𝗏𝗂𝗏𝖾𝗇𝖽𝗈 𝖾 𝖽𝖾𝗌𝖺𝗉𝗋𝖾𝗇𝖽𝖾𝗇𝖽𝗈.
O silêncio no carro era constrangedor, Minho, Jisung e Felix estavam no banco de trás, que não era lá a coisa mais espaçosa do mundo. Enquanto eu e Bang Chan seguíamos nos assentos da frente. A música tocava baixinho enquanto minha perna tremia e eu juro por Jesus Cristo que eu poderia abrir um buraco no chão do carro só com aquilo.
Desviei meu olhar da janela para Bang Chan, que estava concentrado demais dirigindo ou ao menos de alguma forma evitando querer falar comigo. Bom mesmo pois qualquer piu eu me jogava do carro agora mesmo. E não duvidem da minha capacidade mental, até o diabo teria medo de mim agora.
Assim que eu ia abrir a boca para falar algo, a tela do Bluetooth do carro mostrou uma ligação vindo do meu celular, era minha mãe. Percebi que esse tempo todo eu não havia ligado para a véia, amo o fato que minha mãe sempre confiou em mim — problemático, eu sei. — e só me ligava para saber onde eu estava quando ela sentia muita saudades.
— Oi, mãe.
— Olá, está foragido? Você nunca mais me mandou nada! Nem um sinal de vida.
A voz da minha mãe ecoou por todo o carro, eu suspirei e pensei, hummm, vale a pena responder? Ou eu posso cogitar realmente na opção de abrir a porta e tchau, tchau! Eu amava minha mãe, ela é uma diva revolucionária que sempre topou entrar nas minhas ideias mais doidas como me incentivar a sair do meu antigo emprego e levar um bolo pra o meu chefe com a cara dele e escrito "Você tem bafo, tonho".
Eu definitivamente amo ela.
— Porra. — fiz um biquinho com meu próprio pensamento, voltando a dar atenção a ela. — Foi mal mãe, mas muitas coisas aconteceram. — olhei pra Bang Chan, ele me olhou mas logo desviou o olhar. — Você sabe que eu ando e me fodo, ando e me fodo.
— A vida ama te foder, diferente dos homens.
A voz de Jeongin ecoou atrás e minha mãe repreendeu ele. Eu me me cocei todo e me afundei contra o banco, percebendo que todos no carro seguraram a risada. Ninguém precisava estar ciente dessa exposição, ok que eu não transo a milênios — desde que terminei com Bang Chan — e ando meio parado, mas gente... Acontece, vai chegar o momento certo, eu apenas estou me guardando... Juro.
— Obrigado pelo recado, Jeongin. — murmurei, revirando os olhos. — Depois eu falo com você, mãe. Tchau.
Não esperei ela terminar de falar, apenas desliguei a ligação e aumentei o som do rádio, onde passava algum versículo da Bíblia e eu fechei os olhos pra pedir a Deus que abençoe bem muito minha vida e afaste todos os mals de mim — talvez eu que seja o mal, mas prefiro não q creditar.
Enquanto continuavamos na estrada, um posto logo a frente apareceu, Bang Chan achou melhorar parar para encher o tanque e ir pegar algumas comidas. Enquanto todos saíam, continuei no carro, mesmo que minha bunda já estivesse doendo e vermelha de tanto estar sentado.
— Você não vai sair? Ir no banheiro ou sei lá?
— Se eu for no banheiro eu meto a cabeça no vaso e dou descarga pra ver se a água me suga junto. — murmurei, meus olhos cobertos por um óculos de sol qualquer. — Obrigado, mas não.
Um silêncio instalou, e isso fez eu me perguntar se ele saiu. Levantei o óculos e abri os olhos, e lá estava ele, parado, me olhando.
— Que foi?
— Só... Surpreso por ter escutado a voz da sua mãe e de Jeongin depois de anos. — Chan deu de ombros, sentando no banco de novo e suspirando. — Eu realmente tive um carinho por sua mãe.
— Hum... Eu sei. — engoli minha saliva mas minha boca queimava, meu corpo suava e meu Deus eu precisava de ar. — Ela ainda fala em você as vezes.
Soltei.
Soltei e peidei.
— S–Sério? — ele piscou surpreso, desviando o olhar por um momento, sem acreditar.
— Você foi um ótimo namorado pra mim, meu primeiro, ela definitivamente amou você. Você sabe como a minha mãe é, Chan. Não sei por quê está surpreso. — revirei os olhos.
Ele acabou rindo, eu o olhei, e então sorri de canto, eu sentia falta da época em que nos juntavamos no jardim de casa para comer o almoço de mamãe, conversas despreocupadas, Jeongin me irritando e depois indo jogar um videogame com Chan, enquanto minha mãe apenas nos olhava com orgulho. Merda, eu sentia falta pra caralho de saber que todo dia que eu acordasse eu mandava mensagem para Chan, perguntando qual seria a programação do dia.
— Eu sinto falta dessa época. — falei baixinho, meu coração palpitando. — Foi difícil, você não faz ideia.
— Eu sinto muito. — ele tocou minha mão, isso fez eu me contorcer, não de modo ruim, claro! — Confesso que também foi para mim.
— Pra nós dois.
As vezes eu me perguntava se era o certo, voltar a ser próximo dele, ter beijado ele, abrir meu coração e contar coisas que jamais ele saberia que eu passei... Mas porra, seria tão coincidência assim nos encontrarmos tão de repente do nada? Ou eu realmente estava delirando como Jeongin falava anos atrás?
Meus olhos saíram de Chan para Jisung que gritava com alguém dentro da lojinha de conveniência, acho que ele foi um anjo que Deus enviou no momento para quebrarmos essa interação grotesca entre nós dois.
— Oh, meu Jesus amado.
— Nem sempre Jisung, mas sempre Jisung.
Suspiramos e saímos do carro, indo as pressas para dentro da conveniência, Jisung gritava contra o cara e Minho o segurava. Estava uma loucura ali dentro. Me aproximei as pressas e olhei entre os dois, querendo entender o que estava acontecendo.
— O que foi?! — perguntei a Minho, que me olhou com desespero e choro.
— Ele pegou a última coca cola! — Jisung falou incrédulo, enquanto tentava pular contra o homem, que estava sem entender nada, igual nós.
— Jisung a gente compra outra no caminho! — Minho reclamou, apertando o namorado.
Mas Jisung como o bom menino mimado que era, só reclamou. Bufei irritado, tudo já estava me irritando demais e ver Jisung agindo como um tonhão naquela idade só me fez ativar meu modo "Gays também sabem ser homem".
— Chega, Jisung! — gritei, um silêncio se instalou e eu agarrei a orelha dele, apertando.
— Au, isso dói! Para de apertar! — ele choramingou, se contorcendo.
— Pede desculpa, seu bundão praga dos infernos! — olhei para ele, como se fosse acabar com todas as suas gerações.
Jisung encolheu os ombros, gemendo de dor, cada vez mais que eu apertava sua orelha. Ele olhou pro homem e se curvou.
— D–Desculpa...
Sorri pequeno para o homem e me desculpei também, o mesmo apenas agradeceu e foi embora como era pra ter sido desde o começo. Soltei a orelha dele agora vermelha e peguei a garrafa de Pepsi dentro do freezer, entregando a ele.
— Vai beber cada gota dessa garrafa até você sentir vontade de mijar e eu vou fazer você segurar o mijo porque não vou parar o carro!
— Uhum. — ele concordou, se escondendo atrás de Minho, que me olhou e sorriu, deixando tapinhas no meu ombro.
— Meu sonho ser você.
— Aliás, cadê o Felix? — Bang Chan questionou, olhamos em volta e nada.
— Ótimo, agora o loiro falsificado sumiu.
Sinto que minhas forças estão indo embora. Revirei meus olhos pela quinhentas vezes só essa viagem, saindo da lojinha, enquanto Chan me seguia. Olhei em volta e nada de ver Felix, depois olhei para Chan, que estava calado.
— Desculpa.
— Finalmente!
— É sério! Desculpa, merda eu estraguei tudo. — ele passou as mãos pelo rosto. — Era para já estarmos lá, o combinado era só a carona, mas porra, você não percebe?
— Oi?
— Você não percebe que eu tô tentando mudar? — Chan me olhou nos olhos e eu definitivamente podia ver que ele não estava brincando.
— Isso não é hora. — caminhei, mas ele agarrou meu pulso.
— Não é hora? Seungmin já se passaram dez anos! — Chan riu incrédulo, eu pisquei e apertei meus lábios, a respiração travando. — A gente precisa conversar.
— Pensei que já estávamos bem. — ri ironicamente.
— Como?
— Pensei que pelo fato de termos nos beijado a coisa já estaria resolvida!
— A vida não funciona assim, Seungmin...
— Ótimo, queria que tivessem me falado isso antes de eu cogitar em querer te namorar!
E como um bom imaturo — falei tanto de Jisung — eu me soltei de Bang Chan, caminhando em passos irritados e rápidos até o carro, apoiando a cabeça no apoio do banco, cobrindo meu rosto e Deus, eu queria soltar o maior grito de todos, só que eu não fiz.
Eu estava cansado e pronto pra surtar.
★
chanmin? chanmin has a problem
oi já foram dar uma olhadinha na mia nova fic? 🙃
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