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𝟎𝟎𝟑 - 𝐒𝖾𝗆 𝗏𝗈𝗅𝗍𝖺.

HWANG IN-HO

O SILÊNCIO preenchia cada canto da sala escura, interrompido apenas pelo som baixo do gelo derretendo no copo de uísque. In-ho estava afundado no pequeno sofá, os olhos fixos no telão à sua frente, mas sua mente vagava longe dali. Ao lado, sobre a mesa de madeira escura, repousavam a garrafa quase vazia, o copo pela metade e sua máscara preta, abandonada. Sem ela, ele não era o temido Front Man. Sem ela, ele era apenas um homem.

Um suspiro pesado escapou de seus lábios enquanto sua mão buscava automaticamente algo no bolso do casaco. Os dedos tocaram o papel envelhecido antes de puxá-lo para fora. Uma pequena fotografia. E ali estava ela: Kang Jihye.

Seus olhos percorreram cada detalhe da imagem, como se fosse a primeira vez que a via. O contorno delicado do rosto dela, o brilho nos olhos que sempre carregavam um misto de doçura e força, o sorriso sutil que parecia iluminar tudo ao redor. Ele passou o polegar suavemente sobre a foto, como se pudesse sentir a pele dela outra vez.

Quantas vezes ele já havia feito isso? Quantas noites se perdera nesse mesmo ritual, segurando aquele pedaço de papel como se fosse a única âncora que ainda o mantinha humano?

Um sorriso curto e melancólico se formou em seus lábios. Não durou mais do que alguns segundos, mas foi genuíno. Uma lembrança passageira de algo que, um dia, lhe trouxe felicidade. Algo que agora existia apenas ali, entre seus dedos e dentro do peito apertado.

In-ho nunca quis deixá-la. Nunca quis transformar o que eles tinham em uma lembrança distante e dolorosa. Mas ele precisou.

Ele estava se envolvendo demais, se arriscando demais, fragilizando demais.

E quando percebeu—talvez um pouco tarde, talvez tarde demais—não viu outra saída. Não houve despedidas, não houve explicações. Apenas a decisão inevitável e covarde de fugir.

Seus dedos apertaram a fotografia, o olhar perdido nos traços dela. Como se segurá-la assim, mesmo que só em papel, pudesse reverter tudo. Como se ainda houvesse um caminho de volta. Mas não havia.

Estar ali, sozinho, era o único momento em que In-ho podia respirar sem o peso daquela máscara. O único em que podia permitir-se sentir sem que ninguém notasse.

O homem levou o copo de uísque aos lábios, deixando o líquido quente descer queimando pela garganta. Mas o gosto já não importava. Aquele amargor já fazia parte dele.

Com um suspiro longo, levantou-se e caminhou até o toca-discos. Seus dedos passaram pelos vinis quase no automático, sem realmente prestar atenção, até escolher um qualquer. Assim que a agulha tocou o disco, o som da música clássica preencheu a sala, criando um contraste estranho com o silêncio pesado que o rodeava.

Sempre era clássica. Sempre a mesma coisa.

Jihye detestava música clássica. Sempre dizia que era parada demais, sem energia, sem graça. Ele lembrava bem de suas reclamações, do revirar de olhos impaciente sempre que ele colocava um disco para tocar. Ela gostava de batidas fortes, algo que fizesse seus pés se moverem sozinhos. Algo para dançar.

E dançava…

In-ho fechou os olhos por um momento, permitindo-se lembrar. O jeito como ela se movia, sem esforço, sem medo, como se pertencesse à música. Cada gesto fluía com tanta naturalidade que era impossível não se fascinar.

Ele sentiu o peito apertar, outra vez e outra vez.

Foi por isso que ele precisou ir embora. Porque a presença dela o enfraquecia. Porque fazia com que ele se importasse. E isso, no mundo em que vivia, era perigoso demais.

E mais uma vez, os jogos estavam prestes a começar. Todos os jogadores já estavam no local, inclusive ele: Seong Gi-Hun, o 456.

Era curioso e, ao mesmo tempo, ridículo.

O que diabos Gi-Hun estava fazendo ali de novo?

Ele sabia exatamente no que estava se metendo, sabia o que acontecia ali, sabia que sair vivo era um golpe de sorte e, mesmo assim, havia voltado.

Talvez achasse que pudesse mudar alguma coisa. Talvez acreditasse que seria diferente desta vez. Mas In-ho sabia a verdade.

Nada mudava. Nunca mudava.

Não importa o que Seong Gi-Hun faça. Não importa o quanto tente.

Os jogos nunca vão acabar.

Ah, mas é claro, uma coisa havia mudado. Algo diferente de todas as edições anteriores.

Não seriam mais seis dias e seis jogos.

Seriam treze.

Treze longos dias.

In-ho deixou o copo de uísque sobre a mesa, seus dedos deslizando de leve pela superfície fria. Ele sabia exatamente o que estava fazendo. Cada detalhe havia sido calculado, cada variável prevista. Muita gente ainda estaria viva nos primeiros jogos. Mais tempo, mais tensão, mais desespero.

Isso não era um erro.

Era proposital.

Treze dias eram tempo suficiente para quebrar qualquer um.

Ele se recostou no sofá, sentindo o peso familiar do silêncio antes do caos. Ainda não havia ligado o telão. Ainda não estava pronto para assistir.

Mas então, a porta se abriu.

Um dos guardas, com a máscara marcada com um quadrado, entrou sem hesitar. Eram os únicos que podiam vê-lo sem a máscara, os únicos que sabiam quem ele era.

──  Os jogadores começaram a acordar, chefe! ── informou, com a voz firme.

In-ho soltou um suspiro curto, quase desinteressado.

── Ótimo. Pode ir.

O guarda assentiu e saiu sem questionar. Assim que a porta se fechou, Front Man levou a mão ao controle remoto e ligou o telão.

A tela piscou antes de revelar as imagens das câmeras espalhadas pelo dormitório. Lá estavam eles: perdidos, confusos, assustados.

Alguns começavam a se levantar, tentando entender onde estavam e por que vestiam aqueles uniformes numerados. Outros ainda dormiam, inconscientes da realidade em que haviam se metido.

A parte mais fascinante era sempre essa: o instante em que a esperança ainda existia, antes que tudo desmoronasse.

Mas, no meio de tudo, algo chamou a atenção de In-ho. Algo que o fez parar no tempo por um instante. Uma jovem descia de uma das camas do alto. De início, foi apenas uma sensação estranha, mas logo ele soube. Era como se tivesse visto um fantasma. O jeito dela, os movimentos, a forma como andava… Ele reconheceu. Não podia ser, mas era.

Ela virou, e quando encarou diretamente a câmera, foi como se o mundo parasse. O sangue congelou nas veias, e o coração acelerou. Não era um erro. Era Kang Jihye.

O que diabos ela estava fazendo ali?

A visão dela o atingiu com uma força brutal. Front Man ficou imóvel, como se a realidade tivesse dado uma rasteira nele. Ela estava em um lugar onde não deveria estar, em uma situação que ele não conseguia entender. Como ela havia chegado ali? Como tudo tinha se desenrolado dessa forma?

O medo foi imediato. Uma onda de pavor tomou conta dele, um medo irracional de perder Jihye novamente. A angústia de não ser capaz de protegê-la o consumiu. Como se toda a sua luta para mantê-la longe daquelas coisas tivesse sido em vão. O vazio, o desespero, tudo o invadiu de uma vez só.

As mãos começaram a tremer. Ele pegou o copo de uísque com força. A sensação de perder o controle o paralisou. A necessidade de fazer algo, de impedir que isso acontecesse, o sufocava. Não havia mais saída, nada que ele pudesse fazer.

Num impulso, ele atirou o copo contra a parede.

── Não pode ser… não pode ser… ── ele murmurou, a voz trêmula, como se, de alguma forma, suas palavras pudessem mudar a realidade. Ele apertou as mãos na cabeça, tentando se afastar da imagem dela, mas não conseguia. Não conseguia parar de pensar no que aquilo significava. Ela estava ali, e ele não tinha a menor ideia do que fazer agora.

Do outro lado, Jihye sentiu o olhar da câmera sobre ela, mas não se importou. Sabia que estava sendo vigiada; não era algo novo, mas ali parecia algo inevitável. Ela deu de ombros, como quem diz: "isso é só mais um detalhe", e continuou a descer as escadas, sem pressa, sem fazer questão de se esconder.

Afastou-se da multidão e encostou-se em um canto qualquer. O ambiente era barulhento e confuso, e ela não tinha pressa de se envolver. O que precisava agora era de informações, algo que a ajudasse a entender o que estava acontecendo, mas não parecia ser o momento de mostrar fragilidade.

Então, os guardas entraram. O que estava na frente, com a máscara do quadrado, foi o único que falou. Sua voz era firme e impessoal, soando como uma ordem.

── Olá, jogadores! Sejam todos muito bem-vindos. ── Sua fala soava monótona, como se já tivesse dito aquilo inúmeras vezes.

A multidão ao redor dele começou a se aglomerar, com algumas pessoas perguntando e outras já começando a reclamar. Kang, quieta no canto, observava, atenta. Ela sabia que o caos ali não ajudaria em nada, então manteve-se calada, apenas esperando algo que a ajudasse a entender melhor aquela situação.

Quando o assunto sobre os pertences surgiu, ela sentiu a mão automaticamente na cabeça. O coque ainda estava firme. Sem dar muita bandeira, desfez o cabelo discretamente e, com um movimento rápido, guardou o canivete no bolso, sem que ninguém percebesse. Olhou ao redor, sempre atenta a qualquer movimento que pudesse chamar a atenção para ela.

Foi então que, ao mexer em seus bolsos, o toque familiar de um pequeno livro fez seu coração disparar. O livrinho estava ali, no fundo da roupa. Ela sorriu levemente, satisfeita por ter conseguido esconder tudo sem ser notada. Sentiu uma pequena sensação de vitória. Seu plano de passar despercebida estava funcionando… ou assim ela achava.

Mas, do alto, Hwang In-ho assistia a tudo. Ele sabia exatamente o que estava acontecendo, como se tivesse mapeado cada um dos movimentos dela. E Jihye, sem saber, estava bem mais perto dele do que imaginava.

De repente, ele a viu avançar, como se tivesse visto algo ou alguém, e In-ho, curioso, a observou atentamente pela câmera. Ela se aproximou de um rapaz, com o rosto fechado, e imediatamente o empurrou com força.

── Que merda você está fazendo aqui, Dae-ho? ── ela disse, batendo repetidamente no ombro dele. ── Você ficou maluco?

O rapaz, visivelmente surpreso, segurou as mãos dela, impedindo os tapas de continuarem.

── Eu que te pergunto... ── ele falou, segurando os pulsos dela. ── Quer parar?

A cena chamou a atenção de todos os outros jogadores, que começaram a se aproximar para ver o que estava acontecendo. Mas a confusão não parou por aí. Do outro lado, uma senhora apareceu, gritando com outro rapaz. In-ho não sabia exatamente o que estava acontecendo, mas era interessante.

E então, uma mulher se aproximou de Jihye e do outro, com o semblante de quem não estava nada contente. Ela não demorou muito para se meter na confusão.

── O que caralhos vocês dois estão fazendo aqui? ── Sohyun perguntou com um tom ríspido.

No meio da bagunça, outra jovem se aproximou. Ela estava com uma expressão preocupada, mas também um pouco desconcertada com a situação.

── Na verdade, vocês três, né? ── Suyeon comentou, com os braços cruzados, olhando para os três e tentando suavizar a tensão no ar.

Dae-ho, já nervoso, começou a suar e a se mexer de forma ansiosa. Seus olhos estavam aflitos, e ele não sabia direito como reagir. Ele nunca gostou de confusão, e aquele momento parecia surreal para ele.

── Mas era só o que me faltava... ── Jihye bateu a mão na testa, deixando escapar um suspiro exasperado. Não tinha paciência para aquilo.

Os quatro estavam ali, discutindo, e a tensão só aumentava. Jihye olhou para o irmão, depois para as amigas, e sentiu o peso daquelas palavras, daqueles olhares. Estavam juntos, mas, de algum jeito, parecia que estavam distantes. O clima estava pesado, como se todos carregassem um peso imenso sem saber como aliviar.

Mas o que realmente chamava a atenção de In-ho não era tanto a discussão, mas o fato de ver Jihye ali. Ele não entendia o que ela estava fazendo naquele lugar. Quando a conheceu, ela estava bem, com a vida encaminhada, faculdade, sonhos, felicidade. Não era o tipo de pessoa que se via perdendo tudo. Mas, de repente, ela estava ali, imersa em algo muito maior e mais complicado do que ela podia imaginar.

O que teria acontecido? Ele tentou entender, mas não conseguia. Talvez ela tivesse perdido tudo, mas isso não explicava. Havia algo mais, algo sutil, mas não tão claro ao mesmo tempo. Era como se ela estivesse carregando algo que ele não podia ver, e isso o incomodava. Era uma sensação estranha, como se houvesse mais por trás de tudo aquilo, algo que ele simplesmente não podia alcançar.

O homem apertou os punhos, sentindo um incômodo estranho no peito.

E o pior de tudo? Não podia fazer nada, apenas observar.

{...}

Lá embaixo, Jihye sentia o peito apertar. A situação já parecia ruim o bastante quando era só sobre ela, mas agora, com Dae-ho e as meninas ali, tudo ficava pior. Um desconforto crescia em seu estômago, uma sensação estranha de que nada daquilo terminaria bem.

Ela respirou fundo, tentando manter a cabeça no lugar. Não podia deixar o medo tomar conta. Precisava entender o que estava acontecendo, precisava saber como funcionava para, quem sabe, encontrar um jeito de sair dali com eles.

Sem pensar muito, afastou-se dos três e foi até um dos guardas de máscara quadrada. Passou pelo meio da multidão, desviando das pessoas, e parou diante dele.

── Senhor... quadrado? ── chamou, erguendo a mão de leve, tentando parecer mais confiante do que realmente estava. ── Como esses jogos funcionam? As pessoas que... perdem, elas vão para casa, né?

A pergunta saiu quase como uma afirmação, mas, na verdade, era um desejo. Precisava ouvir uma resposta que aliviasse a tensão dentro dela, qualquer coisa que significasse que seu irmão e suas amigas ficariam bem.

Jihye manteve o olhar firme no homem à sua frente, mesmo sabendo que não conseguiria enxergar nada por trás daquela máscara. Quando ele a fitou brevemente, ela sentiu um arrepio subir pela espinha. Por algum motivo, aquele pequeno gesto a incomodou, e ela abaixou a mão, esperando a resposta.

O guarda, com seu tom monótono e distante, falou alto o suficiente para que todos no dormitório ouvissem:

── Vocês terão a chance de votar e decidir se querem ir para casa após cada jogo. Mas a decisão será coletiva. Se a maioria optar por ficar, todos ficarão. Se a maioria quiser sair, todos sairão. Antes das votações, mostraremos o total acumulado até determinado momento. E, diferente das edições anteriores, o prêmio será dividido entre os jogadores caso escolham ir embora.

── Então... se a maioria decidir ir embora, a gente sai? ── repetiu, querendo ter certeza de que tinha entendido direito.

O guarda apenas assentiu.

Ela respirou fundo, mordendo o lábio enquanto tentava digerir a resposta. Pelo menos havia uma saída, certo? Uma chance de ir embora se a maioria quisesse. Mas... será que realmente queriam?

Seu olhar instintivamente foi até Dae-ho, Sohyun e Suyeon. Não fazia ideia do que acontecia ali, mas uma coisa era certa: não queria os três metidos nisso. Se dependesse dela, estariam longe dali o mais rápido possível.

Mas algo dentro de si a deixava inquieta. Talvez fosse apenas paranoia... ou talvez estivesse certa em se preocupar.

O guarda então continuou, olhando para todos.

── Formem filas para assinarem os termos antes de seguirmos para a arena do primeiro jogo.

As pessoas começaram a se ajeitar, criando as filas como havia sido ordenado. Jihye procurava um lugar onde pudesse se encaixar, mas, no meio do caminho, dois rapazes a cercaram. Um deles tinha cabelo roxo e a numeração 230 no uniforme, enquanto o outro, com a numeração 124, era alguém que ela já conhecia de vista.

── E aí, linda flor. ── O 230 fez um gesto como se estivesse rimando. ── Você sabe quem eu sou?

── E por algum acaso eu deveria saber? ── a menor cruzou os braços e franziu o cenho, claramente irritada com a abordagem.

Lá de sua sala, In-ho acompanhava cada movimento. Ver Jihye conversando com aqueles dois o deixava desconfortável, mexendo com ele de um jeito que não conseguia controlar. O ciúmes o consumia, e ele não estava gostando nada da cena. Sentia um incômodo cada vez maior e apertava os punhos a todo momento, tentando controlar o que ele sabia ser uma raiva doentia.

── Ele é o rapper, Thanos ── o outro tomou a frente, com um sorriso arrogante.

── O único Thanos que eu conheço é o dos Vingadores. Inclusive, adoro a Marvel! Você também deve ser fã, né? Pra usar esse nome "artístico" ── Jihye fez aspas com os dedos, segurando uma risada.

── Por que você tá aqui, patricinha? ── O 124 continuou, colocando as mãos nos bolsos, parecendo achar graça da situação. ── Ficou pobre?

── Fiquei, acredita? Não tá fácil pra ninguém, Nam Gyu.

── Espera aí... ── Thanos tocou o ombro do outro com uma expressão de surpresa. ── Como ela sabe seu nome? Ah, seu safado.

── Nós nos conhecemos... ── ela deu uma risada. ── Ele já tentou ficar comigo mais vezes do que eu consigo me lembrar e, é claro, levou um fora em todas elas.

── Ele não é mesmo um dos melhores. ── O 230 ajeitou o colarinho do moletom, claramente convencido. ── Mas eu certamente tenho chances, nem precisa dizer. Você deveria ficar com a gente, sabe? Pode ser que existam jogos em equipe.

Jihye, que estava com a mão no queixo, não conseguiu se segurar e acabou em uma gargalhada. Ela praticamente chorou de tanto rir, mas quando finalmente se recompôs, falou:

── Pra começar, você não faz o meu tipo e, se houver jogos em equipe, eu já tenho uma. ── A mulher se virou para sair, mas sentiu alguém segurar sua mão e o olhou. ── O que é?

── Como assim eu não faço o seu tipo? Eu sou o tipo de todas as garotas.

── Bom, não o meu. ── Ela curvou os lábios em um sorriso seco e puxou sua mão, soltando-se dele. ── Ele sim é o meu tipo... ── Apontou para um homem na fila ao lado, um com uma expressão séria e preocupada. O número do seu uniforme era 456.

── Aquele cara é pelo menos trinta anos mais velho do que você e tem idade para ser o seu pai. ── Nam Gyu comentou, ainda tentando entender o que estava acontecendo.

── E é exatamente por isso que ele faz o meu tipo. Adoro um velho. ── A Kang deu de ombros, já virando para sair, sem olhar para trás.

── Você é uma puta, Jihye! ── O 124 praticamente gritou, alto o suficiente para todos ao redor ouvirem.

── E você deve ser um brocha de pau pequeno. ── Ela levantou o dedo do meio sem nem precisar olhá-lo.

O riso abafado de algumas pessoas próximas foi a cereja do bolo.

Jihye seguiu para a fila e se posicionou atrás do jogador 456. Ela percebeu que ele parecia tenso, quase como se estivesse carregando o peso do mundo. Seus ombros estavam ligeiramente curvados, o olhar distante, focado em algo que ela não conseguia ver. Ele tentava se manter firme, mas os gestos e a postura dele, aparentemente desconfortáveis, entregavam uma apreensão que ela não podia ignorar.

── Ei, moço? ── ela o cutucou levemente no ombro. ── Você não vai cair duro aí, né?

Gi-Hun se virou para ela, com um sorriso tímido, quase imperceptível, como se fosse mais um reflexo involuntário do que uma expressão genuína.

── Ah, não, eu tô bem! ── ele respondeu com uma simpatia que parecia forçada.

Jihye, no entanto, não se convenceu. Ela ficou ali, observando-o mais de perto, e a preocupação que tinha antes aumentou. Algo nele não estava certo.

── Tem certeza? ── ela insistiu, desta vez com mais suavidade, mas sua voz carregava a preocupação que ela não fazia questão de esconder.

O homem suspirou e virou-se para a frente, tentando desviar os olhos dela.

── Sim, sim! Eu tô bem, pode deixar ── o 456 disse, dessa vez com um tom mais baixo, quase sem olhar para ela.

Mas a jovem não desistiu tão fácil. Ela deu um passo à frente e o cutucou novamente, como se quisesse de verdade que ele a olhasse, que dissesse algo mais.

── Eu sou a Jihye, tá? ── estendeu a mão com um sorriso discreto.

Gi-Hun, agora um pouco mais relaxado, olhou para ela e então segurou sua mão com firmeza. A pressão leve de seus dedos trouxe um breve alívio para a mais nova, como se, ao menos naquele gesto simples, eles compartilhassem um momento de humanidade em meio à tensão do lugar.

── Gi-Hun. Seong Gi-Hun ── ele disse, com um sorriso sutil que, embora tímido, parecia mais genuíno do que o anterior.

── Prazer em conhecê-lo, Gi-Hun! ── disse ela, inclinando a cabeça levemente para o lado.

Enquanto Kang Jihye trocava palavras com o jogador 456, In-ho sentia a raiva aumentar. Cada gesto dela, cada sorriso, parecia cutucar algo que ele preferia manter oculto. Não importava o quanto tentasse se controlar, aquilo o deixava inquieto. E, apesar de saber que ela ainda era dele, que ninguém mais poderia tocá-la ou conquistar seu interesse, a imagem dela sorrindo para outro homem não lhe agradava de jeito nenhum. Ele sentia algo se apertando dentro de si, uma possessividade que o deixava ainda mais irritado. Mas, no fundo, ele sabia: ela jamais o esqueceria; ela sempre seria dele.

E isso, de alguma forma, era a única coisa que o acalmava naquele momento.

{...}

A fila foi andando devagar e, depois de um tempo que parecia não acabar, finalmente chegou a vez de Jihye. Ela se aproximou do guarda, leu os termos várias vezes, mais do que gostaria, e, por fim, fez sua assinatura. Quando terminou e olhou ao redor, percebeu que todos nas outras filas já haviam assinado também. Com um suspiro, ela se afastou e caminhou até o canto onde estavam seu irmão e suas amigas.

── Parece que os jogos finalmente vão começar. ── ela comentou, se aproximando deles.

Os três se viraram ao mesmo tempo, encarando-a com um olhar atento.

── Confesso que estou um pouco ansiosa. ── Sohyun disse, esfregando as mãos uma na outra.

── Bom, aconteça o que acontecer, continuem assim. ── a 002 falou, tentando manter a calma, mas a sensação de apreensão era clara.

── Assim como? ── Suyeon perguntou, levantando uma sobrancelha, curiosa.

── Próximos uns dos outros.

── E você? Vai ficar perto da gente também. ── O 388 disse, com um sorriso descontraído.

── Eu fico... ── ela fez uma pausa, pensando nas palavras antes de falar. ── Mas pode ser que, às vezes, não.

── Ah, claro. Porque você já fez amigos, né? ── ele continuou.

── Aqueles dois? ── Jihye apontou para Thanos e Nam Gyu, que estavam ao longe, conversando e rindo. ── Tá repreendido.

Ela riu baixinho, aliviada por poder brincar um pouco, mesmo sabendo que as coisas não seriam tão simples assim. No fundo, uma parte dela se perguntava se realmente poderia confiar em todos.

O último chamado foi feito, e os jogadores começaram a seguir os guardas para fora, organizados em uma fila. Subiram as escadas, uma após a outra, em um ritmo cadenciado, e Jihye não pôde deixar de notar o quanto tudo aquilo parecia um tipo de playground.

In-ho, claro, não tirava os olhos dela. Ele mudou a câmera, como sempre, e a manteve focada nela. O coração dele batia acelerado. Ele tinha medo, um medo absurdo, de vê-la morrer diante de todos.

── Olha, temos que fazer uma foto e registrar nossos rostos. ── Dae-ho falou, apontando para uma área onde todos precisavam passar.

── Quanta burocracia... ── Jihye resmungou, já começando a se mover na direção da câmera. Foi a primeira a se aproximar, claramente impaciente com todo o processo.

Ela sorriu para fazer a foto, aquele sorriso largo que, por algum motivo, ficou gravado na memória de In-ho. Ele sabia que jamais esqueceria aquele momento, assim como nunca esqueceu todos os outros.

Depois de tirar a foto, ela se afastou para dar espaço ao irmão e às meninas, mas, enquanto esperava, seu olhar vagueava pela movimentação ao redor, até que seus olhos se fixaram em uma mulher alta, com o número 120 no uniforme, que também estava tirando sua foto.

── Mas que mulher linda... ── ela falou alto demais, sem perceber o volume de sua voz. Quando a mulher percebeu, olhou na direção dela, sorriu timidamente e acenou.

A jovem sorriu de volta, mas logo desviou o olhar, vendo a mulher seguir seu caminho, subindo os degraus. Ela voltou a focar nos seus à sua frente, mas algo na interação ainda ficou com ela, uma sensação de inquietação, como se o jogo estivesse prestes a se intensificar.

Os quatro continuaram subindo, os passos ecoando nas escadas, e foi aí que In-ho notou algo. Jihye parecia ter vacilado por um segundo, como se estivesse tonta. Ela não se desequilibrou completamente, mas deu a impressão de que algo estava acontecendo.

Ele tentou não se preocupar demais. Talvez fosse só o cansaço das escadas ou a tensão do momento. Mas algo dentro dele não conseguia ignorar aquele breve instante. Ele sabia que não podia tirar conclusões precipitadas, mas não podia deixar de sentir um nó no estômago.

Quando finalmente chegaram ao topo, passaram por uma grande porta e entraram em um espaço aberto, cercado por uma imensa areia. Todos começaram a se acomodar em diferentes pontos enquanto esperavam por mais instruções. À frente, havia uma boneca gigante, parada, e algo que parecia uma linha de chegada no fundo.

── Credo! Aquela boneca parece o diabo. ── Jihye comentou, com as mãos nos bolsos, olhando desconfiada para a figura enorme à frente.

── E você, por acaso, já viu o diabo? ── A jogadora 067 comentou, tentando segurar uma risada.

── Agora estou vendo, e é aquela boneca. ── Ela deu de ombros, ainda com um olhar desconfiado. ── Olha, acho que vão começar a explicar as regras.

A voz que vinha do alto, fria e mecânica, se fez ouvir logo em seguida.

── O jogo se chama: Batatinha frita 1, 2, 3. Vocês podem avançar enquanto a boneca estiver de costas, dizendo essas palavras. Quando ela se virar, quem se mexer será eliminado. O tempo para atravessar a linha de chegada é de cinco minutos. Boa sorte a todos!

A jogadora 002 olhou para os lados, tentando compreender o que estava acontecendo. As instruções eram simples, mas a tensão no ar era palpável. Porém, antes que pudesse pensar muito, o jogador 456 se adiantou, tomando a frente.

── Prestem atenção! Não se movam enquanto aquela boneca estiver olhando para cá. Ela tem um sensor de movimento, e quem se mexer morre.

Aquelas palavras pareciam um aviso, mas a maioria das pessoas só riu, não levando muito a sério o que ele dizia. Jihye, inclusive, soltou uma risada.

── Aquele cara tá doidão? ── Sohyun comentou, de maneira debochada.

── Ele não parecia tão doido quando falei com ele antes. ── Jihye respondeu, observando o homem à frente com atenção.

Ele não demonstrava se importar com as risadas. Gi-hun continuou, firme e sério.

── Eles têm atiradores lá em cima. ── O homem apontava para o alto, em direção aos telhados ao redor.

Ainda assim, ninguém parecia levar em conta o que ele estava dizendo. Alguns reclamaram, outros mandaram-no sair da frente e chamaram-no de bêbado ou drogado. Mas Gi-Hun, ignorando as provocações, continuava firme, tentando alertar a todos.

A tensão começou a aumentar à medida que o jogo se aproximava, mas as pessoas ainda estavam mais preocupadas em zombar do que em ouvir.

A boneca virou de costas e começou a cantar, com uma voz infantilizada:

── Batatinha frita 1, 2, 3.

Imediatamente, as pessoas começaram a se mover, algumas com passos rápidos, outras mais cautelosas, tentando não chamar a atenção.

Mas quando a boneca virou-se de novo, o 456 gritou com força:

── PAROU! ── Ele estava com o olhar fixo à frente. ── Ninguém se mexe!

Jihye olhou para ele, surpresa com a histeria do homem, e falou, sem perder o tom sarcástico:

── Mas não tem ninguém se mexendo!

Gi-hun, ainda paralisado, olhou de relance rapidamente para ela, com os olhos apertados, e com a mão sobre os próprios lábios, como se pedisse silêncio.

── Cobre a boca pra falar, garota!

A mais nova, irritada com o tom autoritário, não se segurou.

── Você é esquizofrênico por acaso? ── Ela falou alto, sem paciência, ainda assim olhando para ele.

Enquanto isso, todos ao redor estavam tensos, imóveis, aguardando a próxima ordem da boneca, temendo o que poderia acontecer a seguir.

Assim que a boneca voltou a virar de costas e começou a cantar novamente, Jihye soltou um suspiro impaciente e passou a mão pelos cabelos, como se tentasse aliviar o tédio. Então, sem aviso algum, começou a se mover de um jeito totalmente inesperado.

Ela não apenas andava — ela dançava.

Sim, Jihye estava fazendo os passos icônicos de Gangnam Style enquanto avançava entre os jogadores, sem a menor preocupação. Alguns ao redor olharam para ela com expressões confusas, outros seguraram o riso, e um ou outro parecia chocado com a ousadia dela.

── Você não vem? ── ela olhou para o 456 enquanto continuava dançando, chamando-o para se mover também.

Mas, antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, a boneca girou novamente e, em puro desespero, ele gritou mais uma vez:

── PAROU!

A jogadora imediatamente congelou no lugar, com uma das mãos ainda levantadas no meio do passo. Foi só nesse momento que percebeu algo estranho — não conseguia mais ver suas amigas nem seu irmão.

Seu olhar se tornou sério, mas, antes que pudesse reagir, em um outro canto, não tão longe dali, In-ho assistia a tudo com o olhar fixo na tela.

Ele praticamente murmurou para si mesmo, a voz baixa, mas carregada de autoridade e preocupação:

── Jihye, se comporte…

Assim que o primeiro tiro ecoou pelo campo, o pânico tomou conta. O impacto da bala fez com que todos prendessem a respiração por um instante, mas logo depois, o caos se instalou.

Alguns jogadores começaram a correr sem pensar, movidos pelo puro instinto de sobrevivência — e esse foi o pior erro que poderiam cometer. Os disparos continuaram, um após o outro, derrubando aqueles que tentavam escapar.

Gi-Hun gritava desesperado, implorando para que parassem de se mover, mas ninguém o ouvia. O som das balas, os gritos e o desespero abafavam qualquer razão.

Jihye permaneceu imóvel, observando a cena com uma mistura de choque e incredulidade. Sua respiração estava pesada, mas ela manteve o controle. Não podia se dar ao luxo de perder a cabeça ali.

Quando a boneca se virou novamente, seus olhos vasculharam rapidamente o campo. E foi nesse instante que os encontrou.

Dae-ho e as meninas.

Eles estavam a alguns metros adiante, imóveis, mas vivos. Os olhares deles se encontraram, e, por um breve momento, um alívio silencioso passou entre eles.

Agora, só precisavam chegar até a linha de chegada. Vivos.

Assim que a boneca voltou a cantar, Gi-Hun levantou a voz novamente:

── Prestem atenção! Ela não consegue detectar o que está escondido. Formem filas, os menores atrás dos maiores!

Dessa vez, ninguém questionou. Depois do massacre que haviam acabado de presenciar, qualquer orientação que aumentasse suas chances de sobrevivência era bem-vinda.

Jihye ajeitou a postura e se preparava para avançar quando sentiu algo tocar seu braço. Virou-se discretamente e encontrou uma mulher ao seu lado, com os joelhos trêmulos e o rosto tenso de dor. A jogadora 222 mal conseguia se manter de pé.

Ela esperou a boneca cantar novamente antes de falar, mantendo a voz baixa:

── Você tá bem?

A mulher apenas assentiu, mas seu olhar dizia o contrário.

A 002 soltou um suspiro e estendeu a mão para ela.

── Segura firme, eu vou te ajudar.

Hesitante, a jogadora aceitou o gesto, seus dedos se fechando ao redor dos dela com força, como se aquela fosse sua única chance de sair dali viva.

O jogo continuava e, do outro lado, In-ho observava cada movimento de Kang Jihye, torcendo para que ela conseguisse atravessar a linha de chegada.

Mas, como se o desafio já não fosse grande o suficiente, uma dor familiar começou a se espalhar por seu abdômen. Um aperto intenso e sufocante.

── Ah, não… Agora não… ── murmurou entre dentes, tentando se manter firme.

A jogadora 222, ainda ao seu lado, notou sua expressão tensa.

── O que foi?

Jihye fechou os olhos por um instante, respirando fundo.

── Não é nada…

A linha de chegada não estava longe. Do outro lado, Dae-ho e as meninas já haviam atravessado e pareciam apreensivos ao vê-la parada. O tempo corria contra ela.

── Eu vou voltar lá! Vou buscar a Jihye! ── Dae-ho anunciou, já se preparando para atravessar novamente.

── Eu acho que você deveria confiar um pouco mais na sua irmã… ── Sohyun disse, pousando a mão no ombro dele.

E ela estava certa. Jihye era foda pra caralho.

── Eu vou precisar fazer uma coisa… ── disse, voltando o olhar para a jogadora 222.

── O quê?

Antes que pudesse dar qualquer explicação, Jihye reuniu cada gota de força que ainda lhe restava, ignorou a dor que gritava dentro de si e, num impulso, ergueu a jogadora nos braços. Com passos rápidos e decididos, atravessou a linha de chegada pouco antes de o tempo se esgotar.

Assim que cruzou a linha, Jihye colocou a jogadora 222 no chão com cuidado e se abaixou, apoiando as mãos nos joelhos. Sua respiração estava pesada, o peito subindo e descendo rapidamente enquanto tentava recuperar o fôlego.

Sohyun, Dae-ho e Suyeon não perderam tempo e correram até ela, preocupados.

── Jihye, você está bem? ── Dae-ho perguntou, segurando seu braço.

Ela ergueu a mão, pedindo espaço.

── Eu estou bem… ── respirou fundo, ainda sentindo o peso da dor no abdômen. ── Eu juro que estou bem.

Mesmo dizendo isso, seu olhar logo voltou para a jogadora. Ainda estava preocupada com ela.

A outra percebeu e sorriu, levando a mão à barriga.

── Obrigada… de verdade.

Jihye deu de ombros, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios.

── Quando a gente sair daqui, você me paga um jantar e fica tudo certo.

Os cinco riram, quebrando por um instante a tensão do momento. Mas essa sensação de alívio durou pouco.

O som dos disparos ecoou pelo campo. Os tiros finais.

O jogo havia acabado, e In-ho percebeu que Jihye era ainda mais incrível do que imaginava. Mas vê-la ali, no meio de todos os outros jogadores, mexeu com algo dentro dele de um jeito que ele não esperava. Um aperto tomou seu peito, como se o ar lhe faltasse, e a simples ideia de vê-la morrer enquanto ele assistia sem poder fazer nada o aterrorizou.

Seu coração disparou; sua mente foi inundada por um turbilhão de lembranças — as conversas, os momentos de cumplicidade, a forma como sempre sentiu que precisava protegê-la, mesmo sem saber como expressar isso.

Naquele momento, tudo fez sentido. Ele não podia mais ficar à margem, observando de longe. Não podia simplesmente confiar na sorte e esperar que ela conseguisse sozinha.

Decidiu ali mesmo: iria se infiltrar nos jogos. Se passaria por um dos jogadores e encontraria um jeito de ficar ao lado dela. Era a única forma de garantir que Jihye sairia viva.

Por ela.

Por aquele sentimento que ele já não podia mais ignorar.

{...}

Os jogadores voltaram ao dormitório, exaustos, cada um lidando com o que havia acabado de acontecer à sua maneira. Jihye se sentou na escadinha das camas junto de seus amigos, massageando discretamente as têmporas.

── Como é o seu nome? ── perguntou, voltando seu olhar cansado para a mulher ao seu lado.

── Eu me chamo Jun-hee. E vocês?

── Eu sou a Jihye.

── Eu sou o Dae-ho, e essas são as amigas chatas da minha irmã, Sohyun e Suyeon.

── Ei! ── protestou Sohyun, mas sem muita energia.

Jun-hee soltou um sorriso leve.

── É um prazer conhecer todos vocês.

Antes que pudessem continuar a conversa, os guardas entraram no dormitório, chamando a atenção de todos.

── Parabéns por terem chegado até aqui, jogadores! Mostraremos o total acumulado depois desse primeiro jogo e, como prometido, daremos início à votação.

Um dos guardas ergueu um controle e, do alto, desceu um cofre gigante em formato de porco. No telão, os números começaram a aparecer: a quantidade de jogadores restantes e a soma em dinheiro caindo dentro do porquinho.

Foi então que alguns começaram a reclamar, dizendo que era muito pouco para o risco que correram.

── Daremos início às votações e começaremos do maior para o menor.

Os jogadores se reuniram, cada um aguardando sua vez de votar.

Ali, no meio deles, estava In-ho.

Usando o uniforme de 001, ele se misturava aos demais, observando cada movimento de Jihye. Estava tão próximo dela, mas ela não sabia. Não o via.

── Jogador 456! ── O guarda chamou o primeiro a votar.

Gi-hun caminhou até o painel de votação e, sem hesitar, apertou o “X”. Um adesivo vermelho foi colado em seu peito, e ele se afastou para o lugar designado.

A votação seguiu, e Jihye sentiu o estômago revirar quando Dae-ho e as meninas votaram para continuar. Ela os olhou, incrédula.

Eles estavam falando sério?

Será que não tinham entendido o que aquilo significava?

O choque a deixou paralisada, mas, antes que pudesse dizer algo, um grito cortou o silêncio tenso:

── EU JÁ JOGUEI TODOS ESSES JOGOS! ── Gi-hun berrou, sua voz cheia de desespero. ── Eu já joguei todos eles e vamos morrer se continuarmos com isso!

Os guardas o impediram de se aproximar, mas suas palavras ecoaram no ar, deixando um peso sufocante sobre todos.

Quando chegou sua vez, Jihye se colocou diante do painel, apertando o "X" sem pensar duas vezes. Seu olhar permaneceu fixo no visor até que o empate foi anunciado.

Por um segundo, acreditou que uma nova votação aconteceria. Mas então, uma última voz ecoou no dormitório:

── Jogador 001!

O ar pareceu sumir dos pulmões de Jihye.

Todos olharam para trás.

Ela também virou o rosto e, naquele momento, sua mente se recusou a acreditar no que via.

Lá estava ele.

Hwang In-ho.

O jogador 001 era o homem que ela amava.

A visão dele a atingiu como um soco no estômago. Seu coração disparou, a respiração ficou errática, e as mãos tremiam. Seu corpo inteiro reagia, dividido entre o impulso de correr até ele e o desejo de socá-lo por tê-la abandonado.

O que ele estava fazendo ali?

Por que estava jogando?

Os olhos dela se encheram de lágrimas, e tudo ao seu redor pareceu desaparecer. Só havia ele. Só havia aquela sensação de traição e confusão.

In-ho permaneceu parado por um momento, o olhar fixo no painel à sua frente. A tensão em seu corpo era grande, como se estivesse em guerra consigo mesmo. Ele olhou para Jihye e, naquele instante, ela percebeu que ele estava... hesitando.

O peso da decisão parecia esmagá-lo. Ele olhou para o visor e, então, com um suspiro profundo, apertou o círculo.

Votou para continuar.

A realidade a atingiu como um soco.

As luzes do dormitório piscaram, a contagem apareceu no telão e a decisão estava feita. Os jogos continuariam.

Jihye sentiu o peito apertar. Traída. Confusa. Perdida.

Seus olhos encontraram os dele e, naquele momento, ela soube que as coisas nunca mais seriam como antes.

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𑁍̸࡛۫ Finalmente postei o terceiro capítulo e eu espero que gostem. Me perdoem pela demora; tem sido tempos difíceis.

𑁍̸࡛۫ Peço desculpas por qualquer erro que eu possa ter deixado passar.

𑁍̸࡛۫ Deixem seus comentários, seus votos, e eu prometo responder a todos, inclusive os de outros capítulos que estou enrolando há tempos, mas juro que sempre respondo, independentemente da demora.

𑁍̸࡛۫ No mais, acho que é isso. Até o próximo, que dessa vez, está mais perto do que vocês imaginam.

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