💍-𝗖𝗔𝗣𝗜́𝗧𝗨𝗟𝗢 (🧁𝟬𝟯)
𝖠𝖭𝖠 𝖢𝖮𝖱𝖭𝖤𝖫𝖫
Eu não acredito que isso está acontecendo de novo... Já faz anos que essas lembranças não aparecem em meus sonhos, e mesmo com os olhos fechados, posso sentir que estou suando e me rebatendo contra a minha própria cama.
― Ana! ― alguém me sacudia. ― Ana acorde! Você está tendo um pesadelo...
Ainda com os olhos fechados percebi que não se tratava de um pesadelo, e sim de lembranças do meu passado.
― O que aconteceu? ― respondi, abrindo os meus olhos de imediato. ― Duda?
― Você estava tendo um pesadelo e por isso eu resolvi te acordar.
― Ah. ― cocei os meus olhos. ― Obrigada.
― Quer conversar sobre o assunto? ― Eduarda sentou-se na cama. ― Ana?
― É...
Por que estou sonhando com isso de novo? Fazia um bom tempo que não tinha essas emoções e não sonhava com certas pessoas do meu passado.
― Ana, você está bem?
Eu podia fechar os meus olhos e rever toda a cena. Todos os meus colegas do ensino fundamental esperando a garota de óculos retrô, que era humilhada ao entrar no refeitório e virava uma chacota para todo mundo. Ela mal entrava e os colegas já começavam com xingamentos e empurrões na porta do refeitório. Aquela garota... Nunca entendi porque todos os dias, sua vida era um inferno, mesmo sendo uma garota inteligente, de notas excelentes. A garota era pequena e de uma família rica, mas pelo fato de ser adotada não era aceita naquela comunidade.
Eu nunca entendi o porquê daquilo, assim como o fato de me lembrar de um...
― Duda, deixa para lá. ― eu sorri para ela. ― Hoje não é o dia das entregas?
― É sim. ― ela me olhou pensativa. ― Mas hoje a Leyla ficou encarregada disso.
― Que bom! ― me levantei da cama, animada. ― Tenho muita coisa para fazer hoje... Meus docinhos!
― Ana, você tá bem mesmo?
― Claro que sim.
Eu só não podia deixar com que o passado me deixasse triste outra vez. Principalmente, não posso perder meu tempo pensando naquele cretino que brincou com os meus sentimentos.
― Eu estou ótima! ― completei.
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Se tem uma coisa que eu amo; é fazer os meus docinhos de morango e eles precisam ser feitos com calma e muito amor. Fazer o que você gosta é tão satisfatório assim como esperar a barra de chocolate derreter no microondas.
― Será que se eu cortar os morangos pequenos vai ficar melhor? ― digo encarando a bandeja. ― Eu tenho certeza!
Corto delicadamente os morangos esquecendo totalmente dos meus problemas. Não sei porquê mas me perco em meus próprios pensamentos lembrando daquele moço do terno azul.
"Será que vou encontrá-lo de novo?"
― Ana? ― Eduarda me surpreendeu entrando na pequena cozinha. ― O que está fazendo? O cheiro tá bom.
― São os meus docinhos favoritos. ― dei um sorriso para ela. ― Tem que ficar bom.
― Isso quer dizer que você está melhor?
― Bem melhor. ― digo voltando a cortar os morangos. ― Você quer provar alguns? Eu já finalizei...
― Mas é claro! ― ela se aproximou da mesa, animadamente. ― Vai vender na rua? Hum...
― Não especificamente.
― Então, por que tantos?
― Hum... Estou pensando em ir na cafeteria da Moon outra vez.
― Eu não acredito nisso, Ana.
― Ah, eu só quero me encontrar com meu namorado falso. ― debochei. ― Simples.
― O quê? Ana, eu não acredito nisso! Por que você quer se encontrar com aquele cretino de novo, hein?
― Cretino?
― Sim! Aquele cretino disse que não queria te ver nunca mais. ― ela balançou a cabeça, negativamente. ― Ana, por que você quer vê-lo outra vez? Isso não tem lógica.
― Eu só quero agradecê-lo. ― voltei a preparar os meus docinhos. ― Já se passaram três dias e a minha mãe não me ligou... Tenho a impressão que ela vai me deixar em paz até que enfim.
― Sei.
― E por isso eu queria dar uma caixinha bem fofinha e cheia de doces para ele.
― Ai meu Deus! ― ela tapou a boca, surpresa.
― O quê foi?
― Você tá babando. ― ela sorriu. ― Você está falando tão carinhosamente que tá parecendo que está apaixonada por ele.
― O quê? ― balancei a cabeça negativamente. ― Isso não tem lógica.
― Ana. ― ela riu. ― Você acha mesmo que ele aceitaria? Do jeito que você nos descreveu, parece que ele é alguém muito importante e com status elevados para receber uma simples caixinha de doce...
― Eu tenho certeza que ele aceitaria. ― a interrompi. ― Mesmo falando tão pouco, ele parecia ser uma boa pessoa.
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A campainha do apartamento tocou e pelo fato de eu estar ocupada, a própria Eduarda foi atender a porta. Não demorou muito para uma bela jovem entrar na sala dando seu charme feminino ao balançar seus belos cabelos. Uma metida em cena.
"O que ela está fazendo aqui?"
Foi impossível impedir a jovem de cabelos castanhos claros de invadir a pequena cozinha e pegar alguns dos meus doces.
― Gina! ― gritei. ― Não pode fazer isso!
Gina Watson é a irmã mais nova de Leyla. As duas não se parecem nem um pouco, mas eram boas em admitir qualquer coisa.
― Que delícia! ― ela sorriu. ― Ana, os seus docinhos são os melhores do mundo!
― Ouviu isso, Duda? ― encarei ela. ― Eu tenho certeza que ele iria amar os meus docinhos, ou até mesmo, vai se apaixonar por mim. ― voltei a debochar dela.
― Ana, sua iludida! ― Eduarda sorriu.
― De quem é que vocês estão falando? ― Gina perguntou se esforçando para entender. ― Eu quero saber também!
― Querida Gina não seja curiosa. A nossa Ana Cornell só está sendo muito iludida como sempre. ― Eduarda mordeu um morango cristalizado, que a mesma pegou sem eu perceber. ― Ela acha que só porque um cara elegante a ajudou no restaurante de ontem, eles já podem marcar a data do casamento. ― a garota de pele clara gargalhou alto. ― Depois fala de mim, né queridinha? É bem pior.
― Eduarda Adams! ― gritei, fingindo não gostar do que ela disse. ― Se você não parar com essas brincadeiras, eu não deixo você levar os meus docinhos para o seu encontro daqui a pouco! Eu juro.
― Ah, isso não vale... ― ela se aproximou, tentando me bajular com gestos de arrependimento.― Aninha, me desculpe. Você sabe que é muito importante para nós, né? E sabe que eu gosto muito de...
― Hum... ― desviei o meu olhar do delas.
― Você não está apaixonada.
― Não? ― debochei outra vez.
― Não! E também o seu moço de terno azul não é nenhum cretino. ― Eduarda respondeu, sorrindo, tentando pegar mais alguns morangos. ― Não é mesmo, Gina?
― Eu não sei do que vocês estão falando...
― Aliás, o que você está fazendo aqui? ― perguntei olhando para a jovem que não tirava os olhos dos meus docinhos. ― Gina Watson?
― A minha irmã não contou a vocês?
― Contar o quê? ― nós perguntamos juntas, e assustadas com o pior.
― Eu vou ficar com vocês dois dias. ― Gina sorriu ajeitando seus belos cabelos. ― A minha sala foi sorteada para acompanhar o evento mais importante da cidade. Vamos assistir uma palestra com os melhores palestrantes da Universidade Teaching de Nova York! Isso é fantástico?
― O quê? ― Eduarda se assustou. ― Você está dizendo que vai visitar aquele prédio chique? Vai ficar no mesmo ambiente que os melhores palestrantes da Universidade?
― Sim. ― ela respondeu bastante animada. ― Nem eu mesma estou acreditando... É um sonho!
― Do que é que vocês estão falando? ― perguntei, sem muita importância.
― Você ainda não conhece as palestras mais importantes da Universidade Teaching sobre investimentos e valores?
― Não, Duda.
― Em que mundo você vive Ana? ― Gina perguntou me encarando muito séria. ― Esse vento é muito importante! Eu estou tão feliz porque vou fazer parte dele...
― Estou me sentindo como se fosse uma ex-aluna do fundão que não aprende nada.
― Ana! ― as duas gritaram juntas.
― Gina, quem vai ser a sua responsável? ― Eduarda perguntou do nada. ― Ouvi dizer que ninguém pode entrar lá sem responsáveis, além de professores é claro.
― A minha irmãzinha. ― ela sorriu.
― A Leyla? ― Eduarda indagou.
― Sim, porquê? ― ela deu palminhas, animada. ― Os nossos professores pediram para que um responsável nos acompanhasse.
― A Leyla ainda está fazendo as entregas. ― digo. ― Por que vocês tão animada assim? Isso está muito estranho.
― Eu vou conhecer a minha futura Universidade! Ela será tipo a minha futura casa também... Como não posso ficar animada, hein? ― ela encarou.
― Não sei não, mas parece que... ― o meu celular tocou mostrando um número desconhecido na tela de bloqueio que tirou a minha concentração. ― Eu vou atendê-lo, meninas. Parece ser urgente.
― Aposto que é a mãe dela. ― Eduarda brincou, dizendo palavras no baixinho. ― Parece que o seu namorado falhou...
"― Alô? ― digo fazendo uma careta para ela em específico. ― O QUÊ? COMO ISSO ACONTECEU? COMO ELA ESTÁ AGORA?"
― O que foi, Ana? ― as duas perguntaram.
O pior havia acontecido e eu não pudia esconder nada delas, era grave demais.
― A Leyla sofreu um acidente!
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