02. a not-so-loving family lunch
─── É um prazer conhecê-la, Vossa Graça! ─── Sophie sorriu tirando Marjorie de seus pensamentos.
Marjorie piscou algumas vezes tentando parar as voltas e voltas que seus pensamentos davam a cada vez que ela olhava para Benedict ou para sua esposa.
─── Marjorie...─── Eloise chamou com delicadeza tentando trazer a Duquesa de volta.
─── É um prazer conhecê-la, Lady Bridgerton! ─── Marjorie sorriu evitando olhar nos olhos dela mas acabou por encontrar coisa pior.
Sophie não havia apenas se casado com o homem que Marjorie é e sempre foi apaixonada. Ela também estava esperando o herdeiro dele. Marjorie ficou tonta só de tentar imaginar tudo o que havia acontecido em sua ausência e o quanto Benedict havia mudado.
─── Santo Deus, vocês vão ser pais. ─── Marjorie disse espantada, sem conseguir segurar sua língua.
─── Sim, nosso primeiro.─── Disse Benedict orgulhoso e Marjorie se sentiu traída mais uma vez.
─── Agora que a senhora está aqui, esperamos que possa acompanhar a reta final da gravidez. ─── Sophie sorriu verdadeiramente.
─── Creio que eu consiga encaixar mais um bebê em meus planos.
A duquesa não sentia nenhum desprazer em conhecer Sophie, muito menos algum ódio ou desgosto. Mas, ela não imaginava que aquela mulher carrega agora o sobrenome Bridgerton e um filho de Benedict. Marjorie não conseguia desviar o olhar da barriga de Sophie, são muitas novas informações para a jovem duquesa assimilar. Mas Violet não podia deixá-la ali parada com os olhos focados na cena.
─── Onde você vai ficar, querida? ─── Indagou Lady Bridgerton segurando as mãos de Marjorie, se colocando na frente de Sophie.
─── Deduzo que Daphne e Simon estejam na casa de campo da mãe de Simon, Talvez seja melhor eu ir para a casa de meu pai.─── Marjorie disse finalmente desviando o olhar da barriga de Sophie.
─── Não, de forma alguma, você não irá ficar lá com todos aqueles fantasmas que cercam aquela casa.─── Violet disse rapidamente olhando para Marjorie com os olhos brilhantes.
Lady Bridgerton sempre sentiu desde que a jovem nasceu e principalmente após a morte de sua mãe, um amor tão grande e maternal pela jovem duquesa que simplesmente não conseguia não tratá-la como uma de suas filhas. Violet é a madrinha de Marjorie, Mas com a morte da mãe da duquesa, a Lady havia assumido mesmo que indiretamente o posto da mãe de Marjorie e ela não queria que a jovem voltasse para a casa de seu falecido pai e onde sua mãe teve os últimos momentos sozinha.
─── Me parece que vou para a casa de Lady Danbury.─── Marjorie disse por fim, tentando não voltar seus pensamentos para Benedict e sua esposa.
─── Não, de jeito nenhum. Você irá ficar aqui. Hoje mandarei arrumarem seu antigo quarto, por essa noite você descansará no antigo quarto de Daphne. ─── A mais velha disse sorrindo, ela estava finalmente completa.
─── O almoço está servido! ─── A governanta anunciou após uma breve reverência.
Diversas exclamações de felicidade e alívio por finalmente poder desfrutar de uma bela refeição em família.
─── Venha, meu bem, você deve estar faminta após a viagem! ─── Violet sorriu entrelaçando seu braço com o da afilhada e a guiando até a sala de jantar.
─── Espere, madrinha! Quase me esqueci! ─── Marjorie sorriu acenando para uma das criadas, que saiu rapidamente da sala e voltou com um lindo buquê de tulipas holandesas. ─── Para a senhora! ─── Marjorie sorriu entregando para Lady Bridgerton e a reverenciando.
Ela logo olhou para Simon e sorriu.
─── O que há com vocês Hastings que sempre me trazem um buquê de tulipas holandesas?! ─── Ela riu aceitando o buquê e o cheirando. ─── Obrigada, Meu Bem!
─── Creio eu, Mamãe, que é uma péssima tentativa de suborno! ─── Anthony exclamou puxando a cadeira da ponta da mesa. ─── Simon trouxe o mesmo buquê quando visitou Daphne pela primeira vez. ─── Lembrou o Visconde.
─── Oh sim, Milorde! Tudo não se passa de um plano meu e de minha irmã para assumir a mansão Bridgerton ─── Simon brincou puxando a cadeira para Daphne e a ajudando a se sentar, logo fazendo o mesmo para sua irmã.
─── Peça que Humboldt traga o vaso de cristal da minha avó. ─── Violet sorriu pedindo a mesma criada que trouxe o buquê.
─── Não acho que vocês querem nossas posses, vocês já tem mais que nós. Mas estão tentando roubar a afeição de nossa mãe assim como Marjorie roubou a de nosso pai! ─── O Visconde exclamou como uma criança birrenta.
─── Anthony, deixe de ser ciumento! Deixe o passado no passado ─── A duquesa exclamou esticando o guardanapo em seu colo.
─── Você me roubou, como eu poderia esquecer?
─── Eu não te roubei, meu querido padrinho deu um cavalo de madeira para mim e não para você!
─── Ah é?! Mamãe, para quem o papai comprou o cavalo de madeira? ─── O homem indagou com os braços cruzados na frente de seu corpo e a expressão vitoriosa como se soubesse que Violet diria que foi ele.
─── O cavalo de madeira? Hum, se me lembro bem, foi para Marjorie em seu aniversário de seis anos. ─── Violet respondeu colocando as flores no vaso.
Anthony se jogou na cadeira, visivelmente magoado.
─── Está tão quieto, Milorde! ─── Marjorie provocou se servindo de suco de laranja.
─── Quando a senhorita vai embora mesmo? ─── indagou Anthony se segurando para não mostrar a língua para a duquesa.
─── De repente, senti uma vontade repentina de ficar. ─── Ela sorriu olhando.
─── Mamãe, Marjorie está fazendo aquilo de novo! ─── Anthony exclamou fazendo todos rirem especialmente Benedict, Colin e Marjorie que desde criança competiam para saber quem levaria Anthony a loucura primeiro.
─── Deixe minha irmã em paz, Bridgerton! ─── Simon passou por trás da cadeira de Anthony lhe dando um leve tapa na cabeça e se sentando de frente para a irmã.
─── Não, Simon! Você se senta na frente da Daphne e Benedict de frente para Marjorie! ─── Violet exclamou organizando todos a mesa antes que o almoço fosse servido.
Quando Benedict se sentou em frente a Marjorie e lhe lançou um sorriso doce para passar conforto para sua melhor amiga de infância. Marjorie não conseguiu se sentir confortável ou muito menos responder a altura. Ela ainda está abismada pelo casamento e pelo filho de Benedict. A cabeça da duquesa estava maquinando, ela pensava em tantas coisas que alguém poderia ver a fumaça saindo de suas orelhas devido as engrenagens de seus cérebros trabalhando. Benedict era o maior pensamento dela agora, ele era o melhor amigo dela, por que ele não a convidaria para o casamento, ou melhor por que ele não a avisaram que teria um filho, afinal ela é médica. E o mais importante de tudo, por que ele não escreveu a ela como prometeu. Ou porque ela não a esperou, também como havia prometido.
O almoço estava correndo bem, todos animados, conversas paralelas rodeavam a mesa, Marjorie se mantinha o mais quieta possível, sua cabeça estava a mil, diversos pensamentos ainda estavam em sua cabeça que não parava de trabalhar. Benedict também não estava falando muito, ele estava focado na morena a sua frente, que mal havia tocado em sua comida, ele estava preocupado, ele sabia que algo estava errado. Mas, achava melhor não intervir, porque a duquesa merecia um tempo de descanso.
─── Então, minha irmã...─── Simon chamou por Marjorie enquanto terminava de comer seu último pedaço de codorna. ─── Como foram esses seus últimos anos em exílio em Cambridge? ─── Ele a olhou com expectativa.
─── Bem, acredito que não tenha muito o que acrescentar além do que já disse em minhas cartas. Mas, em geral, não foi tão ruim. ─── Ela sorriu acertando seu garfo na batata cozida que acompanhava a codorna.
─── Conte-nos sobre suas aventuras! ─── Pediu Eloise com animação e todos a mesa concordaram.
─── Está bem! ─── Ela concordou balançando as mãos pedindo para que todos parassem de pedir e a falarem todos juntos. ─── Deixe-me ver por onde começar ─── Ela riu começando a pensar em seu primeiro ano em Cambridge, isso foi a quatro anos atrás.
Há quase dois anos atrás, antes do casamento do Duque com Lady Bridgerton, Simon havia passado seis longos anos viajando pelo mundo enquanto Marjorie havia ficado para trás.
O homem sempre escrevia para a irmã e prometia voltar em breve e por em breve ele quis dizer apenas quando soube da notícia de que seu pai doente havia vários anos, estava a beira da morte e ele deveria voltar apenas para se despedir e pela burocracia que a morte do pai trazia. Isso era de fato irônico. Simon não teria trocado seu período de exploração do mundo por nada. Seis anos dão a uma pessoa muito tempo para pensar, muito tempo para aprender o que significa ser um homem. E, no entanto, o único motivo pelo qual Simon deixou a Inglaterra, aos 22 anos, foi o fato de seu pai haver, de repente, decidido que enfim estava disposto a aceitar o filho. Mesmo que isso não significasse o mesmo para sua irmã.
Porém o rapaz não estava disposto a aceitar o pai, de forma que simplesmente fez as malas e deixou o país, preferindo o exílio às hipócritas demonstrações de afeto do velho duque.
Simon se perguntara várias vezes por que o pai não decidira se aproximar dele naquela época. Mas o duque nunca lhe escreveu sequer uma carta. Simon imaginava que o pai já estava tão acostumado a ignorá-lo que o fato de ele ter provado que não era uma vergonha para o nome dos Bassets não tinha nenhuma importância. Depois de Eton, Simon seguiu o caminho natural e entrou para Oxford, onde ficou famoso tanto como um aluno estudioso quanto como um libertino. Verdade seja dita: ele não era mais farrista que a maioria dos rapazes da universidade, mas seu comportamento de certo modo reservado acabava alimentando esse personagem.
Simon não tinha certeza de como isso havia acontecido, mas de repente ele começou a perceber que os colegas buscavam sua aprovação. Ele era inteligente e atlético, mas parecia que seu status elevado estava mais relacionado com seus modos do que com qualquer outra coisa. Como Simon não falava quando as palavras não eram necessárias, às pessoas o julgavam arrogante, exatamente como um futuro duque deveria ser. Como ele preferia andar apenas com os amigos com quem de fato se sentia confortável, as pessoas decidiram que ele era muito exigente ao escolher suas companhias, como um futuro duque deveria ser.
Aceitava o que lhe era oferecido - participava de farras com os amigos e aproveitava a companhia de todas as jovens viúvas e cantoras de ópera que ansiavam sua atenção -, e cada aventura era ainda mais deliciosa pela consciência de que o pai as desaprovava.
Mas acabou que o pai não as desaprovava totalmente. Sem o conhecimento de Simon, o duque de Hastings já havia começado a se interessar pelo progresso do filho mais velho. Pedia relatórios acadêmicos da universidade e contratou um sujeito para mantê-lo informado das atividades extracurriculares de Simon. E finalmente, parou de esperar que cada notícia contivesse relatos da idiotice do filho.
Era impossível apontar o momento exato de seu arrependimento, mas um dia o duque percebeu que o filho se saíra muito bem, afinal. Ele ficou muito orgulhoso. Como sempre, o berço mostrará sua importância. Ele deveria saber que o sangue Basset não seria capaz de produzir um imbecil.
Quando Simon partiu, Marjorie tinha apenas quatorze anos e não tinha muita experiência de vida e muito menos sabia o que significava para ela não ter seu irmão mais velho por perto. Mas, ela sabia que ficar presa unicamente a seu pai faria um maior estrago do que a partida de seu irmão. O duque que abominava a existência da filha por ela ser a razão da morte de sua amada esposa, a tolerava menos do que o necessário. Permitia que ela vivesse debaixo de seu teto e pagava absolutamente por todas as despesas que ela pudesse ter e pelo o que quisesse, se ela tivesse seu dinheiro, não precisaria de sua atenção.
Pobre homem tolo, Marjorie não ligava para os vestidos, as fitas, a carruagem só dela, a casa de hospedes que ele mandou converter em uma ala unicamente para ela. Nada disso era por amor, tudo sempre foi para mantê-la distante.
A jovem menina não tinha nenhuma figura familiar muito presente, além das cartas de Simon e da boa educação de seu pai quando bebia e a via como sua filha e não como razão da morte de Alexandra. Então, era muito normal para ela vagar pela grande propriedade quando o pai não estava ou simplesmente fugir para a mansão dos Bridgerton sempre que podia, onde sabia que teria amor.
Essa foi a vida de Marjorie até que ela completasse dezoito anos. Uma noite ela estava experimentando vestidos de sua mãe, sua vida inteira ela havia ouvido que era idêntica a mãe. Marjorie pensou que se ela se vestisse como ela, seu pai pudesse se sentir menos solitário. Então, ela colocou um vestido azul escuro, beirando turquesa, deixou seus cabelos escuros soltos, pegou um par de luvas longas peroladas e por último uma das tiaras de sua mãe. E quando seu pai a viu, a amaldiçoou e a expulsou de casa. Dessa forma, Marjorie não teve escolha senão passar um tempo na casa dos Bridgertons, o que não durou muito já que a jovem Duquesa partiu para Cambridge.
Marjorie sempre foi o tipo de pessoa que fazia as coisas por ela mesma. No começo havia sido por necessidade e depois se tornou um hábito cujo ela nunca conseguiu se desfazer. Ela nunca pedia conselhos ou ajuda de ninguém a menos que estivesse desmoronando, até lá ela guardava e bloqueava a maioria de seus sentimentos e simplesmente seguia em frente. Nunca foi uma questão de orgulho, ela apenas sempre fez o que ela achava natural e aquilo que ela achava que sua mãe gostaria.
─── Na faculdade, como já deve se imaginar, não é comum que muitas mulheres frequentem e a grande maioria era enfermeira. Eu era a única mulher em meu curso. ─── Ela sorriu orgulhosa após uma pausa.
─── Deve ter sido assustador! ─── Violet comentou segurando seu colar contra o peito.
─── Diga mais! ─── Eloise ansiava por mais, Marjorie não pode deixar de rir e de perceber o quanto Eloise a lembrava de si mesma.
─── Bem, naturalmente alguns de meus colegas se sentiam envergonhados por dividir a sala de aula comigo. Mas, isso mudou muito rapidamente. ─── Ela disse confiante fazendo todos se perguntarem o que de tão extraordinário aconteceu.
Marjorie se fingiu de desentendida enquanto terminava de comer e todos ficaram boquiabertos esperando que ela revelasse.
─── E então?! ─── Benedict indagou fascinado.
─── Em uma de nossas aulas de anatomia, nosso professor trouxe um cadáver para aula já que é claro bem mais fácil mostrar como é o corpo humano por dentro com alguém morto do que vivo ─── Todos riram a acompanhando.
─── Santa mãe de Deus! ─── Violet exclamou em choque.─── Pelo menos todos terminaram de comer
─── Bem, quando ele pegou a lâmina para abrir o cadáver, metade da minha turma vomitou, a outra metade quase desmaiou...
─── E você?! ─── Eloise indagou debruçada na mesa.
─── Eu conquistei o respeito deles! ─── Ela exclamou tão animada quanto Eloise.
─── Como?! ─── Foi a vez de Colin indagar.
─── Eu ajudei a abrir o cadáver! ─── Ela exclamou radiante.
─── Desejam a sobremesa? ─── A cozinheira apareceu na porta da sala.
─── Santo Deus, não! ─── Anthony exclamou jogando seu guardanapo em seu prato.
─── Talvez quando eu tirar essa imagem da cabeça ─── Simon repetiu o ato do Visconde.
─── Eu não quero nunca mais ver nenhuma comida na minha frente. ─── Daphne empurrou seu prato.
─── Sim, por favor! ─── Marjorie pediu batendo palminhas de animação, ela sonhava com as sobremesas a dias.
Todos a olharam em choque.
─── O quê?!
─── Você vai mesmo comer? ─── indagou Anthony chocado.
─── O Visconde tem razão, minha irmã! Você abriu um corpo, como consegue comer?! ─── O duque indagou e Marjorie não conseguia dizer se ele estava admirado pelas ações do irmão ou abismado.
─── Bem, isso foi no meu primeiro ano. Não toco em nenhum cadáver faz dois meses, eba torta de cereja! ─── Ela sorriu quando o prato foi colocado em sua frente.
Benedict riu ao vê-la se deliciando com a sobremesa. Durante esses anos em que havia ficado afastado da duquesa, ele sentiu muito a falta dela. Do quão linda e inteligente ela era e do quanto ela sempre o fascinava.
─── Com licença! ─── O mordomo pediu na porta da sala e Violet assentiu o dando permissão para adentrar a sala.─── Um telegrama de Lady Danbury! ─── O homem apontou a bandeja de prata na direção da mulher que pegou o envelope delicadamente logo agradecendo.
─── Oh que delicado da parte de Lady Danbury! ─── Violet sorriu terminando de ler. ─── Fomos todos convidados para um jantar íntimo em homenagem à volta de Marjorie por Lady Danbury!
─── Parece-me que Vossa chegada não foi tão sutil, Marjorie! ─── Anthony provocou.
Marjorie não respondeu de imediato, terminou sua fatia de torta e logo limpou os cantos da boca com o guardanapo. Deixando o Visconde esperando pela resposta.
─── Milorde, você me parece um pouco descontente pelo jantar.───Marjorie disse cruzando os braços.
Anthony ficou com a boca entreaberta, completamente chocado pela resposta sem sal de Marjorie. Desde que eram crianças, a competição de provocações era uma brincadeira que nunca tinha fim. Normalmente, Colin e Benedict perdiam então os dois simplesmente nunca deixavam de brincar. Mesmo depois de adultos.
─── Ou talvez seja vossa companhia. ─── Ele respondeu piscando para ela, se sentindo vitorioso com sua melhor resposta.
─── Ou quem sabe seja pelo fato de que não haverá cantoras de ópera.─── Ela o provocou com um sorriso no rosto.
Xeque mate.
Marjorie sabia do ponto fraco de Anthony, sabia como provocá-lo, sabia como deixá-lo furioso. Alguns diriam que isso seria um dos mais descarados e vulgares flertes diante a sociedade, mas para os dois não passava de uma rivalidade desde criança para ter a atenção do falecido Lorde Bridgerton.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro