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4-Erro

Tito estava indignado em relação à ousadia arrogante das titãs. Eram superiores só por ter poderes? Isto não valia nada, não quando eram podres por dentro literalmente.

Folgadas. Xingava ele em sua mente enquanto andava batendo o pé feito uma criança pirracenta pelo salão.

Balançando tanto o corpo enquanto andava que seus pensamentos ficavam confusos dentro da caixa craniana.

— Ei! Mortal. — Ouviu a voz conhecida o chamar e não se virou, continuou seguindo sem rumo pelos corredores que não mudavam exceto pela intensidade da iluminação.

Puft.

Foi atingido em cheio nas costas e caiu duro sobre o piso dourado.

A guerreira gargalhou alto se divertindo com a queda do humano besta que fora pego desprevenido.

— Desculpa, escapou. — Debochou de Tito mantendo a expressão cínica no rosto bronzeado.

Tito se levantou devagar ainda zonzo e com os sentidos afetados por tal golpe, logo notou uma machadinha caída que fora do seu lado no chão.

Furioso ele se levantou e perdeu toda a sanidade que tinha naquele momento.

— DESGRAÇADA. — Seu grito estremeceria o palácio se não fosse humano, foi à plenos pulmões.

Iduna ficou estática ao receber tal xingamento — não era possível que aquele homem fraco e desprovido de peso tinha lhe ofendido desta forma sabendo das prováveis consequências.

O peito dele subia e descia feito um tambor.

— Ficou louco? — A titã perguntou incrédula.

Tito avançou alguns passos para cima dela e Iduna se manteve parada.

— É ISTO MESMO QUE OUVIU. — Repetiu devagar para que Iduna entendesse com todas as letras.

A guerreira não mudou a expressão rígida do rosto — num gesto simples Iduna cravou as pontas das unhas na própria palma esquerda. Tito sentiu sua garganta se fechar imediatamente e o ar ir se dissipando como se uma corda tivesse sido amarrada em seu pescoço fino — Ela se deliciava com tal visão, do mortal sendo asfixiado por seu poder. Sem um pingo de piedade ou compreensão.

— SOLTE ELE IDUNA. — Aquela voz potente fez o corredor vibrar de tal modo que os lustres estremecerem.

Iduna contraiu os lábios e soltou um grunhido de pirraça, não querendo soltar o humano e findar sua diversão.

— Iduna. — Repetiu firme a voz agora seria, mas serena. Tito estava sufocando e seus lábios já ficando numa coloração roxa, quando a criatura abriu a mão cedendo à ordem de Amenad.

Tito puxou o ar agoniado — desesperado por preencher os pulmões, colocando as mãos finas no próprio pescoço na intenção de amenizar a dor sufocante.

— Ele me ofendeu. — Iduna justificou como se isto fosse razão suficiente para quase matar o coitado e ainda tortura-lo sabendo da sua condição frágil comparada as dela.

Amenade se aproximou calmamente e lançou um olhar feroz à Iduna, passando pela mesma e ajudando Tito a se recuperar.

— Você está bem? — Perguntou gentilmente passando a mão sob as costas dele com delicadeza porquê qualquer movimento brusco demais poderia quebrar ou deslocar um osso dele.

— Tire. Suas. Mãos. De. Mim. — Ponderou afiado enquanto esfregava lentamente o pescoço. Amenade apenas fez o que ele ordenou e ficou sem jeito, só queria ajudar.

Desviando o olhar aos próprios pés descalços ela se afastou do mortal.

Iduna mais a frente revirou os olhos e mais uma vez soltou um: "humano imbecil".

— Como já está anoitecendo, mandei que preparassem quarto para você, amanhã até de tarde poderá voltar para casa. — Tito tossia insistentemente ainda fervendo em ódio, mas prestou atenção em tais palavras.

— Não vou passar a noite aqui. — Ousou dizer, já não se importava mais se qualquer palavra podia colocá-lo na linha de fogo.

— Patético, simplesmente patético acreditar que pode cruzar a fortaleza, sozinho e ainda por cima de noite. — Iduna ponderou ácida, era óbvio que o achava estupidamente fraco e incapaz de fazer até coisas básicas para os mortais.

— Por favor Iduna, não comece. — Pediu Amenade sem dar corda à guerreira.

Tito odiou a ideia de passar uma noite inteira naquele palácio quando seu pai estava sem saber, notícias dele e provavelmente passando raiva com seus irmãos vadios... Ou poderia estar morto e só descobriria quando voltasse.

A tensão das paredes fez sua espinha gelar.

— Se fossemos te machucar... — Amenade tentou argumentar, porém, se lembrou do que a amiga fizera segundos antes ao indefeso Tito.

— Amanhã temos treinamento, não podemos deixá-lo aqui... Elas não vão gostar. — Iduna tomou cuidado ao pronunciar o pronome como se fosse arriscado dizer perto dele.

Lançou um olhar desconfiado e indiferente ao humano.

— Podemos levar ele conosco. — A doçura gentil da voz da titã era estranha para ele.

Iduna deu risada, como se tivesse acabou de ouvir uma piada hilária.

— Está brincando né? Ele não pesa nem o suficiente para poder sustentar o corpo para correr... Acredita mesmo que pode ser útil? — Seu desdém subestimando o jovem irritado ao lado de Amenade, não dissipou a expressão séria da titã. Não achou um pingo de graça no deboche da amiga.

— Acredito que saiba usar um arco e flecha não é? — Dirigiu o olhar a Tito esperando resposta. Tito não sabia, nem nunca tinha pegado em tal arma... Cogitou dizer a verdade — porém a pressão dos olhares coloridos das duas lhe fizeram sentir incomodo e vergonha.

Amenade parecia querer que ele respondesse à resposta que esperava. Sim.

— S-sim. — Gaguejou tentando parecer o mais convincente possível. Nad suspirou menos tensa quando ouviu a resposta e Iduna ficou desapontada — qualquer oportunidade de tirar sarro ou humilhar Tito era sua diversão momentânea.

"Elas"... Quem seriam elas?

— Isto é ridícula Nad, sabe o que vai acontecer quando este tonto pisar nos campos. — Iduna continuava se opondo e achando tal sugestão estupidamente errada. As palavras surraram a mente dele feito a machadinha que lhe atingiu — que por acaso sumiu misteriosamente do chão.

— Eu garanto que as coisas fiquem tranquilas. — Nad lhe devolveu ainda parecendo duvidar das próprias palavras.

Iduna desviou o olhar para a janela iluminada por raios lunares agora. Inexpressiva e distante.

— Venha Tito, vou levá-lo para seu quarto. — Nad disse desanimada e começou a ir rumo a um corredor na direção oposta.

Tito só conseguia pensar no que lhe aguardava dia seguinte — quem eram as mulheres citadas e o porquê não disse a verdade quando Nad perguntou... Os campos, como eram os campos? Por quê iria acontecer se pisasse neles? Iduna poderia estar apenas querendo assusta-lo... ou não.

Se deixou levar fascinado pela beleza dela, a graciosidade com que suas pernas longas se mexiam e seus cabelos totalmente brancos balançando beijando as coxas grossas exposta no quiton. Não percebeu quando já estava no quarto que lhe foi oferecido.

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Pedirei humildemente para não fazer comparações à outros autores.

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