𝖢𝖧𝖠𝖯𝖳𝖤𝖱 𝖳𝖶𝖤𝖭𝖳𝖸 𓂃˙♡
┋𝖢𝖧𝖠𝖯𝖳𝖤𝖱 𝖳𝖶𝖤𝖭𝖳𝖸 —— Mentiroso
𝗘𝗦𝗣𝗘𝗥𝗔𝗡𝗗𝗢 𝗔𝗡𝗚𝗨𝗦𝗧𝗜𝗔𝗗𝗔 naquela pequena salinha da paróquia, o som dos dedos de Carl tamborilando no metal de sua pistola me deixavam ainda mais ansiosa. O encarei, depois encarei os dedos batucando. Carl largou a arma no mesmo instante.
A porta principal da igreja foi escancarada, percebi pelo estrondo que cativou a atenção. O assobio da porta penetrava em minha mente. Eu estava tremendo, apenas percebi quando desci o olhar para as mãos e elas balançavam como um terremoto. Os passos ecoavam pelas paredes, cada vez mais próximos.
Vi Carl agarrando a pistola em seu coldre novamente, desta vez a apontou em direção a porta. Gabriel abraçava os próprios joelhos no canto da sala, enquanto segurava um terço entre as mãos; acho que o escutei murmurar alguma oração.
Agarrei a faca da capa. Fechando minha mão em volta do cabo, me coloquei ao lado de Carl. Sentia o coração acelerar. Os passos aproximavam-se cada vez mais, Gareth se aproximava cada vez mais.
━━━ Acho que sabem que estamos aqui ━━ diz Gareth, sua voz rebatendo entre as paredes. ━━━ E sabemos que estão aqui. E estamos armados. Então, não adianta se esconder. Estávamos vigiando vocês.
A voz dele me irritava, seu cinismo também. Eu sabia que Rick acabaria com ele e com aquele sorriso idiota em seu rosto, e, sinceramente, eu não via a hora daquilo acontecer.
━━━ Sabemos quem está aqui. Temos a Sasha, se é que já não acabaram com seu sofrimento, e Eugene, Rosita, Tyreese, Carl, Sophie e Judith. Rick e os outros saíram com boa parte de suas armas.
Engoli seco, apertei meu dedão ainda dolorido pela farpa. Meus lábios estavam secos, mas não arrisquei em fazer qualquer movimento para hidratá-lo.
━━━ Não sabemos onde estão, mas este lugar não é grande. Então, vamos parar com isto agora antes de ficar mais doloroso do que precisa ser.
Esforçava-me para fazer o mínimo de barulho possível, podendo escutar cada pequena frequência sonora que Gareth e os outros emitiam ao lado de fora. Seus movimentos foram calculados equivocadamente por mim; o som da maçaneta girando foi prematuro. Rosita sacou o rifle no mesmo momento.
━━━ Estão atrás de uma dessas duas portas e temos fogo suficiente para derrubar as duas. ━━ A voz de Gareth soava cansada, como se nos fizesse um grande favor em nos ameaçar.
Permanecemos quietos. Não movemos um único músculo. Eu sinceramente não sabia como estava conseguindo permanecer em pé, minhas pernas tremiam iguais às de uma galinha.
━━━ E o padre? ━━ questionou Gareth ao lado de fora. ━━━ Padre, se nos deixar ajudar a resolver isto, deixaremos que vá embora. ━━━ Sua voz soava abafada através da porta, mas ao mesmo tempo, tão alta. ━━━ Abra a porta e pode ir. Leve a neném junto. O que me diz?
Tive que espiar Gabriel por cima do ombro, apenas para descartar a hipótese de que ele, por algum motivo, fizesse o que Gareth mandava. Gabriel não moveu um músculo. Permaneceu abraçado aos próprios joelhos, sua testa brilhando com o suor, as mãos apertando o terço.
Boa, Gabriel! Pensei comigo mesma. Droga, Judith! Lamentei ao ouvir Judith chorar. Era o fim. Morreríamos ali mesmo. Não tinha para onde fugir.
Carl moveu-se para segurar a irmã. O impedi. Ele seria mais útil em proteger a porta do que eu. Guardei a faca de volta à capa e segurei Judith nos braços. Aninhei a pequena em meu colo, senti a suave respiração dela voar sobre a curvatura do meu pescoço. Meus dedos acariciaram o cabelo fino dela e, rapidamente, ela já não chorava mais.
━━━ É a última chance para dizer que vão sair ━━ insistiu Gareth.
Encarei Carl com Judy nos braços, os olhos dele procuravam refúgio nos meus. Nós estávamos conversando sem ao menos dizer uma palavra. Rick não havia chegado até o momento. Isso significaria que teríamos que lutar por nós mesmos?
Coloquei Judith de volta no berço. A bebê balbuciou, enquanto deixava os olhos fecharem aos poucos. Eu estava pronta para começar a luta de igual para igual. O som de algo desvencilhando-se no chão interveio na minha ação.
Eu conhecia aquele som. Eram corpos caindo. Aprendi da pior maneira, mas eu tinha certeza do que era.
━━━ Rick, vamos atirar na sacristia, então abaixe a arma… ━━ começou Gareth. Ele não teve tempo de iniciar mais um de seus discursos idiotas, o próprio berro interrompeu-o.
Consegui ouvi-lo resmungar do outro lado da porta. Grunhia. Sentia dor. Estava morrendo lentamente? Eu não sabia. Morria para saber o que acontecia do outro lado, mas teria que engolir a ansiedade. Tudo que conseguia ouvir eram alguns murmurinhos, nada mais. Isso era pior do que ouvir nada.
Eles gritaram. Ouvi o som de seus corpos sendo amassados, provavelmente pela base das armas, ou pelo poder dos próprios punhos. Estava acabado? Novamente, eu não sabia.
Tyreese enfiou-se em frente a mim e Carl, seu corpo alto e robusto interrompia nossa visão. O homem abriu a porta, apenas uma linha de luz iluminou a sala escura. O vi espiar pela pequena brecha e então, lentamente, o vi abrir a porta por completo.
Coloquei um pé para fora da sala. Então, o corpo inteiro. A parede ao meu lado estava coberta com sangue, respingos escorriam até o rodapé. O chão não era diferente. Os corpos sem vida estavam espalhados por toda a igreja. Gabriel estava atemorizado, seus olhos piscavam mais vezes do que o necessário, talvez estivesse verificando se tudo aquilo era real.
· · • • • ✤ • • • · ·
Eu jogava a mochila por cima dos ombros, sentando-me ao lado de Carl no primeiro degrau da escada. Ele segurava Judith nos braços, evitava me olhar. Não estava bravo, apenas melancólico.
━━━ Ei ━━ o chamei, tomando o chapéu dele para mim. Arrumei o acessório sobre a cabeça. ━━━ A gente vai se ver de novo. Eu prometo ━━ garanti.
━━━ Você não sabe disso ━━ resmungou, os olhos focalizados na bebê em seu colo.
━━━ Pare com isso, Carl. Só… olhe para mim ━━ pedi. As orbes azuis me encararam no mesmo segundo. ━━━ A gente vai se ver de novo. Eu garanto.
Carl abriu a boca e a fechou mais uma vez. Desistiu de dizer algo, como se estivesse engolindo o que estava prestes a confessar. Quis saber o que era. Caso ocorresse de ser a última vez que estivéssemos nos vendo, não poderia deixar que ele engolisse o que diria.
━━━ Pode falar ━━ disse. Minha mente imaginava todas as coisas possíveis que poderiam sair da boca dele.
━━━ Você é a minha melhor amiga, Grace. Eu cheguei a um ponto em que eu nem consigo imaginar minha vida sem você e, sinceramente, você nem teria olhado para mim antes da queda. Então, eu nunca agradeci tanto por ter vários idiotas fedorentos perambulando por aí.
Fiquei alguns segundos calada. Travei na mesma posição. De todas as possibilidades que imaginei, nenhuma incluía algo assim. Era tão sincero e… real. Eu não queria ir para Washington, mas eu precisava. Se eu pudesse, levava Carl para todos os lugares que eu fosse.
━━━ Eu nunca vou te deixar. Isso não é nem uma hipótese ━━ admiti. Aproximei meu rosto do dele, senti o calor das nossas testas entrando em contato.
Fechei os olhos, aproveitando aquela proximidade entre nós. Tive a sensação de que Carl também fechara os olhos. Senti a mão macia dele alcançando a minha.
━━━ Sophie, vamos ━━ ouvi a voz suave de Maggie chamando por mim. Desejei que não tivesse. Desejei poder ficar ali pelo resto da eternidade.
Passei um dos braços atrás dos ombros de Carl, sentindo a maciez de sua camisa. Descansei meu queixo na curvatura de seu pescoço, inalando o cheiro caloroso que sua pele pertencia. Eu o queria para sempre. Eu posso ir para onde quer que você vá? Essa era a pergunta que eu morria para perguntar em voz alta. Eu o amava. Ele sabia disso, embora eu nunca tivesse dito.
Acenei ao Carl até que não pudesse mais vê-lo. O vi tornar-se cada vez mais distante, até que invisível. Deixei as lágrimas molharem minhas bochechas conforme o ônibus se deslocava. Senti Maggie tocar minhas costas como um ato de consolo. Olhar para ela era doloroso, eu só conseguia enxergar Lily em suas feições.
· · • • • ✤ • • • · ·
Uma música antiga tocava no rádio do ônibus. Eu não a conhecia, mas era bom ouvir algo melodioso após tanto tempo. Era como se estivesse nos arrancando da realidade presente.
Tara tentava conversar comigo o tempo inteiro. Ela era como Lily. Eu admirava como, mesmo adulta, Tara ainda pertencia a uma personalidade infantil. Estar perto dela era reconfortante, ela me fazia esquecer sobre Carl.
━━━ Você me lembra uma amiga ━━ falei. Meus pés pisavam nas costas da poltrona à minha frente.
━━━ Quem? ━━ perguntou ela. De repente, parece que estava mais interessada do que nunca. Os olhos pulsavam em curiosidade.
━━━ Lily ━━ respondi, tentando não deixar a voz soar tão alta.
Temia que o nome dela causasse algo em Maggie. Nunca conversamos sobre, mas eu imaginava que não seria um bom tópico.
━━━ Ela era como um raio de sol. Acho que nunca vou conhecer alguém exatamente igual a ela ━━ comentei. Senti uma pontada de dor invadindo o peito.
━━━ Ela…
━━━ Não sei ━━ encolhi os ombros. ━━━ Depois da prisão, nunca mais nos vimos. Eu espero que ela esteja viva. Mesmo que eu não vá encontrá-la, eu espero que esteja viva.
Meus lábios se curvaram em um sorriso melancólico. As memórias compartilhadas com a ruiva tomavam conta da minha mente como um filme. Tudo que eu tinha eram as minhas memórias e eu não queria lembrar da Lily como a garota que desmaiou em meus braços ao ver o pai sendo executado.
Espiei a janela ao meu lado. Um grupo de fedorentos fazia sua "caminhada matinal" pela estrada. Abraham desviou o veículo deles como se nem estivessem ali.
O ônibus inteiro tremeu. Senti a pressão das minhas pernas contra a poltrona em que eu as apoiava. Todos os músculos das minhas panturrilhas entraram em estado de choque. Doía como o inferno. Uma fumaça marcava o caminho que o ônibus seguia.
Senti meu corpo pular da poltrona, minha cabeça tocando o teto do ônibus. No momento em que estava de volta a poltrona, o veículo estava de cabeça para baixo. Eu estava com o peso do corpo jogado sobre Tara e não conseguia me mover. Observei minha visão escurecer até que não enxergava mais nada.
Me forcei a abrir os olhos. A sensação de perceber que estava desmaiando era desesperadora. Via o borrão de um zumbi arranhando as unhas na janela logo ao meu lado, seus dentes arranhavam no vidro. As vozes de todos soavam distantes a mim.
━━━ Sophie, você está bem? ━━ ouvi Glenn perguntar, sua voz distante como um eco.
━━━ Estou ━━ afirmei.
Eu tossia, lutando para apoiar o peso do corpo em qualquer coisa que encontrasse ao meu alcance. Minha visão deixava os borrões aos poucos. Ainda assim, a imagem dos zumbis ainda me era recorrente. Toquei a testa, sentindo meus dedos molharem. Mesmo com a visão embaçada, vi o líquido vermelho colorir meus dedos pálidos.
━━━ O resto de vocês está bem? ━━ perguntou Maggie, a voz estava fraca, fazendo esforço para manter-se forte.
━━━ Sim ━━ responderam.
Ergui o corpo. Notei que o único zumbi na minha janela não era o problema, já que mais de doze zumbis jogavam-se contra o para-brisa. As mãos tocavam o vidro, seus rostos amassavam nas portas.
━━━ O motor pegou fogo. Temos de sair daqui ━━ falou Tara. Pude notar o desespero em sua voz.
Coloquei-me em pé, aproveitando para estender minha mão a Tara. A mulher agarrou meu braço, esforçando-se para equilibrar-se sobre os dois pés.
━━━ Nós dois saímos primeiro. Vamos derrubá-los. Abrimos caminho para Maggie e Rosita saírem, depois todos atacamos ━━ explicou Glenn, sua voz saía ofegante.
━━━ Isso ━━ concordou Abraham. O cabelo ruivo estava coberto com poeira. ━━━ Tara, cubra o Eugene.
━━━ Certo ━━ concordou, endireitando a postura.
Abraham correu até o fim do ônibus. Segurando em dois ferros acima de si, o homem apoiou o peso do corpo ali, surrando as próprias pernas contra a porta. A grande porta de metal desvencilhou para o lado de fora, e Abraham atirou-se junto dela.
Glenn pulou pelo espaço, seu rifle estava firme nas mãos. Rosita e Maggie foram logo depois. Então, me atirei para fora também.
Alcancei a faca no meu coldre, segurando o cabo com a maior força que conseguia buscar naquele momento. Joguei o corpo de um zumbi contra o metal gelado do ônibus, enfiando minha faca por baixo de seu queixo. Vi a ponta da arma atravessar a carne, tornando-se presente na boca do fedorento.
Quando todos os zumbis estavam mortos, espalhados pelo chão, sem vida, eu estava com a camisa coberta com sangue. Eu estava cheirando como eles. Era péssimo.
━━━ Vou ver o que tem no kit de primeiros socorros do ônibus ━━ anunciou Maggie, suspiros exaustos deixavam a boca.
No momento em que a Greene virou-se para adentrar o ônibus, chamas alaranjadas tomam conta do veículo. Nossas mochilas, suprimentos, tudo estava sendo queimado ali dentro. Não pude deixar de soltar um suspiro frustrado. Eu sentia o cheiro do incêndio penetrar no meu cabelo e nas minhas roupas, consequentemente tomando conta das minhas narinas.
━━━ Não vamos parar. Vamos continuar ━━ anunciou Abraham, uma das mãos alcançava a mochila no chão. ━━━ Achamos outro veículo na estrada. A missão não mudou.
━━━ Vou ser o advogado do diabo. Fomos forçados a parar ━━ interveio Eugene. Sua voz esquisita e esganiçada me incomodavam. ━━━ Ficamos muito tempo tirando coisas da estrada. A igreja fica a 24 km…
━━━ Não ━━ interrompeu Abraham. ━━━ Não paramos. Não voltamos. Estamos em guerra, retirar é perder! A estrada nos ataca, o plano vai por água abaixo, sabem disso.
As chamas vermelhas e calorosas cresciam atrás de Abraham. O tom do fogo mesclava com o tom do cabelo do ruivo. A fumaça crescia cinza e o cheiro crescia desagradável.
━━━ Vamos cumprir a missão por ser nosso dever! ━━ continuou Abraham. ━━━ Toda direção é uma pergunta. Nós não vamos voltar!
Passamos a noite em uma biblioteca. Ajudei Maggie a colar alguns tecidos nas janelas e ajudar a ferver a água que Tara havia encontrado. A noite estava silenciosa. Às vezes nos assustamos com alguns fedorentos batendo na janela por acaso, mas nada passou disso.
Na manhã seguinte, não paramos o ritmo. Alcançamos um caminhão de bombeiro que estava a alguns metros da biblioteca. Seria a melhor opção, além do veículo ter mais de dois mil litros de água.
O caminho para a cidade estava infestado. Estou falando de mais de dois mil zumbis espalhados por todo o lugar. Não teríamos chances contra eles. Nenhuma. Abraham estava frustrado, deprimido. Agarrou Eugene pelo braço, pronto para levá-lo consigo e passar por todos aqueles fedorentos.
Todos pularam para perto dos dois. Tentavam puxar Eugene de Abraham, mas o ruivo não permitia. Rosita caiu no chão ao tentar. Não importava o que fizéssemos, não conseguiríamos tirar Eugene do aperto de Abraham.
━━━ Eu não sou cientista! Eu não sou cientista! ━━ berrou Eugene, sendo puxado dos dois lados.
Abraham o largou na mesma hora. Os olhares furiosos estavam todos sobre Eugene. Eu estava certa. Desconfiei dele desde o momento em que disse que saberia a cura. Idiota de cabelo esquisito!
━━━ Eu menti ━━ confessou. Eugene encolhia o corpo. ━━━ Eu não sou cientista. Não sei como parar esta coisa. Não sou cientista.
Permanecemos alguns segundos encarando Eugene. Todos pareciam surpresos, desnorteados, exceto por mim. Nunca confiei naquele homem, mas, aparentemente, eu era a única que pensava daquela maneira.
━━━ Você é cientista, vi as coisas de que é capaz ━━ insistiu Rosita. Ela tentava convencer a si mesma daquilo. Não queria acreditar.
━━━ Eu só sei das coisas.
━━━ Só sabe das coisas? ━━ perguntou Glenn, uma pontada de fúria em sua voz.
━━━ Sou mais inteligente que a maioria. Sou um bom mentiroso e sabia que tinha de ir a Washington.
Suspirei com exaustão. O ar ofegante deixava minha boca com força, mesmo que eu me esforçasse para respirar normalmente.
━━━ Por quê? ━━ perguntei.
━━━ Porque lá existe a maior chance de sobrevivência, e eu queria sobreviver. Se eu enganasse pessoas a me levar lá, concluí que também lhes faria um favor. Pensando na situação perigosa de Houston e no estado de tudo.
Eugene era um grande mentiroso e agora todos sabiam. E eu tinha a certeza.
000) Oiê! Espero que tenham gostado desse capítulo.
001) Eu adoro fazer vocês acharem que os Carphie vão se beijar KKKKKKKKKKK
002) Interajam nos comentários, isso motiva demais.
003) Lembrem de deixar seus votos, isso é muito importante.
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005) Obrigada por estar lendo até aqui ♡
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