anos. - O gordo respondeu abrindo seu zíper.
── E então, vocês estão alojados nas redondezas, é uma nova área? - Dave perguntou novamente.
── Área de trailers? Uma fazenda? - Tony continuou.
── O velho McDonald tinha uma fazenda. - Dave Disse fazendo o amigo rir. ── Tem uma fazenda?
Rick desviou seu olhar de Dave e observou o amigo dele mijar ao seu lado.
── É segura? - Tony perguntou, ainda mijando.
── Tem que ser. Vocês têm comida? Água? - Perguntou.
── Tem mais mulher? Não agarro uma bunda há semanas. - Perguntou enquanto mijava.
Aquilo fez meu estômago embrulhar e uma careta se formar em minha cara, fazendo Dave perceber.
── Desculpem meu amigo. Ele é da cidade, não tem tato. - Se desculpou, logo desviou seu olhar em minha direção. ── Com todos respondeu, Kennedy. Então...
── Já conversamos demais. - Rick encerrou, se levantando.
── Espera aí! Essa fazenda parece ser bem legal. Não parece ser bem legal, Tony?
── É. Bem legal.
── Temos uns amigo no acampamento. Estão sofrendo um bocado. Não vejo porque não receber mais alguém. - Dave deu a ideia. ── Podemos aumentar nossos recursos, nossa força.
── Olha, me desculpa. Mas não vai dar. - Rick respondeu, negando.
── Não achei que fosse um problema. - Dave insistiu.
── Desculpa, não podemos. - Gleen falou.
── Não podemos aceitar mais ninguém. - Meu pai respondeu.
── Nossa fazendo já tem gente o suficiente. - Digo cruzando os braços, próximos ao coldre.
── Vocês são figuras mesmos. - Dave riu, me causando uma raiva imensa pela insistência. ── Eu achei que éramos, sabe. Achei que fôssemos amigos. Nós temos pessoas para cuidar também.
── Não sabendo nada sobre vocês. - Rick falou, irritado.
── É, É verdade. Vocês não sabem nada sobre nós. - Ele abaixou o olhar. ── Não sabem o que tivemos que passar lá fora. Tudo que tivemos que fazer. Aposto que tiveram que fazer essas coisas também, não é mesmo? Não sobrou uma mão limpa neste mundo. Somos todos iguais.
Dave bateu na mesa, me fazendo pular um pouco pelo susto. Aposto que se Carolina estivesse aqui, os dois estariam com bala nas testas, Rick não sabe reagir sobre pressão.
── Então, vamos lá dar uma volta nessa fazenda e nos conhecer melhor.
── Isso não vai acontecer. - Rick Negou novamente.
── Que palhaçada! - Tony exclamou irritado.
Dei um leve toque no braço de Gleen, para que ficasse atento em cada passo deles.
── Calma aí. - Rick pediu levantando uma de suas mãos.
── Não diga para me acalmar. Nunca diga para eu me acalmar. - Tony falou com raiva e Rick se indireitou. ── Vou atirar na cabeça dos quatro e tomar a porcaria da fazenda de vocês!
Olhei para meu pai e o mesmo tocou em minha mão, tentando me manter calma. Aquela situação estava me deixando com dor de cabeça e ansiedade, não sabia o que aconteceria se fizermos algo.
── Ou! Ou! Relaxa. Fica calmo. Ninguém vai matar ninguém. - Dave falou indo para trás do balcão. ── Ninguém vai atirar em ninguém. Não é, Rick? - Perguntou e logo percebi Tony colocar suas mãos para trás, Dave pegou sua arma e colocou sobre a bancada. ── Somos só amigos tomando uma bebida, só isso, agora cadê? Cadê? Cadê?... Vamos ver.. - Dave de abaixou procurando e ergueu uma garrafa. ── Aqui, olha só. Essa é a boa. - Colocou no copo e tomou um gole. ── Vocês tem que entender, não podemos ficar lá fora. Você sabe como é.
── É, eu sei. - Rick respondeu com a mão em seu coldre. ── Mas a fazenda já está cheia, Eu sinto muito. Vão ter que continuar procurando.
── Continuar? Sugere algum lugar? - Dave perguntou dando outro gole.
Direcionei meus olhos para Tony, vendo o grandão inquieto e observando atentando seu amigo. Podia imaginar o que estavam tramando e não era bom.
── Eu não sei. Dizem que Nebraska é legal. - Rick ironizou e Dave riu.
── Nebraska, sei.. - respondeu
Em um movimento rápido Dave ia pegar sua arma, mas Rick era esperto e atirou primeiro em sua testa. Percebi Tony pegar sua arma e então agi por impulso, atirando em seu peito. O xerife para ter certeza lhe deu um tiro na cabeça, logo olhando em minha direção.
Eu estava assustada com o que acabei de fazer, minhas mãos tremendo e meus olhos cheio de lágrimas enquanto olhava para o corpo de tony.
── Eu.. Eu, Meu Deus! - Minha voz vacilou e eu negava com a cabeça.
── Ei, tudo bem. Fez o certo. - Rick acalmou e sinto meu pai tirando levemente a arma da minha mão.
── Kenny, está tudo bem. - Meu pai enrolou seu braço em minha volta. ── Vamos voltar.
Rick pegou a pistola de tony e Gleen a de Dave atrás do balcão, logo caminhamos até a porta principal. Quando íamos sair uma luz iluminou o bar.
── Carro, carro! Abaixem! - Rick sussurrou e nos escondemos abaixo da porta.
Não sei em que momime separei do meu pai, mas agora Gleen e ele estavam do lado oposto, enquanto eu estava com Rick. Eu estava ofegante e tentava me acalmar por dentro.
── Dave, tony? - Vozes chamavas pelos dois.
Provavelmente são pessoas de seu grupo e estavam em suas procuras.
── Eles disseram que era aqui? - Outra voz perguntou.
── Estou falando, cara. Eu ouvi tiros.
Respirei fundo olhando o meu pai com a minha arma em mãos, se algo acontecesse eu precisaria dela.
── Vi uns cabeças ocas a duas ruas daqui.
── Está perigoso aqui. Vamos cair fora. - Um deles Sugeriu.
── Dave, tony!
── Cala essa boca, idiota. Quer atrair mais deles? Fique perto, a gente vai achar eles.
Ouvimos passos se afastando do local e pude soltar a respiração que eu nem sabia que estava prendendo.
Minutos se passaram e não ouvíamos mais nada além do vento batendo na porta, então olhei para meu pai e pedi a minha arma. O mesmo pensou alguns segundos, mas logo arrastou em minha direção e eu peguei rapidamente.
Rick se levantou um pouco para poder observar o lado de fora e depois se aproximou.
── Porque eles não vão embora? - Gleen murmurou e meu pai o olhou.
── Você iria?
── Não podemos ficar aqui. - Rick sussurrou. ── Vamos pelos fundos e ir correndo até o carro. - O xerife sugeriu.
Concordamos com a cabeça e nos levantamos, mas novamente os passos voltaram e ficamos onde estávamos.
── Cabeças ocas. Eu is matei.
── Eles desapareceram, mas o carro ainda está lá. - Um deles exclamou.
── Eu olhei naqueles prédios. Já olharam esse? - perguntou e todos negaram.
Não sabíamos o que fazer, então assim que iriam abrir, eu e Gleen empurramos de volta. Foi aí que percebemos a merda que fizemos.
── Que foi isso?
── Empurraram a porta. Tem alguém aí dentro.
Olhei para Gleen e o mesmo tinha desespero nos olhos, assim como os meus.
── Tem alguém aí dentro? Ei, tem alguém aí?
── A gente não quer confusão. Só estamos procurando nossos amigos.
Olhei para Tony Morto no chão, desesperada se descobrissem o que fizemos com os dois.
── Arrombamos a porta?
── Não, não sabemos quantos tem aí. Fiquem calmos. - Disse acalmando os amigos.
── Olha, não queremos confusão. A gente só está procurando pelos nossos amigos e se aconteceu alguma coisa, nos diga. Este lugar está cheio de corpos. - Ele deu uma pausa e soltou um suspiro abafado. ── A gente não está afim de morrer, se ajudarem a gente agradece.
Não respondemos e eles ficaram ainda mais agitados.
── Vocês estão viajando. Já disse que não tem ninguém aí dentro.
── Eles tentaram nos matar! - Rick gritou.
Nós três o olhamos, pensando no que estava tentando fazer.
── Dave e Tony estão aí? Estão vivos?
── Não. - Ele negou.
── Mataram Dave e o Tony.
── Anda, cara. Vamos embora. - O outro ainda insistia, mas sem sucesso.
── Não, eu não vou embora. Não vou contar a Jane e aos outros que o Dave e Tony foram mortos por uns idiotas num bar.
── Eles tentaram nos matar. Não nos deram escolhas! Todos nós já perdemos muitas pessoas. Fizemos coisas que não queríamos ter feito... Mas é assim agora! Vocês sabem disso! Então vamos deixar as coisas comi estão! Lugar errado, hora errada... - Rick gritou e logo um tiro passou pelo vidro, o quebrando. ── Saiam daqui. Vão!
Imediatamente nós três viremos para longe da porta, Gleen ficou debaixo de uma mesa ao lado da porta dos fundos e eu e meu pai estávamos atrás de uma parede a sua frente.
Coloquei os ensinamentos do meu irmão em prática e olhei se tinha munição na pistola e destravei a arma.
── Temos que fazer alguma coisa. - Sussurrei por meu pai, olhando a porta dos fundos.
── Você não se mexe. - Ele ordenou olhando para Rick.
O xerife ainda insistia com os caras de fora, tentando convencê-los a irem embora e nos deixassem em paz. Rick estava mais a frente e pediu para Gleen ir para os fundos.
── Eu vou com ele. - Respondi ao meu pai e sai correndo, sem esperar uma resposta.
Passei pela porta e Gleen deu um tiro na janela da porta, me fazendo assustar e quase cair. Desci as escadas correndo e abaixei sua arma.
── Você está louco? - Exclamei num sussurro.
── Kennedy, Gleen! - Ouço meu pau gritar atrás de nós, enquanto descia as escadas.
── Desculpa!
── Rick quer que vocês tentem ir até o carro. - Falou e eu o olhei nervosa.
── Tentar? - Gleen disse ainda mais nervoso.
── Vão tentar e conseguir. Eu cubro vocês.
── Ótimo plano. - Falei e tomei a frente, abrindo a porta lentamente. Olhei para Gleen e depois para os lados.
O garoto desceu as escadas primeiro e eu fui logo atrás, caminhando lentamente. Estávamos indo bem ate tiros virem em nossa direção, fazendo a gente se separar e se esconder.
Vejo meu pai acertar ele e Rick aparacer, preocupado com a gente. Eu estava atrás de uma lixeira, vendo Rick se aproximar e pude ouvir o homem gritar por socorro no telhado.
── Você está feriada? Foi baleada? - Rick perguntou.
── Ótima, só vi a minha alma saindo do corpo. - Zombei olhando cuidadosamente para frente. ── Gleen não parece bem.
Eu disse a ele e o mesmo assentiu, indo para onde o asiático estavam. Meu pai estava ao meu lado agora e me observava para ver se estava tudo bem.
── Venham comigo. - Rick murmurou e seguimos eles, mas logo tiros vieram em nossa direção. ── Para trás.
Voltamos para a lixeira e pude observar alguém encima da farmácia, com uma arma virada pra gente. Um carro apareceu e o motorista parecia totalmente desesperado e atordoado.
── Vamos embora daqui! Tem cabeças ocas por todo lado! Anda logo! A gente tem que dar o fora.
── E o Sean?
── Atiraram nele! Pula logo! - Gritou.
── A gente vai embora? - Perguntou se ajeitando para pular.
── Pula logo! Anda!
Então o garoto pulou, mas não foi muito bem calculado e acabou caindo em uma grade. Seus amigos fugiram com o carro, deixando o homem para trás.
Vejo Gleen vim em nossa direção, nos chamando e logo corremos para o carro. Ri o estava tentando ajudar o garoto, mas sem sucesso.
Eu e meu pai corremos até lá enquanto Gleen ligava o carro para podermos ir.
── Rick, não dá pra salvar, temos que ir! - Exclamei vendo zumbis por toda parte.
Meu pai disse que não dava para tirar sem cortar, mas estávamos em perigo e aquele garoto gritando estava me deixando nos nervos.
── Segura o grito. - Disse e logo puxei a perna do garoto para cima, fazendo o mesmo gritar.
Olhei para meu pai e Rick e corri de volta para o carro, dando cobertura para eles. Foi a pior noite da minha vida.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro