Único.
O estrondo alto dos trovões juntamente com o barulho dos respingos da chuva batendo contra a janela fez o garoto acordar, Nishimura abriu preguiçosamente um dos olhos para encarar o despertador em cima da cômoda, 03h30 de uma madrugada carregada de chuvas fortes e barulhos altos a repentinos. Riki virou o rosto na direção da cama que ficava no outro lado da parede, o garoto parecia uma bolinha fofa encolhido naquele cobertor azul clarinho com desenhos de nuvens, tão infantil que fazia o japonês revirar os olhos, mas que no fundo achava aquilo tão adorável e angelical, igualmente ao Kim.
A luz do raio que cortava o céu clareou a escuridão no quarto, refletindo o rosto assustado do menino que tremia se cobrindo mais com a coberta fofinha. Nishimura suspirou pesado e o lembrete em sua mente piscava freneticamente o relembrando do pavor de trovões que Sunoo tem. Sentiu um aperto no coração e a vontade de proteger o menino mais velho o acertou, mas o receio deixava-o divido entre ir até Sunoo ou apenas virar para o outro lado da cama e voltar a dormir.
Puff! Que tipo de idiotice ele estava pensando?
Nishimura revirou os olhos e se estapeou mentalmente ao que afasta o cobertor com os pés, pulando para fora da cama e silenciosamente se arrastou para a outra. Ocupando aquele pequeno espacinho que sobrava e envolvendo o braço na cintura fininha do menor, que agora não tremia mais ao sentir o calor do corpo grande atrás de si, soltando um suspiro baixinho encostando mais as costas no peitoral do japonês.
─── Eu… eu pensei que estivesse chateado comigo.
─── E estou. ─── falou suavemente rente o ouvido do pequeno, pressionando o corpo do Kim contra o seu quando um trovão alto ecoou e ele sobressaltou, assustado igual um gatinho. ─── Mas nunca seria capaz de te deixar sozinho.
A janela de vidro refletia o show de luz amarelas para dentro do quarto abrigado pela escuridão, Riki sussurra baixinho para que ele o esperasse e assim escapuliu para fora da cama apenas para puxar a cortinas, impedindo que qualquer resquício de luz pudesse chegar ali, logo voltando para Sunoo. Que agora estava deitado de frente para o japonês, os olhinhos inchados e vermelhos pelo sono e choro encarando o mais novo com arrependimento, as palavras de desculpas na pontinha da língua mas infelizmente não conseguiam sair por conta do bolo enorme na garganta, Sunoo sabia que caso tentasse falar, a única coisa que conseguiria reproduzir seria frases emboladas numa choradeira que ele estava tentando segurar.
Mas ele não precisava dizer nada no momento.
Nishimura não estava deitado ao seu lado na intenção de ouvir um pedido de desculpas, ele não estava puxando-o para seu peito e afagando com o maior cuidado aqueles fios rosados para escutá-lo chorar copiosamente e admitir que havia exagerado na briga de mais cedo, não, Riki apenas queria fazer o medo do pequeno ir embora, que aqueles barulhos incômodos fossem esquecidos e que Kim Sunoo pudesse cair num sono calmo e carregado de boas coisas. Era só isso que ele queria.
─── Niki, estou com medo. ─── a voz embargada disse contra o peito alheio, a mãozinha apertando o tecido macio do moletom cinza do japonês, Sunoo esfregou o rosto contra ele para limpar os vestígios das lágrimas que sem autorização escapam de seus olhos castanhos claros.
Escutá-lo daquele jeito fazia seu peito afundar, Riki odiava vê-lo naquela situação, amedrontado, trêmulo. Se pudesse ele acabaria com aquela noite tempestuosa e todas as outras seriam calma e cheias de estrelinhas brilhante, do jeitinho que o Kim gostava. E foi pensando nisso que ele esticou a destra para agarrar o controle em cima da cômoda, usando-o para ligar o abajur projetor.
Nishimura afastou o rostinho do menino do seu moletom e o fez encará-lo, sorrindo fraquinho para ele enquanto limpava os resquícios das lágrimas com o maior cuidado, como se Sunoo fosse um cristal delicado que com um movimento brusco pudesse ser riscado ou até mesmo quebrado.
─── Tente esquecer todo esse caos e foque apenas em mim, nessas estrelinhas, apenas nas coisas que possam te acalmar. Consegue fazer isso, hyung?
Sunoo assentiu e Riki beijou a pontinha do nariz arrebitado.
Foda-se que eles havia discutido, isso poderia deixar para amanhã, por enquanto Nishimura Riki iria fingir que estava tudo normal entre eles e cuidaria de Sunoo a noite inteira, até que o outro dia chegasse e aquele baixinho que fazia seu coração acelerar voltasse a lhe dar um gelo, e tudo porque uma colega da faculdade havia descaradamente dado em cima do japonês não fez nada; e em sua defesa, ele nem tinha percebido.
─── Ótimo. ─── Riki se ajeitou na cama, ficando com as costas na cabeceira e com a cabeça do rosado descansava no seu peito. ─── Sabe, quando esses dias chuvosos passar eu quero te levar para acampar. ─── alisou os fios dele, em seguida passando a ponta no nariz sentindo o cheirinho gostoso de shampoo de bebê. ─── Lembro que você sempre quis acampar comigo e a minha família quando a gente era menor.
─── É, mas mamãe nunca deixou. ─── Sunoo fungou, soltando uma risadinha baixa ao lembrar do quão protetora consigo sua mãe era, chegando a lhe tratar como uma boneca de porcelana.
─── A senhora Kim tinha medo de acontecer algo com você, depois daquele episódio no parque aquático.
─── Em minha defesa, o Yongguk foi um cara muito legal comigo, tanto que me comprou um sorvete com cinco bolas enquanto a gente procurava por vocês. ─── argumentou, seus olhinhos grandes fixos no teto onde as estrelinhas e luas eram projetadas.
Depois do dia que um Sunoo de sete anos se perdeu no parque aquático onde acabou dando de cara com Bang Yongguk, o tio legal que o encontrou e o ajudou a voltar para sua mãe que ficou aliviada e agradecida ao homem bonito de cabelos encaracolados, ambos os dois passaram a manter contato, e alguns meses depois Yongguk começou a frequentar a casa de Sunoo como namorado de Kim Dasom. Atualmente ele é seu padrasto.
─── Tão legal que ele virou seu segundo pai. ─── Lee assentiu, todo cheio de si por ter Minjun e Yongguk sendo dois pais babão, realmente um garoto de sorte. ─── Então, próximo mês iremos nós dois acampar e você terá que aguentar a minha família te mimado mais do que à mim, e o meu primo Shotaro enchendo o saco querendo te adotar e te roubar. Por isso irei manter você bem longe daquele bobão. ─── Nishimura o esmagou entre seus braços enchendo o topo da cabeça e o rostinho fofo do menor de beijos, ouvindo a risadinha gostosa ecoar por todo o quarto o fazendo perceber que a chuva já tinha amenizado, sendo agora só uma garoa fraquinha. Quase imperceptível. ─── Tá melhor?
─── Estou. ─── Sunoo mudou a posição, ficando de frente para o namorado e colega de quarto, o medo havia se dissipado igual das outras vezes ele só precisava do calor de Riki contra seu corpo o lembrando que nada aconteceria consigo, não importava o quão aterrorizante fossem as coisas que o assusta. nada de mau iria acontecer. Sunoo segurou a mão do maior entre as suas, afagando-as. ─── Obrigado Niki. Por não ter me deixado sozinho mesmo depois de tudo que aconteceu à tarde, e desculpa. Eu não queria ter surtado daquele jeito mas o ciúmes… você sabe que as vezes meu ciúmes me faz passar dos limites, prometo que vou tentar melhorar isso com o tempo se você ainda quiser continuar, mas tudo bem se estiver cansado de tudo isso, sei que não sou alguém tão fácil de lid─
─── Sunoo. ─── ele teve que segurar no rosto do menino para fazê-lo parar de falar, sorrindo aberto, achando graça do nervosismo do mais velho despejando todas aquelas palavras como se fosse uma torneira. ─── Eu não vou terminar com você, isso nem mesmo chegou a passar na minha mente porque não consigo me vê sem ter você do meu lado, além de namorados somos melhores amigos. Eu já estava foda-se para tudo que aconteceu. ─── Riki beijou o biquinho rosado do menor, saltando de felicidade internamente por sentir a textura apetitosa dos lábios fininhos que ele tanto almejou naquelas horas que passou longe. Beijar Sunoo é tão bom. ─── Prometo que vou tentar perceber quando alguém estiver com segundas intenções comigo, ok?
O menor manejou a cabeça para cima e baixo e Nishimura selou mais uma vez a boca dele. Quando Sunoo esfregou os olhos piscando repetidamente, e o mais novo viu a deixa para desligar o abajur e se aconchegar por entre a coberta macia com o corpo de Sunoo agarradinho ao seu.
─── Qualquer coisa me chame, não importa o que seja mas se precisar de algo não hesite em me acordar. ─── avisou para o menor, bocejando longamente para abraçá-lo sentindo a quentura do corpo de Sunoo conectando-se com a sua. Nishimura beijou o topo da cabeça do garoto que praticamente já estava dormindo, ronronando igual um gatinho em seus braços fazendo o coração do mais novo ficar todo derretidinho de amor, indo assim dormir com um sorriso bobo no cantinho do lábios. O restante da noite continuou calmamente sem tempestade, sem choros e medos, apenas o barulho gostoso de uma garoa fininha no fundo enquanto o casal dormia confortavelmente sonhando com coisas boas e tranquilas.
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