𝖢𝖧𝖠𝖯𝖳𝖤𝖱 𝖥𝖮𝖴𝖱 𓂃˙♡
┋ 𝖢𝖧𝖠𝖯𝖳𝖤𝖱 𝖥𝖮𝖴𝖱 ━━ Cervo
𝗦𝗢𝗣𝗛𝗜𝗔 𝗡𝗔̃𝗢 estava de volta. E o sentimento de desespero no peito de Carol só se avivou. O grupo sairia em busca da garota novamente — exceto por T-Dog e Dale que permaneceram na rodovia, trabalhando no conserto do trailer.
Caminhando pelo mato, eu andava ao lado de Carl. Segurava uma garrafa d'água em uma das mãos enquanto me arrependia de não ter ficado com Dale e T-Dog na rodovia. Eu nunca tive que andar tanto, não estava acostumada. Minha respiração ofegante deixava aquilo claro para todos. Meu cabelo insistia em cair no rosto, mas não me importava.
Em um segundo estava olhando para cima, emersa nas árvores; em outro, estava agachada com o restante do grupo, mantendo o olhar fixo em algo que eu não conseguia enxergar. Espiei por cima das cabeças em minha frente, tentando ver o que estava causando tamanha discrição. Tratava-se de uma cabana. Uma cabana amarela no meio do mato.
━━━ Ela pode estar ali. ━━ ouvi Shane pressupor.
━━━ Pode ter muitas coisas ali ━━ completou Daryl, iniciando passos curtos e lentos em direção a tenda. Shane e Rick o seguiram.
Rick chamou Carol em um sussurro. A mulher não pensou duas vezes antes de correr ao encontro do homem. Nós nos aproximamos devagarinho, apreensivos.
Notei Rick dizer algo a Peletier, mas não pude compreender muito bem por estarem cochichando.
━━━ Sophia, querida, você está aí? ━━ falou Carol, mantendo um tom doce em sua voz ━━━ Sophia, é a mamãe. Sophia? Estamos todos aqui, amor. É a mamãe.
Não recebemos resposta alguma além do silêncio da mata. A mata estaria em completo silêncio se não fosse por uma cigarra que cantava fortemente em algum lugar dali. Ela estava cantando com tanta força que comecei a refletir sobre a "regra" da cigarra. Me perguntei se ela cantava quando estava prestes a chover ou o contrário.
Daryl adentrou a cabana e pudemos ouvir as tosses dele, Rick e Shane. Carol aguardava aflita por um retorno de Daryl. Ela encarava a cabana, tentando manter a esperança; desejava ter a visão que Dixon estava tendo.
━━━ Daryl? ━━ ela o chamou, mas não obteve resposta. Eu conseguia sentir a esperança indo embora dela.
Em um ato independente, alcancei a mão de Carol. A segurei com as duas mãos como uma demonstração de apoio a ela. A mulher passou um dos braços por trás dos meus ombros, me aproximando dela. Minhas mãos, que já não mais seguravam a dela, se entrelaçaram na circunferência do quadril da Peletier. Carol me aconchegou na lateral do corpo dela, acariciando meu ombro com leveza.
━━━ Daryl? ━━ ela o chamou mais uma vez.
Saindo de dentro da cabana, Dixon arrumava sua camisa. A expressão facial em seu rosto não expressava frustração ou alegria. Estava neutra — assim como todas as vezes que já o havia visto.
━━━ Não era ela. ━━ afirmou, jogando a besta por cima do ombro.
Ouvi o movimento da boca de Andrea se abrindo para dizer algo, mas tudo que poderia ter sido dito foi engolido por ela quando o som de um sino — que parecia vir de uma igreja — foi ouvido por todos.
Rick não avaliou a situação por um segundo antes de correr em direção ao som, fazendo todos seguirem o ritmo também.
Nunca tive que correr tanto na minha vida, e odiava aquilo. O ar úmido e gelado do mato entrava pela minha garganta, secando. A sensação era péssima. Parecia que estava doendo. Quase caí durante o percurso, pois Carl não sabia dosar a velocidade de seus passos e acabava me empurrando sem querer. E isso aconteceu muitas vezes. Mais do que eu esperava que acontecesse.
Estando à margem do mato, conseguimos ter uma visão ampla de uma igreja. Mas o sino não poderia vir daquela — se é que havia outra — igreja, já que não havia campanário algum. Rick não pareceu se importar com o que via com os próprios olhos. Mais uma vez, Rick iniciou uma corrida, motivando todos a correrem atrás dele. Tinha a impressão que o Sol estava me fritando viva.
Dentro da igreja, Rick, Daryl e Shane executaram os únicos zumbis presentes ali. Não havia sinais de que Sophia teria colocado pelo menos um dedo naquele lugar. Rick deixou um berro escapar por sua boca, chamando pela garota. Estava frustrado. Era evidente que se culpava pelo sumiço dela. Carol o culpava também. Era óbvio pela forma que ela o olhava.
━━━ Estou te falando, Rick. É a igreja errada. Não tem campanário. Não tem campanário, Rick ━━ insistiu Shane, tocando no braço de seu amigo.
Odiava admitir, mas eu concordava com Shane. Não havia campanário algum. Mas ainda assim mantinha um pé atrás, deixando a pergunta "Então, de onde veio o sino?" consumir minha mente. Bem, era difícil encontrar a origem do maldito sino quando ele já não estava mais tocando.
Para minha surpresa — e para a surpresa de todos —, o sino começou a tocar novamente. Daryl foi o primeiro a atravessar a porta da igreja, correndo para fora como um furacão. Ele atravessou tão rápido que demorei um pouco para assimilar.
O sino tratava-se de um temporizador. Shane estava enganado, era dali que o som vinha. Mas não importava quem estava certo ou errado. Sophia não estava ali e era aquilo que importava.
━━━ Era um temporizador ━━ afirmou Daryl, ofegante ━━━ Estava programado.
━━━ Vou voltar lá dentro um pouco. ━━ Carol anunciou, pousando seu olhar sobre Rick como se estivesse pedindo permissão.
Peletier abaixou sua cabeça, se esforçando para conter as lágrimas, deixando-nos para trás. Queria confortá-la de alguma maneira, mas não sabia como. Deixei-a partir.
Me permiti descansar um pouco, escorando as costas no tronco de uma árvore. Larguei minhas pernas sobre o chão. Sentia a exaustão pesar minha cabeça. Carl copiou, involuntariamente, a minha posição, acomodando-se ao meu lado. Eu fazia esforço para manter meus olhos abertos, mas ficava cada vez mais difícil.
Shane e Rick conversavam afastados do restante do grupo. Tentava entender o que diziam através de leitura labial. Tudo que consegui entender foi algo como "Não podemos desistir" ou "Vão pensar em desistir". Não consegui compreender muito bem e culpava a exaustão.
Aproximando-se de nós, Shane coçava a parte de trás de sua cabeça. Antes de iniciar sua frase, pigarreou. Notei que fazia aquilo constantemente.
━━━ Voltem pela margem, está bem? ━━ orientou, aproximando-se cada vez mais de nós ━━━ Daryl, você fica no comando. Eu e Rick continuamos procurando por aqui por mais uma hora, só pra garantir.
━━━ Vai nos dividir? ━━ Daryl questionou com um tom crítico em sua voz ━━━ Certeza?
━━━ Sim. Alcançamos vocês depois ━━ confirmou, passando o rifle de uma mão para a outra.
━━━ Também quero ficar. ━━ Carl levantou-se rapidamente. Sua cabeça virou para o lado, me olhando por cima do ombro. ━━━ Nós também queremos ficar.
Minhas sobrancelhas se fecharam com rapidez enquanto olhei de soslaio para o restante do grupo, procurando por "refúgio".
━━━ Somos amigos dela. ━━ continuou.
Rick e Shane se entreolharam, mas permaneceram quietos. Parecia que estavam apenas esperando Lori negar, para que não tivessem que fazer aquilo — mesmo que desejassem impedi-lo de ir —. Lori percebeu aquilo.
━━━ Tomem cuidado, 'tá bem? ━━ falou a mulher, tocando o ombro de Carl. O garoto balançou sua cabeça em concordância.
━━━ Nós vamos tomar. Não vamos, Grace?
━━━ Uhum. ━━ murmurei, erguendo-me novamente. Passei as mãos na parte de trás da calça para limpar os resquícios de grama nela.
Senti uma mão delicada tocar o meu ombro, fazendo-me virar para ver quem era. Com uma expressão apreensiva, Carol passou a segurar meu rosto com as duas mãos.
━━━ Vai ficar bem, querida? ━━ questionou, acariciando minha bochecha com o polegar macio.
━━━ Vou, sim. ━━ respondi, forçando-me a assumir um sorriso no rosto. Não importava se era pequeno.
━━━ Só… tome cuidado ━━ pediu, afastando uma mecha loira do meu rosto ━━━ Fique perto de Shane. Não sei se confio em Rick para a sua segurança. ━━ ela falou com a voz mais baixa, fazendo com que apenas eu escutasse.
Assenti com um movimento de cabeça, concordando com o pedido dela. Tinha a impressão que Carol estava descontando a saudade de Sophia em mim. Não me incomodava — afinal, eu meio que estava fazendo o mesmo com ela. Só que com a saudade da minha mãe.
Antes de se juntar ao restante do grupo, Carol depositou um beijo no topo da minha cabeça. A vi olhar para trás três vezes — pelo que notei —, conforme se afastava, preocupada com a minha ida.
· · • • • ✤ • • • · ·
Seguimos a busca pela mata. Queria esganar o Carl por ter me colocado naquilo. Naquele momento eu poderia estar deitada na cama do trailer de Dale, descansando as pernas após correr tanto em um dia só. Mas não, estava dando uma de Indiana Jones, procurando por Sophia.
━━━ Por que me colocou nisso? ━━ perguntei de uma vez, sem interromper meus passos. Foi o recorde de sílabas que eu havia dito nos últimos dias.
━━━ O quê? ━━ Carl virou seu rosto para mim por um segundo, mas voltou a atenção à frente novamente.
━━━ Na busca. Por que quis que eu viesse? ━━ joguei uma mecha de cabelo para trás da orelha.
━━━ Achei que seria uma boa distração. Sabe… do seu pai.
━━━ Eu não preciso de distração alguma, muito menos de uma babá. Me deixe em paz, Carl. ━━ não sabia de onde aquilo tinha vindo, apenas disse.
Não conseguia ver a expressão dele, já que me afastei, mas conseguia imaginar que estava surpreso. Eu admito que estava diferente desde que tudo aconteceu no CCD. Mas era plausível, certo? Eu estava de luto.
Puxava as alças da minha mochila, procurando descontar minha raiva nelas. Sentia que o meu limite estava chegando. Sabia que iria acabar explodindo algum dia por guardar tantas coisas para mim mesma. Me sentia como o ar excessivo dentro de uma bexiga: prestes a estourar.
Rick parou seu andar bruscamente, fazendo um sinal para que parássemos também. Ele permaneceu imóvel, concentrando-se para identificar de onde o som — que havia escutado — vinha. Apontando para a esquerda, nós quatro começamos a andar lentamente ao encontro do som. Rick segurava a pistola com as duas mãos, em posição de defesa. Estava alerta.
Eu sentia meu coração acelerar, pulando algumas batidas. Podia jurar que todos estavam ouvindo a força com que ele rebatia no meu peito. Temia que o causador do som fosse um fedorento. Eu morria de medo deles. Não era do tipo que saía para luta, era do tipo que montava os planos. Percebi Rick deixar a postura tensa de lado, o que me motivou a soltar o ar — que nem sabia que tinha prendido — pela boca, relaxando meus ombros recolhidos.
Cerrei as sobrancelhas, esforçando-me para enxergar o que era, e formei um sorriso genuinamente admirado nos lábios. Estávamos diante de um cervo. Mas um cervo real, não aqueles que costumávamos ver no Animal Planet. Era um cervo de verdade e estava na nossa frente. Vi Carl passar por mim com o mesmo sorriso que eu. Ele estava tão encantado quanto. O garoto olhou para trás, como se estivesse pedindo permissão para ir, e Rick sorriu em resposta.
━━━ Posso ir também? ━━ perguntei em um sussurro, olhando para Rick. O homem apenas assentiu com um movimento de cabeça, concordando.
Larguei minha mochila no chão, que logo foi apanhada por Shane, dando passos largos e lentos para alcançar Carl. Observava o animal na nossa frente como se fosse uma jóia rara. Sua pelagem tinha um tom amendoado; haviam pequenas manchinhas brancas nas costas dele e a barriga tinha a mesma tonalidade dessas manchinhas. Seus olhos eram redondos e escuros, pareciam ter sido desenhados a mão. Eu e Carl estávamos completamente hipnotizados pela elegância do animal. Estávamos em uma espécie de transe. O transe foi rapidamente destruído quando escutei um estrondo enquanto via o cervo despencar no chão, sem vida.
Me virei para olhar Carl e assustei-me ao ver que ele já não estava mais lá. A minha busca por ele não demorou mais de um segundo, pois o garoto estava caído no chão, desacordado.
━━━ Carl? ━━ falei com a voz trêmula, levando meu olhar para Shane e Rick.
━━━ Não! ━━ Rick exclamou, apressando-se ao encontro de seu filho.
━━━ Ele morreu? ━━ perguntei, assustada ━━━ Ele 'tá vivo? Por favor, não esteja morto.
· · • • • ✤ • • • · ·
Minhas esperanças de não ter mais que correr naquele dia foram embora. Mas, sinceramente, aquela era a última coisa que passava na minha cabeça. Eu corria a alguns metros atrás de Rick, o vendo segurar Carl nos braços. O sangue do ferimento do garoto sujava toda a camisa de seu pai.
Corríamos, passando por cima de um campo de gramas altas. Senti algumas delas me cortando devido à velocidade que passei por elas. Mas, novamente, aquela era a última coisa que passava pela minha cabeça.
Atrás de mim, Shane e Otis — homem responsável por atirar em Carl — corriam. Shane o xingava inúmeras vezes, ordenando que andasse mais rápido.
━━━ Quanto falta? ━━ clamou Rick, parando de correr. Aproveitou a pausa para arrumar Carl nos braços.
━━━ Mais uns 800 metros! O Hershel. Fala com o Hershel! ━━ exclamou Otis, apoiando o peso do corpo nos joelhos, ofegante. ━━━ Ele vai ajudar seu filho!
Rick não perdeu mais nem um segundo sequer, voltando ao ritmo de corrida. Notei que Shane não havia voltado a correr e me impedi de correr atrás de Rick.
━━━ O que está fazendo? Vamos!
━━━ Eu tenho que levar esse cara comigo! ━━ falou Shane, tentando puxar Otis, exausto.
━━━ Dane-se! ━━ vociferei, voltando a correr.
Sentia uma gota de suor descendo pela testa e rapidamente se secando devido ao vento que batia no meu rosto. Assisti Rick entrar dentro da casa — que eu imaginava ser de Hershel —, enquanto um grupo de pessoas o levava para dentro. Só consegui alcançar a casa quando todos já haviam entrado, exceto por uma menina ruiva que aparentava ser um pouco mais velha que eu.
━━━ Cadê ele? Para onde o levaram? ━━ clamei, dirigindo-me a porta.
━━━ Ei, calma! ━━ exclamou ela, colocando-se em frente a porta, me impedindo de entrar na casa ━━━ Ele 'tá lá em cima, mas eu não posso te levar até lá. Entre. ━━ ela abriu a porta da casa, e eu me atirei para dentro da moradia.
━━━ Venha comigo. ━━ segurando em meu pulso, a ruiva me puxou consigo. Atravessamos a sala de estar, entrando na cozinha.
A casa cheirava a madeira. Minha associação foi confirmada quando vi que todos os móveis eram amadeirados.
━━━ Senta. ━━ ela puxou uma cadeira — de madeira, para variar —, e eu me sentei. Afundei-me nela.
Minhas mãos cobriram meu rosto, tentando assimilar tudo que havia ocorrido. Sentia as mãos trêmulas e os fios de cabelo suados na minha nuca. Queria tirar meu casaco, mas não podia. Não podia deixar meu segredo exposto para uma estranha. Apenas Rick sabia — bem, eu suponho que sabia — do meu segredo.
━━━ Aqui, pega. ━━ ouvi a voz mansa dela ecoar pela cozinha e retirei as mãos do rosto.
Um copo grande de água estava sendo estendido para mim por ela. Não exitei em pegá-lo — afinal, a palavra que me descrevia naquele momento, depois de "desespero", era "sede" —, bebi a água rapidamente. Senti o caminho que a água fez dentro de mim até se acomodar no estômago. Fui acalmando-me ao sentir a "lucidez" voltando ao meu corpo aos poucos. Meus lábios já não estavam mais secos.
━━━ Se sente melhor? ━━ indagou a ruiva, escaneando meu rosto avermelhado e suado. Ela puxou uma cadeira para sentar em frente à mim.
Balancei a cabeça em concordância, posicionando o copo vazio sobre a mesa de jantar ao meu lado. Um suspiro pesado saiu pelo meu nariz.
━━━ Não se preocupe. Seu amigo está em boas mãos. ━━ ela sorriu, gentilmente. ━━━ como se chama?
━━━ Sophie Grace. ━━ respondi com a voz apertada. Parando para observar os olhos esverdeados da garota.
━━━ Sou a Lily. Lily Greene.
000) Oiê! Espero que tenham gostado desse capítulo.
001) A Lily chegou, gente!!!
002) Interajam nos comentários, isso motiva demais.
003) Lembrem de deixar seus votos, isso é muito importante.
004) Me sigam no tiktok. Posto edits sobre minhas histórias por lá. User: walkthdead AVISO! PODE CONTER SPOILERS!
005) Obrigada por estar lendo até aqui ♡.
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